Fonte: AFPQuem assiste aos jogos de Stephen Curry nas últimas semanas mal consegue imaginar que, há dois meses, ele era visto como um ponto de interrogação pela liga. O armador do Golden State Warriors vinha de disputar apenas cinco jogos em 18 meses, por conta de uma fratura na mão sofrida já no início da temporada passada. Ele transformou-se em um candidato ao prêmio de MVP da liga praticamente assim que a bola subiu, mas Curry encara tudo o que acontece apenas com a sensação de quem faz o seu trabalho.
“O jogo fala por si só. Foi assim nos dois anos em que ganhei o prêmio. Para mim, com tudo o que aconteceu nos últimos dois anos, é um incrível feito apenas ser citado nesse debate. Mas, no final das contas, eu só faço o meu trabalho ao atuar no mais alto nível que posso e realmente tento não ser distraído pela badalação do momento. Sei que, se estiver fazendo meu trabalho dentro de quadra, as consequências virão naturalmente”, avaliou o craque, que completará 33 anos no mês que vem, em entrevista à ESPN.
Curry tem sido, de fato, fantástico nas últimas semanas e instrumental para o Warriors ter uma campanha positiva no Oeste nesse momento. Nas últimas 11 partidas, o astro possui médias de 32.8 pontos, 5.2 rebotes e 5.4 assistências, convertendo quase 55% dos seus arremessos de quadra. O mais impressionante, talvez, seja que ainda acertou 49.6% das tentativas de longa distância com absurdas seis cestas por jogo. Para Steve Kerr, seu comandado vem transformando espetacular em um padrão.
“A parte mais louca é que estamos falando de algo rotineiro. Você simplesmente espera isso de Stephen, esses arremessos de três pontos ridículos que sempre parece que vão cair quando não conseguimos criar nada no ataque e ele fica driblando atrás do mínimo espaço necessário. Ele está em um ritmo realmente bom, mas ainda é loucura. Eu acho que ele precisa estar no debate para MVP porque suas atuações simplesmente não são desse mundo”, sentenciou o experiente treinador.
Kerr, na verdade, já foi além e disse crer que Curry vive o melhor momento técnico da carreira. Isso é extremamente significativo para um atleta com uma série de grandes momentos na carreira: entre outros feitos, ele já acumula dois prêmios de MVP da liga, um troféu de cestinha da temporada e três títulos da NBA no currículo. O maior jogador da história do Warriors tenta fugir de comparações com tempos que passaram porque prefere ter seus olhos sempre voltados para o futuro.
“Esse é um dos melhores momentos da minha carreira, sem dúvidas. Totalmente. Mas tudo gira em torno do que acontece agora para mim. Não quero comparar o que vivo nesse momento com nada do que ocorreu no passado. Não gosto de pensar assim. Já disse há algum tempo: sinto-me confiante, forte e em um ótimo ritmo. É uma grande sensação e quero continuar melhorando, pois sei que é possível. Melhorar é o objetivo necessário de qualquer jogador”, afirmou o veterano.
O grande empecilho para que o trabalho de Curry seja recompensado com o terceiro prêmio de MVP da carreira é o desempenho do time: longe de ser o candidato ao título de outros tempos, o Warriors ocupa apenas a oitava posição da conferência Leste, com 14 vitórias e 13 derrotas. Não é uma campanha que credencie o armador a realmente brigar pelo troféu, mas isso não vai fazer com que mude a forma como joga ou as metas coletivas que possui em mente.
“A campanha da equipe sempre pesou e sempre vai pesar na premiação. Você sempre pode fazer julgamentos com base no número de vitórias e derrotas. A beleza do MVP, em geral, é que cada um tem uma visão diferente sobre o que significa e os critérios podem mudar em certos momentos. Então, sigo fazendo meu trabalho e, se isso for o bastante para colocarem-me na discussão, fantástico. E, se não, não mudarei minha abordagem em quadra”, concluiu Curry, sem usar o prêmio para nortear a temporada.
