Enfim, o Oklahoma City Thunder abraça o tank

Gustavo Lima analisa o processo de reformulação do elenco do Thunder

Thunder tank Fonte: Zach Beeker / AFP

O Oklahoma City Thunder custou a aceitar, mas, enfim, abraçou o tank (perder de forma velada para conseguir uma escolha mais favorável no Draft). Contra todos os prognósticos, o time chegou aos playoffs na temporada passada. No início da atual campanha, a equipe de Oklahoma City conseguiu vitórias surpreendentes e flertou com a briga por vaga nos playoffs.

Só que, nas últimas semanas, a realidade finalmente veio à tona: o Thunder precisa aprofundar a sua reconstrução via Draft. Neste artigo, vamos analisar o processo de reformulação do elenco da equipe.

Desde a realocação da franquia para Oklahoma City, em 2008, o Thunder só ficou de fora dos playoffs na sua temporada de estreia e em 2015 (por conta da lesão no pé direito de Kevin Durant). Foram dez classificações para a pós-temporada, incluindo uma final de NBA (2012) e três decisões da Conferência Oeste (2011, 2014 e 2016). O responsável por montar esse time forte, na década passada, foi o gerente-geral Sam Presti, que está na franquia desde 2007. Durant (2), Russell Westbrook (4), Serge Ibaka (24) e James Harden (3) foram escolhas certeiras em seus respectivos recrutamentos.

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Infelizmente, essa quantidade de talentos reunida não resultou em título. Harden foi trocado para o Houston Rockets em 2012, logo após o vice-campeonato do time de Oklahoma City. Puramente para não comprometer a flexibilidade financeira da franquia. Durant assinou com o Golden State Warriors em 2016, algoz do Thunder nas finais do Oeste daquele ano. Em Oakland, ele conquistou dois títulos, dois prêmios de MVP das finais e fez parte de um dos maiores esquadrões da história da NBA. Também na offseason de 2016, Ibaka foi trocado com o Orlando Magic. Restava Westbrook. O armador fez uma temporada mágica em 2016/17, com médias de triplo-duplo, e conquistou o prêmio de MVP. O camisa 0 permaneceu até 2019, quando foi negociado com o Rockets e reencontrou Harden.

Foi a partir da offseason de 2019 que o Thunder deu início a uma reformulação profunda do elenco. Em questão de dias, o time trocou Westbrook e a segunda estrela, Paul George, que jogara apenas duas temporadas em Oklahoma City. Vieram o veterano Chris Paul, Danilo Gallinari, o promissor Shai Gilgeous-Alexander e várias escolhas futuras de Draft. Por falar em recrutamento, Prestiu adquiriu o ala Darius Bazley (pick 23).

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Como dito no primeiro parágrafo, veio uma classificação improvável para os playoffs na temporada passada. O time se recusava a “tankar”. A cultura vencedora, de sempre competir, de marcar presença na pós-temporada, falou mais alto. O acúmulo de picks era realidade, mas dentro de quadra, a equipe se encaixou. Sob a batuta do até então desacreditado Paul, o time terminou a fase regular em quinto no Oeste. O ala Luguentz Dort foi um achado de Presti e chamou a atenção na série contra o Houston Rockets pelo duelo com Harden. De não draftado em 2019 a contrato two-way, o atleta canadense se destacou e assinou um vínculo com o Thunder até 2023.

Na última offseason, as mudanças se intensificaram. A franquia mudou o comando técnico – não renovou o contrato de Billy Donovan e promoveu o até então assistente Mark Daigneault -, e passou a ter mais e mais escolhas de Draft. Paul foi negociado com o Phoenix Suns, Gallinari foi para o Atlanta Hawks, Dennis Schroder para o Los Angeles Lakers e Steven Adams para o New Orleans Pelicans. Ricky Rubio e Kelly Oubre, que vieram na troca com o Suns, foram negociados dias depois para Minnesota Timberwolves e Warriors, respectivamente. O elenco estava desmantelado, cheio de jovens e desconhecidos do grande público. E com o veterano Al Horford como uma espécie de “estranho no ninho”. O pivô chegou após uma troca com o Philadelphia 76ers. É que o Thunder tinha/tem espaço suficiente em sua folha salarial para absorver o contrato “salgado” do dominicano.

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Não satisfeito, Presti foi ativo na trade deadline, no mês passado. Negociou os veteranos George Hill e Trevor Ariza, que chegaram ao time após trocas feitas essencialmente para angariar picks. Nem o jovem Hamidou Diallo escapou e também foi trocado. O saldo das inúmeras negociações? O Thunder possui 19 escolhas de primeira rodada ou swaps (inversão de picks) e outras 16 de segunda rodada pelos próximos sete anos.

Picks do Thunder nos próximos anos

Fonte: RealGM

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No último recrutamento, Presti adquiriu dois estrangeiros por meio de trocas: o ala-pivô sérvio Aleksej Pokusevski (17) e o armador frânces Théo Maledon (34). Além disso, descobriu o pivô Moses Brown. Primeiro, atráves de um contrato two-way. Brown agradou e conseguiu um vínculo garantido. Há dez dias, Presti surpreendeu ao trazer o ala argentino Gabriel Deck, que estava no Real Madrid (ESP).

O Thunder começou esta temporada com uma campanha acima da expectativa. Chegou até a figurar entre os oito melhores do Oeste. Não era possível… A franquia, de novo, iria derrubar os prognósticos? Durou pouco. Pequenas lesões aqui e ali, e “descansos” de atletas importantes como Gilgeous-Alexander, Hill, Horford, Dort, Bazley e Isaiah Roby começaram a entrar em cena. O golpe definitivo veio com a notícia de que Horford estava afastado pelo restante da temporada. Tudo para abrir espaço para jovens ainda muito crus como Brown e Tony Bradley, e, claro, fortalecer o tank. Ao final da atual campanha, o veterano pivô ainda terá mais dois anos de vínculo garantido, com US$53,5 milhões em salários a receber. Presti já teria prometido ao atleta que vai trabalhar com os seus representantes para viabilizar uma troca na próxima offseason.

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O último jogo de Horford foi em 27 de fevereiro. Cerca de um mês depois, foi a vez de Gilgeous-Alexander ser colocado “de molho”. Dificilmente, ele volta a atuar nesta temporada. Oficialmente, ele tem uma fascite plantar no pé direito. Principal peça desse novo Thunder, o jogador de 22 anos foi testado como armador principal da equipe em 35 partidas e não decepcionou. Vai terminar a campanha com ótimos números: médias de 23,7 pontos, 4,7 rebotes e 5,9 assistências, além de um aproveitamento de quase 51% nos arremessos de quadra e de cerca de 42% do perímetro.

Elenco do Thunder e os respectivos salários para a próxima temporada 

Folha salarial: US$53,5 milhões

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Agentes livres

Contrato two-way

Desde a ausência de Gilgeous-Alexander, o Thunder venceu apenas uma das 15 partidas disputadas. São 11 derrotas seguidas e a quinta pior campanha de 2020/21 (20-38). Pelo calendário restante, a equipe tem totais condições de perder os últimos 14 jogos e, assim, fechar com “chave de ouro” a temporada de tank. A disputa com Minnesota Timberwolves (15-43), Houston Rockets (15-43), Detroit Pistons (18-40), Orlando Magic (18-39) e Cleveland Cavaliers (20-37) promete fortes emoções até o fim.

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Para o Draft deste ano, o Thunder terá duas escolhas de primeira rodada: a própria e a do Miami Heat (isso se o Rockets tiver uma das quatro primeiras escolhas). Caso contrário, a pick do time texano vai para Oklahoma City e a do Heat para o Rockets. Ou seja, pelo menos uma escolha de loteria está assegurada. Além disso, o Thunder terá três picks de segunda rodada.

O recrutamento de 2021 é considerado um dos mais fortes dos últimos anos por causa da qualidade do top 5, formado pelos armadores Cade Cunningham (Oklahoma State) e Jalen Suggs (Gonzaga), o pivô Evan Mobley (USC), o ala-armador Jalen Green e o ala Jonathan Kuminga (ambos do G-League Ignite). Provável primeira escolha, Cunningham seria a cereja do bolo, mas qualquer um deles seria muito bem-vindo e teria fácil encaixe no time de Oklahoma City.

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Como demonstrado, Presti já mostrou do que é capaz. O time de Oklahoma tem uma base promissora, um dirigente ativo (e com olho clínico no recrutamento), tradição em desenvolver os jovens e várias escolhas de Draft. Eu, se fosse torcedor do Thunder, estaria muito confiante com o futuro da equipe.

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