Fonte: Jamie Squire / AFPTodos os olhos da NBA estarão voltados para o Draft 2021 nesta quinta-feira (29). Para a nossa alegria, a ESPN vai transmitir o evento para o Brasil (a partir das 21h30). Mas, nem por isso, deixaremos de convidar a todos a acompanharem conosco o recrutamento, em nossa já tradicional Live do Draft (a partir das 19h29), que atravessa a noite, com equipe completa a postos para deixá-lo (a) atualizado (a) sobre os mais novos jogadores da liga. Olho na telinha da ESPN e ouvido colado no Jumper Brasil!
Enquanto o Draft 2021 não chega, aqui está um pontapé inicial nas discussões que vamos ter durante o recrutamento. Para tentar identificar quem são os prospectos superestimados e subestimados, steals em potencial, apostas seguras e riscos, convidamos:
- Gustavo Lima e Ricardo Stabolito Jr., editores do Jumper Brasil e especialistas com mais de uma década de experiência na cobertura de recrutamentos da NBA
- Lucas Torres, editor da Central do Draft e parceiro do Jumper Brasil na produção de conteúdo relacionado ao basquete universitário/Draft
- Luis Poliseli, idealizador e responsável pelo perfil Basket Scout BR, no Twitter
- Vinicius Costa, idealizador e responsável pelo perfil Tankometro, no Twitter
1. Quem você considera a escolha mais segura do Draft de 2021?
Gustavo Lima: Cade Cunningham. Cade é completo, um talento geracional. Útil com e sem a bola nas mãos, consegue criar para si e para os companheiros, tem um arremesso consistente, fisicalidade, um elevado QI de basquete, é um sólido defensor. Simplesmente não tem como “dar errado” na NBA.
Ricardo Stabolito Jr.: Cade Cunningham. Joga nos dois lados da quadra, com ou sem a bola nas mãos, cria para si mesmo e para outros. Tudo pode dar errado e nada se traduzir? Nas palavras de Kinderman, em “O Exorcista”: possível, mas improvável.
Lucas Torres: Cade Cunningham. Ainda que as projeções mais otimistas sobre ele poder atuar como um criador primário no próximo nível não se confirmem, Cunningham acrescentará valor imediato com sua capacidade de criar o próprio arremesso nos mais variados cenários, seja na meia quadra ou na transição.
Luis Poliseli: Cade Cunningham. Muitas vezes se pensa que a escolha com mais upside não pode também ser a mais segura, mas pode e neste caso é. Ser um arremessador muito bom, um ótimo passador, um jogador muito inteligente em ambos os lados e ter ótimo tamanho para a posição dá um nível de segurança enorme para Cunningham.
Vinicius Costa: Cade Cunningham. Jogador clutch, jumbo iniciador aos moldes do que pede a NBA moderna, joga com e sem a bola. Chance de bust é praticamente nula.
2. Qual prospecto que, provavelmente será selecionado na loteria, você não escolheria de jeito nenhum?
Gustavo Lima: Kai Jones / Isaiah Jackson. Inegavelmente chamam a atenção pela capacidade atlética absurda, energia em quadra, mas não possuem refinamento e nem força física para baterem de frente com os bigs da NBA. Na parte técnica e no entendimento do jogo, ainda têm um longo caminho a ser percorrido. Em suma, não sou muito fã de jogador com o perfil de “muita transpiração e pouca inspiração”.
Ricardo Stabolito Jr.: Chris Duarte. Gosto dele, mas a questão aqui é que o histórico de jogadores de mais de 23 anos escolhidos na loteria é horrendo. Caso realmente esteja no TOP 14, ele será apenas o segundo prospecto de 24 anos a ser selecionado na loteria nesse século – ao lado do glorioso Melvin Ely.
Lucas Torres: Josh Giddey. Tenho muitas preocupações quanto ao encaixe defensivo dele na NBA devido à carência de atleticismo e força física. E, no ataque, o vejo com dificuldades iniciais para produzir sem a bola nas mãos por conta da falta de um arremesso consistente em situações de catch and shoot. Pior ainda, não o acho dinâmico o suficiente para atuar como iniciador de movimentos com a bola nas mãos.
Luis Poliseli: Davion Mitchell. Davion teve um March Madness excelente e foi um grande defensor no College. Porém, loteria ou top 10 como ele vem sendo projetado desde abril é demais. Um armador que não é um iniciador primário e não tem um arremesso necessariamente seguro não tem um valor tão grande. E existe um limite para a defesa de um jogador de 1,85m na NBA, que é sua grande habilidade.
Vinicius Costa: Usman Garuba. Não tenho tanta certeza que será escolha de loteria, mas para mim é para sair entre a 18 e a 25. Ótimo defensor, tem capacidade de ser titular numa potência, mas vejo com certo ceticismo para um range mais alto pelas limitações ofensivas dele: condução rudimentar, sem jogo de post ou face up. O upside recente no chute de três pontos do corner não me convence como algo que alerte a defesa adversária.
3. Qual jogador que, provavelmente não será selecionado na loteria, você escolheria caso estivesse no TOP 14 deste recrutamento?
Gustavo Lima: Usman Garuba. Garuba tem experiência profissional no Real Madrid, integra a seleção espanhola adulta e possui um elevado QI de basquete. Além disso, é um dos melhores defensores da classe de 2021. Se tivesse atuado no College, provavelmente teria uma projeção melhor. Menção honrosa para Tre Mann, um dos armadores mais habilidosos da classe. Ele possui um controle de bola de elite, se destaca na mudança de direções, consegue manipular seus marcadores através dos dribles e consegue ser útil com e sem a bola nas mãos.
Ricardo Stabolito Jr.: Usman Garuba. É um defensor com a insana versatilidade que espera-se dos pivôs contemporâneos, já joga contra profissionais há algum tempo e possui flashes ofensivos em várias frentes indicando um jogador ofensivo que pode ser “moldado”. Sua boa participação no amistoso contra a seleção dos EUA foi um último alerta aos recrutadores.
Lucas Torres: Usman Garuba. Ainda acho que ele será escolhido na loteria. Mas, de acordo com a maioria dos mocks, é bem possível que ele não seja. Para mim é um absurdo. Garuba é, ao lado de Evan Mobley, o melhor prospecto defensivo desta classe, um tremendo reboteiro e conta com ótimo QI de basquete. Não tenho dúvidas que será um jogador de impacto na NBA.
Luis Poliseli: Keon Johnson. Em determinado momento, Keon parecia consolidado como uma escolha Top 10, mas recentemente ele tem sido projetado frequentemente fora da loteria. Para mim, ele permanece sendo uma escolha Top 10, com defesa excelente, atleticismo incrível, criação a partir do drible em desenvolvimento e muito potencial atacando o aro no ataque. Johnson tem um upside grande dos dois lados da quadra e, por isso, justifica tranquilamente uma escolha de loteria.
Vinicius Costa: Tre Mann. Eu não o tenho colocado na loteria nos meus Mocks por tentar refletir também o stock na Liga, mas ele é o steal deste Draft para mim. Melhor condução de bola da classe, chega onde quer na quadra ofensiva e pontua de qualquer lugar. Compensa a falta de atleticismo com mudança de direção e ritmo. Compro o upside no arremesso e o vejo como passador subestimado.
4. Quais prospectos você considera como steals em potencial que, atualmente, estão projetados para serem escolhidos na segunda metade ou no final da primeira rodada?
Gustavo Lima: Trey Murphy, Miles McBride, Jaden Springer e Jared Butler. Murphy tem potencial para ser um sólido 3-and-D na NBA; McBride é um ‘carrapato’ na defesa e consegue criar para si e para os companheiros; Springer é um dos mais novos da classe, possui atributos físico-atléticos de elite e oferece muito upside; Butler é um armador muito inteligente, nos dois lados da quadra, e consegue ser útil com e sem a bola nas mãos.
Ricardo Stabolito Jr.: Muita gente pode ser, mas destaco caras como Trey Murphy e Josh Primo. São jogadores com estilo de jogo extremamente moldado em um tipo muito procurado na NBA atual (3 and D), mas que possuem margem técnica para irem ainda além. Primo em especial, na verdade, por ser o prospecto mais jovem do recrutamento.
Lucas Torres: Tre Mann, Isaiah Jackson e Sharife Cooper. Mann deveria estar consolidado como uma escolha de final de loteria. Sua habilidade de atuar com a bola e sem ela, bem como a capacidade de jogar em seu próprio ritmo, devem fazer dele um titular sólido na liga. Já Jackson e Cooper possuem um upside tremendo, apesar de serem escolhas de maior risco. Jackson é ultra-atlético e um dos protetores de aro mais impressionantes da classe. Cooper é, como passador e criador de movimento, o número 1 de 2021.
Luis Poliseli: Jaden Springer e Ziaire Williams. Springer é um dos jogadores mais novos do Draft. Ele será selecionado ainda com 18 anos, e já mostra uma das melhores defesas de perímetro, pode espaçar a quadra, é um bom finalizador e um bom playmaker secundário. Ziaire está longe de ser um prospecto seguro, mas seu upside é muito grande. Com 2,08m, ele mostra capacidade para criar seu próprio arremesso, ótima mobilidade, potencial defensivo e alta versatilidade como arremessador.
Vinicius Costa: Miles McBride. O range dele é 20-35, mas não há diferença significativa para Davion Mitchell, possível escolha de loteria. Ele é mais alto, tem envergadura excepcional para o tamanho, é tão bom defensor quanto Mitchell, tem um arremesso mortal na média distância e um upside parecido no chute de três pontos. Além disso, é um bom passador, ainda que não seja um floor general, assim como Mitchell. E ainda é dois anos mais novo.
5. Existe algum atleta que deverá ser escolhido apenas na segunda rodada e você consideraria seriamente selecionar entre os 30 primeiros?
Gustavo Lima: destaco Miles McBride e Quentin Grimes, que, na minha opinião, são prospectos que deveriam ser escolhidos na primeira rodada. McBride tem potencial para ser um armador útil nos dois lados da quadra. É um excelente defensor e evoluiu como arremessador e criador de jogadas. Já Grimes é um sólido defensor de perímetro e um excelente arremessador, protótipo de 3-and-D, muito valorizado na NBA atual.
Ricardo Stabolito Jr.: Miles McBride. Em uma NBA que exige múltiplos criadores em quadra, ele é o armador perfeito para não ter a bola nas mãos: atlético, ótimo defensor e arremessador bastante competente. Pense em um jogador complementar nos moldes de George Hill, por exemplo.
Lucas Torres: Day’Ron Sharpe. Dono de ótimos fundamentos de rebote, um ótimo screener e de habilidades subestimadas como passador e como finalizador no garrafão, Sharpe tem todos os atributos de um pivô de topo de rotação na liga, seja como titular ou um backup consistente.
Luis Poliseli: Joel Ayayi e Miles McBride. Ayayi é com certeza o prospecto de Gonzaga menos falado, mas ele é um ótimo jogador também. É um defensor muito bom, um excelente reboteiro para um guard, um arremessador sólido e um dos melhores cutters da classe. Já McBride é um defensor extremamente inteligente, um bom atleta e um ótimo arremessador. Ele pode não ser um playmaker primário na liga, mas essa não é sua função mesmo.
Vinicius Costa: Quentin Grimes. Jogador que se reencontrou em Houston após ter decepcionado como novato hypado por Kentucky. Maduro, você sabe exatamente o que esperar dele: movimento de bola, empenho na defesa, boa fisicalidade nas trocas para defesa de jogadores mais altos no garrafão, e principalmente, um excelente spot up shooter.
6. Por fim, com a primeira escolha do Draft de 2021, você selecionaria…
Gustavo Lima: Cade Cunningham. Claramente, é o melhor prospecto da classe. Simples assim.
Ricardo Stabolito Jr.: Cade Cunningham. Há tanta coisa complicada na vida, então não complique o que é simples.
Lucas Torres: Cade Cunningham. Não acho que a diferença entre Cunningham, Jalen Green e Evan Mobley seja tão significativa em termos de qualidade de prospecto, mas pela segurança de vê-lo como um jogador de impacto, mesmo no pior cenário possível, fico com o primeiro.
Luis Poliseli: Cade Cunningham. Ninguém oferece um conjunto de habilidades tão valioso quanto o de Cade. Um playmaker alto, de visão e capacidade de execução de passses excelente, um ótimo pontuador e um jogador de altíssimo QI de basquete.
Vinicius Costa: Cade Cunningham. Ahhh… sem novidades aqui.
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