Tem muita gente fazendo de conta nesta temporada e resolvi relatar o que estou vendo. Nada que ninguém tenha notado, mas são coisas absurdas. Time escondendo o seu real potencial (para os dois lados), jogador invocando o espírito (vivo) de alguém do passado, e ainda, dirigente pagando pelo próprio erro.
Assim, uma lista de faz de contas foi feita e segue o barco.
A principal é a faz de conta que não estamos perdendo por querer. Estrelando, Chicago Bulls.
Como, em sã consciência, o Chicago Bulls faz uma campanha tão desastrosa? #Partiu 2014-15?
Não vamos muito longe. Na temporada passada, inteiramente sem a presença ilustre de Derrick Rose em quadra, o time deu trabalho e foi um dos melhores da conferência Leste. O que diabos mudou para que a equipe caísse tanto de produção neste ano, com a mesma base de 2012-13?
Na minha opinião, o Bulls está tankando. Não diretamente, pois faz jogos duros e no fim, acaba perdendo. Na derrota para o Orlando Magic, no último dia 16, quando Luol Deng errou a bandeja que daria ao time a vitória, tive de mudar de opinião. Até então, eu achava que o time estava tendo falta de sorte. Mas como assim? Era o Magic!
A ausência de Rose é sentida, claro. Mas creio que acima disso foi a saída de Nate Robinson. Você pode até questionar, porém a resposta é muito simples. O armador vinha do banco e trazia muita energia ao elenco. Quem faz isso hoje?
O Bulls não possui esse jogador, alguém que traga todo impacto consigo para dentro de quadra. Isso pesa. Mas que está perdendo por querer, eu acho mesmo.
Faz de conta que sou Kornel David – Andrea Bargnani
A última vez que vi algo tão bizarro na NBA foi em 1999, quando o Chicago Bulls tinha um ala chamado Kornel David. O Bulls estava em uma fase terrível, por conta das saídas de Michael Jordan, Scottie Pippen, Dennis Rodman, e do técnico Phil Jackson.
Em uma partida contra o Philadelphia 76ers, o Bulls poderia empatar, restando cerca de cinco segundos para o fim, com a posse de bola. Ou seja, poderia trabalhar uma jogada para um arremesso próximo da cesta. Mas não. David recebeu a bola e de imediato, arremessou de (muito) longe. Não precisa ser gênio para saber o que aconteceu e David não ficou muito tempo na NBA. (Leia o arquivo do jogo aqui).
Na última quarta-feira, o New York Knicks sofria para vencer o Milwaukee Bucks, fora de casa. Até aí, tudo bem. Então, Andrea Bargnani, em um lance de pura maestria, fez isso: [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=u7p02Xp3U5w]
O Bucks empatou e levou o jogo para a segunda prorrogação. Para a sorte do italiano, o Knicks venceu. Tonto ou não?
Faz de conta que somos bons – Boston Celtics
Liderar uma divisão na NBA não é tarefa tão fácil, mas na conferência Leste, onde apenas três times possuem campanha vitoriosa (acima de 50% de aproveitamento), a coisa fica muito mascarada.
O Boston Celtics é muito fraco se comparado aos anos anteriores, mas é por conta da fragilidade do Leste que o time acaba se destacando.
Vale lembrar que o melhor jogador da equipe, o armador Rajon Rondo, ainda nem entrou em quadra nesta temporada. São vários atletas obscuros e que provavelmente não fariam parte nem da rotação principal de outros elencos.
Deve ir aos playoffs, mas vai ser difícil de acompanhar.
Faz de conta que está tudo certo, parte 1 – Brooklyn Nets
Na falta de um técnico de verdade, o Brooklyn Nets acabou escolhendo Jason Kidd para comandar a equipe. Não que Kidd seja um treinador fraco, mas ele sequer foi assistente. Nem tempo para se desenvolver e posteriormente beliscar uma vaga por aí, ele teve. É só ver o exemplo de Brian Shaw no Denver Nuggets. Shaw passou anos e anos buscando um lugar ao sol e agora veio. Com Kidd, foi diferente.
Deve ter sido levado em consideração o fato de ele ter sido um dos melhores jogadores não só da franquia, mas de toda a Liga nos últimos 20 anos. É possível que seja isso. Seu prestígio está sendo aniquilado pelas performances iniciais do Nets.
Pudera, o time está todo remendado, sempre desfalcado. Uma hora é Deron Williams, depois é Brook Lopez, e depois, Paul Pierce. É necessário darmos um tempo até que o time esteja totalmente sadio.
Faz de conta que está tudo certo, parte 2 – Detroit Pistons
Falo isso há meses: o trio do Detroit Pistons não casa. Josh Smith, Greg Monroe, e Andre Drummond, não conseguem jogar juntos. No mínimo, não fazem isso bem.
Isso porque a NBA mudou, está mais leve e menor. Os times buscam a utilização de um ala-pivô com maior mobilidade e um ala que saiba fazer de tudo, como armar, defender bem. O New York Knicks usa Carmelo Anthony na função e só não está se dando bem porque tem um garrafão muito penetrável sem Tyson Chandler.
Mas o Pistons conta com três jogadores para duas posições. Isso é o que eu estou dizendo há algum tempo. A solução? Trocar Monroe o mais rápido possível por um ala, para que Smith jogue na sua, de costas para a cesta e com menos obrigatoriedade de acertar os arremessos de três.
Me avisem quando isso acontecer, pois uma hora a direção vai entender isso.
Faz de conta que sou Larry Sanders – John Henson
Na temporada passada, o pivô Larry Sanders apareceu como uma grata surpresa no Milwaukee Bucks. Tanto é, que o veterano Drew Gooden pouco participou daquela campanha, depois de ter sido muito importante na ausência do australiano Andrew Bogut. Então, Bogut foi trocado por Monta Ellis e quem apareceu? Sanders.
No entanto, ele começou muito mal em 2013-14, tendo minutos limitados e chegou a entrar em rota de colisão com a comissão técnica. Se machucou e lá veio o Sanders 2.0, John Henson.
Fazendo números próximos de seu colega, Henson tem ao seu favor o fato de ter um bom arremesso de média distância e de ser meio “queridinho” da diretoria. Titular após a contusão de Zaza Pachulia, ele ganhou o tempo de quadra que Sanders deixou escapar, e está se destacando.
Faz de conta que Mitch Kupchak estava certo – Por ele mesmo
O Los Angeles Lakers tinha a chance de dar um contrato para Kobe Bryant finalizasse sua carreira com mais um título. Era só trabalhar um pouco nos valores e as coisas se encaminhariam por si só. O Lakers poderia buscar dois ou mais jogadores importantes para o seu elenco, porém, optou por oferecer um acordo de gratidão ao astro.
Antes de mais nada, Kobe sequer havia pisado em quadra quando recebeu a proposta. Não que ele não mereça, como explico aqui e aqui. Mas aos 35 anos, vindo de sua pior lesão na carreira, achei desnecessário tal valor.
Entretanto, o camisa 24 se machucou novamente e agora ficará de molho por mais seis semanas.
Parabéns, Mitch!
Faz de conta que vamos trocar Asik por qualquer coisa – Houston Rockets
A temporada nem havia começado quando o Houston Rockets conseguiu a contratação do pivô Dwight Howard. De cara, Omer Asik comentou que queria sair. Naquele momento, imaginei o Rockets escalando os dois, com Howard atuando como ala-pivô, função que exerceu no início de sua carreira para elevar o preço do turco no mercado.
Dito e feito.
Quando viu que a solução era apenas paliativa, a direção e a comissão técnica resolveram apostar no jovem Terrence Jones. Outra vez, paliativa, pois Jones está cru para ser titular em todas as partidas. Era hora de trocar Asik.
O Rockets anunciou que negociaria o pivô até o dia 19, algo que não aconteceu. Mas só acabou não dando certo porque as propostas foram ridículas. Nos próximos dias, algumas dessas ofertas serão divulgadas, porém sabe-se que uma delas envolvia o Philadelphia 76ers, com o ala Thaddeus Young. O Sixers acabou dificultando o negócio e Young pediu para ser trocado ao saber disso.
A troca vai acontecer. Não pelo preço que o Rockets quer, mas não pelo que os times ofereceram.
Faz de conta que sou previsível – A temporada da NBA
Que a gente erra em algumas previsões, tudo bem. Mas nunca vi algo tão maluco quanto esta temporada. É time favorito (na teoria) entre os últimos. Tem equipe que era descartada para se classificar, no entanto lidera a divisão. E por fim, jogadores que esperávamos que fossem “mitar”, fazendo justamente o oposto. Não é mesmo, Pau Gasol?
O Leste, como descrito acima, é uma verdadeira terra de ninguém. Todos os times possuem chances de classificação, mas apenas dois cumprem seus papéis: Indiana Pacers e Miami Heat.
Acho até que esta será a final da conferência, o que acaba sendo um pouco animador.
Mas e no Oeste? Olha a campanha do Memphis Grizzlies. O que podemos dizer sobre o início fantástico do Portland Trail Blazers? Ou ainda, quem é que disse para o Phoenix Suns que esse time pode ir tão longe sem avisar ninguém? Mais imprevisível que isso, só a volta de Derrick Rose mesmo.
Faz de conta que estamos fazendo de conta – San Antonio Spurs
O técnico Gregg Popovich sabe que a temporada regular só serve para classificar o San Antonio Spurs aos playoffs, e que quando a hora H chegar, seus jogadores vão aparecer. É só olhar para o veterano Tim Duncan para perceber que o Spurs não está dando tudo de si. Quando precisa, ele é um monstro, mas em outros momentos, está em quadra apenas para dar a vitória ao seu time sem se destacar. Popovich precisa poupar seu elenco e entende que o momento é de ajustar as coisas para a fase que importa.
Ei, não estou dizendo que o Spurs está fazendo corpo mole. Só acho que essa fórmula adotada pelo seu treinador é a que faz com que o time colha frutos lá na frente.
Porém, Pop está testando seus jogadores para saber em quais vai poder confiar nos momentos decisivos. Então, faça de conta que ele não está nem aí e tudo bem. Em abril a gente conversa sobre isso.