As Olimpíadas de Paris trouxeram uma discussão cada vez mais recorrente à tona. Afinal, qual o melhor armador de todos os tempos na NBA: Stephen Curry ou Magic Johnson? Por muito tempo, o astro do Los Angeles Lakers nos anos 1980 foi unanimidade, mas parece cada vez menos dominante para alguns. Então, vamos trazer um pouco dos dois lado da história.
Discussões como essa tendem a ter o lado da paixão do torcedor. Mas também podem as tornar um pouco vazias. Principalmente pelo fato de que, quase sempre, as pessoas diminuem um lado para exaltar o outro. Prezando pelo equilíbrio, o objetivo desse texto não é apontar o melhor jogador da NBA entre Stephen Curry e Magic Johnson.
O objetivo é tentar explicar que, mesmo jogadores tão diferentes e armadores de perfis totalmente opostos, podem ter bebido da mesma água em sua trajetória por muitas vezes.
Mas o mais importante é: dizer que Magic Johnson era apenas um grande passador e que Stephen Curry é um apenas um grande arremessador é reduzir suas histórias na NBA.
Jogo sem posição
É muito claro que o ídolo do Lakers foi um armador mais tradicional. As características de seu jogo diziam isso. Mas seu corpo talvez não. Todos conhecem a história de que ele foi o pivô do jogo final contra o Philadelphia 76ers em 1980 após a lesão de Kareem Abdul-Jabbar. Algo, aliás, que o sacramentou como MVP das finais como calouro.
Johnson foi uma anomalia física. Seus 2.06m de altura seriam até nos dias atuais muito acima da média para um armador. Imagine nos anos 80, então. A presença dele era o tipo de coisa que alterava sistemas defensivos completos. E não só por sua insana capacidade de tomar decisões em transição (o famoso Showtime Lakers). Mas também por um biotipo único, que provavelmente só foi recriado e aperfeiçoado por LeBron James, muitos anos depois.
Aliás, muita gente se engana sobre isso com um certo romantismo do jogo passado. Entretanto, muitos dados afirmam que, em média, o jogo da época de Magic e Larry Bird era até mais rápido do que o que assistimos atualmente. Óbvio, sem as bolas de três aos montes do jogo atual, mas muito rápido. Isso porque víamos times que procuravam encontrar desequilíbrios defensivos em garrafões congestionados com velocidade.
Magic foi um jogado à frente de seu tempo, acima de tudo. Como LeBron, Curry e outros fariam no futuro, o jogo sem posição só foi se tornar uma realidade na liga nos tempos atuais. Mas além de seus passes, visão de jogo, QI e plasticidade, ele também era um biotipo único em uma era onde mesmo rápido, o jogo era mais conservador.
Johnson também se consolidou talvez por ser o único entre os gênios da posição na época. E isso não te lembra um certo alguém dessa discussão?
Leia mais!
- Com Stephen Curry e Magic Johnson, site divulga os 20 melhores armadores da NBA
- Magic Johnson: “Stephen Curry não é o melhor armador da história”
- Boletim de rumores e trocas da NBA (20/08/2024)
O idealizador
É óbvio que o fenômeno das bolas de três não se criou com Curry. Foi um processo de vários times que perderam antes que ele e o Warriors conseguissem ganhar. Mas vira e mexe, você escuta um daqueles argumentos de que o camisa 30 não é nem mesmo o armador. Afinal, como poderia se o seu forte é a movimentação fora da bola?
Isso é o mesmo que reduzir Magic a sua qualidade de passe. E é até irônico. Com a capacidade de dobras diretas que os times são permitidos a fazer no jogo atual, um novo tipo de construção se criou: a “gravidade”.
Como Curry não facilita a vida dos companheiros, se sua “dinastia” é uma das mais coletivas da história do basquete? Como ele não é vital para isso se ele sempre foi quem gerou mais espaço para os companheiros de Golden State.
O astro dominou um conceito novo do jogo como ninguém fez. Vocês já devem ter visto algumas entrevistas de jogadores da NBA falando sobre o quão difícil é defendê-lo e, da mesma forma, o quão desgastante é.
Um fato é que se você é um fã casual da NBA e não compreende muito os sistemas táticos, a percepção sobre o real tipo de criação de jogo de Curry é mais difícil de se perceber. Nosso foco em qualquer esporte que tenha uma bola é se atentar a ela. Mas no basquete e no jogo de do astro do Warriors mais do que qualquer outro, você pode se maravilhar com o que está acontecendo longe dela. É um tipo de construção indireta e genial.
E como isso se conecta entre eles?
Stephen Curry não tem os atributos físicos de Magic Johnson, mas sua movimentação incessante compensa essa diferença. Portanto, é algo que o histórico jogador do Lakers não mostrava fora da bola. Por outro lado, Curry é capaz de criar o mesmo tipo de espaço que Johnson encontrava com seus passes e ótimas leituras. Isso, mesmo sem tocar na bola.
Ambos dominaram a liga com suas características próprias que se alimentaram da mesma água e geraram quase que os mesmos resultados. O Lakers dos anos 1980, o Warriors dos anos 2010. Ambos promoveram grandes revoluções ofensivas. Modos diferentes de se abordar o jogo para suas épocas e até para si mesmos, mas que atingiram o mesmo objetivo.
Atacar em velocidade, sendo incríveis e letais em transição. Ter a visão de jogo e a genialidade de um maestro de um lado, enquanto o arremesso e a movimentação de jogo gerava o mesmo propósito do outro lado: facilitar o jogo, não ter problemas para fazer cestas e gerar espaços para os companheiros.
Legados
Ambos foram fundamentais também no aspecto comercial com suas diferenças e semelhanças.
Magic e Larry Bird foram dois dos principais responsáveis por salvar a liga de uma crise comercial e até ética nos anos 1970. A rivalidade que começou na faculdade e chegou aos dois maiores times do mundo foi um dos capítulos mais importantes na história da NBA.
O argumento de que Curry é um dos maiores fenômenos midiáticos da NBA desde LeBron e Michael Jordan é válido. O Warriors, uma franquia que teve pouca relevância desde que a liga se popularizou com Magic e Bird, só foi voltar aos holofotes sob seu comando em quadra.
A rivalidade com o “escolhido” LeBron James, aumentou ainda mais as receitas da liga. Algo que consigo ver por exemplo, no Brasil. Existe um real aumento de atenção ao basquete americano desde 2015.
Conclusão
O mais importante é que sim, estamos falando dos dois maiores armadores de todos os tempos na NBA. Seja em conquistas, estilos, revoluções, enfim. O critério que você escolher vai apontar para eles.
Se você é fã de Curry, não reduza Magic. Ele não é John Stockton, Isiah Thomas e tantos outros, que aliás, foram enormes. Mas não são Johnson. Um revolucionário e sobretudo, a frente de seu tempo. Jogadores como Magic criaram biotipos que só foram tomar de conta da liga 20 ou 30 anos depois.
Assim como se você é fã de Magic, Curry não é um mero arremessador. Ele é diferente. É um jogador que dominou não só o arremesso, mas também a maneira de como construir para si e para os outros sem sequer tocar na bola. Como ninguém. Único.
Tão diferentes, mas pertencentes a uma prateleira única na história da posição, seja qual for a sua escolha.
Assine o canal Jumper Brasil no Youtube
Todas as informações da NBA estão no canal Jumper Brasil. Análises, estatísticas e dicas. Inscreva-se, mas dê o seu like e ative as notificações para não perder nada do nosso conteúdo.
E quer saber tudo o que acontece na melhor liga de basquete do mundo? Portanto, ative as notificações no canto direito de sua tela e não perca nada.
Então, siga o Jumper Brasil em suas redes sociais e discuta com a gente o que de melhor acontece na NBA