Não é de hoje que eu digo: assistir a qualquer jogo do Los Angeles Clippers é uma das coisas mais legais que eu tenho feito quando acompanho a NBA. Talvez por eu ter começado a temporada com três jogadores da equipe no fantasy, mas o que era um hábito, virou obrigação. Hoje eu acompanho todas as partidas e olha que hoje só tenho Chris Paul no meu time.
O Clippers é muito interessante por diversos fatores. Um deles é que a franquia era absolutamente um nada, zero, antes de Paul chegar. OK, teve uma ou outra classificação aos playoffs nas últimas décadas, porém nada além disso. Era um fracasso total. Um verdadeiro primo pobre do Lakers.
Me lembro de Danny Manning brilhando num elenco horroroso que contava com Stanley Roberts, um pivô pouco mais gordo que o Rei Momo, Loy Vaught, um ala-pivô que eu tinha certeza que ia virar algo (o que não aconteceu), e dois caras que sempre fui fã: Ron Harper e Mark Jackson. O resto era muito nada. Ainda assim, foi aos playoffs em duas oportunidades.
Cerca de uma década depois, voltei a prestar a atenção no Clippers. E era muito interessante pelos jogadores que lá estavam, como Darius Miles, Corey Maggette, Lamar Odom e Kandi Man (Michael Olowokandi). Mas era um time muito jovem e que acabou não acontecendo.
Posteriormente, Elton Brand apareceu por lá, jogando ao lado de Sam Cassell, Chris Kaman, Maggette, o pinguço Vin Baker, e Walter McCarty, que como um bom torcedor do Boston Celtics, I love Walter. Entretanto, foi só um sonho. A equipe até passou pela primeira rodada dos playoffs, até porque enfrentou o Denver Nuggetts (que sempre caía naquela fase), mas parou no Phoenix Suns.
Então, por uma decisão feita por razões de basquete, Paul não foi para o Lakers e acabou indo para o Clippers. O primo pobre teria dias melhores. E teve.
Com a chegada de Paul em um elenco que já tinha Blake Griffin, o Clippers passou de medíocre a candidato ao título em todos os anos seguintes. Não conseguiu nenhum campeonato, é verdade. Mas de cara já se mostrou bastante interessante.
Duas eliminações prematuras fizeram com que a diretoria mudasse o comando técnico. Saiu o contestado Vinny Del Negro e chegou Doc Rivers, outrora campeão no Celtics.
Existia o medo de que a Lob City estivesse por um fio e que o time mudasse seu estilo de jogo. Por sorte, não aconteceu.
Paul segue sendo o melhor armador da NBA e provavelmente em seu melhor ano depois da cirurgia no joelho. Blake Griffin pode parecer para muitos como apenas midiático, mas é um bom jogador. Tem mais habilidade do que lhe é creditado. DeAndre Jordan é tenebroso, só que no melhor sentido da palavra. Sua imposição no garrafão está sendo cada vez maior, tanto que é um dos líderes em bloqueio e em rebotes. Jamal Crawford tem cara de peladeiro, jeito de peladeiro, e acredite, ele é. Porém, sabe pontuar sob pressão e tem um ótimo arremesso. Por fim, J.J. Redick, um dos melhores arremessadores da NBA da atualidade, mas se machucou e sua ausência é bastante sentida.
Apesar de tudo isso, a defesa sofreu alguns ajustes. Nos primeiros 14 jogos, o time levou ao menos 100 pontos em 11 ocasiões. A lesão de Redick mudou isso em partes, até porque sabemos que ele não é exatamente o melhor nesse setor. Nas 13 partidas seguintes, conseguiu ficar abaixo dos três dígitos em dez embates. Melhorou, e com isso o time subiu de produção num todo, chegando a vencer cinco vezes consecutivas, melhor marca até o momento.
O Clippers é, sem dúvida alguma, o time mais interessante de se acompanhar até aqui, mesmo com o Portland Trail Blazers em excelente fase. São muitas variações de jogadas, alternativas ofensivas e bastante organizado. O que me incomoda é o fato de, em alguns momentos, existir um relaxamento que só vejo no Miami Heat.
Esse relaxamento acaba comprometendo. Mas não é como o da equipe da Flórida, que acha que em qualquer momento vai conseguir virar o placar e geralmente consegue. É com alguns de seus jogadores.
Matt Barnes, por mais que eu goste dele, é um inconsequente. Griffin, idem. Jordan segue a mesma linha. Esses três, em especial, acabam prejudicando em diversos momentos por lapsos mentais. São brigas, entradas mais fortes do que o necessário, reclamações, que culminam em exclusões.
Jogo após jogo, eu fico por entender. Tudo bem que Rivers está ali para acabar com esse tipo de comportamento, mas penso que nem sempre ele consegue fazer de seus jogadores uns sujeitos bonzinhos e engraçadinhos. Nem é o caso. De vez em quando, ele mesmo perde a linha.
Enquanto o Clippers não cuidar dessas questões, e digo isso com uma certa urgência, para não deixar a coisa desandar lá na frente, o time não pode ser um candidato sério ao título desta temporada.