Finais: Cleveland Cavaliers (2º) x (1º) Golden State Warriors
Confrontos na temporada: Cavaliers 1 X 1 Warriors
25 DEZ – Cavaliers 109 x 108 Warriors
16 JAN – Warriors 126 x 91 Cavaliers
Datas do confronto
01-06: Cavaliers x Warriors – 22h00 (em Oakland)
04-06: Cavaliers x Warriors – 21h00 (em Oakland)
07-06: Warriors x Cavaliers – 22h00 (em Cleveland)
09-06: Warriors x Cavaliers – 22h00 (em Cleveland)
12-06: Cavaliers x Warriors – 22h00 (em Oakland)*
15-05: Warriors x Cavaliers – 22h00 (em Cleveland)*
18-05: Cavaliers x Warriors – 21h00 (em Oakland)*
* Se necessário
Horários de Brasília
Cleveland Cavaliers (51-31)
Maior sequência de vitórias: seis (entre 25 de outubro e 5 de novembro)
Maior sequência de derrotas: quatro (entre 7 e 12 de abril)
Time-base
Kyrie Irving (PG)
J.R. Smith (SG)
LeBron James (SF)
Kevin Love (PF)
Tristan Thompson (C)
Reservas com mais tempo de quadra
Kyle Korver (SF/SG)
Iman Shumpert (SG)
Deron Williams (PG)
Channing Frye (C/PF)
Richard Jefferson (SF)
Técnico: Tyronn Lue
Líderes (temporada regular)
Pontos: LeBron James (26.4)
Rebotes: Kevin Love (11.1)
Assistências: LeBron James (8.7)
Roubos de bola: LeBron James (1.2)
Bloqueios: Tristan Thompson (1.1)
Líderes (playoffs)
Pontos: LeBron James (32.5)
Rebotes: Kevin Love (10.4)
Assistências: LeBron James (7.0)
Roubos de bola: LeBron James (2.2)
Bloqueios: LeBron James (1.4)
Golden State Warriors (67-15)
Maior sequência de vitórias: 14 (entre 14 de março e 08 de abril)
Maior sequência de derrotas: três (entre 08 e 11 de março)
Time-base
Stephen Curry (PG)
Klay Thompson (SG)
Kevin Durant (SF)
Draymond Green (PF)
Zaza Pachulia (C)
Reservas com mais tempo de quadra
Andre Iguodala (SF/SG)
Shaun Livingston (PG)
JaVale McGee (C)
David West (PF)
Patrick McCaw (SG)
Técnico: Mike Brown / Steve Kerr
Líderes (temporada regular)
Pontos: Stephen Curry (25.3)
Rebotes: Kevin Durant (8.3)
Assistências: Draymond Green (7.0)
Roubos de bola: Draymond Green (2.0)
Bloqueios: Kevin Durant (1.6)
Líderes (playoffs)
Pontos: Stephen Curry (28.6)
Rebotes: Draymond Green (8.7)
Assistências: Draymond Green (7.2)
Roubos de bola: Draymond Green (1.9)
Bloqueios: Draymond Green (2.1)
Análise do confronto
Chegou o momento que todos prevíamos, imaginávamos e queríamos: a trilogia se fecha e o desempate é inevitável com a terceira final consecutiva entre Cavaliers e Warriors. Mais importante do que isso, os dois times estão saudáveis, reforçados e descansados como em nenhuma das decisões anteriores. Golden State conquistou o título em 2015 contra um adversário desfalcado, enquanto Cleveland “vingou” a derrota no ano seguinte diante de um oponente claramente debilitado fisicamente. Não há desculpas agora.
A primeira e primordial batalha entre os dois times deverá ser relacionada ao ritmo das ações: não é segredo que o Warriors gostaria de um jogo mais rápido e o Cavs prefere uma dinâmica mais pausada. Nos playoffs, os campeões do Oeste (102.6) têm cinco posses a mais por partida do que o vencedor do Leste (97.7). É verdade que, nas finais de 2016, os comandados de Tyronn Lue venceram três dos quatro duelos mais acelerados da série, mas, em parte, isso pode ser devido ao péssimo desempenho de peças-chave de Golden State na reta final daquele confronto.
É verdade, ao mesmo tempo, que o Warriors anotou 37 pontos a mais em contra-ataques do que Cleveland nos dois jogos entre os times na temporada regular (53 a 16). Além disso, a derrota por 35 pontos de diferença para o adversário em janeiro foi o segundo jogo com mais posses que a franquia disputou na campanha inteira. A defesa em transição do atual campeão melhorou consideravelmente nos playoffs, mas ele “atropelou” somente três adversários específicos – e nenhum deles tinha um ataque tão potente quanto o parceiro finalista.
O confronto individual que todos esperam é Kevin Durant contra LeBron James. E, apesar de ser o melhor jogador do planeta, o ala do Cavaliers parece inserido em um panorama desvantajoso aqui. Em primeiro lugar, um dos pontos importantes para a vitória de Cleveland no ano passado foi o horroroso momento ofensivo de jogadores como Harrison Barnes e Andre Iguodala, permitindo que o ídolo fosse menos exigido defensivamente ou Tyronn Lue pudesse “esconder” um marcador ruim em suas formações. Com o MVP de 2014, a situação muda bastante agora.
Mas isso não é o problema principal: LeBron teve uma temporada defensiva pífia, mas já se mostrou capaz de “virar a chave” e marcar em alto nível quando assim exigido. A maior das complicações é que o Warriors tem muito mais opções para defender o astro de Cleveland do que o Cavaliers possui para marcar Durant. Em uma projeção simples, o técnico Mike Brown pode utilizar – além de seu principal atleta – Draymond Green ou Iguodala para a ingrata tarefa sem grandes danos a rotações que emprega normalmente.
Já Lue, além de LeBron, quem pode utilizar para fazer frente a Durant? É seguro dizer que veremos Richard Jefferson (que atuou 24.5 minutos em média nos dois jogos entre as equipes nesta temporada, mas registra somente 10.6 minutos em nove jogos disputados nos playoffs) de volta à rotação por alguns jogos por uma questão de necessidade – ao menos, inicialmente. Essa falta de alternativas – que, fatalmente, trará cansaço extra a LeBron – já pode ter tido reflexos nos dois encontros da campanha regular. Vejam suas médias nas partidas:
Kevin Durant: 28.5 pontos, 10.5 rebotes, 4.0 assistências, 0.5 desperdícios de bola, 51.3% FG em 67 minutos (+21)
LeBron James: 25.5 pontos, 10.5 rebotes, 3.0 assistências, 5.5 desperdícios de bola, 45% FG em 75 minutos (-28)
Outro ponto fundamental para a vitória do Cavaliers no ano passado que atenuou-se nesse novo confronto é a deplorável situação física de Stephen Curry. Os atuais campeões cansaram de atacar o craque em pick and rolls para explorar a limitada agilidade lateral que apresentava por estar em condições abaixo das ideais. Foram absurdas 66 jogadas nessas feições apenas nos cinco jogos derradeiros das finais de 2016, onde anotaram 1.23 pontos por posse. Tratou-se de um escancarado caminho da mina.
A tendência é que o Cavs volte a tentar aproveitar-se desse tipo de situação neste ano, mas, dificilmente, os resultados serão tão espetaculares assim simplesmente pela melhor mobilidade do MVP da liga – e, aí, já não vem ao caso se você o acha bom ou ruim defensor. No entanto, mesmo que os números não sejam tão bons, apostar nisso seria inteligente pelo simples fato de cansar Curry – reduzindo seu ímpeto na saída em transição e aproveitando-se do fato de não ter um reserva de fato (o ataque do Warriors produziu 25.1 pontos a menos por 100 posses de bola sem o craque em quadra nos playoffs).
Algo interessante sobre esse duelo específico é que o chamado “quinteto da morte” de Golden State não funcionou recentemente contra Cleveland. A formação baixa, com Green como pivô, do vencedor do Oeste foi destruída pelo adversário na reta final dos playoffs do ano passado e, na soma das duas partidas desta temporada, foi utilizada por somente quatro minutos – com saldo de -5. Eis um dos segredos do sucesso recente de Lue: seu time neutraliza um dos aspectos que tornaram o oponente de Oakland aparentemente imbatível.
Mas essa alternativa não pode ser descartada totalmente pelo Warriors. Na final de 2016, é impossível não creditar parte do fracasso do “quinteto da morte” à nulidade de Barnes e Iguodala no lado ofensivo da quadra. Com Durant na lacuna de Barnes, a formação ganha inquestionável qualidade técnica, mais consistência no arremesso de longa distância e maior versatilidade nos dois lados da quadra. Convenhamos: o Cavs nunca poderá deixar ignorar o ala como fez com Barnes e, ao mesmo tempo, ele possui altura/envergadura/agilidade para defender quase todas as posições em quadra – até porque, lembremos, vive a melhor fase da carreira como marcador.
O motivo individual principal, porém, para a formação superbaixa do Warriors não funcionar historicamente contra Cleveland continua firme: Tristan Thompson. Com pés rápidos e alta mobilidade no perímetro, o pivô é um dos melhores marcadores de pick and roll da liga e “castiga” os quintetos baixos/leves com seu volume fora da curva de rebotes ofensivos. Nos playoffs, os oponentes anotaram apenas 0.87 pontos por posse quando ele é o defensor do homem do bloqueio em um bloqueio na bola – menor marca entre todos os atletas que estiveram nessa situação por, pelo menos, 100 posses de bola na fase de mata-mata.
O Warriors tem uma arma nova e inesperada para lidar com Thompson neste ano: JaVale McGee. Inesperadamente fundamental na campanha dos tricampeões do Oeste, o pivô reserva traz a combinação de agilidade e imposição atlética que o elenco californiano nunca teve antes (com Andrew Bogut, Festus Ezeli, Marreese Speights, etc) e, talvez, capaz de colocar mais pressão na defesa “rolando” com velocidade para dentro do garrafão e oferecendo rápida opção de passe.
Se McGee está com o Warriors agora, um possível fato novo para o Cavaliers que nada tem de novidade é Kevin Love. O astro, entre concussões e matchups ruins, foi pouco atuante nas duas finais anteriores e pode encontrar a melhor chance de ser relevante na decisão deste ano. Ele não só vive sua melhor fase com a camisa do time de Ohio, mas pode revelar-se extremamente necessário se confirmado o que parece ser um fato: a incapacidade de Channing Frye manter-se em quadra contra o rival do Oeste.
Frye é a opção de Lue quando busca uma formação com máximo espaçamento de quadra – e, por exemplo, ajudou a épica virada do terceiro jogo contra o Indiana Pacers –, mas ele atuou apenas 33 minutos nas finais do ano passado e nem um minuto sequer nas três vitórias derradeiras da série. Love é a segunda alternativa para um quinteto espaçado e vem destruindo adversários em quintetos atuando como pivô nos playoffs: são incríveis 145 pontos anotados por 100 posses de bola, cedendo somente 98.0 do outro lado da quadra.
Não há garantias de que Love funcionará agora – e o “quinteto da morte” pode ser eficiente tirando-o de quadra mais uma vez –, mas o Cavaliers precisa buscar uma forma de conseguir usar o ala-pivô no momento técnico que vive. Simplesmente “abrir mão” de um astro passivamente contra uma equipe com tanto talento não é uma decisão fácil ou sábia – mesmo que possa ter funcionado, eventualmente, no passado.
“Cavaliers x Warriors – Parte III” é o que tudo apontava que aconteceria desde o início da temporada. Só uma hecatombe (que não veio) poderia ter evitado um novo encontro desses dois times na final. É impossível não pensar que ambos, no fundo da mente, já não estivessem preparando-se no decorrer da campanha para aquilo que vai começar a acontecer a partir desta quinta-feira. É impossível, igualmente, avaliar cada movimento possível em um jogo de xadrez que já se desenrola há dois anos nas 1.439 palavras que escrevi até agora nesse texto.
A única coisa certa é que, após playoffs previsíveis – o que, necessariamente, não significa ruins –, nós podemos sentar na frente da televisão com uma incerteza sobre quem sairá vivo.
Palpite: Warriors em seis jogos.