Klay Thompson marcou 60 pontos, Russell Westbrook fazendo diversos triplos duplos, Dallas Mavericks dando errado, Los Angeles Lakers dando certo, Joel Embiid finalmente estreando (e convencendo), Giannis Antetokounmpo se tornando jogador de elite.
São tantos fatos marcantes nessa temporada da NBA que não devo ter citado nem metade deles. Mas foi só para mostrar que, apesar disso tudo, um dos fatos que mais podem impactar a decisão pelo título da NBA está passando despercebido: Kevin Love finalmente está jogando o que sabe no Cleveland Cavaliers.
OK, ele marcou 34 pontos em um período e isso foi bastante noticiado. Mas o que importa mesmo é o nível com que ele vem atuando nos outros jogos até agora.
Desde 2014, quando LeBron James voltou para Cleveland e Kevin Love foi adquirido junto ao Minnesota Timberwolves, se espera que Love seja o parceiro de garrafão perfeito para LeBron e Kyrie Irving. Afinal, o atleta tinha fantásticas médias de 26 pontos e 12 rebotes em sua última temporada em Minnesota. A expectativa era a melhor possível.
Aí vieram dois anos de atuações questionáveis, e as perguntas sobre se Love estaria no lugar certo começaram a aparecer. Muitos passaram a se perguntar se o Cavs não teria chegado a duas finais, vencendo uma, apesar de ter Love no elenco, e não por causa de sua presença. Com isso, também vieram os constantes rumores de troca.
Pois bem, nesta temporada ele resolveu mostrar que todos estavam errados. Muito mais do que as estatísticas, que estão apenas levemente melhores em relação ao ano passado, Love vem jogando com atitude e energia completamente diferentes das duas primeiras temporadas em Cleveland.
Grande parte disso se deve ao jovem técnico Tyronn Lue. A mudança mais sensível em relação ao comando de David Blatt, especialmente na atual temporada, foram as mudanças de posicionamento que ele impôs a Love.
Blatt era adepto do uso de seu ala-pivô aberto para melhorar o espaçamento do time no ataque, criando opções de infiltração para James e Irving. Com ele, Love tentava 17% de seus arremessos embaixo da cesta, contra 45% da linha de três pontos.
Lue mudou essa dinâmica. Colocou Love no centro das ações ofensivas, fazendo com que o habilidoso ala-pivô ficasse mais perto da cesta, onde pode exercer todo seu repertório ofensivo (que é um dos mais polidos da liga para sua posição). O resultado? 25% de arremessos embaixo do aro, com apenas 31% da linha de três. Uma proporção muito mais equilibrada para um atleta desta posição. De quebra, ele tem conseguido mais rebotes, com média superior a 11 por jogo.
No Timberwolves, Love brilhava no low post. Blatt nunca soube utiliza-lo ali, ou simplesmente não quis, para impor sua filosofia. Lue, técnico em começo de carreira, foi mais sábio. Mudou o esquema e o resultado está em quadra, cuja expressão máxima até agora foi a incrível atuação de 34 pontos num único período.
Isso injetou confiança no jogador, que quando motivado é também um grande motivador. No geral, o Cavs tem demonstrado grande energia e intensidade nesta temporada. Grande parte disso é confiança pelo título histórico conquistado, mas com certeza a melhor atuação de Love conta.
Com isso, acabaram os rumores de troca. Acabou a desconfiança. Foram embora as críticas e voltaram os elogios, frequentes no começo da carreira. Love consegue agora tirar de James e Irving grande parte da carga de responsabilidade pelo ataque do Cavs. Sem dúvidas o time vai chegar mais inteiro e coeso aos playoffs.
Se nos últimos dois anos parecia que o Cavs chegava longe apesar das atuações abaixo das expectativas de Kevin Love, neste ano os campeões chegarão aos playoffs com o atleta atuando num nível de estrela e a aura de super time recuperada. Sem dúvidas uma grande preocupação para os outros postulantes ao título.