Gustavo Lima analisa a trade deadline

Um dos períodos mais bacanas da NBA, a trade deadline, nos reservou algumas surpresas na última quinta-feira. No dia derradeiro para trocas, tivemos a esperada saída do armador brasileiro Leandrinho, do Toronto Raptors, e a surpreendente negociação que levou o compatriota Nenê Hilário, do Denver Nuggets, para o Washington Wizards, time que tem a segunda […]

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Um dos períodos mais bacanas da NBA, a trade deadline, nos reservou algumas surpresas na última quinta-feira. No dia derradeiro para trocas, tivemos a esperada saída do armador brasileiro Leandrinho, do Toronto Raptors, e a surpreendente negociação que levou o compatriota Nenê Hilário, do Denver Nuggets, para o Washington Wizards, time que tem a segunda pior campanha da temporada. Neste artigo vou analisar as trocas envolvendo os dois jogadores brasileiros e as outras oito negociações que aconteceram na NBA, nesta semana.

1- Golden State Warriors e Milwaukee Bucks

Warriors: Monta Ellis (SG, contrato de 33 milhões de dólares válido até o final da temporada 2013/2014) + Kwame Brown (C, contrato expirante de 7 milhões de dólares) + Ekpe Udoh (PF/C, contrato de 6,8 milhões de dólares válido até o final da próxima temporada e uma team option de 4,5 milhões de dólares em 2013/2014)

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Bucks: Andrew Bogut (C, contrato de 39,5 milhões de dólares válido até 2014) + Stephen Jackson (SG/SF, contrato de 19,3 milhões de dólares válido até o final da próxima temporada)

Depois de tanto rumor envolvendo a saída do armador Monta Ellis, o time de Oakland finalmente resolveu trocar seu principal jogador. E com ele saíram também os pivôs Kwame Brown e Ekpe Udoh. O time comandado por Mark Jackson procurou reforçar o garrafão e trouxe o pivô Andrew Bogut. O problema é que o jogador australiano enfrenta constantes problemas de lesões. Inclusive, no momento, ele se recupera de um problema no tornozelo esquerdo e, dificilmente, atua nesta temporada. Saudável, Bogut é um dos cinco melhores pivôs da NBA. Vigoroso na defesa do garrafão, ele vai ser um ótimo complemento para David Lee.

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A troca deixou claro que o Warriors já está pensando na próxima temporada. A franquia aposta muito no novato Klay Thompson, substituto de Ellis no time titular. A inclusão de Stephen Jackson foi apenas para que os salários dos jogadores envolvidos na troca se equiparassem. O ala, inclusive, nem bem chegou a Oakland e já foi negociado com o San Antonio Spurs, como falaremos mais abaixo.

Já o Bucks segue firme no propósito de chegar aos playoffs. A equipe de Milwaukee se livrou do contrato “ruim” de Stephen Jackson e do pivô Andrew Bogut, que fica mais no departamento médico do que em quadra. De quebra, trouxe um dos melhores pontuadores de perímetro da NBA. Estou curioso para ver Monta Ellis e Brandon Jennings atuando juntos. Eles têm características parecidas e, pode ser que o Bucks precise dar uma bola para cada um. O jovem pivô Ekpe Udoh vai ser peça importante na rotação do garrafão. Já Kwame Brown, que está fora da temporada por conta de uma lesão torácica, só foi incluído na negociação por causa de seu contrato expirante.

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2- Memphis Grizzlies e Philadelphia 76ers

Grizzlies: Sam Young (SG/SF, contrato expirante de 988 mil dólares)

Sixers: direitos do ala-pivô Ricky Sanchez (draftado em 2005)

O ala Sam Young estava fora da rotação do Grizzlies e pediu para ser trocado. A direção da franquia o atendeu prontamente. Para liberá-lo, o time de Memphis pediu apenas os direitos do ala-pivô porto-riquenho Ricky Sanchez, de 24 anos. Draftado em 2005, ele atualmente defende o Estudiantes, da Argentina. Talvez ele nunca jogue na NBA.

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Já o Sixers ganha mais uma peça para o perímetro. Young é um bom defensor e, para o técnico Doug Collins, isso já basta. O jogador deve tomar minutos na rotação do ala Jodie Meeks, que só sabe arremessar de longa distância. Enfim, mais um defensor para o time que leva menos pontos na NBA.

3- Indiana Pacers e Toronto Raptors

Pacers: futura escolha de segunda rodada de draft + considerações em dinheiro

Raptors: Leandrinho (PG/SG, contrato expirante de 7,6 milhões de dólares)

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O Pacers tinha cerca de 15 milhões de dólares de espaço na folha salarial para se reforçar visando os playoffs desta temporada. O time de Toronto tinha um contrato expirante atrativo e queria flexibilização salarial. Em uma troca em que todas as partes saem ganhando, o armador Leandrinho vai reforçar o banco do time de Indianapolis. Rápido e agressivo no ataque, o brasileiro é a peça que faltava ao perímetro do Pacers. O time comandado por Frank Vogel pagou barato para ter Leandrinho. Apenas uma escolha de segunda rodada de draft e considerações em dinheiro foram suficientes para convencer o time canadense a liberar o brasileiro. Palmas para Larry Bird, presidente do Pacers, e um dos favoritos ao prêmio de melhor dirigente do ano.

4- Cleveland Cavaliers e Los Angeles Lakers

Cavaliers: Ramon Sessions (PG, contrato expirante de 4,2 milhões de dólares e uma player option de 4,5 milhões de dólares) + Christian Eyenga (SF, contrato de 2,2 milhões de dólares até o final da próxima temporada e uma team option de 2,1 milhões de dólares)

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Lakers: Luke Walton (SF, contrato de 11,8 milhões de dólares até o final da próxima temporada) + Jason Kapono (SG/SF, contrato expirante de 1,2 milhões de dólares) + escolha de primeira rodada de draft (2012)

O Lakers finalmente contratou o armador que tanto queria e precisava. Dentre as opções disponíveis, Ramon Sessions era a escolha mais segura. De quebra, o time angelino ainda se livrou do horroroso Luke Walton e do medíocre Jason Kapono. O ala Christian Eyenga não vai acrescentar absolutamente nada ao Lakers. Ele só foi incluído na troca para equiparação de salários.

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O time de Cleveland conseguiu trocar Sessions, reserva de luxo do novato Kyrie Irving, e obteve o que queria: uma escolha de primeira rodada de draft. Eyenga não vai fazer falta alguma à equipe. No entanto, para que os salários batessem, o Cavs recebeu os fardos Walton e Kapono. O primeiro ainda tem contrato até o final da próxima temporada. O de Kapono é expirante. São os efeitos colaterais da troca…

5- New Jersey Nets e Portland Trail Blazers

Nets: Mehmet Okur (C, contrato expirante de 10,9 milhões de dólares) + Shawne Williams (SF/PF, contrato expirante de 3 milhões de dólares e uma player option de 3,1 milhões de dólares) + escolha protegida de primeira rodada de draft (2012)

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Blazers: Gerald Wallace (SF/PF, contrato expirante de 10,6 milhões de dólares e uma player option de 11,4 milhões de dólares)

Sem Dwight Howard, que preferiu cumprir o último ano de contrato com o Orlando Magic, o Nets teve Gerald Wallace como prêmio de consolação. Para conseguir o ala, o time de New Jersey se livrou de um contrato expirante atrativo e de um jogador inútil. No entanto,  teve que ceder uma valiosa escolha protegida de primeira rodada de draft. Wallace vai trazer mais consistência defensiva ao Nets. Ele tem uma player option, mas pode optar por testar o mercado de agentes livres. Dificilmente algum time vai pagar a ele mais do 11,4 milhões de dólares. Com o contrato de Wallace se encerrando ao final da próxima temporada, o Nets vai ter espaço na folha salarial para assinar com Dwight Howard. Eu já vi esse filme antes…

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O Blazers resolveu “chutar o balde” e começou o processo de implosão do time, que faz uma campanha bem abaixo do esperado. O time de Portland teve que se livrar de Wallace (que vem fazendo uma boa temporada) para receber uma valiosa escolha de draft. O contrato expirante de Mehmet Okur vai dar mais flexibilização salarial ao Blazers para a próxima temporada. Vale lembrar que o ala Nicolas Batum será agente livre em 2012/2013, e a intenção da franquia é renovar com o francês. Para isso, terão que oferecer um bom contrato ao jogador. É isso. A reconstrução do elenco já começou, folks.

6- Golden State Warriors e San Antonio Spurs

Warriors: Stephen Jackson (SG/SF, contrato de 19,3 milhões de dólares válido até o final da próxima temporada)

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Spurs: Richard Jefferson (SF, contrato de 19,3 milhões de dólares válido até o final da próxima temporada e uma player option de 11 milhões de dólares em 2013/2014) + escolha de primeira rodada de draft (2012)

Nem bem chegou ao Warriors e o ala Stephen Jackson já foi negociado. De olho em uma escolha de primeira rodada de draft, o time de Oakland mandou o jogador para o San Antonio Spurs. Só que, além da pick, o time californiano recebeu o contrato indigesto do ala Richard Jefferson. Isso para um time que já paga 9 milhões de dólares por ano para o medíocre Andris Biedrins.

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Pelo lado do Spurs, a ideia da franquia texana era se livrar de Jefferson. Como a escolha de draft não será alta, já que a equipe faz ótima campanha, eu diria que o time de San Antonio foi muito bem na troca. Mas vocês podem dizer: acreditar em Stephen Jackson a essa altura do campeonato? Que o jogador está fazendo uma temporada terrível, ninguém discute. Mas Jackson estava desmotivado em Milwaukee. Ele precisava de um novo desafio. Acredito que o Spurs era mesmo a melhor opção para ele reerguer a carreira. O ala já defendeu o time entre 2001 e 2003, e, inclusive, ajudou o Spurs a conquistar o título de 2003. O técnico Gregg Popovich conhece bem o jogador e sabe que pode recuperá-lo. Alguém duvida?

7- Atlanta Hawks e Golden State Warriors

Hawks: escolha de segunda rodada de draft (2012)

Warriors: considerações em dinheiro

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Nossa, que troca foi essa. Bem, o Hawks quer mais flexibilização financeira, já que está acima do teto salarial. O Warriors queria mais uma escolha de draft, mesmo que seja uma de segunda rodada. Juntaram a fome com a vontade de comer.

8- Houston Rockets e Portland Trail Blazers

Rockets: Jonny Flynn (PG, contrato de 3,4 milhões de dólares e uma team option de 4,3 milhões de dólares em 2012/2013) + Hasheem Thabeet (C, contrato de 5,1 milhões de dólares e uma team option de 6,4 milhões de dólares em 2012/2013) + escolha de segunda rodada de draft (2012)

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Blazers: Marcus Camby (C, contrato expirante de 9,2 milhões de dólares)

O time texano se aproveitou da liquidação feita pelo Blazers e adquiriu um reforço importante visando uma possível série de playoffs. Camby vai disputar minutos com Samuel Dalembert e será importante para a defesa do garrafão. O Rockets ainda conseguiu se livrar dos fiascos Jonny Flynn e Hasheem Thabeet, duas promessas que não vingaram na NBA.

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O time de Portland, que não está nem aí para o restante da temporada, se contentou em ganhar uma escolha de segunda rodada de draft pelo pivô veterano. Esse foi mais um passo para a reconstrução do elenco. Flynn e Thabeet precisam de um milagre para continuarem no Blazers na próxima temporada.

9- Houston Rockets e Los Angeles Lakers

Rockets: Jordan Hill (PF/C, contrato de 2,8 milhões de dólares e uma team option de 3,6 milhões de dólares em 2012/2013)

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Lakers: Derek Fisher (PG, contrato de 3,4 milhões de dólares e uma player option de 3,4 milhões de dólares em 2012/2013) + escolha de primeira rodada de draft (2012)

Com a chegada de Marcus Camby, e a manutenção de Luis Scola, Samuel Dalembert e Patrick Patterson, a rotação no garrafão do Rockets ficou completa. O time sabia que Jordan Hill não teria espaço e o negociou com o Lakers. O objetivo do time de Houston era conseguir mais uma escolha de primeira rodada de draft. Meta alcançada. O armador Derek Fisher foi incluído na troca apenas para a equiparação de salários, tanto que deverá ser dispensado pelo Rockets nas próximas horas.

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Pelo lado do Lakers, podemos dizer que o time ganhou uma boa opção para a rotação no garrafão. Hill parece ser uma aposta mais segura do que os inconstantes Troy Murphy e Josh McRoberts. Se jogar o que jogou no time de Houston nesta temporada, Hill vai ser o primeiro na rotação. Para conseguir o jovem pivô, o time angelino abriu mão de uma escolha de primeira rodada e do armador Derek Fisher, que conquistou cinco títulos pela franquia. Não deve ter sido fácil se livrar de Fisher, mas depois da contratação de Ramon Sessions, o veterano, tão criticado nesta temporada, perderia o seu espaço.

10- Denver Nuggets, Los Angeles Clippers e Washington Wizards

Nuggets: Nenê Hilário (PF/C, contrato de 67 milhões de dólares válido até o final da temporada 2015/2016)

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Clippers: Brian Cook (PF, contrato expirante de 1,3 milhões de dólares) + escolha de segunda rodada de draft (2015) + futura escolha de segunda rodada de draft

Wizards: Nick Young (SG/SF, contrato expirante de 3,7 milhões de dólares), JaVale McGee (C, contrato expirante de 2,4 milhões de dólares e uma oferta qualificatória de 3,5 milhões de dólares em 2012/2013) + Ronny Turiaf (PF/C, contrato expirante de 4,3  milhões de dólares)

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Sem dúvida alguma, essa troca foi a mais inesperada da trade deadline. Ninguém imaginava a saída de Nenê Hilário do Nuggets. Há dez anos, o brasileiro defendia o time de Denver. Na última offseason, ele havia assinado uma lucrativa extensão de contrato com a franquia. Parece que o Nuggets se arrependeu. Para o lugar do brasileiro, a equipe de Denver apostou no jovem JaVale McGee, um dos jogadores mais imaturos da NBA. McGee tem talento, mas nada na cabeça. O técnico George Karl vai ter trabalho para colocá-lo na linha. O também pivô Ronny Turiaf foi incluído na negociação apenas para equiparação de salários, tanto que deve ser dispensado nas próximas horas pelo Nuggets.

Já o Clippers conseguiu o tão desejado reforço para a posição 2. Com a lesão do veterano Chauncey Billups, o time precisava mesmo de mais uma opção no perímetro. Nicky Young chega para ser o scorer da posição, o que o time não tem, já que Randy Foye, o titular nos últimos jogos, é muito inconsistente. E o time angelino pagou barato para conseguir Young, apenas duas escolhas de segunda rodada de draft (uma para o Nuggets e outra para o Wizards).

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Finalizando, vamos falar o que o Wizards pretende com essa negociação tripla. O time da capital norte-americana se cansou da imaturidade de McGee e apostou na experiência do brasileiro Nenê Hilário. O Wizards se livrou de um problemão que iria ter na próxima offseason. McGee disse que vai testar o mercado de agentes livres e pedir um contrato de 14 milhões de dólares anuais. Brincadeira de mau gosto. E Nick Young, também com contrato expirante, fatalmente pediria muita grana para renovar.

A equipe é muito jovem e precisava de um jogador com mais bagagem. Em Washington, Nenê vai ter que ser o líder em quadra ao lado do talentoso armador John Wall. A franquia continua reconstruindo seu elenco e aposta que, em dois anos, tenha um time capaz de chegar bem aos playoffs. Cercar os jovens John Wall, Jordan Crawford, Chris Singleton, Jan Vesely e Trevor Booker de um jogador mais experiente como Nenê parece ser o melhor caminho.

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Legenda

PG: Point Guard (armador)

SG: Shooting Guard (ala-armador)

SF: Small Forward (ala)

PF: Power Forward (ala-pivô)

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C: Center (pivô)

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