Cotado para ser uma das forças da conferência Leste nesta temporada, o Philadelphia 76ers tem motivos de sobra para esquecer o desempenho do time em 2012/2013.
A campanha medíocre de 31 vitórias e 47 derrotas pode ser explicada pela ausência do pivô Andrew Bynum, grande esperança da equipe para a temporada. O jogador, adquirido na última offseason em uma troca quádrupla com Denver Nuggets, Los Angeles Lakers e Orlando Magic, não atuou uma partida sequer com a camisa do time da Philadelphia devido a problemas nos joelhos.
E a partir de julho, o Sixers vai enfrentar um dilema: Bynum será agente livre irrestrito, ou seja, poderá assinar com qualquer equipe da Liga. Será que o time da Philadelphia vai dar um crédito ao pivô e renovar o seu contrato? Ou vai deixar Bynum seguir a carreira em outra equipe? A decisão é complicada, como tentarei explicar nas linhas abaixo.
Hoje, é fácil falar que o Sixers foi “mantado” na troca envolvendo o big man, já que Andre Iguodala, Nikola Vucevic e Moe Harkless – os jogadores que a equipe abriu mão – estão atuando muito bem. Muita gente esquece que, na época da negociação, Bynum estava saudável e vinha da melhor temporada de sua carreira (médias de 18.7 pontos, 11.8 rebotes e 1.9 toco).
Em 2011/2012, Bynum atuou em 60 dos 66 jogos disputados pelo Lakers e foi selecionado para seu primeiro All-Star Game. O time da Philadelphia deu muito azar com as seguidas lesões do jogador. Ou alguém duvida da capacidade dos médicos da franquia?
Lembro-me também que muitos defendiam a ideia de que a saída de Iguodala iria beneficiar o desenvolvimento de Evan Turner. Enfim, foi consenso entre os analistas de NBA que a equipe treinada por Doug Collins viria forte para a temporada. O Sixers finalmente teria um pivô de ofício. Mas na prática não foi bem assim…
Considero Bynum um dos três melhores pivôs da Liga (Dwight Howard e Marc Gasol estão nessa lista). Não tenho dúvida de que, se o pivô estivesse saudável em grande parte da temporada, o Sixers estaria garantido nos playoffs.
Mas é bom dizer que o jogador, de 25 anos, tem um histórico de lesões. Em oito anos na NBA, Bynum já ficou de fora de 242 partidas, o equivalente a quase três temporadas. Isso é um ponto contra à manutenção dele na equipe.
Outro problema é que o jogador já confidenciou que não vai dar prioridade para o time da Philadelphia, o que eu acho uma sacanagem. O correto seria Bynum deixar claro o interesse em permanecer, até como uma forma de gratidão à equipe. E se, por ventura, o Sixers não quisesse a sua continuidade, ele sairia meramente por opção da franquia. Enfim, não deixaria o time pela porta dos fundos.
Mas Bynum está pensando no bolso. Ele tem confiança na sua recuperação e, acima de tudo, a certeza de que é um dos melhores jogadores da posição na Liga. E olha que pivô é muito valorizado na NBA. É só conferir o contrato que o limitado Omer Asik fechou com o Houston Rockets no início da temporada (25 milhões de dólares por três anos). Podem ter certeza que, se o Sixers não quiser, vai chover de franquia interessada em contar com os serviços do pivô.
O dilema envolvendo a situação de Bynum divide até mesmo os companheiros de equipe. O ala Thaddeus Young já deixou claro que espera que a franquia renove o contrato do pivô. Já o ala-armador Evan Turner entende que a situação é muito complexa. O camisa 12 do Sixers torce pela recuperação de Bynum, mas sabe que o pivô passou por mais uma cirurgia recentemente e que o tempo de recuperação será demorado. O técnico Doug Collins, que deverá deixar o comando da equipe ao final da temporada, deixou transparecer algumas vezes que a troca envolvendo Bynum foi um erro do Sixers.
Vale lembrar que a franquia terá cerca de 16 milhões de dólares de espaço na folha salarial e uma escolha de loteria no draft deste ano. Se não renovar com Bynum, o Sixers terá boas opções para buscar no mercado de agentes livres. Al Jefferson e Nikola Pekovic são algumas delas.
Dito tudo isso, fecho o artigo com a convicção de que o Sixers não deve renovar com Bynum. As frequentes lesões e a falta de vontade de continuar na equipe têm um peso maior que o talento do jogador. De que adianta ter um pivô de calibre se ele não joga, se ele não deseja permanecer no time?
Se eu fosse Tony DiLeo (GM do Sixers), tentaria Al Jefferson, que dificilmente irá permanecer no Utah Jazz. Dinheiro para trazer outro pivô não será problema. Mas, sinceramente, eu não queria estar na pele do GM. Já pensou se Bynum fica livre das lesões e arrebenta na próxima temporada jogando por outra equipe? DiLeo, a batata quente está nas suas mãos.