As renovações de contratos na NBA sempre são importantes para os futuros das franquias, principalmente dos quando envolvem jogadores que estão saindo de seus vínculos iniciais. É a hora em que o atleta é recompensado pelo que fez enquanto recebia o salário de calouro, que permitia uma flexibilidade maior no salary cap do time.
Às vezes, os General Managers fazem escolhas muito boas na hora de oferecer contratos. Exemplos recentes: Jrue Holiday (US$ 41 milhões/4 anos), Stephen Curry (US$ 44 milhões/4 anos), DeMar DeRozan (US$ 38 milhões/4 anos).
Por isso, acredito que as franquias que já renovaram antes do início da quarta temporada acabarão lucrando a longo prazo, como o Milwaukee Bucks com Larry Sanders e o Memphis Grizzlies com Quincy Pondexter. Afinal de contas, quando os jovens se tornam agentes livres restritos, é comum que eles sejam cortejados por outros times, fazendo com que eles sejam mais bem pagos do que deveriam.
Exemplo recente desastroso: Eric Gordon (US$ 58 milhões/4 anos). Outros que podem ser citados: Nicolas Batum (US$ 44 milhões/4 anos), Nikola Pekovic (US$ 60 milhões/5 anos), DeAndre Jordan (US$ 43 milhões/4 anos).
Por conta disso, talvez tivesse sido melhor para as finanças que caras como Evan Turner, Greg Monroe, Greivis Vásquez, Avery Bradley e Eric Bledsoe já tivessem recebido uma extensão. Jogadores sendo overpaids são comuns, infelizmente, o que já levou à dois locautes.
O melhor exemplo da importância de oferecer um acordo a um jogador antes que as outras franquias cresçam o olho pra cima dele é o do Chicago Bulls e Scottie Pippen.
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Pippen dispensa apresentações, mas vamos lá: seis vezes campeão durante a década de 90, MVP do All-Star Game em 1994, uma escolha válida para o prêmio de MVP ainda em 1994 (quando liderou o Bulls em pontos, assistências, roubadas, lances livres batidos e convertidos, arremessos tentados e convertidos, cestas de três pontos tentadas e convertidas, e só não foi o líder em rebotes e tocos por causa de Horace Grant), um dos líderes do Portland Trail Blazers que levou a final da Conferência Oeste em 2000 ao jogo 7, perdendo por conta de um apagão no último quarto (e uma arbitragem duvidosa), e um dos melhores jogadores de toda a história da liga.
Porém, ele também deve ter entrado para a posteridade como o jogador com o melhor custo-benefício para a franquia ao longo de sua carreira, graças ao GM do Bulls, Jerry Krause. Ele conseguiu uma das maiores barganhas da NBA durante a negociação para a extensão do seu ala.
Quando foi draftado em 1987, não existia a tabela de contratos dos calouros (que entrou em vigor em 1996 após o Milwakee Bucks tentar assinar com Glenn Robinson por US$ 100 milhões de dólares durante 13 anos), e Pippen, a quinta escolha daquele recrutamento, fechou com o Bulls para receber US$ 5 milhões de dólares, por seis anos.
Ele foi reserva de Brad Sellers até a temporada de 88, e então se tornou peça chave para o time, sendo até convocado para o Jogo das Estrelas de 1990. Durante a temporada de 90-91, antes dos playoffs, dois anos antes do fim do seu vínculo e após começar a ser assombrado pela lesão nas costas que o acompanhou até o fim da carreira, ele assinou uma extensão até 1998, que faria com que ele ganhasse em média US$ 3.5 milhões de dólares por ano.
E aqui vem o pulo do gato.
Quando ele assinou essa extensão, ele seria um dos quinze jogadores mais bem pagos da NBA, um valor justo para o seu potencial, mas isso mudou rapidamente. Ele continuou melhorando drasticamente, e logo se converteu no melhor defensor da liga (um absurdo que ela não tenha ganho um prêmio de defensor do ano), sendo ainda peça chave no sistema dos triângulos ofensivos de Phil Jackson.
Mais ou menos o que aconteceu com Rajon Rondo no Boston Celtics, por exemplo. Era visível que ele seria bom, mas não que seria tão bom desse jeito.
Se ele não tivesse assinado por tão pouco tão cedo, com certeza seria um dos jogadores mais disputados após a primeira aposentadoria de Jordan, como foi o seu companheiro Horace Grant: o Orlando Magic pagou US$ 50 milhões de dólares por cinco anos de seus serviços em 1994.
Em 1998, oito anos e seis títulos após a fatídica a extensão, ele ainda estava recebendo o mesmo salário, enquanto que Michael Jordan (de volta após seu período sabático) recebia mais de US$ 33 milhões de sólares. Para se ter uma ideia, Ron Harper, Toni Kukoc, Dennis Rodman e até mesmo Luc Longley recebiam mais do que ele naquele ano.
Pippen era a melhor relação custo-benefício da franquia, e não surpreende que após o fim do seu contrato, logo após a “última dança” dele, Jordan e Phil , tenha acertado um acordo de US$ 67 milhões por cinco anos com o Houston Rockets. Krause não queria pagar tanto para ele, que em dois anos ganhou mais do que em toda a sua carreira no Bulls.
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Hoje em dia os contratos fazem muito mais sentido do que antigamente, quando franquias matavam o cap por anos até se recuperar de novo, como aconteceu nessas situações:
– Larry Johnson (Us$ 84 milhões/7 anos) no Charlotte Hornets;
– Steve Francis (Us$ 85 milhões/6 anos) no Houston Rockets;
– Michael Redd (US$ 91 milhões/6 anos) no Milwaukee Bucks;
– Kenyon Martin (US$ 93 milhões/7 anos) no Denver Nuggets;
– Allan Houston (US$ 100 milhões/6 anos) no New York Knicks;
– Juwan Howard (US$ 105 milhões/7 anos) no Washington Bullets/Wizards.
Ninguém mais faz essas loucuras, mas ano que vem vamos ver como vão ser as corridas atrás de Turner, Monroe, Vásquez, Bradley e Bledsoe (ou outro da classe de 2010 que venha a se destacar: Al-Farouq Aminu? Ed Davis? Kévin Séraphin? Jordan Crawford?). Além disso, acompanhar o que será feito das estrelas da classe de 2011, encabeçadas por Kyrie Irving, Kemba Walker, Klay Thompson, Kawhi Leonard e Nikola Vucevic.
No mínimo Irving já deve receber um contrato máximo em 2014, mas e os demais?