Não há muito que dizer aqui: vamos pura e simplesmente analisar as escolhas de 31 a 60. Eu só tenho duas coisas, duas regras a dizer para vocês:
1. Eu não vou dizer que alguém fez uma escolha errada. Isso é pretensão, para mim. Existem prospectos de quem gosto e não gosto. Minha opinião ou aprovação não faz algo correto ou trágico. Longe disso.
2. Eu não rotulo jogadores como busts. Já fiz, não faço mais. Há prospectos de quem gosto e não gosto, como disse lá atrás. Já errei e acertei o bastante em drafts para ficar fazendo previsões desse tipo. Não vale a pena.
Então, vamos lá:
31. Milwaukee Bucks – Damien Inglis
Inglis foi uma revelação na edição deste ano do Nike Hoop Summit. Ele é um ala alto, forte e defendeu quem aparecesse em sua frente durante o evento. Seus recursos técnicos ainda precisam ser refinados, mas converteu quase 39% dos arremessos de longa distância na última temporada do basquete francês. Acredito que se trata de um bom talento para ser deixado na Europa. Há um pouco de Mickael Pietrus nele.
32. Philadelphia 76ers – K.J. McDaniels
Alma e coração de Clemson na última temporada, McDaniels liderou a equipe em quase todas as estatísticas imagináveis. Não acho que ele tenha muito mais no ataque do que aquilo que a condição atlética permite fazer, mas é uma força defensiva capaz de marcar todas as posições de perímetro e possui a mentalidade do role player. Cotado como escolha de primeira rodada, acredito que seja um ótimo valor aqui e alguém que contagia pelo exemplo.
33. Cleveland Cavaliers – Joe Harris
Eu acho que o Cavs tem algo aqui. Harris é experiente, arremessa muito bem e mostra muito esforço no lado defensivo da quadra. O elenco precisa de mais atletas que não precisam da bola nas mãos para encontrar um equilíbrio e o veterano de Virginia é um desses. Bom encaixe, boa escolha.
34. New York Knicks – Cleanthony Early
Diferente da gigantesca maioria, eu não sou um fã de Early. Ele é um pontuador nato, mas não confio em seu arremesso e não vejo muito potencial para que se converta em um role player. Na segunda rodada, porém, trata-se de uma aposta de mínimo risco. O Knicks parece estar atrás do grande prêmio aqui. Curiosamente, acho que suas chances de sucesso crescem bastante se Carmelo Anthony sair.
35. Memphis Grizzlies – Jarnell Stokes
Rebote é um dos aspectos do jogo que melhor se traduzem do basquete universitário para o profissional. Esta é uma boa notícia para Stokes, que foi o mais eficiente reboteiro da última temporada da NCAA. Ele é um pouco baixo para um ala-pivô, mas, na pior das hipóteses, trata-se de um atleta enérgico que vai fazer o “trabalho sujo” para levar seu time a vitórias – como Reggie Evans, por exemplo.
36. Milwaukee Bucks – Johnny O’Bryant
O’Bryant realmente sabe pontuar e possui um verdadeiro diferencial no fato de ser um jogador de garrafão que atua eficientemente de costas para a cesta. Só por isso, acho que já se torna um artigo raro e valha uma aposta na segunda rodada. A inconsistência e impressão de que está preso entre posições (quatro e cinco) me preocupam, mas ele merece uma chance.
37. Toronto Raptors – DeAndre Daniels
Para alguém tão inconstante, uma boa sequência de jogos na conquista do título universitário por Connecticut veio muito a calhar. Daniels é dono de sólido potencial para ser um “3DA” – arremessador de três pontos atlético que pode defender sua posição. Eu não sei se ele tem muito mais do que isso em seu jogo e precisará se fortalecer para defender alguém na NBA, mas é o tipo de valor que você não encontra na segunda rodada de um draft comum.
38. Detroit Pistons – Spencer Dinwiddie
Se não tivesse rompido os ligamentos do joelho durante a temporada, Dinwiddie teria sido uma escolha TOP 20. Ele pode arremessar, atacar a cesta, passar a bola e comandar a ofensiva de um time com quase 2.00m de altura. Sua versatilidade atacando é algo realmente especial. Se estiver devidamente recuperado, trata-se de uma ótima seleção para o Pistons em sua única escolha na noite.
39. Philadelphia 76ers – Jerami Grant
Na primeira rodada, Grant parecia ser um enorme risco. Na segunda, pode ser a oportunidade que o Sixers fez bem em agarrar. O ex-aluno de Syracuse tem o corpo, a condição atlética e a vontade de um jogador de basquete. “Só” não tem o jogo em si. As comparações com Darius Miles, que chegou a NBA direto do colegial, dão uma ideia de seu refinamento técnico. Bom valor, mas requer bastante trabalho.
40. Minnesota Timberwolves – Glenn Robinson III
Robinson pode acabar se revelando o Tim Hardaway Jr. deste recrutamento: alguém que tinha como grande qualidade “ser atlético” até surgir com um chute surpreendentemente melhorado no Draft Combine. Se a pontaria do evento for uma constante, ele é um steal. Se não, seu piso como prospecto pode ser bem baixo (Julian Wright, Joe Alexander). A esta altura, o Twolves assume o risco dando cambalhotas. Mais um ótimo valor.
41. Denver Nuggets – Nikola Jokic
Jokic é um pivô extremamente técnico que “arrancou” comparações com Brad Miller do meu parceiro de Jumper, Gustavo Lima. Ele passa com qualidade, é capaz de arremessar com bom alcance e toma boas decisões em quadra. Eu temo que não vejamos tão cedo (para não dizer nunca) na NBA.
42. Houston Rockets – Nick Johnson
O Rockets tem um bom histórico na segunda rodada, então sempre merece a confiança. Dito isso, Johnson não é um prospecto que me empolga. Ele é atlético e teve uma ótima carreira universitária, mas também baixo para a posição em que atua e não possui uma habilidade técnica que realmente o defina como jogador. Ponto positivo: houve um tempo em que Chandler Parsons também era avaliado assim.
43. Atlanta Hawks – Walter Tavares
Tavares é uma aberração da natureza: sua altura, envergadura e tamanho de mãos desafiam a normalidade. Neste momento, ele é muito mais estes atributos físicos do que propriamente um jogador de basquete. Ficará mais um tempo na Espanha.
44. Brooklyn Nets – Markel Brown
Ex-parceiro de Marcus Smart em Oklahoma State, Brown é mais um prospecto com potencial de “3DA”. O problema é que, excetuando a condição atlética, nada é bem consistente em seu jogo: o arremesso ainda está em evolução e o esforço defensivo é questionável em vários momentos. Não muito fã da escolha, mas tem chances de dar certo. Na pior das hipóteses, será candidato a participar do Concurso de Enterradas.
45. Cleveland Cavaliers – Dwight Powell
Powell seria mais uma boa escolha do Hornets, mas foi enviada para Cleveland. Mesmo vindo de uma temporada não tão boa, um ala-pivô com sua capacidade de arremessar e atacar a cesta com dribles curtos pode “cavar” um lugar na liga. Não é uma garantia, mas, eventualmente, pode revelar-se um bom reserva.
46. Los Angeles Lakers – Jordan Clarkson
O Lakers conseguiu sensacional valor aqui, uma vez que Clarkson chegou a ser considerado uma possível escolha de primeira rodada. Ele está preso entre as posições um e dois, mas é um superatleta que pode marcar ambas e quebrar defesas atacando a cesta. Além disso, há rumores de que fez melhorias em sua problemática mecânica de arremesso. Se for capaz de acertar chutes livres, o jovem pode contribuir de imediato.
47. New Orleans Pelicans – Russ Smith
Para alguém que mal passa dos 1.80m, Russ Smith é um jogador especial: sabe colocar a bola na cesta, marca implacavelmente e comporta-se como um guerreiro dentro de quadra. Foi um dos líderes do time campeão nacional no ano passado. Há muitos pontos de interrogação em torno do seu jogo, mas não se duvida de alguém com seu coração e currículo. Acho que ele é mais um bom valor aqui.
48. Atlanta Hawks – Lamar Patterson
Patterson é mais um dos prospectos que fazem muitas coisas em bom nível, mas não possui o domínio daquela habilidade específica que possa garantir-lhe um nicho na NBA. Sua principal credencial, na verdade, é ter comandado um grande programa ao Torneio da NCAA na última temporada. É uma escolha sólida, talvez mais pelo currículo do que pela técnica.
49. Chicago Bulls – Cameron Bairstow
Bairstow é outra sólida escolha de segunda rodada: um ala-pivô sabe que pontuar no garrafão e “mata” arremessos de média distância. Atletas com o seu perfil costumam ter mais mercado na Europa do que nos EUA, mas sua excelência no pick and pop é algo que pode render-lhe espaço de imediato na NBA. A situação em aberto dos alas-pivôs do Bulls (Boozer pode ser anistiado, Gibson está em rumores de trocas e Mirotic ainda não assinou) pode ajudar.
50. Phoenix Suns – Alec Brown
Pode parecer estranho, mas Brown é um pivô que tem o arremesso como única habilidade técnica em nível profissional. Ele pode ser útil na NBA de hoje porque o espaçamento da quadra tornou-se fundamental no jogo. Tem uma chance de fazer carreira.
51. New York Knicks – Thanasis Antetokounmpo
Eu suspeito que não estaríamos falando sobre Thanasis como uma escolha de draft se tivesse um sobrenome diferente. Ele foi um especialista defensivo na D-League e não acho que tenha muito mais do que isso a oferecer para um time da NBA. A parte positiva é que já possui um nicho específico como jogador. Pode dar certo, embora não pareça ser um talento de elite.
52. Philadelphia 76ers – Vasilije Micic
O Sixers selecionou o melhor talento internacional disponível a esta altura. Micic é um armador puro com sólido arremesso de média e longa distância. Deixou ótima impressão no Nike Hoop Summit, há algum tempo. O que falta em condição atlética, sobra em instintos de um legítimo jogador de basquete. Não sei se virá para a NBA, mas ele vale a escolha.
53. Minnesota Timberwolves – Alessandro Gentile
Gentile está no radar da NBA há anos e o fato de só ter sido selecionado agora pode dizer algo sobre a vontade de ambos se encontrarem em algum momento. Ele é um pontuador de elite no basquete italiano, com excelente mid range game em nível europeu, mas tenho sérias dúvidas sobre como seu jogo se traduziria na NBA. Não deve reforçar o Twolves imediatamente.
54. San Antonio Spurs – Nemanja Dangubic
Não vou mentir: só sei que Dangubic foi o MVP do Eurocamp deste ano. Ser escolhido pelo Spurs sempre é uma credencial positiva.
55. Oklahoma City Thunder – Semaj Christon
Christon tem um problema bem sério de ímpeto (ataca qualquer mínima oportunidade que aparece e não tem noção de ritmo), mas a melhora do arremesso de longa distância aumenta as chances de consolidar-se como um armador pontuador saindo do banco.
56. Orlando Magic – Roy Devyn Marble
Marble não é um prospecto que realmente me impressione. Embora seja alto para sua posição (1.98m), ele não possui uma habilidade que realmente o defina como prospecto. Faz um pouco de tudo, mas nada realmente dominante. Precisará achar um nicho. Em Orlando, pelo jeito, vai ter tempo para isso. Por isso, pode valer a aposta.
57. New York Knicks – Louis Labeyrie
Eu poderia dar uma enganada aqui: buscar um site especializado e copiar as características de Labeyrie. Mas a verdade é que não sei nada dele. Eu suspeito que isso não vá fazer lá tanta diferença, pois as chances de vê-lo na NBA tão cedo não são das maiores.
58. Philadelphia 76ers – Jordan McRae
Força motriz do perímetro de Tennessee na temporada, McRae é mais um da turma que pode fazer muitas coisas bem e não se distingue em nenhum aspecto específico. Se o Sixers vai ter aquela equipe ridícula da última temporada, o ala-armador deverá ter tempo de quadra e pode mostrar que merece um lugar na NBA. Não acho impossível.
59. Brooklyn Nets – Xavier Thames
O Nets comprou as duas últimas escolhas do draft na esperança de encontrar reforços baratos para sua rotação. Thames pode ser um deles, mas não sou um grande fã. Embora tenha sido um scorer eficiente em San Diego State, sua baixa estatura para um ala-armador na NBA e arremesso instável não me empolgam.
60. Brooklyn Nets – Cory Jefferson
Jefferson foi uma decepção na última temporada, mas, a julgar pela anterior, o Nets pode ter alguma coisa aqui. Em 2013, ele provou ser um ótimo reboteiro capaz de espaçar a quadra e converter arremessos com alcance profissional. Se puder reencontrar este basquete, trata-se do protótipo do ala-pivô moderno e até pode contribuir de imediato.