Quem é o técnico do ano?

Ricardo Romanelli discute principais candidatos a suceder Steve Kerr na premiação

Fonte: Ricardo Romanelli discute principais candidatos a suceder Steve Kerr na premiação

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A disputa por diversos prêmios da NBA nesta temporada deve ser acirrada. O troféu de MVP tem gerado calorosos (e cansativos) debates. O calouro do ano também gera polêmica, com a dúvida se Joel Embiid jogou partidas suficientes, ou se Dario Saric e Malcolm Brogdon são bons o suficiente para levar o título. Outra disputa menos acalorada, porém não menos acirrada, é a de técnico do ano.

A meu ver, os nomes que seriam merecedores do prêmio são: Gregg Popovich (San Antonio Spurs), Erik Spoelstra (Miami Heat), Brad Stevens (Boston Celtics), Scott Brooks (Washington Wizards) e Mike D’Antoni (Houston Rockets). Frequentemente, o prêmio fica com um treinador que consegue levar sua equipe mais longe do que inicialmente esperado. Quin Snyder (Utah Jazz) e Rick Carlisle (Dallas Mavericks) ficam imediatamente abaixo dos listados.

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Por esse critério, Popovich e Stevens já dão um passo atrás. Por mais que seus times estejam levemente melhores do que o previsto, ninguém esperava que Spurs e Celtics não chegassem ao fim do ano como candidatos ao título da NBA. Apesar de não serem líderes na corrida pelo prêmio, Popovich é o treinador mais consagrado dessa lista e pode muito bem terminar a carreira como o melhor técnico que a liga já viu. Stevens, a seu turno, é o treinador da jovem geração que parece destinado a ter o melhor futuro, e isso só deixa mais evidente o quão impressionante é o trabalho dos outros três.

Scott Brooks é o líder de um trabalho que uniu o Washington Wizards. No começo do ano, a expectativa era que o time da capital dos EUA apenas disputasse uma vaga nos playoffs, em meio a incertezas sobre a relação entre os dois melhores jogadores da franquia, John Wall e Bradley Beal, além de um fraco banco e um garrafão que não inspirava confiança. Sem promover nenhuma alteração no time titular, ele inspirou os jogadores a serem melhores. Wall faz uma temporada digna de MVP, na sombra de outros grandes candidatos ao prêmio. Beal também faz a melhor temporada de carreira, enquanto Otto Porter Jr. se consolida como um defensor e arremessador de três muito confiável. O veterano Marcin Gortat faz uma das melhores temporadas da carreira, o que ajudou o Wizards a melhorar de 27º a 11º no ranking de rebotes da NBA.

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Scott Brooks

Com tudo isso, o Wizards é hoje um time que joga de igual para igual contra os líderes do Leste, e tem excelentes chances de chegar até a final da conferência. O mais notável de tudo, e argumento que diferencia Brooks dos demais, é que ao assumir o time, ele não trouxe jogadores que se encaixavam em seu estilo de jogo, como fez Mike D’Antoni, por exemplo. Ele extraiu o melhor dos jogadores que tinha e mudou o destino de um time anteriormente visto com reservas. Essa é a marca de um grande técnico. Bradley Beal disse recentemente que Brooks transformou o Wizards em uma família, e realmente, nunca existe união de um time sem atuação preponderante de seu treinador.

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Falando em D’Antoni, é seguro dizer que seus feitos são menos notáveis apenas do que os de seu candidato a MVP, James Harden. Ao assumir o Rockets, ele vinha de péssimas passagens por New York Knicks, Los Angeles Lakers e Philadelphia 76ers. Já fazia quase 10 anos que tinha feito um trabalho notável no Phoenix Suns, e mesmo assim sofria críticas por não ter conseguido levar aquele time às Finais da NBA. Quando ele anunciou que Harden seria o armador da equipe, muitos pensaram que o fracasso era questão de tempo, e que o tempo era curto.

D’Antoni e Harden responderam fazendo do Rockets um dos times mais empolgantes da liga, com o armador registrando números impressionantes e liderando a corrida pelo MVP. As semelhanças com o Suns de D’Antoni são muitas, e caso Harden seja o MVP, ele seria um raro caso de técnico que ajudou jogadores diferentes em equipes diferentes a ganharem o prêmio. Ironicamente, um MVP de seu principal jogador poderia diminuir suas chances, pois a performance individual de um jogador comumente faz o trabalho de um treinador ser relativizado. Scott Brooks pode sofrer do mesmo mal pela excelente temporada de John Wall, o que nos leva a Erik Spoelstra.

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Mike D'Antoni

Quem, em sã consciência, esperava que o Miami Heat ganhasse mais de 30 jogos? A offseason marcou a saída de Dwyane Wade, maior jogador da história da franquia, além de veteranos importantes como Luol Deng, Joe Johnson e Gerald Green. Hassan Whiteside ficou, e a reposição do elenco foi feita com meia dúzia de jogadores da D-League e Dion Waiters, que até então era considerado um fracasso da loteria do Draft de 2012 e vinha numa trajetória decadente na carreira.

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Parecia a receita de um desastre, e por algum tempo realmente foi. No meio de janeiro, com quase metade da temporada decorrida, o Heat tinha 11 vitórias e 30 derrotas, caminhando a passos largos para mais uma loteria. De repente, tudo mudou. Spoelstra deu um jeito de inspirar seus atletas, especialmente Waiters, e desde então a equipe acumula 26 vitórias em 34 jogos, perfazendo um aproveitamento de 76%. Se esse ritmo fosse mantido durante 82 jogos, o Heat lideraria o Leste e seria terceiro colocado no Oeste. É um aproveitamento impressionante para um time como o do Heat, sem superstars e com um elenco de ex-atletas da D-League. Se existe um técnico com retrospecto próximo a 50% que mereceria o prêmio, seria Spoelstra.

Assim como no MVP, o painel de votantes leva a campanha muito em conta na eleição do melhor treinador da temporada, e esse é o maior fator contra Spoelstra, e que pode fazer com que até mesmo Popovich ou Stevens seja o eleito. Caso o Celtics termine como primeiro do Leste, essa chance aumenta bastante.

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Esses foram os técnicos que mais impressionaram durante a campanha. Pessoalmente, meu voto iria para Scott Brooks. Apesar disso, qualquer um dos citados que ganhar, será merecedor do prêmio, especialmente os três que analisamos mais detalhadamente. Numa era que viu superstars da NBA menosprezando e ignorando seus treinadores, é muito bom ver tantos técnicos tendo impacto positivo e fazendo a diferença na trajetória de seus jogadores e equipes. Só podemos torcer para que esta tendência continue.

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