Em primeiro lugar é bom dizer que sou um defensor da troca de Chris Paul para o Golden State Warriors, mas, não para ser titular. Há vários pontos a abordar em uma discussão muito ampla, mas tê-lo como o homem a começar os jogos em um small-ball, não me agrada. Principalmente, porque nesse meio tempo, vai sobrar para o subestimado e importantíssimo, Kevon Looney.
Vamos, passo a passo, entender porque o movimento foi muito bom em todas as frentes para Golden State. E porque ainda assim, seria melhor ter Paul vindo do banco.
Troca foi fantástica para o que a equipe procura
Que os céticos me perdoem, mas, eu faria a troca de Jordan Poole por Paul um milhão de vezes. E isso não é desmerecimento com o jovem. Afinal, ele pode ter um bom ano com um time que lhe dê mais liberdade e menos amarras, como deve ser o Washington Wizards. Mas dito isso, a única coisa em que Golden State não melhora neste negócio são os chutes de longa distância.
O veterano já não é o defensor dos melhores dias, mas ainda é muito melhor do que Poole no quesito. A tomada de decisão aqui também é muito importante. Warriors sofreu com os erros do antigo armador em momentos cruciais, simplesmente por ele não escolher a melhor jogada de maneira consistente. Nem preciso falar sobre a inteligência de Paul no quesito, né?
E além dessa genialidade para construir, estamos falando de uma mente brilhante do jogo, utilizada em um super sistema de espaçamento. O que ele pode nessa estrutura, e em um menor papel, sem a necessidade de ser “o cara”, ou até mesmo um dos caras, é de se empolgar.
Além da quadra, o contrato de Chris Paul é muito mais positivo para Golden State. Ok, são US$30 milhões em 2023/24. Mas. sem grandes compromissos a longo prazo. O acordo do jovem, além de caro, travava a janela da equipe para os próximos anos devido as limitações de mercado. E elas continuaram mesmo com sua saída, já que a franquia continuou só tendo acesso ao mínimo de veteranos neste ano. O que não seduziu muita gente, é verdade.
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Então, concluímos que:
O Warriors consegue se colocar em uma posição de maior flexibilidade futura no mercado. Por outro lado, potencializa os últimos anos de Stephen Curry, Draymond Green e Klay Thompson na NBA. Abrem mão de um futuro interessante, mas cada vez mais duvidoso.
As características gerais de Paul, com inteligência, defesa, construção, poucos desperdícios, boas decisões em quadra. forma um pacote muito melhor do que a imprevisibilidade de Poole em um papel secundário.
Além disso, o extra-quadra como sabemos, pesou na decisão. O clima não estava bom dentro do elenco. Então, é uma segunda chance promissora para o jovem. Não saiu ruim pra ninguém.
Movimentos pensando no sistema
É óbvio que a chegada de Chris Paul é a mais comentada. Afinal, é algo que o fã de NBA não esperava ver. No entanto, é justo dizer que Golden State teve boas adições além dele. Até porque os movimentos foram idealizados dentro do sistema da franquia.
No histórico titulo de 2022, o entorno foi alterado com nomes de características muito positivas para o que prega Steve Kerr. Otto Porter, Andre Iguodala, Nemanja Bjelica. É claro, nesse meio tempo rolou o retorno de Klay Thompson também. Mas as últimas temporadas estão gritando para todos nós: quem está ao redor das estrelas importa mais do que nunca.
Um ala com ótimo jogo fora da bola dos dois lados da quadra. Um “pivô” móvel, que oferece visão de quadra satisfatória para a posição e pode arremessar e espaçar. Um veterano com alto conhecimento do sistema e liderança. Para quem está atento aos detalhes, não há duvida. Os três nomes tiveram importância na glória final.
Dario Saric, Cory Joseph e, em menor grau os calouros, Brandin Podziemski e Trayce Jackson-Davis, são adições que estão dentro desse campo de ideias.
E são justamente as características que uso para, em geral, abordar a grande crítica desse artigo.
Afinal, por que Chris Paul não pode ser titular no Warriors?
O motivo tem nome e sobrenome: Kevon Looney. Isso porque o entorno, como o próprio Golden State sabe, importa. Um dos melhores coadjuvantes de toda a história da “dinastia” não pode sair desse time.
É óbvio que as rotações da liga estão muito mais flexíveis. Não é incomum, por exemplo, que uma equipe tenha um quinteto para começar e outro para terminar os jogos. Mas todo o meu otimismo vem de uma realidade onde Paul se poupa no alto de seus 38 anos.
E também poupa Stephen Curry que tem mais problemas de lesões do que lhe é creditado. Ele não atua em pelo menos 70 jogos desde a temporada 2016/17.
Além disso, por que Looney é tão necessário?
Cada vez mais baixo
Donte DiVincenzo é um baita jogador e foi grande adição da equipe no último ano, especialmente perdendo Otto Porter para o Raptors. O problema é que a equipe já perdeu altura em 2022/23. Sem um ala de ofício, com a perda de espaço e lesões de Iguodala, e menos minutos do que se esperava para Jonathan Kuminga e Moses Moody, a equipe perdeu opções maiores. Anthony Lamb na “hora H”, era impraticável.
Looney se tornou fundamental nessa realidade. Mesmo com uma campanha de apenas 44 vitórias, o quinteto titular com Curry, Thompson, Green e Wiggins foi o segundo mais positivo entre todos da temporada.
Quando juntos em quadra, essa formação venceu seus adversários por 24.3 pontos por jogo. Nos playoffs, o número caiu um pouco. Mas ainda era de muito impacto. Superavam os oponentes por 20.1 pontos por partida.
Para exemplificar, com Jordan Poole ao invés do pivô, a equipe perdeu por 4.1 pontos a cada jogo. Os pontos fortes de Chris Paul, então, me fazem pensar que esse número não seria negativo tendo como titular no Warriors. Mas, ainda assim, é melhor que sua versão titular na equipe seja uma “carta na manga” do que a “artilharia principal” da equipe.
E como sabem, é necessário ainda mais altura. Golden State ainda busca um ala no mercado. Além disso, tem uma temporada decisiva para os desenvolvimentos de Moody e Kuminga, as melhores opções do elenco no quesito.
Rebotes têm influência direta
A temporada 2022/23 consolidou Kevon Looney como um dos melhores “reboteiros” da NBA. Nos playoffs, sua média foi de 13.1 por noite. O segundo no quesito foi Draymond Green com 6.9 por partida.
Agora, Dario Saric pode ajudar vindo do banco. No entanto, Golden State tem um histórico de usar pivôs de maneira muito mais contextual. Especialmente nos playoffs. Se Looney for reserva, o croata pode não ter minutos.
JaMychal Green atuou em sete minutos por jogo na última pós-temporada. Nemanja Bjelica jogou por apenas dez minutos há dois anos.
Sem os rebotes do coadjuvante, Golden State não teria vencido o Sacramento Kings no ano passado. Além dos 50 pontos de Curry no jogo 7, é justo dizer que um dos principais fatores para a vitória do Warriors foi o pivô e sua dominância no quesito.
Além de tudo, Looney é um dos pivôs mais competentes de toda a NBA quando precisa sair do aro e ir até o perímetro para defender. Essa versatilidade em fazer vários papéis secundários com tamanha consistência é o que o tornou valorizado na liga. Um ótimo exemplo do Denver Nuggets, campeão no ano passado? Bruce Brown.
Rotação ficará mais ajeitada com veterano no banco
Ter Chris Paul no banco possibilita algo que julgo importante. Ter sempre ele ou Curry em quadra. Com o time titular, ele pode ter minutos descansando qualquer um dos jogadores titulares, praticamente. Pode fechar alguns jogos e também pode liderar a segunda unidade.
Da mesma forma, é possível fazer a segunda unidade da franquia ser uma das mais eficientes de toda a NBA. Ele terá Gary Payton como um cão de guarda na defesa. O veterano também poderá alimentar o jogo de Kuminga através do pick-and-roll. Assim, ajudar em seu desenvolvimento. Pode fazer, por fim, com que Saric seja ainda mais mortal ofensivamente em seus minutos.
Ou seja, o armador preenche muitas lacunas vindo do banco. Então, eu não abriria mão disso isso por uma tentativa de um Chris Paul titular no Warriors. Mais do que talento e união de grandes estrelas, uma palavra molda os melhores projetos da liga nos últimos anos. Inclusive, para o próprio Golden State: sacrifício.
É hora do veterano fazê-lo em prol de um papel menor. Mas que, enfim, o levará a glória que tanto procura.
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