Kobe Bryant está próximo de retornar às quadras após a sua maior lesão na carreira. Uma das maiores referências do basquete da NBA, Kobe cumprirá o seu último ano de contrato com o Los Angeles Lakers e então, será agente livre. Ninguém duvida que ele renovará com o time californiano, mas por quanto?
Na noite do draft de 1996, Kobe Bryant foi o 13° escolhido, pelo então Charlotte Hornets, mas imediatamente negociado com o Lakers por Vlade Divac. Naquele momento, aquele moleque magricela não passava de um filho de ex-jogador sem grande sucesso na melhor liga do mundo, porém algum potencial a diretoria californiana viu nele. O fato é que ninguém no mundo poderia garantir que ele seria tão especial.
Começou devagar, ganhando espaço aos poucos até se tornar o principal reserva, já no ano seguinte. Não demorou muito e ele foi para o Jogo das Estrelas sendo titular em apenas uma ocasião. Pronto. Já era possível dizer que Kobe seria um astro. Em 98-99, Eddie Jones, um dos melhores jogadores da equipe, foi trocado pelo ainda excelente arremessador, mas já em declínio, Glen Rice. Tudo isso para que ele tivesse mais espaço. Não deu outra.
Bryant passou seus primeiros anos como um escudeiro de Shaquille O’Neal, e foi assim em seus três títulos que tiveram juntos. Então, o Lakers queria mais e resolveu se utilizar de um artifício criticado por muitos ao contratar veteranos de grande qualidade. Karl Malone e Gary Payton foram para a equipe em 2003-04, mas o título não chegou. Por diversos motivos, a coisa desandou, como na temporada passada. Brigou com o técnico Phil Jackson, com Shaq, com o mundo.
O mundo da NBA se dividiu em dois na época. Quem apoiava Jackson e O’Neal e do outro lado, quem defendia Kobe.
Até Malone se estranhou com Bryant e o chamou de egoísta. Kobe passou de queridinho a odiado, criticado e contestado até mesmo por seus fãs.
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Aí vieram os 81 pontos em uma temporada para o Lakers apagar da memória. Afinal, seus companheiros de quinteto inicial eram os “monstros” Smush Parker, Kwame Brown, e Chris Mihm.
Kobe ameaçou sair pela primeira vez se as coisas não mudassem imediatamente. O sinal amarelo foi aceso e a diretoria resolveu se mexer.
Em 2007-08, o Lakers fez uma das trocas mais criticadas de todos os tempos, quando recebeu o ala-pivô Pau Gasol do Memphis Grizzlies por “aquele” Kwame Brown, Javaris Crittenton (amigão de Gilbert Arenas), Aaron McKie, escolhas de primeira rodada de 2008 e 2010 e os direitos de Marc Gasol, o então irmão gordinho de Pau, que ninguém dava a menor bola.
Hoje a negociação faz sentido.
Os mais saudosistas vão dizer que são contra, que acham injusto. Mas o Lakers conseguiu ir para as finais daquele ano. Em um passado recente, outros fizeram o mesmo.
O Miami Heat, que trouxe LeBron James e Chris Bosh. Em três anos, três finais e dois títulos. Não precisa de maiores apresentações.
Nesta temporada, o Brooklyn Nets montou um time para vencer de imediato, mas se esqueceu de contratar um técnico experiente. O Houston Rockets recebeu Dwight Howard para fazer uma das melhores duplas da NBA, com James Harden.
Na grande maioria dos casos, as equipes candidatas ao título são montadas com pelo menos dois jogadores de maior grandeza. O Chicago Bulls dos tempos de Michael Jordan e Scottie Pippen venceu três vezes seguidas e, posteriormente, adicionou Dennis Rodman para conquistar mais três da mesma forma.
OK, o Lakers pode não conseguir vários títulos em sequência, como posteriormente conseguira em 2009 e em 2010. Pode não conseguir sequer um. Mas se Kobe aceitar receber um salário menor, certamente as chances de isso acontecer aumentam sensivelmente. Tudo bem que precisa combinar com os outros times antes, até porque San Antonio Spurs, Golden State Warriors, Los Angeles Clippers, Oklahoma City Thunder, Houston Rockets, Indiana Pacers, e Miami Heat, deverão ter a mesma base deste ano.
Há alguns meses, Bryant chegou a cogitar a aposentadoria. Se lesionou gravemente, e muitos acham que é de fato o fim da linha e agora ele está com 35 anos. Só que o atleta vai voltar a ser o comandante do Lakers nas semanas que virão, e se conseguir levar uma equipe desacreditada aos playoffs, com toda certeza levará jogadores de peso ao time na próxima temporada.
Agora, como fazer isso?
O Lakers possui apenas Steve Nash, Robert Sacre, e Elias Harris, sob contrato para 2014-15. Nick Young terá opção em seu contrato. Ou seja, a equipe terá comprometidos somente U$ 12.6 milhões de dólares, o que é suficiente para fazer da equipe uma das principais potências do ano que vem.
Em 2013-14, Kobe receberá pouco mais de U$ 30 milhões de dólares. Com a possível saída de Pau Gasol, que também tem um acordo que expira ao fim da temporada, o Lakers tem a missão de reconstruir seu elenco, mas com peças capazes de buscar o título imediatamente.
É hora de contribuir com o Lakers, que lhe deu todas as oportunidades de ser o que é hoje. Não adianta nada receber o mesmo valor dos últimos anos, ficar sem grandes opções no mercado e por fim, ficar sem o troféu.
A missão é difícil.
Será que ele aceitaria voltar a ser uma segunda ou terceira opção de ataque? E mais: ele optaria por receber menos para ter uma importância menor?
Tudo isso são hipóteses. Ninguém sabe qual é a decisão dele no momento, talvez nem ele. E até com razão, pois nem Kobe nem a direção querem acelerar o processo. E se Kobe voltar enferrujado, sem o mesmo atleticismo e longe de seu melhor nível?
No ano passado, Bryant afirmou que naquele momento o Lakers ainda era dele, mas que em alguns anos seria de Dwight Howard. Mas o pivô se cansou da pressão de jogar em um dos maiores mercados e foi para o Texas contribuir com James Harden. Qual a diferença? Já expliquei. É o mercado, a pressão por vencer. Essa “marra” de Kobe é bem difundida.
Então, para quem Kobe vai passar o bastão para manter o Lakers como uma das potências da Liga? Hoje eu não vejo ninguém que possa assumir essa condição. Tem que vir de fora, com nome e tarimba para enfim, ele se aposentar.
Se há um ano ele estava preocupado com essa situação, então esse é o momento. Do contrário, a pecha de ser egoísta vai só aumentar.
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