Draft da NBA: A dualidade entre a construção do elenco ideal e decepções com promessas

Apenas 11 jogadores do top 5 foram campeões por sua primeira franquia nos últimos 38 anos

Draft NBA elenco promessas Fonte: Ronald Martinez / AFP

Construir um elenco através do Draft da NBA, com promessas, pode ser uma das boas alternativas para ser campeão da NBA. Golden State Warriors, Milwaukee Bucks e Denver Nuggets são exemplos recentes disso. A “nova” tendência na liga é montar uma base competitiva através do recrutamento, ao invés de fazer trocas por estrelas. Os “supertimes” têm tido uma porcentagem de fracasso maior desde então e, com o novo CBA, as coisas ficam ainda mais difíceis.

No entanto, em meio a esses grandes projetos, um dado chama a atenção. Nos últimos 38 anos, apenas 11 jogadores selecionados nas cinco primeiras escolhas do Draft foram campeões da NBA pela equipe que o escolheu. Ou seja, desde 1985. E o detalhe é que só cinco deles o fizeram sem a companhia de outro membro da lista.

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Os nomes são: David Robinson, Sean Elliot, Tim Duncan, Scottie Pippen, Darko Milicic, Dwyane Wade, Jason Kidd, LeBron James, Kyrie Irving, Tristan Thompson e James Wiseman.

Vamos contar as histórias dos 11 citados, e depois oferecer um panorama geral sobre como está a situação da NBA atual nesse sentido.

David Robinson, Sean Elliot

O San Antonio teve duas escolhas altas no recrutamento de maneira bem próxima. David Robinson, o almirante, foi a primeira escolha de 1987. Mas só estrearia na NBA em 1989/90, devido ao serviço militar obrigatório que precisou prestar a marinha. Em 1989, o Spurs teve Sean Elliot como sua terceira escolha do Draft. Uma gama de promessas através do Draft da NBA, moldando um elenco em uma franquia que enfim buscava a glória.

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Os Spurs, afinal, tinha tido alguns bons anos na antiga ABA durante os anos 1970, mas não alcançaram um título. Com a chegada da NBA, em 1976/77, eles se comprovaram como um time competitivo de forma rápida. Isso porque George Gervin era o líder do time e foi um dos melhores alas do jogo em todos os tempos.

Ele também ganharia a companhia do veterano e outrora estrela na liga, Artis Gilmore. Foram três finais de conferência nos primeiros sete anos da franquia, mas sem sucesso.

Alguns anos depois, com as saídas e aposentadorias dos dois líderes, David Robinson chegou dominando a NBA durante a temporada 1989/90. Time ideal de defesa, time ideal da NBA, All-Star, tudo isso em um primeiro ano. Além disso, somou 24.3 pontos, 12 rebotes e 3.9 tocos por jogo. Elliot virou titular da metade pra frente da campanha de calouro, se tornando um dos melhores arremessadores da liga no processo.

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Por outro lado, apesar dos dois promissores nomes, San Antonio não conseguiu ir longe na pós-temporada. Elliot chegou a ser trocado para o Detroit Pistons. A negociação juntou Dennis Rodman e David Robinson.

Elliot voltaria a San Antonio em outra troca no ano seguinte, após anunciar um problema no rim, que levaria a um transplante anos depois. A grande chance de título veio justamente em 1994/95. Mas a queda para o rival texano, Houston Rockets, em uma das maiores atuações de playoffs que a NBA já viu. Hakeem Olajuwon subjulgou os dois incríveis defensores com 35 pontos de média nas finais de conferência vencida por Houston em seis jogos.

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Mas uma sequência de lesões de David Robinson, que jogou só seis jogos em 1996/97 levaria ao grande nome da história da franquia. Sean Elliot só jogou 39 jogos naquela temporada também, e San Antonio venceu apenas 20 jogos. Em 1997, a primeira escolha do Draft era do Spurs e, com ela, cinco títulos estavam chegando.

Tim Duncan é o homem

A dinastia de San Antonio é talvez a menos convencional da história do jogo. Assim como Tim Duncan é a super estrela mais tímida da história. Um jogador absolutamente sem ego, simplista e genial. O maior ala-pivô da história jamais deixou de jogar os playoffs em seus 19 anos de carreira.

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Enquanto Kobe Bryant comandou uma tour de despedida com o Lakers, só soubemos de fato que Duncan estava se aposentando após a queda para o Thunder na segunda rodada de 2016. Nada mais simbólico do que isso.

O único título do trio, em conjunto, foi em 1998/99, no segundo ano de Duncan. Assim como David Robinson, que ganhou todas as premiações possíveis como novato. O veterano armador Avery Johnson, também estava na equipe campeã. Steve Kerr, que tinha acabado de ser tricampeão seguido com o Chicago Bulls, de Michael Jordan e Scottie Pippen, citado acima, era o sexto homem.

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E, aliás, esse é um dos títulos mais dominantes da história. Foram 15 vitórias e só duas derrotas nos playoffs de 1999. Lembrando que a primeira rodada ainda era disputada em melhor de cinco jogos na época.

O Minnesota Timberwolves de Kevin Garnett e Terrell Brandon venceu um jogo na primeira rodada. O Los Angeles Lakers, que seria tricampeão na sequência com Shaquille O’Neal, Kobe Bryant, Glen Rice e Derek Fischer, foi varrido. O Portland Trail Blazers de Avrydas Sabonis e Rasheed Wallace também perdeu de zero. Por fim, título veio em cinco jogos contra o New York Knicks de Latrell Sprewell, Allan Houston, Marcus Camby e Larry Johnson.

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Sean Elliot se aposentaria em 2000/01, já como reserva do Spurs que foi varrido pelo Lakers nas finais da Conferência Oeste. A produção de David Robinson caiu com a idade já avançada. O entorno estava envelhecendo.

Mudanças e, enfim, a dinastia

Aos 19 anos, o pouco conhecido francês, Tony Parker, assumiu a titularidade em 2001/02. O título ainda não viria, mas o resto definitivamente é história. Manu Ginobili se tornou um reserva de destaque na temporada seguinte, junto com as chegadas de Bruce Bowen e Stephen Jackson.

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San Antonio, assim, encerrou a dinastia de Kobe e Shaq no Lakers, com uma vitória em seis jogos na segunda rodada. Os texanos também passaram pelo Dallas Mavericks de Dirk Nowitzki e pelo New Jersey Nets de Jason Kidd. Como resultado, o Spurs ganhou seu segundo título em 2002/03.

O título coroou o momento perfeito para a aposentadoria de David Robinson, e para o auge do já duas vezes seguidas MVP, Tim Duncan. A franquia venceria mais dois títulos nos próximos quatro anos, contra Detroit em 2005, e o Cavaliers em 2007. O último marcou o primeiro prêmio de MVP das finais na história da franquia para alguém que não fosse Duncan: Tony Parker.

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A carreira de Duncan seria coroada com um último título em 2014, novamente contra LeBron James, mas desta vez contra o Miami Heat. Nos 19 anos do ala-pivô no Texas, os Spurs conseguiram: cinco títulos, seis finais e nove finais do Oeste. Só em quatro oportunidades a franquia caiu na primeira rodada com Duncan, que agora aconselha o novo prodígio do time, Victor Wembanyama.

Scottie Pippen, o homem que venceu com Michael Jordan

A amizade já não existe mais hoje, de acordo com várias fontes e notícias diversas. Mas para muitos, o primeiro nome de nossa lista faz parte da maior dupla da história do jogo, Scottie Pippen. Como o documentário sobre a carreira de Jordan, The Last Dance, te contou, o Chicago Bulls era uma franquia irrisória e esquecida até a chegada de Michael.

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Mas antes da chegada de Pippen, a franquia venceu um jogo de playoffs nos três anos com Jordan. Foram três eliminações na primeira rodada. Recorde negativo na fase regular entre 1984/85 e 1986/87. No período, foram 108 vitórias e 138 derrotas. Um aproveitamento de apenas 43.9%. Scottie mudou o patamar de Chicago de vez.

Não estou querendo te dizer que você tem que adorar Pippen. Mas, de fato, sem ele não haveria um recorde seis títulos em seis finais para o maior de todos os tempos. O ala entregava defesa de elite, uma capacidade atlética e de leituras precisar. Um jogador para sempre.

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A história sobre a dinastia Bulls está batida, mas um ponto que quero lembrar é que Pippen foi, acima de tudo, um grande movimento da história da franquia. Chicago estava na oitava posição do Draft de 1987 da NBA, onde o ala se destacava como uma das grandes promessas para qualquer elenco.

Chicago trocou sua escolha que virou Olden Polynice e picks futuras de primeira rodada para o Seattle SuperSonics. O ala, então, enfim desembarcou em Illinois e deu início a parceria histórica com Jordan. Juntos, comandaram uma das maiores dinastias da história da NBA.

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Darko Milicic

Essa aqui é daquelas coisas que tornam ainda mais legais esse tipo de reflexão. Darko Milicic foi selecionado no histórico Draft da NBA de 2003, ao lado de promessas como LeBron, Dwyane Wade, Carmelo Anthony e Chris Bosh, para o super elenco do Detroit Pistons. A equipe, inclusive, era atual finalista da Conferência Leste.

A base da equipe já era muito boa. Richard Hamilton, Ben Wallace, Chauncey Billups, Tayshaun Prince. O pivô, aliás, já era o Defensor do Ano desde a temporada 2000/01. Detroit obteve a segunda escolha do Draft de 2003, em uma troca que aconteceu em 1997. Na ocasião, eles enviaram Otis Thorpe para o Vancouver Grizzlies, que logo se mudaria para Memphis no futuro.

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A escolha de Milicic naquele ano é questionada até hoje. Joe Dumars tinha acabado de ser o Executivo do Ano na temporada 2002/03, selecionando o promissor pivô sérvio. Mas não tem como aliviar. Esse é um dos grandes fracassos da história do Draft da NBA, apesar do elenco grande de Detroit que não tinha foco em desenvolver promessas.

O pivô atuou em 96 jogos pelo Pistons nos seus três anos por lá. Médias ínfimas de 1.6 pontos em 5.8 minutos. Ainda assim, esteve no time campeão de 2003/04. Entretanto, ele é um dos cinco jogadores mais jovens a atuar pela NBA na história. Ele também é o jogador mais novo a ser campeão da NBA em todos os tempos. Porém teve um papel esquecido.

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Dá até medo de pensar no que aquele time podia se transformar se um nome como Wade, Bosh ou Carmelo fosse draftado. Acima de tudo, uma terrível escolha da franquia. Milicic não teve mais do que 25 minutos de média em nenhum time ao longo da carreira. Por fim, se aposentou em 2012/13.

Dwyane Wade e o começo da “cultura” do Heat

O Miami Heat chegou a NBA na expansão de 1988, ao lado do Charlotte Hornets. Apesar de só conseguir classificação aos playoffs em dois de seus primeiros sete anos, a franquia se moldou como uma das mais competitivas no fim dos anos 1990. O time que teve nomes como Alonzo Mourning, Tim Hardaway e Jamal Mashburn, chegou a disputar as finais do Leste contra o Chicago Bulls de Michael Jordan, em 1997.

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No entanto, a geração não conseguiu maiores resultados. Wade foi o nome que mudou a organização para sempre. O astro não chegou à NBA no mesmo nível dos amigos LeBron e Carmelo, que fizeram uma das corridas mais selvagens de todos os tempos pelo prêmio de Calouro do Ano. A vitória de James, inclusive, gera controvérsias para muitos até hoje.

Mas já em seu segundo ano, Wade mostrou a que veio: médias de 24.1 pontos, 6.8 assistências, 5.2 rebotes e 1.6 roubos de bola por noite. Naquela temporada, então, o Heat anunciava a chegada de Shaquille O’Neal, que deixava o Lakers devido aos problemas de vestiário com Kobe Bryant, que só viriam a ser resolvidos anos depois.

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Além de tudo, em uma NBA que passava por uma crise estética em seu jogo, com defesas absurdas, ataques de pouco espaçamento e jogos de poucos pontos, Wade teve uma sacada: Cavar lances livres, e ser agressivo a cesta eram a receita mais eficiente do jogo na época.

A derrota em sete jogos para o Detroit Pistons, em 2004/05, já prenunciava grandes coisas para a parceria. Com as chegadas de Jason Williams, Gary Payton, Alonzo Mourning e Antoine Walker, na temporada seguinte, Miami se fortaleceu para, enfim, ganhar o título. Resultado: vitória sobre o Mavericks nas Finais da NBA de 2005/06, em seis jogos.

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Histórias cruzadas

A receita de aliar um elenco de veteranos a uma das promessas mais empolgantes dos Draft nos últimos anos da NBA deu certo, mas por apenas um ano. O campeão soava envelhecido e tímido no ano seguinte. Enquanto os problemas físicos de Shaquille O’Neal se acumulavam e colocavam em cheque os veteranos.

A defesa de título acabou em com varrida para o Bulls na primeira rodada de 2007. O’Neal, então, foi trocado para o Phoenix Suns em 2008. Deixamos o Heat reconstruindo de lado por hora. Agora, vamos para Dallas e New Jersey.

Jason Kidd foi a segunda escolha do Draft de 1994 pelo Mavericks. A franquia, que entrou na NBA nos anos 80, também teve um histórico de competitividade com os times liderados por Rolando Blackman, Mark Aguirre e Derek Harper. Mas o Lakers “showtime” de Magic Johnson dominou o Oeste naqueles anos.

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Kidd não era um pontuador, mas sim um armador clássico. Rara visão de jogo, digna dos melhores da história da posição e um nível defensivo de tirar o fôlego. Nas duas temporadas anteriores, o Mavericks somou 24 vitórias e 140 derrotas. Com Jason Kidd, em 1994/95, Dallas venceu 36 jogos. Ele, foi Calouro do Ano, em um empate com Grant Hill.

Problemas de vestiário, troca e quedas nas Finais

A base promissora do Mavericks girava em torno do trio intitulado de Three J’s: Jason Kidd, Jamal Mashburn e Jim Jackson. No entanto, eram três jogadores jovens, com personalidades fortes. A junção de fatores foi decisiva para que Kidd fosse trocado para o Phoenix Suns em 1996, por um pacote com Michael Finley, AC Green e Sam Cassell.

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Em Phoenix, Kidd participou de times divertidos de se assistir. O Suns proporcionou a união com outros três armadores: Steve Nash, Kevin Johnson e Rex Chapman. Posteriormente, a franquia do Arizona movimentou alguns desses nomes, trazendo Penny Hardaway para jogar ao lado de Kidd e também selecionando Shawn Marion no Draft.

Nunca indo além da segunda rodada, o atual técnico do Mavs foi novamente trocado. A chegada ao New Jersey Nets mostrou o dom nato do armador em consertar times. O armador se juntou a nomes como Kenyon Martin, Keith Van Horn, e o novato Richard Jefferson.

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A franquia, que tinha conseguido uma única ida aos playoffs em sete anos, chegou às Finais da NBA em 2001/02. O armador perdeu o MVP para Tim Duncan, com muita contestação dos especialistas.

Kidd levaria o crescente Nets com uma superdefesa a duas finais seguidas. Mas perderia ambas para o Lakers de Kobe e Shaq e para o Spurs de Duncan, Robinson, Ginobili e Parker.

Retorno a Dallas

Kidd bateria na trave outras vezes em New Jersey, que perdeu força no Leste com o passar dos anos. Porém, uma troca o levaria de volta para o lugar onde surgiu como uma das grandes promessas do Draft da NBA: o Dallas Mavericks que, agora, tinha Dirk Nowitzki em seu elenco.

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A produção do armador já não era a mesma, mas ele surgia como solução para uma equipe que vinha de um derretimento histórico nos playoffs. Essa foi a queda para o Golden State Warriors, na primeira rodada de 2007, tia como uma das maiores zebras da história da liga.

Além de Nowitzki, o Mavericks contava com Jason Terry e Josh Howard. Entretanto, ainda assim, não parecia ter mais chances de título, vencendo uma única série nos três primeiros anos do veterano por lá. Kidd, enfim, cumpriu seu destino ao lado de Nowitzki em uma das corridas de pós-temporada mais malucas de todos os tempos.

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Isso porque chegaram para o Mavs em 2010/11: Caron Butler, Shawn Marion, Tyson Chandler, Peja Stojakovic. Além disso, teve o crescimento de JJ Barea, com muita profundidade.

Aos 37 anos, o armador deu um show defensivo. Enquanto Dirk Nowitzki dominava o ataque, era Kidd quem defendia nomes como Kobe Bryant (atual bicampeão da NBA, que foi varrido por Dallas com o Lakers). Além dele, Russell Westbrook, no jovem time do Oklahoma City Thunder de Kevin Durant. E até LeBron James e Dwyane Wade (sacou as histórias cruzadas?), nas finais, coroando a carreira.

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LeBron James e Dwyane Wade: o Heat é o vilão da NBA

Enquanto Miami sofria sem ajuda para Wade, Jason Kidd não atingia seu objetivo em seu retorno a Dallas. Assim, outra novela maior se desenrolava. O Cleveland Cavaliers não conseguia construir um time que ajudasse seu escolhido, LeBron James, a quebrar o jejum de títulos da cidade nos esportes americanos, que durava desde 1964.

James até conseguiu jogar as finais da NBA, contra o Spurs, em 2007. Mas foi varrido. E, logo em seguida, o Boston Celtics montou seu trio histórico com Paul Pierce, Ray Allen e Kevin Garnett. O Orlando Magic tinha Dwight Howard no auge e uma base promissora ao seu redor. Chicago crescia com Derrick Rose. A sensação de estar parado no mesmo lugar era compartilhada com o amigo Dwyane Wade, em Miami, e também com Chris Bosh, em Toronto.

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Três dos quatro lendários jogadores, que foram promessas do Draft da NBA em 2003, se uniram no mesmo elenco em Miami. LeBron tem suas camisas 23 queimadas por torcedores raivosos do Cavaliers. Afinal, como ele poderia ser um dos maiores de todos, se precisou se unir a uma “panela” para vencer? No entanto, a prática foi muito mais difícil do que o papel apresentava.

Dificuldades salariais em um elenco não tão encaixado ajudaram na queda que, até hoje, é uma sombra na carreira de James: as Finais de 2011 contra o Dallas Mavericks. Jamais vi LeBron jogar tão mal.

Ressureição na carreira e no personagem

LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh cumpririam seu destino em 2011/12 e 2012/13. Para muitos, inclusive, o ápice discutível do ala nas vitórias contra o Thunder e o Spurs. Wade se sacramentou como maior jogador da história do Miami Heat. O técnico Erik Spoelstra, muito criticado, começava ali a jornada para se tornar um dos melhores técnicos da NBA. Pat Riley, por sua vez, chocava a todos de novo. Agora, como executivo.

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A derrota para um dos times mais incríveis que assisti na vida, o Spurs de 2013/14, mudou as coisas. James resolveu voltar para casa, voltar para onde foi renegado, mas onde tinha negócios inacabados. Em Cleveland, a história do título mais espetacular que já vi em meus anos acompanhando a NBA.

Os confrontos com a dinastia Warriors. A última saída do Cavs com uma outra sensação, em uma das corridas mais insanas de um jogador na história da NBA. O resto desta história, você já ouviu várias vezes.

Mas tenho uma outra ótima história para te contar. Mais dois nomes dessa lista de onze jogadores que mencionei no início, também eram de Cleveland. Assim como LeBron James.

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Kyrie Irving e Tristan Thompson

A primeira temporada do Cleveland Cavaliers, sem LeBron James, foi um cemitério. Em 2010/11, foram apenas 19 vitórias que os levaram a primeira escolha do recrutamento no ano seguinte. Cleveland receberia duas promessas do Draft da NBA em seu elenco, nas quatro primeiras escolhas de 2011. Kyrie Irving seria o dono do time nos anos seguintes e peça-chave para que LeBron retornasse à franquia, acima de tudo.

Tristan Thompson chegou disputando minutos com nomes como o do brasileiro Anderson Varejão. Mas se tornou titular em 2012/13. Sua capacidade atlética avantajada e, sobretudo, por um jogo de rebotes surreal, o mantiveram como peça central em Cleveland. Ele foi a quarta escolha do Draft de 2011. Sim, isso envelheceu mal.

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A chegada de Kevin Love realocou Thompson para o banco. Isso porque ele ainda gostava de jogar como ala-pivô em vários momentos, incluindo grande parte de 2015/16. Sua presença nos rebotes ofensivos e defensivos, naquela altura, foi um dos grandes motivos da virada do Cavs na decisão. Isso, após sair perdendo por 3 a 1.

Irving jogou o melhor basquete de sua vida naqueles playoffs, após perder grande parte das finais de 2015 com uma lesão no tornozelo. Não só fez a bola mais importante da história do Cavaliers, como também marcou 41 pontos em um jogo 5 contra a parede em San Francisco. Sua saída, em 2017, foi o início do crepúsculo de Cleveland.

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Sim, James Wiseman é campeão da NBA

Disputando com força o prêmio de nome mais aleatório desta lista, chegamos a James Wiseman. As discussões sobre pivôs melhores na dinastia de Stephen Curry no Warriors, sempre teve seu espaço. Mas, na verdade, Steve Kerr sempre gostou mais de nomes como JaVale McGee, Zaza Pachulia, Festus Ezeli, Andrew Bogut e Kevon Looney. Nomes que, acima de tudo, são contextuais e importantes em certos momentos.

A tal necessidade por um pivô que fosse dominante foi um erro de calculo para Golden State desde o começo. O Warriors de 2020/21, voltando a competir após um 2019/20 de “férias” para os melhores jogadores, teve alguns erros de montagem. E muito pela incapacidade de usar certas características em seu supersistema ofensivo.

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Foi assim que Kelly Oubre Jr foi muito mal em San Francisco, por exemplo. Ele fez boa campanha em 2019/20 pelo Suns e é um jogador de 20 pontos por noite em Charlotte hoje. Kerr não conseguiu oferecer protagonismo a Wiseman, que também não se esforçou o suficiente para ser importante nas pequenas coisas. Característica, aliás, muito valorizada pelo Warriors em grandes homens.

Por fim, Wiseman se lesionou, atuando só 39 jogos em 2020/21. Antes mesmo de se ausentar pelo resto da temporada, perdeu a posição para Kevon Looney, que é o dono da posição em Golden State. Os problemas no joelho do jovem pivô, entretanto, não permitiram que ele voltasse a ação até 2022/23.

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Golden State foi campeão sem Wiseman. E, francamente, sem sentir falta nenhuma dele. Hoje, tenta a sorte no Detroit Pistons, concorrendo por espaço com Jalen Duren, Marvin Bagley e Isaiah Stewart.

Em números

Os onze jogadores citados aqui levam a uma porcentagem muito baixa. Apenas 5.7% das promessas escolhidas no top 5 do Draft da NBA foram campeãs dentro do elenco de suas primeiras franquias.

Por outro lado, se buscarmos o número total de campeões por qualquer franquia, temos apenas 45 jogadores. Isso aumenta a porcentagem para 23.6%. Ou seja, mais de três quartos dos nomes que vemos sendo draftados nas mais altas posições nunca alcançam um título. É o que diz a história.

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Entre as cinco escolhas, a mais bem sucedidas é, por ironia, a pior delas. Afinal, 11 jogadores selecionados como quinta escolha de Draft da NBA foram campeões. Apenas 28.9% dos jogadores, portanto. Sendo eles: Pippen, Mitch Richmond, Steve Smith, Isaiah Rider, Juwan Howard, Kevin Garnett, Ray Allen, Mike Miller, Wade, Jeff Green e Kevin Love.

A escolha que menos trouxe títulos, é a terceira. Apenas seis dos 38 jogadores que entraram na NBA desde então, foram campeões. Uma porcentagem de apenas 15.7%. As exceções são: Dennis Hopson, Elliot, Chauncey Billups, Pau Gasol, Adam Morrison e Otto Porter.

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A primeira escolha teve dez campeões. Ou seja, 26.3%. São eles: Robinson, Shaquille O’Neal, Glenn Robinson, Duncan, LeBron, Dwight Howard, Andrew Bogut, Kyrie, Anthony Davis e Andrew Wiggins.

O mesmo número também acompanha a quarta escolha nos últimos 38 anos: Glen Rice, Rasheed Wallace, Antonio Daniels, Lamar Odom, Eddy Curry, Chris Bosh, Shaun Livingston, Tristan Thompson, Dion Waiters e Aaron Gordon.

Por fim, a segunda escolha leva a um número um pouco mais baixo. São oito jogadores, que representam 21%: Danny Ferry, Gary Payton, Alonzo Mourning, Jason Kidd, Tyson Chandler, Darko Milicic, Kevin Durant e Wiseman.

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Panorama atual

Dos 190 jogadores que se encaixam nesses dados, 64 nomes ainda estão em atividade. Isso inclui as promessas escolhidas no Draft da NBA de 2023, Victor Wembanyama, para o elenco do Spurs, ao lado de Brandon Miller (Hornets), Scoot Henderson (Blazers), Amen Thompson (Rockets) e Ausar Thompson (Pistons).

Desses jogadores, apenas oito são campeões da NBA. Ou seja, 12.5%. Entre os oito, apenas LeBron James e Kyrie Irving venceram com a franquia que os recrutaram: Cleveland Cavaliers. Entretanto, 33 seguem jogando por sua primeira franquia.

No entanto, em uma era de tantas trocas, apenas três desses jogadores são anteriores ao Draft de 2017: Joel Embiid, Karl-Anthony Towns e Jaylen Brown.

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D’Angelo Russell não entra no dado. Apesar de jogar no Lakers, já está em sua segunda passagem pela equipe. Dois times lideram a lista de jogadores selecionados nas cinco primeiras escolhas do Draft em seus elencos. Boston Celtics e Detroit Pistons, com cinco cada. Apenas três dos 30 times não possuem um único jogador desse tipo em seu elenco: Milwaukee Bucks, Indiana Pacers e Washington Wizards.

Veredito

Acima de tudo, os dados e a história mostram que o Draft faz jus ao nome “loteria”. Nós iniciamos esse texto com os três times que recentemente venceram a NBA com construção através do Draft. Entretanto, reparem na regra.

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O Warriors já fez história com o trio Stephen Curry, Klay Thompson e Draymond Green. Os splash brothers ainda foram escolhidos na loteria. Mas, sobretudo, observe a escolha de Green. Um dos maiores defensores da história da NBA, ele foi a 35° escolha do Draft de 2012.

Portanto, Golden State garimpou e encontrou uma joia rara. Um cara que conecta tudo, tanto na defesa, como na construção ofensiva. Isso, aliás, permite Curry possa jogar confortável, se movimentando incessantemente fora da bola.

Milwaukee, por sua vez, apostou em dois nomes. Giannis Antetokounmpo não foi projetado para ser metade do que realmente foi. Era um prospecto até pouco previsível a época. O que casava com o fato de que ninguém sabia o que Bucks estava fazendo (e isso não é um elogio à primeira vista).

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Khris Middleton não foi escolhido pela franquia no Draft, mas sim pelo Detroit Pistons. Entretanto, você apostaria em um jogador que foi a 39° escolha e que jogou cerca de 18 minutos por jogo em menos de 30 partidas no seu ano de calouro, chutando pra 31.1% na NBA de hoje? É difícil dizer que sim. Mas o Bucks apostou.

Denver Nuggets e Miami Heat são exemplos

Você já deve saber que Nikola Jokic foi escolhido durante um comercial de comida mexicana na ESPN. É óbvio que a 41° escolha do Draft é um case de sucesso aqui. Jamal Murray foi uma escolha de loteria. Aliás, muito criticada em seus primeiros anos. Teve muita birra quando Denver resolveu lhe dar um acordo máximo de calouro.

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Michael Porter Jr era cotado como primeira escolha do Draft, mas a lesão nas costas deixava difícil de acreditar que sua carreira seria um sucesso.

Mas, acima de tudo, quero que você se lembre: o Denver Nuggets escolheu duas promessas no top 20 do Draft da NBA para compor seu elenco antes deles. São eles: Emmanuel Mudiay e Jusuf Nurkic. E o que teria acontecido com o atual campeão da NBA se eles escolhessem jogar suas fichas neles, ao invés de Jokic e Murray?

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O Miami Heat, por outro lado, jogou a decisão da NBA com mais jogadores não draftados do que jogadores de loteria. Isso é inacreditável de se pensar. Jimmy Butler e seus blue caps não conquistaram anéis e estão prestes a ir por um outro caminho com a possível chegada de Damian Lillard. Mas são muito dignos de nota.

Por fim, o importante é ressaltar a importância destes trabalhos, e que as coisas nunca estão resolvidas antes de acontecerem. Essa é a liga mais louca do mundo. Então, fazer muito com pouco é quase impossível. E toda esta história, só ressalta isso.

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Victor Wembanyama será o futuro maior jogador do mundo. Surgirá um novo Jokic vindo da segunda rodada e do nada, para chocar o mundo? A história da NBA, afinal, não nos dá uma resposta exata.

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