Imbróglio de James Harden com o Sixers expõe fracassos de ambos

Situação dramática é um resumo da história de ambos nos últimos anos

James Harden Sixers fracassos Fonte: David Dow / AFP

A NBA está tomada pelo caos com as recentes declarações de James Harden sobre o GM do Sixers, Daryl Morey e os fracassos recentes. A declaração foi feita na China, país onde o executivo é envolto em polêmicas extra-quadra e vem em resposta ao fracasso na busca por um acordo entre a franquia e o Los Angeles Clippers. O armador deixou claro quando pediu uma troca, que seu desejo era ir para a franquia da Califórnia.

“Daryl Morey é um mentiroso e nunca farei parte de uma organização da qual ele faz parte. Vou repetir. Daryl Morey é um mentiroso. Eu nunca farei parte de uma organização da qual ele faz parte”, disparou o veterano.

É importante citar que há erros de todos os lados aqui e sobram críticas, seja na decisão de uns, ou na abordagem de outros. Afinal, o que deu errado na troca de James Harden para o Los Angeles Clippers, e por que é mais um de muitos fracassos para a conta do Sixers e, também, do próprio jogador?

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James Harden não teve visão de mercado

Esta offseason, acima de tudo, foi marcada por grandes derrotas do líder de assistências da temporada 2022/23 da NBA. Ele foi fortemente veiculado ao Houston Rockets, até mesmo antes da agência livre abrir e do pedido oficial de troca. De acordo com os rumores, a chegada de Ime Udoka impediu que a franquia texana buscasse Harden.

Apesar de os quase US$43 milhões que serão pagos anualmente para Fred VanVleet, a flexibilidade do contrato do ex-jogador de Toronto não seria aceita pelo atleta do 76ers. Afinal, Houston tem uma opção de equipe após dois anos do contrato do armador, que podem ser recusados em prol de mais espaço para Amen Thompson.

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Harden quer dinheiro e quer longa duração de contrato. Então, é o que parece ser a grande divergência entre ele e Morey nesse meio tempo.

Com o Rockets fora da jogada, então, ele aceitou sua opção de jogador, já que nenhum dos times com grande espaço salarial no mercado lhe interessavam. Logo, o Clippers e até o New York Knicks surgiram como alternativas, com a preferência em atuar por sua cidade natal, Los Angeles.

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Damian Lillard e pedido público dificultaram as coisas

A outra novela interminável deste mercado não ajudou a busca do astro do 76ers por uma troca. À primeira vista, a agência livre da liga é um grande dominó de acontecimentos. Harden, em algum momento, foi a peça central do jogo, mas no dia seguinte a abertura do período de contratações, o astro do Portland Trail Blazers pediu para deixar sua franquia. O camisa 1 já não era o foco da coisa toda e isso conta.

E se tem uma coisa que foi contraintuitiva para os dois casos, foi a pedida pública de ambos para um destino especifíco. A NBA é a liga das estrelas e se tem alguém que pode controlar minimamente seu destino dentro dos times, são elas. Mas o desejo de ir apenas para Miami ou apenas para Los Angeles, dificultou muito a logística das questões.

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Afinal, por que o Knicks deveria oferecer um grande pacote para o 76ers, se Harden não quer jogar lá? O mesmo é válido para Brooklyn Nets e o Boston Celtics, que tinham interesse no camisa 0 de Portland.

Sem o “medo de perder” ou a concorrência, Heat e Clippers tiveram muito mais massa de manobra para brincar com os sentimentos e o desespero de Blazers e 76ers. E as duas franquias, por fim, estão confiantes em não ceder por menos do que os jogadores valem. Tudo virou um baita impasse, em suma.

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Casos tem uma diferença importante

O Philadelphia 76ers estar competindo é o maior empecilho para a troca. A franquia quis um retorno para curto prazo. Enquanto isso, manter Joel Embiid satisfeito é a chave para tentar salvar o Processo. O problema é que a briga pública torna as coisas ainda mais complicadas para que uma troca volte a ser discutida e bem-sucedida.

O primeiro ponto é que Los Angeles tem ainda mais motivos para acreditar que um pacote mais camarada pode ser aceito em uma situação caótica do 76ers. Ou seja, a percepção da NBA, em geral, ainda mais se a novela se arrastar muito, é que eles podem entrar em uma posição de ter que aceitar uma oferta menor de qualquer um para não perder de graça quando 2023/24 chegar ao fim.

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De acordo com Keith Pompey, do jornal The Philadelphia Inquirer, o pacote desejado pela franquia é de um jogador de impacto imediato, além de escolhas de Draft. Na segunda-feira (14), Adrian Wojnarowski, do canal, ESPN, disse que o objetivo de James Harden é tornar a situação desconfortável para o Sixers, fazendo que uma troca aconteça antes do ínicio da temporada, após tantos fracassos.

Você pode apontar, por exemplo, que a equipe é uma das seis que terá mais de US$30 milhões de espaço no teto salarial para a agência livre de 2024. No entanto, a extensão de Tyrese Maxey deve ocupar todo este espaço. Não há grandes saídas para a franquia. Vai precisar que Joel Embiid esteja tão comprometido com a equipe a ponto de esperar mais dois ou três anos até que eles reestruturem o elenco. O que nesse meio tempo, não é nada certo.

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Daryl Morey não cumpriu “acordo de cavalheiros”

Uma coisa que Philadelphia não pode negar, é que Harden facilitou a montagem deste elenco. O contrato fechado na última agência livre, na casa dos US$68 milhões por dois anos, contribuiu para a flexibilidade financeira do time no mercado. O GM, então, contratou nomes como P.J. Tucker (US$33 milhões por três anos) e obteve a troca por De’Anthony Melton no dia do Draft de 2022 (US$8 milhões em 2023/24). A franquia também dispôs do acesso a dois contratos mid-level, assinados por Danuel House e Montrezl Harrell.

Mesmo que sem confirmações oficiais, tudo indica que a ajuda ao executivo no ano passado seria compensada com um grande acordo para 2023/24 e as próximas temporadas. Não aconteceu e, agora, o jogador diz que o executivo é um grande “mentiroso” para todo o mundo ouvir.

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Várias coisas já citadas neste texto foram importantes para não oferecer um acordo, sobretudo, a longo prazo para o armador. Mas é bom lembrar do novo CBA (acordo coletivo) da NBA que modificou toda a abordagem de todos os times em relação a este mercado. O próprio anúncio de que a extensão contratual do jovem Maxey não seria fechada agora, aconteceu nesse sentido.

E aqui estamos falando de lealdade e amizade, em meio aos negócios. Morey não honrou o compromisso com o amigo pessoal e homem em quem ele apostou tudo desde que o levou para o Rockets. A traição não permitiu que o atleta sequer pensasse em não expor a situação, mesmo com a relação criada com o executivo em tantos anos. O laço foi desfeito por uma questão de business.

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Retrospecto da NBA em casos semelhantes não empolga

Como disse antes, os fracassos na tentativa de trocar James Harden do Sixers estão muito atrelados a uma franquia que não está reconstruindo. É muito mais fácil fechar um acordo com alguém que possa aceitar ativos que venham para o longo prazo, sejam eles jogadores ou escolhas de Draft. Os últimos grandes negócios envolvendo grandes nomes e que acabam com dois times competindo são bem mais raros.

Trocas All In / Reconstrução

Kevin Durant para o Suns em 2023. Nets consegue reconstrução.
Donovan Mitchell para o Cavaliers em 2022. Jazz está em reconstrução.
Anthony Davis para o Lakers em 2019. Pelicans consegue reconstrução.
Kyrie Irving para o Mavericks em 2023. Nets consegue reconstrução.
Paul George para o Clippers em 2019. Thunder consegue reconstrução.
Bradley Beal para o Suns em 2023. Wizards está em reconstrução.
Rudy Gobert para o Timberwolves em 2022. Jazz está em reconstrução.
James Harden para o Nets em 2020. Rockets está em fase final de reconstrução.

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Trocas onde ambos seguem competindo

Kawhi Leonard por DeMar DeRozan em 2018. Raptors e Spurs competem.
James Harden por Ben Simmons em 2022. 76ers e Nets competem.

É muito simbólico que Harden esteja nas duas listas, mas de maneira tão recente. Repare, no entanto, que são dez grandes trocas dos últimos anos e em oito oportunidades representaram o rebuild para algum dos lados.

Toronto foi até campeão da NBA, arriscando uma troca do maior ídolo da franquia DeMar DeRozan, que liderou o Spurs aos playoffs naquele ano. Kawhi Leonard entretanto, saiu no ano seguinte e dá para dizer que o ala que hoje joga em Chicago atrasou a reconstrução de San Antonio por algum tempo.

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O que quero ressaltar é que é muito difícil fechar um acordo quando os dois lados querem ganhar ao mesmo tempo.

O Clippers poderia ser mais agressivo, mas tem suas justificativas

Eu até disse isso durante a avaliação de Los Angeles sobre a offseason: A franquia deveria ser mais agressiva e dar uma chacoalhada maior no elenco. Isso chegou a estar forte nos rumores e deve ser uma tendência caso mais uma temporada acabe sem título por lá (até porque Kawhi e George podem testar o mercado no fim de 2023/24), mas ficou no discurso mesmo.

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Nenhum jogador foi contratado para a nova campanha. Houve uma troca por Kenyon Martin Jr e dois jogadores selecionados no Draft; Kobe Brown e Jordan Miller. O pensamento é claro: a equipe acredita que tem o suficiente e só precisa que os astros fiquem saudáveis. Essa leitura é até real, mas nunca se concretiza.

Pensar que eles vão ficar saudáveis é utopia, difícil de acreditar. Mas por que arriscar ainda mais, se Harden pode só resolver ir embora em 2024/25? É uma situação complicada, mas os californianos vão acreditar de novo de que estão a poucos passos do título. Eu teria mexido mais, mas é uma leitura possível com tudo o que está envolvido. Será que as negociações voltam agora, ou será que o preço mais abaixo atrai outros times que estejam mais dispostos a correrem o risco? É a dúvida que permeia o Clippers.

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Jogador e franquia já estiveram aqui antes, simbólico

Os fracassos arranharam a imagem de James Harden e também do Sixers. O armador é um dos cinco melhores jogadores da história que não venceram o campeonato. Seu legado, especialmente ofensivo, deveria ser muito mais valorizado. Este é um jogador que entregou 36 pontos por jogo, enquanto era dobrado na quadra de defesa.

Mas os últimos capítulos de sua carreira começam a gerar uma reflexão cada vez mais complexa. Sim, você pode ter uma leitura onde ele foi vítima de uma baita trairagem aqui, ainda mais quando estamos falando de um parceiro de longa data. Mas será que só são as franquias que são tão ruins? O fator em comum começa a se transformar em um só: James Harden. Afinal, ele está na mesma posição há três anos, enquanto o torcedor está cansado de esperar que você fique satisfeito em algum lugar.

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E sobre o 76ers, é parecido. Esta pode ser uma segunda versão da novela Ben Simmons. É mais fácil apontar para o senso problemático de dois jogadores tão complexos, do que admitir que a franquia tem zero estabilidade. Afinal, do tão cantado Processo, só Joel Embiid ficou. E no fundo, o quanto esse fato vai continuar durando, enquanto eles só se envolvem em novelas pelo lado errado, deve ser o motivo de preocupação principal.

Ou seja, ambos podem ser vítimas e ambos podem ser culpados. Mas você não deve ficar surpreso em ver que tanto o Philadelphia 76ers quanto o jogador estão nas mesmas situações. Parece que a história de ambos insiste em dar errado. O imbróglio expõe os fracassos que, acima de tudo, são comuns para James Harden e o Sixers nos últimos anos. Não pode ficar pior ou menos apropriado para os dois, e é uma pena.

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