Chegou a hora. Como tudo, existe começo, meio e fim. Mas não seria diferente aqui. LeBron James completa 38 anos nesta sexta-feira e sabe que precisa pedir troca do Los Angeles Lakers para seguir lutando por um título. Pelo menos, como protagonista.
James produz números nunca antes vistos em sua idade, mas parecem em vão. Não para ele quebrar o recorde de maior cestinha de todos os tempos, algo que está próximo, mas não existe futuro assim. Não no caso dele. Jogar por jogar não é o que ele pretende. LeBron quer vencer, quer ser o grande nome de uma franquia que busca o topo.
São palavras dele.
Vamos ser bem sinceros aqui. Não tem como ele vencer no Lakers da forma que está. Os contratos engessam o teto salarial, não há espaço para a chegada de reforços e a direção não pretende sacrificar mais seu futuro. A ordem por lá é ir com calma. Então, nada de Russell Westbrook sair em troca. Nada de Anthony Davis.
No entendimento da diretoria, eles ainda podem produzir e são valiosos no mercado.
De novo, pelo que eles acreditam.
Claro que Davis vale, mas suas constantes contusões derrubam qualquer expectativa. Por outro lado, Westbrook pode, até, estender o contrato e ser o “dono da bola”. Pela falta de encaixe, James e ele não podem jogar tanto tempo juntos.
Então, o caminho mesmo é a troca de LeBron James para o Lakers seguir sua vida sem ele.
Troca mancha seu legado?
É bom entender que LeBron James não é um jogador de uma franquia só. Ele não estabeleceu raízes por onde passou. São poucos os astros que jogam por apenas um time. Não é o caso dele.
Veja, não que isso seja ruim. É apenas como as coisas são hoje.
Kevin Durant, por exemplo, é um dos maiores cestinhas de todos os tempos e já está em sua terceira equipe. Nas férias, ele pediu troca. Em contrapartida, ainda existem aqueles como Stephen Curry e Giannis Antetokounmpo, que seguem por seus times desde o início.
Mas você sabia que eles quase saíram de onde estão?
Enquanto Curry esteve próximo de se envolver na troca por Andrew Bogut (Monta Ellis foi em seu lugar), Antetokounmpo bateu o pé por reforços e ameaçou pedir troca.
Então, o amor a um time vai até a segunda página.
James não tem disso, mas ele não é do tipo que desiste. Aliás, poucos são.
Só que é preciso entender o momento, o que acontece e o que pode fazer, pois sua janela não está abrindo.
Esperar o fim da temporada ou não?
Eis o grande problema. Com 38 anos, LeBron James ainda produz como um MVP. Então, apostar contra ele nunca foi um bom negócio. Mas quando a situação não é boa para nenhum dos lados, o ideal é que algo aconteça o mais rápido possível.
Tudo bem, com tal idade, quem vai sacrificar o futuro por vencer agora?
A gente sabe que o Lakers não vai conseguir uma classificação sem Davis saudável, sem que a diretoria se mexa. Até poderia, mas os exemplos de um passado recente não deram tão certo assim.
Vá lá, com Davis, o time foi campeão em 2019/20, mas desde então são uma eliminação na primeira rodada de playoffs, após passagem pelo play-in e uma ausência total de pós-temporada. Em 2022/23, com o 13° lugar na conferência, não parece muito diferente do último ano. Então, mesmo que o pivô retorne às quadras em algum momento em janeiro, o time ainda não inspira confiança.
O Cleveland Cavaliers, por onde começou a carreira, saiu, voltou e foi campeão, poderia ser um destino. Mas o momento é para tal?
É bom entender que o Cavs ocupa o quarto lugar no Leste e se tornou realmente competitivo. Quem a diretoria do Cavaliers iria disponibilizar para algo assim?
Opções de troca para LeBron James e o Lakers
Ainda não foi o momento de criar a publicação “três opções de trocas para LeBron”, mas estamos quase chegando lá. Só que é preciso saber que James só sai se quiser. De acordo com o seu contrato, ele tem direito a rejeitar qualquer proposta em seu primeiro ano de acordo.
Mas vamos supor que ele aceite voltar ao Cavs e o interesse seja mútuo.
Por salários, até não é impossível. Então, vamos lá.
Se (veja bem o “se”) algo acontecer, o Lakers vai querer escolha de Draft para compensar o que já não tem. Hoje, o Cavaliers possui a de 2024 e, depois, só em 2029 e 2030. A de 2023 pertence ao Indiana Pacers (Caris LeVert), 2025 e 2026 são do Utah Jazz (Donovan Mitchell), enquanto 2026 e 2028 o Jazz tem a opção de inverter.
Então, para bater salários, é preciso enviar algo como Jarrett Allen, Ricky Rubio e LeVert.
Apenas por meio da suposição, com isso, o Cavs teria Darius Garland, Donovan Mitchell, Isaac Okoro, LeBron e Evan Mobley. Este último teria de jogar como pivô, algo que o fez em parte da última temporada.
Pelo lado do Lakers, Dennis Schroder, Lonnie Walker, LeVert, Davis e Allen.
De novo, LeBron tem 38 anos. Apesar de ele ser um dos melhores de todos os tempos, quantas temporadas restam no tanque em modo MVP?
New York Knicks
Bem, neste caso, é utilizar o que o New York Knicks disponibiliza com um jogador top. Assim, uma troca de LeBron James que poderia funcionar para o Lakers teria de ser centrada em Julius Randle.
Além de Randle, o Knicks deveria enviar Evan Fournier e Cam Reddish, além da escolha de primeira rodada de 2024.
É importante salientar que, com a idade de James, ele não vai sair por um Luka Doncic, Giannis Antetokounmpo ou Nikola Jokic. Eles já são a realidade de suas equipes e possuem, pelo menos, mais uns dez anos de NBA.
Portanto, Randle é um All Star de segunda linha, assim como é Jarrett Allen.
Fournier é um especialista em arremessos, enquanto Reddish é um defensor muito bom.
Funcionaria para os dois lados?
Talvez, sim.
Mas a questão aqui é deixar as duas partes livres.
O Knicks poderia brigar pelo título na atual temporada e na próxima, enquanto o Lakers teria a chance de receber peças mais “trocáveis” e pensar no seu futuro.
Randle e Davis já jogaram juntos no New Orleans Pelicans, mas o time era uma bagunça. Então, não existe um parâmetro muito grande. Mas com Fournier e Reddish, o Lakers teria mais opções no perímetro. Este último, aliás, foi alvo da equipe desde a offseason.
Golden State Warriors
Sim, eu sei. Colocar LeBron James e Stephen Curry no mesmo time deixaria o Golden State Warriors assustador, ainda que por pouco tempo. Mas veja, a ideia aqui é enviar ao Lakers dois jogadores jovens e Draymond Green para bater salários.
Enquanto Green teve problemas com Jordan Poole e criou um ambiente hostil em San Francisco, todo mundo sabe que o ala-pivô está em fase final da carreira. Mas mesmo ele estando assim, ainda é um jogador muito inteligente e defensivamente versátil.
Então, a ideia é enviar Jonathan Kuminga e James Wiseman para o Lakers, além de Green. E o time de Los Angeles ainda pode optar entre as escolhas de 2023 e 2025.
Green é um ótimo organizador, mas ninguém nunca o viu jogando ao lado de outros jogadores. De qualquer forma, a aposta do Lakers estaria em cima dos jovens. Enquanto Kuminga mostrou momentos de um futuro grande atleta, Wiseman ainda precisa ser lapidado. Força e tamanho, ele tem.
Pelo lado do Warriors, que já paga multas como se não houvesse amanhã e não liga para isso, seria perfeito.
Imagine só: Stephen Curry, Klay Thompson, Andrew Wiggins, LeBron James e Kevon Looney. Com tantos jogadores inteligentes e bons tecnicamente, seria para brigar pelo título em 2023 e em 2024. Depois, é só selecionar Bronny James na segunda rodada e deixar ele no Santa Cruz Warriors.
O que o Lakers dizia
Em setembro, durante o Media Day (reapresentação para a imprensa), Rob Pelinka, diretor do Lakers, afirmou que faria de tudo para LeBron ter um fim de carreira vencedor por ali.
“Serei abundamente claro: Nós temos um dos melhores jogadores de todos os tempos em LeBron James e ele está comprometido com a gente. Mas são três anos de contrato. Então, claro, nós vamos fazer de tudo que pudermos, incluindo escolhas de Draft, para fazermos trocas que darão a nós a chance de ele chegar lá (ser campeão)”, disse. “Se existe um compromisso dele com a nossa franquia, isso precisa ser bilateral, e é isso”.
O que o Lakers diz agora
Sem a certeza de que uma troca, neste momento, vai fazer o Lakers se tornar um time de playoffs, a direção quer preservar as escolhas de Draft. Ou seja, não pretende se mexer. De acordo com o jornalista Sam Quinn, do site CBS Sports, a equipe teve diversas chances de contratar arremessadores, inclusive na offseason.
Não o fez.
O resultado disso é um time previsível e com péssimos arremessadores. O problema está longe de ser o técnico Darvin Ham, que até deu um jeito de vencer por algumas semanas e ganhou aspirações de playoffs. Mas, assim como na última temporada, o elenco formado foi ruim, com planejamento de “vamos ver no que dá”.
Hoje, o Lakers é o 29° que mais acerta cestas de três (10.4 por jogo) e tem o 26° aproveitamento (33.9%).
Segundo o repórter Jovan Buha, do site The Athletic, Pelinka não quer arriscar fazer trocas para “vencer agora”. Portanto, se nada de diferente acontecer, o Lakers não vai negociar as escolhas de primeira rodada de 2027 e 2029.
Contradição?
LeBron James quer mais títulos
Veja, não se trata apenas de recordes. LeBron James quer lutar para ser campeão de novo e só uma troca do Lakers o faria ter mais uma tentativa. Ou duas. Até poderia acontecer em Los Angeles, mas a direção não quer abrir mão de seu futuro por algo imediato.
LeBron é um talento geracional, algo como Michael Jordan. No mesmo patamar ou próximo disso. Não estou comparando carreira, mas talento. E James quer que sua carreira seja comparada. Chegar em dez finais e vencer quatro parece pouco para tal.
“Eu sou um vencedor e eu quero vencer”, afirmou LeBron. “Mas eu quero vencer e dar a mim a chance de vencer e ainda competir por títulos. É a minha paixão. É minha meta desde quando entrei na liga como um garoto de 18 anos de Akron, Ohio”.
Ele vai quebrar o recorde na atual temporada e se tornar o maior cestinha de todos os tempos, mas está na cara que LeBron quer mais do que isso.
Jogar por jogar não está em seu DNA. Ele nunca foi trocado em toda a carreira, mas uma saída aqui seria o melhor para os dois lados.
E com urgência.
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