Quando o gerente-geral do Phoenix Suns, Ryan McDonough, ouviu seus auxiliares sugerirem um convite de Liga de Verão para o armador Mike James, ele tomou um susto. O executivo – e, àquela altura, quase todo mundo na NBA – imaginava que estavam se referindo ao veterano de 42 anos, que defendeu 11 times da liga até 2014. Não era. E o dirigente logo saberia quem era aquele “desconhecido”
Esse James tem 27 anos e não foi draftado depois de formar-se na Universidade de Lamar, em 2012. Então, ele rodou o mundo com uma bola de basquete: em cinco temporadas, ele atuou na Croácia, Israel, Itália, Espanha e Grécia. E foi na última parada, com a camisa do Panathinaikos, que chamou a atenção dos olheiros do Suns a ponto de conseguir vaga no elenco da equipe que foi a Las Vegas.
“Não falava uma palavra do idioma desses países, mas o basquete tem sua própria linguagem”, afirmou o rodado jogador, lembrando sua experiência na Europa. Uma linguagem que também pôde ser compreendida nos EUA: ele foi um dos destaques da Liga de Verão e pré-temporada, recebendo o primeiro contrato two-way do Suns – novo tipo de vínculo, que explora a parceria entre times da NBA e suas afiliadas da G-League.
Até aí, ok. James ficaria aproveitando chances pontuais de jogar entre Phoenix e Northern Arizona. Mas o acaso conspirou em favor do armador: com a lesão que tirou Brandon Knight da temporada e a troca de Eric Bledsoe, o desconhecido “caiu de paraquedas” no time titular. Uma reviravolta inesperada para um atleta que nunca teve a maior liga de basquete do mundo como objetivo.
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“Para ser sincero, eu nunca realmente pensei em jogar na NBA. Não embarquei na primeira oportunidade que apareceu de atuar aqui. Só senti que, agora, era a hora certa. Se não fosse agora, provavelmente não seria nunca mais. Então, quer saber, por que não dar uma chance? Pensei: fico um ano aqui e, se der errado, volto para a Europa”, lembrou a revelação do Suns, em entrevista à ESPN.
Mas deu certo. James é a grande surpresa da franquia nesta temporada, com médias de 10.9 pontos, 3.0 rebotes e 3.8 assistências em 28 partidas até o momento. Tanto que ele fez história na NBA: o improvável novato tornou-se, na última sexta-feira, o primeiro jogador a ter um contrato two-way convertido em vínculo regular para o resto da temporada. Agora, sim, podemos assegurar que McDonough o conhece.
A torcida também passou a conhecê-lo com atuações como os 25 pontos anotados na derrota apertada contra o San Antonio Spurs, no sábado passado. Pelo menos, por nome: ele garante que o assédio ainda é tímido e não costumam o reconhecer em locais públicos. Uma realidade diferente dos últimos anos atuando no basquete europeu, quando era perseguido por fervorosos fãs atrás de fotos e autógrafos.
E você acha que a idolatria faz falta para James? Pelo contrário. “Eu gosto de ser uma pessoa normal, quieta. E, aqui, tudo é menos louco. Acho que sou bem mais popular na Europa do que em Phoenix, para ser sincero. E, neste sentido, é muito revigorante poder sair na rua, ser eu mesmo e ninguém me notar”, disse a nova inspiração para vários garotos que assinarão vínculos two-way nos próximos anos.
Cuidado, James: siga jogando assim e isso pode estar prestes a mudar!
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