Fonte: Ethan Miller/AFPEscolhido na 39ª posição pelo Sacramento Kings, Neemias Queta atingiu um feito inédito: ser o primeiro português a jogar na NBA. Assim como o caminho de Charles Bassey, ‘Quetão’ teve que deixar seu país natal pelo sonho de ser jogador. No entanto, sua chegada só é novidade na liga masculina, já que a WNBA conta histórias femininas há mais tempo.
BEM ANTES DE NEEMIAS…
Antes de falar de Neemias, é preciso conhecer Ticha Penicheiro e Mery Andrade. Pioneiras na representatividade portuguesa, as duas chegaram à WNBA (liga feminina de basquete) em anos subsequentes. Ticha foi selecionada pelo Sacramento Monarchs na segunda posição da primeira rodada do Draft de 1998, apenas a segunda edição do evento até então. Mery, por outro lado, foi escolhida na 11ª posição da segunda rodada de 1999 pelo Cleveland Rockers. A primeira teve sucesso com sua equipe e conquistou o título da liga de 2005, mas sua compatriota disputou apenas cinco anos. Hoje, as duas estão aposentadas e seus times foram extintos.
TICHA
Patrícia Nunes Penichero jogou por 15 temporadas na WNBA. Além de ter dado ao Monarchs seu único título, seu desempenho individual está marcado na linha do tempo. Até 2017, por exemplo, ela liderava a WNBA em assistências, recorde quebrado por Sue Bird. No entanto, roubar dez bolas em uma só partida? Apenas a portuguesa. O pioneirismo na liga feminina dos EUA só foi possível pela bagagem que Penichero construída na Europa.
No velho continente, a lista de títulos é extensa: Ticha foi campeã portuguesa (em 1992/93), foi duas vezes campeã da Taça de Portugal em (1992/93 e 1993/94). Fora do berço, foi duas vezes campeã polonesa (em 1999/2000 e 2000/2001). No currículo, ela tem ainda uma Taça da Itália (em 2001/2002) e um título francês (2004/2005) e, claro, uma Eurocup (em 2006). Já em solo norte-americano, foi campeã da WNBA (em 2005). Ela defendeu ainda o Los Angeles Sparks e o Chicago Sky.
Ticha é considerada uma lenda em Portugal não só pelos seus feitos no basquete, mas também fora do esporte. Quando chegou aos Estados Unidos, ela se tornou jogadora da Old Dominion University e se formou em Jornalismo e Estudos Interdisciplinares. Aposentada desde 2012, hoje ela é agente de jogadores, apoiadora incondicional de esportes paralímpicos e de pesquisas sobre câncer no ovário.
NEEMIAS
O português Neemias Queta Barbosa nasceu na cidade de Barreiro, distrito de Setúbal. Formado no clube Barreirense, ele passou pelo Benfica antes de se mudar para os Estados Unidos. Em 2018, então, Quetão se juntou à Universidade de Utah. Em três temporadas por lá, ele teve médias excelentes. No entanto, foram os 3.3 tocos em 2020/21 que deram a ele a oportunidade de estar entre os quatro finalistas para o prêmio Naismith. Além disso, o pivô de 2.13 de altura encerrou seu ciclo universitário com 14.9 pontos (55%FG e 70%) e 10.1 rebotes de média.
👑 Neemy Mixtape 👑
7'0'' Portugal Hooper! 🇵🇹 pic.twitter.com/jZjhP640zm
— Sacramento Kings (@SacramentoKings) July 31, 2021
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NBA
Além da nacionalidade, Ticha e Neemias dividem outra semelhança. Os dois pioneiros na categoria chegaram às duas maiores ligas do esporte por meio da cidade de Sacramento. É bem verdade que a antiga equipe da ex-jogadora sobreviveu apenas até 2009, mas o Kings parece ter um caminho diferente. Queta vai muito além dos prêmios individuais, embora ser 3x All-Mountain West Conference (MWC), 3x-All MWC Tourney, 3x WMC All-Defense, 2x defensor do ano na MWC e o novato do ano da MWC de 2018/19 signifique muito. Gary Parrish, da CBS Sports, explica que a escolha pelo pivô se deu por seu domínio da posição no College, além de ser um pontuador eficiente. Nick Pravenas, do NBADraft.Net, o chama de “pivô à moda antiga”, característica certeira para o novo time.
Talvez pouco ciente do que vem a seguir, Neemias Queta, o português do Vale da Amoreira fez história. Orgulhoso de suas raízes, Queta comemorou sua seleção em Los Angeles, vestindo um terno com as iniciais dos pais, da avó, além das iniciais e o código postal do local que ele cresceu.
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