Todos os olhos da NBA estarão voltados para o Draft nesta quinta-feira (20). Para a nossa alegria, a ESPN vai transmitir novamente o evento para o Brasil. Mas nem por isso, deixaremos de convidar a todos a acompanharem conosco o recrutamento, em nosso já tradicional programa ao vivo (a partir das 20h07) que atravessa a noite, com equipe completa a postos para deixá-lo (a) atualizado (a) sobre os mais novos jogadores da liga. Olho na telinha da ESPN e ouvido colado no Jumper Brasil!
Enquanto o Draft não chega, aqui está um pontapé inicial nas discussões que vamos ter durante esta quinta-feira. Os editores Gustavo Lima e Ricardo Stabolito Jr. –, o colunista de scouting Gabriel Andrade, e o parceiro Vitor Camargo, do blog Two-Minute Warning e do podcast Na Era do Garrafão, tentam identificar quem são os prospectos superestimados e subestimados, steals em potencial, apostas seguras e riscos.
Vamos ao trabalho!
1. Quem você considera a escolha mais segura deste draft?
Gustavo Lima: Zion Williamson. O prospecto mais talentoso da classe tem poucas lacunas em seu jogo e me dá a certeza de que não tem como ‘dar errado’ na NBA. Ótimo defensor, eficiente na área pintada ofensiva, passador acima da média para um jogador da posição, elevado QI de basquete. Sem contar, claro, os seus atributos físico-atléticos de elite. De novo, não tem como Zion ‘dar errado’ na liga.
Gabriel Andrade: Zion Williamson. Para além de todo o potencial físico incrível de Zion, trata-se também de um dos defensores mais completos do recrutamento, uma máquina de pontuar na área pintada com refino técnico, além de ser um bom passador. São poucas lacunas em seu jogo e uma produtividade já muito chamativa. É difícil imaginar um cenário em que não vá se tornar, ao menos, um jogador de muitos anos de carreira na NBA.
Vitor Camargo: Zion Williamson é uma resposta muito fácil, então vou com Brandon Clarke (foto). O canadense pode não ter o potencial de alguns jogadores mais bem cotados, mas é alguém bastante completo e refinado, o perfeito complemento para muitos dos “unicórnios” de garrafão que temos hoje na NBA. Não tem como dar errado.
Ricardo Stabolito Jr.: Zion Williamson é muito clichê, né? Então, eu vou inovar com De’Andre Hunter. Ele é o perfeito arquétipo do ala “3D” que a NBA procura hoje em dia. Até pode ter potencial para ser mais do que isso, mas o que já aparenta ser basta. Ser uma garantia não quer dizer que iria selecioná-lo com a quarta escolha, porém.
2. Qual prospecto que, provavelmente será selecionado na loteria, você não escolheria de jeito nenhum?
Gustavo Lima: Rui Hachimura. Apesar da nítida evolução na parte ofensiva próximo à cesta, o ala-pivô japonês tem jogo de perímetro praticamente nulo, deixa a desejar na defesa por desatenção e falta de fundamentos, além de não conseguir criar para os companheiros. Difícil encaixe em uma liga que, cada vez mais, privilegia o espaçamento de quadra e a movimentação de bola.
Gabriel Andrade: O caso mais chamativo é o de Rui Hachimura (foto). Sem arremesso, passe, QI avançado de basquete e um raciocínio muito lento na defesa, o japonês não é muito moldado para o que a NBA espera de seus alas secundários. É um encaixe esquisito de jogo para o basquete moderno. Mas, para ser sincero, dado o nível da classe, provavelmente não selecionaria metade dos prospectos em uma loteria “comum”.
Vitor Camargo: Coby White. O armador subiu no recrutamento por sua capacidade de acertar arremessos difíceis e contestados – algo que a NBA sempre valoriza. Mas tirando isso, White traz muito pouco para a mesa: inconsistente, QI de basquete questionável, não defende nem arma em bom nível. Cada vez mais, esses jogadores unidimensionais têm dificuldade para se sustentar em quadra na NBA.
Ricardo Stabolito Jr.: Rui Hachimura. Ele começou a jogar tarde, imagino que tenha grande potencial para melhorar, mas o molde do seu jogo atual não se encaixa nem um pouco com o que a NBA busca em seus alas e alas-pivôs. Terá que adaptar-se bastante. Coby White, Nassir Little, P.J. Washington e Tyler Herro, por diferentes motivos, são outros prospectos que poderiam ser citados aqui.
3. Qual jogador que, provavelmente não será selecionado na loteria, você escolheria caso estivesse no TOP 14 deste recrutamento?
Gustavo Lima: Goga Bitadze (foto). Pivô refinado, ágil, que protege bem o aro e ainda contribui com um arremesso consistente do perímetro? Não é todo dia que surge um cara assim. Em uma classe não muito talentosa como a desse ano, o jogador georgiano merece o voto de confiança de algum time do TOP 14.
Gabriel Andrade: Grant Williams. O prospecto de Tennessee possui características que adoraria ter em um ala-pivô para complementar meu elenco: estilo solidário de jogo nos dois lados da quadra, muita inteligência para cobrir espaços na defesa de cobertura, joga muito duro, sabe posicionar-se, é ótimo passador para manter a fluidez ofensiva e bom cortando sem a bola em mãos. Estaria melhor avaliado com um arremesso mais confiável.
Vitor Camargo: Goga Bitadze. Pivôs europeus são sempre uma incógnita pelas diferenças de jogo entre a NBA e o basquete do Velho Continente, mas, no papel, ele tem tudo que você poderia pedir: alto, atlético, ágil para o tamanho, bom protetor de aro com ótimo chute de longa distância. Em um draft carente de nomes de topo, Bitadze vale a aposta.
Ricardo Stabolito Jr.: Eu gosto de Goga Bitadze, mas, para dar uma resposta diferente do pessoal, que tal Keldon Johnson? Eu gosto de sua postura em quadra, intensidade na defesa e vejo uma evolução técnica considerável analisando seus últimos anos.
4. Quais prospectos você considera como steals em potencial que, atualmente, estão projetados para serem escolhidos na segunda metade ou no final da primeira rodada?
Gustavo Lima: Grant Williams, Mfiondu Kabengele e Matisse Thybulle. Williams é um dos jogadores com maior QI de basquete da classe. Faz de tudo um pouco em quadra e joga para a equipe. Role player que todo treinador gostaria de comandar. Kabengele é um pivô forte, que joga duro e combina eficiência na proteção de aro e consistência nos chutes de longa distância. Já Thybulle é o ‘canivete suíço’ da turma de 2019. Melhor defensor do College e com potencial para contribuir também nos arremessos do perímetro e se tornar um 3-and-D, característica tão desejada pelos times e em alta na liga.
Gabriel Andrade: Gosto bastante de Chuma Okeke e Matisse Thybulle, principalmente pela versatilidade defensiva que trazem e que pode ser valiosa em equipes mais prontas para competir no alto da tabela, podem contribuir de imediato. Talen Horton-Tucker, cheio de potencial, pode ser outro com boas possibilidades, ainda que mais cru, um jogador não-ortodoxo, de braços enormes e com potencial como criador.
Vitor Camargo: Cameron Johnson e Nickeil-Alexander Walker são dois nomes que me vêm à mente. Johnson é ‘velho’ para um prospecto (23 anos) e não tem grande atleticismo, mas é um jogador inteligente e um arremessador de elite em um draft carente no quesito. Já Walker lembra seu primo, Shai-Gilgeous Alexander, um defensor com ótimo tamanho e enorme potencial, e no time certo pode causar estragos na NBA.
Ricardo Stabolito Jr.: Há alguns, mas, para ficar em um jogador só, Nicolas Claxton (foto). Ele não está pronto, mas tem mobilidade para defender qualquer posição e, ofensivamente, repete a história pouco convencional de Anthony Davis – armador colegial que teve um crescimento repentino e tornou-se um projeto de pivô supertécnico. Conversamos em uns dois ou três anos.
5. Existe algum atleta que deverá ser escolhido apenas na segunda rodada e você consideraria seriamente selecionar entre os 30 primeiros?
Gustavo Lima: Chuma Okeke. A ruptura no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo que tirou-o do Torneio da NCAA certamente está atrapalhando sua projeção. O ex-jogador de Auburn é um ala-pivô que joga um basquete moderno: contribui com o espaçamento de quadra (já que é um arremessador confiável do perímetro) e com sua versatilidade defensiva. Saudável, ele seria uma escolha de primeira rodada.
Gabriel Andrade: Shamorie Ponds. Poucos armadores são tão bons passadores quanto Ponds nessa classe, mas ele também é capaz de pontuar e defender com solidez. Seu QI de basquete e chão alto de jogo podem render um atleta para vir do banco no curto/médio prazo.
Vitor Camargo: Esse é um draft tão parelho entre os #16 e #45 que é difícil saber quem vai ou não sair na segunda rodada. Mas alguns nomes que parecem estar nessa bolha e que escolheria na primeira rodada são Talen-Horton Tucker, Matisse Thybulle, Luka Samanic, Grant Williams e… é claro… Didi Louzada.
Ricardo Stabolito Jr.: Louis King. Se ganhar consistência e maior compreensão defensiva, sua noção perfeita de espaçamento no lado ofensivo da quadra pode gerar um jogador com até mais upside do que alas “3Ds” selecionados na loteria e segundo terço da primeira rodada.
6. Por fim, com a primeira escolha do draft de 2019, você selecionaria…
Gustavo Lima: Zion Williamson, inquestionavelmente o maior talento da classe deste ano e um prospecto com características sem precedentes.
Gabriel Andrade: Zion Williamson. O melhor, mais eficiente, chamativo e preparado jovem do recrutamento. Uma escolha fácil pelo nível de produtividade e desenvolvimento do atleta de Duke, que desbancou seus dois maiores concorrentes jogando ao lado deles e provando ser muito melhor. A classe cheia de decepções ajuda a consolidar esse cenário com tranquilidade.
Vitor Camargo: Zion Williamson, o melhor prospecto dos últimos sete anos.
Ricardo Stabolito Jr.: Zion Williamson. Não há outra resposta possível.