O “Processo” e seus resultados

Ricardo Romanelli analisa o impacto de Joel Embiid em sua temporada de estreia

Fonte: Ricardo Romanelli analisa o impacto de Joel Embiid em sua temporada de estreia

https://www.youtube.com/watch?v=ZaT5jPonfTU

Vou começar admitindo que colocar a palavra “processo” no título de um artigo sobre Joel Embiid e o Philadelphia 76ers é uma sacanagem e provavelmente algo bastante preguiçoso, mas simplesmente não tem como usar outra palavra.

Durante os últimos três anos, o Sixers acumulou campanhas ridículas e pouca perspectiva de futuro. O retrospecto fala por si só: 47 vitórias e 199 derrotas nas últimas três edições do campeonato. Sam Hinkie, o já demitido General Manager, bateu muito na tecla do “processo” pelo qual o time estava passando, e que a torcida deveria confiar neste processo. A ideia era simples: o time teria algumas temporadas ruins e com isso viriam boas escolhas no draft. Com a seleção de Joel Embiid em 2014, as coisas começariam a melhorar e, pouco a pouco, um time de jovens talentos se tornaria a próxima grande equipe da NBA.

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Só que aí o pivô sofreu uma fratura no pé antes mesmo de pisar em quadra, e com isso o “processo” virou uma grande piada e a confiança em Hinkie se transformou em suspeição, no que culminou com sua saída do cargo em abril deste ano. Embiid acabou perdendo as temporadas de 2014-15 e 2015-16 por conta da fratura no pé. Neste período, o Sixers selecionou mais um pivô, Jahlil Okafor, para se juntar a um elenco que já tinha Nerlens Noel, outro jovem de potencial. Com isso, parecia que o time se preparava para que o experimento com Embiid terminasse antes mesmo de começar, especialmente após a escolha de Ben Simmons no último draft.

No entanto, logo ficou claro que o time selecionou Simmons confiando que ele poderia jogar mais aberto, e que, caso Embiid finalmente estreasse em grande nível, seriam Okafor e Noel brigando por espaço na rotação ao lado do camaronês. Para a alegria do time da Philadelphia e de todos os fãs de basquete, Embiid debutou na NBA após dois anos parado, impressionando a todos e nos fazendo lamentar por termos perdido dois anos de um jogador tão espetacular.

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Com 2,13 metros de altura, Embiid impressiona pela agilidade e versatilidade. Ele é capaz de chutar três, conduz a bola com maestria em infiltrações em direção à cesta, tem bom jogo no low post e chama o jogo para si, comandando a ação defensiva e concentrando em si os esforços defensivos do adversário, criando oportunidades para seus companheiros de time. No ano passado, Karl-Anthony Towns impressionou a NBA com sua versatilidade a partir da posição de pivô. Com Embiid temos um jogador muito parecido, e é muito bom ver dois pivôs tão bons e modernos debutando na liga neste curto espaço de tempo.

O mais impressionante é que ele tem feito grandes e impactantes atuações ainda com minutos limitados, pois a comissão técnica não está deixando que o atleta jogue por grandes períodos devido à severa lesão sofrida dois anos antes. Esse impacto também se mostra do outro lado da quadra, onde Embiid tem mostrado grande força nos rebotes e tocos.

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Antes do draft, as comparações feitas pelos olheiros diziam que o pivô tinha um jogo similar ao lendário Hakeem Olajuwon. Se ele continuar se desenvolvendo desta forma, é bem possível que acabe com um conjunto de habilidades bastante parecido. Óbvio que, para chegar ao mesmo nível de Hakeem, ele precisa ganhar e conquistar muita coisa, mas com certeza é um jogador do mesmo porte e estilo de jogo, o que é muito bom para uma liga que vive uma carência de pivôs por pelo menos dez anos.

Para ajudar, ele tem uma personalidade extremamente midiática, no bom sentido. Bem humorado, interage com fãs e faz brincadeiras em redes sociais, campo no qual a NBA tem investido de maneira pesada para conquistar torcedores mais jovens. Ele “vira a chave” quando entra em quadra, no entanto, e joga como um veterano líder que chama para si a responsabilidade do jogo e se tornou o ponto focal do ataque.

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Até o começo do ano, sabíamos que o Sixers era um amontoado de jovens talentos que podia ou não dar certo. Aí veio a lesão de Ben Simmons e tudo ficou em cheque. Agora, com a ascensão de Embiid, já podemos definir o Sixers como o time de Joel Embiid, que vai ser montado em torno de seu desempenho e desenvolvimento. Depois de três temporadas ridículas, o Sixers finalmente tem motivos para sonhar, e com a estreia de Ben Simmons, provavelmente na próxima temporada, é questão de tempo para que os jovens levem a equipe de volta à disputa por uma vaga nos playoffs. Demorou, e custou o cargo de Hinkie, mas o processo finalmente chegou a seu fim. Agora começa outro processo: a ascensão de Joel Embiid à estrela da NBA. Este, ao contrário do primeiro, não gera dúvidas. Apenas a certeza de que é uma questão de tempo.

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