O Jumper Brasil continua sua toada nessa semana e tem mais uma pergunta polêmica para você: após elegermos os melhores, quais foram os piores contratos assinados na mais recente offseason da NBA?
Para buscar respostas para essa questão, na última semana, o site reuniu sua equipe de editores e os parceiros do site para opinarem sobre o assunto. A intenção foi reunir uma diversidade de visões sobre os vínculos que foram finalizados nas últimas semanas. Nós formamos, então, um grupo diverso de produtores de conteúdo especializado em NBA que estão resumidos nos dez votos listados abaixo:
Integrantes Jumper | Parceiros Jumper |
Gustavo Freitas | André Rocha (Podcast Basqueteiros) |
Gustavo Lima | Layups & Threes (Colunistas) |
Ricardo Stabolito Junior | Lucas Torres (Central do Draft) |
Vinicius Donato | Podcast Amassando o Aro |
Ricardo Romanelli (Jumper Front Office) | |
Splash Brothers Podcast |
Todos os consultados receberam uma mesma pergunta: quais foram os cinco piores contratos fechados nessa offseason da NBA? Não foi solicitado que, necessariamente, eles citassem os jogadores em ordem de preferência ou rankeados. Houve regras, no entanto, estabelecidas para essa enquete e nem todas as negociações acertadas foram elegíveis. O Jumper, no fim das contas, definiu que a votação permitiria:
– Assinatura de contrato regular com agentes livres;
– Extensão com jogadores que mudaram de time nessa offseason;
– Renovação com jogadores do próprio time, contanto que não sejam extensões de vínculos de calouros selecionados na primeira rodada do draft (como Donovan Mitchell, Jayson Tatum, Brandon Ingram e Dario Saric).
Cada voto em um jogador valeu um ponto e, no fim das contas, dezoito atletas foram citados entre os cinco piores contratos assinados na offseason. Vamos, então, aos eleitos do Jumper Brasil para piores contratos da agência livre na NBA:
Gordon Hayward (Charlotte Hornets, dez votos)
Ala, 30 anos
Contrato: quatro temporadas, US$120 milhões (totalmente garantido)
Médias na última temporada: 17.5 pontos (38.3% de aproveitamento nos arremessos de longa distância), 6.7 rebotes e 4.1 assistências em 33.5 minutos de ação
O Hornets fez um malabarismo financeiro para conseguir assinar com Hayward: precisou abdicar dos direitos sobre todos os seus agentes livres e ainda dispensar Nicolas Batum usando a cláusula de alongamento – ou seja, a espera pelo fim do horrível contrato vai se estender por mais dois anos. E tudo isso para quê? Oferecer compromisso de US$30 milhões anuais para um atleta de 30 anos com histórico recente preocupante de lesão.
Do ponto de vista técnico, o ala é um ótimo reforço: ele traz versatilidade ofensiva rara e incrivelmente valiosa para um jogador da posição na NBA atual, sendo um playmaker secundário seguro (distribuiu 2.3 assistências por erro de ataque na última temporada) enquanto representa ameaça fora da bola como arremessador e infiltrador. Mas como isso ajuda uma equipe aparentemente tão jovem e longe de competir?
É verdade que, se o Charlotte realmente queria Hayward, a única forma de contratá-lo era fazer uma proposta financeira (muito) maior do que seus concorrentes. Ele é uma boa presença no elenco e, nos próximos quatro anos, a franquia não faria nada muito além do que absorver alguns contratos ruins com a flexibilidade investida no reforço. Mesmo assim, é complicado entender – e defender – esse contrato.
Marcus Morris (Los Angeles Clippers, seis votos)
Ala, 31 anos
Contrato: quatro temporadas, US$64 milhões (totalmente garantido)
Médias na última temporada: 16.7 pontos (40.8% de aproveitamento nos arremessos de longa distância) e 5.0 rebotes em 31.2 minutos de ação
As circunstâncias do mercado fizeram com que o Clippers virasse um tipo de “refém” de Marcus Morris. Os angelinos até poderiam deixar que o veterano saísse, mas não teria flexibilidade financeira alguma para investir em um substituto minimamente à altura. Era, no fim das contas, uma situação de “renovar ou renovar” que pode explicar esse enorme vínculo fechado entre as partes. Explicar, porém, não é aprovar.
A imagem do experiente ala ficou arranhada nos últimos meses por lances desleais que protagonizou contra Luka Doncic, nos playoffs, mas ele é outro desses alas que possui uma rara versatilidade ofensiva. Não se trata de um playmaker secundário ou esperto passador como Hayward, mas é um mismatch ambulante com alcance no arremesso, capacidade de criar separação com a bola nas mãos e pontuar no post.
Tudo isso é importante, mas, no final das contas, é impossível não retornar ao básico: justifica-se dar um vínculo dessa duração e valores para um atleta de 31 anos que é o terceiro melhor ala do elenco, por mais que tenha sido titular do Clippers na ‘bolha’? A decisão pode ser ainda mais difícil de ser defendida se você notar que, discretamente, Morris teve impacto menor do que o esperado para o time na última temporada.
Danilo Gallinari (Atlanta Hawks, cinco votos)
Ala, 32 anos
Contrato: três temporadas, US$61.4 milhões (último ano parcialmente garantido)
Médias na última temporada: 18.7 pontos (40.5% de aproveitamento nos arremessos de três) e 5.2 rebotes em 29.6 minutos de ação
Gallinari é mais um ala versátil ofensivamente em nossa lista: um scorer alto e técnico que pode arremessar posicionado ou atacar/criar com a bola nas mãos. Não por acaso, vários candidatos ao título tinham-no como alvo favorito para investir a exceção média salarial (US$9.3 milhões) nessa offseason. Trata-se do ala-pivô ofensivo ideal na atual NBA: traz o arsenal técnico necessário sem que o time abra mão de estatura.
Financeiramente, o Hawks queimou largada e ofereceu mais do que o dobro do salário que contenders projetavam para garantir o reforço. É o expediente que o Hornets já usou com Hayward: cada um usa seus argumentos para convencer – e Atlanta tinha dinheiro. Mas, provavelmente, a informação que confundiu a todos tenha sido que o italiano foi contratado para ser reserva do superprodutivo John Collins na Geórgia.
Aí, a conta é simples: o Lakers acabou de trazer os dois melhores reservas da campanha passada, ambos com 26-27 anos, pagando salários de US$9 milhões (Montrezl Harrell) e US$15.5 milhões (Dennis Schroder) por temporada em vínculos que potencialmente vão terminar em junho do ano que vem. O Hawks vai pagar mais de US$20 milhões por ano para ter Gallinari, de 32 anos, como reserva possivelmente até 2023.
Davis Bertans (Washington Wizards, cinco votos)
Ala-pivô, 28 anos
Contrato: cinco temporadas, US$80 milhões (último ano parcialmente garantido)
Médias na última temporada: 15.4 pontos (42.4% de conversão nos arremessos de longa distância) e 4.5 rebotes em 29.3 minutos de ação
Arremesso é o fundamento mais valioso do jogo atual e, consequentemente, um dos que mais custam caro no mercado da NBA. O mercado paga (muito bem) chutadores e Davis Bertans está aí para provar. O Wizards sempre teve sua renovação como uma prioridade na offseason porque você não esbarra na rua com caras de 2.08m de altura que acertam mais de 42% de quase nove arremessos de três pontos tentados por jogo. Isso é raro.
Mas, embora o gerente-geral Tommy Sheppard tenha tentado dizer algo assim, Bertans não é nada além de um arremessador. Ele é reserva em Washington porque, em suma, Thomas Bryant e Rui Hachimura (agora, Deni Avdija também) são jogadores que atuam nessas posições que oferecem mais versatilidade e não são alvos defensivos tão óbvios para que os adversários ataquem posse após posse.
A história recente da NBA indica que não é um bom negócio dar um salário tão alto, em um contrato tão longo, para um jogador essencialmente unidimensional – e que, como bônus, já teve duas rupturas do ligamento cruzado anterior do joelho em sua carreira. Não é difícil entender o motivo: se o arremesso de Bertans parar de cair com tamanha eficiência diante de um volume tão alto, ele torna-se absolutamente “injogável”.
Jordan Clarkson (Utah Jazz, quatro votos)
Armador, 28 anos
Contrato: quatro temporadas, US$51.5 milhões (opção do jogador em 2023-24)
Médias na última temporada: 15.2 pontos (36.8% de aproveitamento nos arremessos de longa distância) em 24.0 minutos de ação
Fred VanVleet, Monte Morris, De’Vonte Graham, De’Anthony Melton, Shake Milton… Não é difícil encontrar armadores selecionados na segunda rodada do draft (ou até que não foram escolhidos no recrutamento) fazendo grande sucesso na liga como pontuadores. São ativos meio que comuns na liga atual. Você investe alto em jogadores raros, como chutadores e alas versáteis, mas não precisa fazer isso com scorers de armação.
É compreensível que Utah quisesse manter Clarkson, pois buscam um pontuador para sair do banco há anos. A última temporada, vale destacar, foi a mais eficiente do atleta de 28 anos pontuando: registrou as melhores marcas da carreira em aproveitamento de arremessos de quadra (45.4%), tiros de longa distância (36.8% em quase seis tiros por jogo), field goal efetivo (54.2%) e porcentagem true shooting (57.4%).
Ainda assim, é difícil não concluir que o Jazz “passou do ponto” nessa negociação. São US$13 milhões por temporada investidos até 2024 – contrato muito maior, lembre, do que o recebido pelo eleito melhor reserva da liga nesse ano, Montrezl Harrell – em um armador instável que nunca jogou quatro anos por uma equipe sem ser trocado. E, por sinal, quem era o outro grande interessado em Clarkson no mercado mesmo?
Outros jogadores citados pelo painel de consulta do Jumper Brasil: Mason Plumlee (Pistons, três votos), Austin Rivers (Knicks, três), Meyers Leonard (Heat, dois), Jerami Grant (Pistons, dois), Christian Wood (Rockets, dois), D.J. Augustin (Bucks, dois), Joe Harris (Nets, um), Marc Gasol (Lakers, um), Kentavious Caldwell-Pope (Lakers, um), JaMychal Green (Nuggets, um), Bogdan Bogdanovic (Hawks, um) e Steven Adams (Pelicans, um).
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