O Brooklyn Nets é um case de fracasso. Desde a última temporada, a equipe novaiorquina dá maus exemplos em quadra e fora dela. Os astros fazem o que bem entendem, minam o trabalho do treinador. Enquanto isso, a direção da franquia passa pano. Ou seja, parece que está deitada em berço esplêndido.
Na hora de soltar nota de repúdio, o Nets é um leão. Mas, quando deveria tomar alguma atitude, vira uma tchutchuca. Acho que você leu essa analogia em algum lugar nos últimos meses…
Sétima franquia mais valiosa da NBA (avaliada em US$3,5 bilhões), o Brooklyn Nets é um fracasso esportivo. Afinal são 47 anos na liga e nenhum título. O máximo que conseguiu, nesse período, foi perder duas finais (2002 e 2003). Além disso, coleciona 15 eliminações na primeira rodada dos playoffs e 23 temporadas sem alcançar a pós-temporada.
O início
Inicialmente, vamos recapitular como o fracasso do Brooklyn Nets tomou forma. Em 2018/19, o time estava em processo de reformulação. No entanto, surpreendeu a NBA e chegou aos playoffs depois de três temporadas. Terminou na sexta posição do Leste, mas caiu na primeira rodada. D’Angelo Russell, Spencer Dinwiddie, Caris LeVert, Joe Haris e Jarrett Allen eram os destaques da equipe treinada por Kenny Atkinson.
Entretanto, na offseason seguinte, tudo mudou. Arquiteto da reconstrução do elenco desde 2016, o gerente-geral Sean Marks mudou a estratégia. O Nets decidiu que era o momento de apostar nas estrelas. Estar no maior mercado da NBA ajudou bastante. A coleção de fracassos do rival New York Knicks também colaborou. Assim, no dia 7 de julho de 2019, o Nets trouxe Kevin Durant e Kyrie Irving. O primeiro chegou via troca com o Golden State Warriors. O armador, por sua vez, era agente livre e assinou um contrato de quatro anos.
Além disso, Durant e Irving “sugeriram” que o Nets trouxesse o pivô DeAndre Jordan. Dito e feito. Contrato de quatro anos no valor de US$40 milhões para um pivô decadente, mas “parça” dos astros. Obviamente, essas negociações foram casadas. Ou seja, os amigos decidiram juntar forças em um novo time. A expressão “a NBA é das estrelas” nunca fez tanto sentido. Ali, portanto, começava a influência da dupla nas decisões da equipe. Em outras palavras, um fracasso da gestão de Marks à frente das operações de basquete do Brooklyn Nets.
Na mesma offseason, a franquia passou a ter um novo proprietário. Dois meses após a chegada dos astros, o bilionário russo Mikhail Prokhorov decidiu vender o Nets. O comprador foi Joe Tsai, um dos fundadores da Alibaba, multinacional chinesa. O magnata asiático pagou US$2,3 bilhões pelo negócio.
Temporada 2019/20
Brooklyn foi tomado pelo clima de animação. Afinal, o Nets tinha dois dos melhores jogadores da NBA e um novo dono. Dessa forma, o sonho de um título inédito da NBA estava mais perto de se concretizar.
No entanto, Durant ficou de fora de toda a campanha por conta da grave lesão no Tendão de Aquiles sofrida nas finais de 2019. Em contrapartida, Irving disputou somente 20 jogos naquela temporada por conta de uma lesão no ombro.
Além disso, uma notícia pegou muita gente de surpresa. Atkinson foi demitido quase no final da fase regular. Um desentendimento com Kyrie teria sido um dos motivos. A franquia, portanto, decidiu fazer a vontade do armador.
O curioso é que, na época, Marks admitiu que os astros possuem influência nas decisões do Nets. E, no ano seguinte, Irving assumiu que colaborou para a demissão do treinador…
Mesmo com esses problemas, o Nets terminou na sétima posição. Assim, o time novaiorquino chegou aos playoffs novamente. Mas, a exemplo do que ocorreu na temporada anterior, caiu na primeira rodada. Ou seja, novo fracasso do Brooklyn Nets.
A chegada de Steve Nash
Em setembro de 2020, Marks contratou um estreante para o cargo de treinador: Steve Nash, que foi seu companheiro no Phoenix Suns, na época de jogador. O canadense chegou, acima de tudo, com o aval de Durant e Irving, os “GM’s informais” da franquia.
Além disso, no início da temporada 20/21, o Nets adicionou uma terceira estrela. Após uma mega troca envolvendo quatro times, James Harden desembarcou no Brooklyn. Vale lembrar que, na época, o armador forçou sua saída do Houston Rockets. Portanto, depois de muito drama, ele alcançou o objetivo. Harden e Durant iriam reviver os tempos de Oklahoma City Thunder, quando foram vice-campeões da NBA (2012).
Com o trio de astros, o Nets terminou a fase regular na segunda posição do Leste. Posteriormente, na primeira rodada dos playoffs, passou facilmente pelo Boston Celtics. Na semifinal de conferência, o adversário seria o Milwaukee Bucks. No entanto, Irving e Harden se lesionaram e prejudicaram o Nets. Apesar disso, a série foi a sete jogos graças a um Durant estelar. Porém, o Bucks levou a melhor, conquistou o Leste e, mais tarde, sagrou-se campeão da liga.
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Kyrie vira uma distração
Para a temporada 2021/22, o Nets tido como um dos favoritos ao título. Era “só” Durant, Harden e Irving ficaram saudáveis.
No entanto, a campanha foi um verdadeiro fiasco. Durant e Harden se lesionaram e deixaram a equipe na mão em algumas partidas. Mas, o maior problema foi Irving. Devido ao mandato de vacinação de Nova Iorque, o armador estava proibido de atuar na cidade. Afinal, ele não aceitou se imunizar contra a COVID-19.
Assim, o astro negacionista e adepto de teorias da conspiração se tornou uma distração. Irving desfalcou o time em 37 dos 43 jogos disputados em Nova Iorque. Aliás, desde que chegou ao Nets, Kyrie atuou em apenas 47% das partidas (111 em 234 possíveis). Dessa forma, a relação entre jogador e franquia ficou abalada.
Para piorar, Harden ficou insatisfeito com os rumos da equipe. O astro se queixou do trabalho da comissão técnica e do egoísmo de Irving. Além disso, se sentiu isolado porque Durant permaneceu aliado ao companheiro não vacinado. Dessa forma, após um ano de sua chegada ao Nets, Harden pressionou a direção da franquia para negociá-lo.
Enquanto isso, o criticado Nash minimizou a crise na equipe e pediu aos seus comandados que ficassem unidos. No entanto, isso não passou de um “jogo de cena”, já que os bastidores da franquia estavam fervendo.
No fim das contas, Harden foi trocado para o Philadelphia 76ers. Na negociação, Brooklyn recebeu Ben Simmons, Seth Curry, Andre Drummond e duas escolhas de primeira rodada de Draft.
O time, portanto, estava se desmoronando. Como resultado, foi varrido pelo Celtics na primeira rodada dos playoffs. Assim, de postulante ao título, o Brooklyn Nets se tornou um fracasso, uma das maiores decepções da temporada.
Offseason de 2022
Na entrevista de encerramento da temporada, Marks alfinetou Irving. De acordo com o dirigente, a franquia quer jogadores que não sejam egoístas e que estejam disponíveis para atuar e ajudar em quadra. Ou seja, um recado direto para o armador.
A offseason do Nets foi marcada por várias situações dignas de um dramalhão. Contrariando as expectativas, Irving exerceu a opção contratual para permanecer mais uma temporada na equipe. A notícia, aliás, saiu no mesmo dia em que a franquia deu aval ao jogador para buscar um novo time.
No entanto, horas depois da decisão do armador, o insatisfeito Durant solicitou um pedido de troca. Além disso, o astro se reuniu com o dono do Nets e exigiu as demissões de Marks e Nash. De acordo com Shams Charania, do portal The Athletic, Durant indicou a Tsai que não acreditaria que a dupla faria a diferença no Nets para os próximos anos. Ou seja, com eles, o atleta duvidava que o time tivesse alguma chance de ser campeão. Contudo, Tsai foi às redes sociais e demonstrou apoio ao GM e ao treinador.
Posteriormente, o jornal New York Post trouxe uma reportagem explosiva. Assim como o amigo Durant, Irving também não aprecia os trabalhos de Marks e Nash. De acordo com a publicação, o armador simplesmente odeia a dupla. “Ele considera o Nash um treinador terrível e o Marks um dirigente ruim”.
Entretanto, Durant decidiu seguir no Nets, já que não houve acordo para uma troca. O astro, aliás, está sob contrato pelas próximas quatro temporadas (US$194,2 milhões em salários).
Dessa forma, os astros mimados e o GM e técnico desmoralizados permaneceriam no mesmo barco. Que torta de climão, hein? Mais um fracasso de gestão do Brooklyn Nets…
Atual temporada
Nas últimas semanas saíram algumas notícias sobre uma suposta “paz restaurada” no Nets. Assim, num passe de mágica, os astros voltaram a confiar na diretoria e na comissão técnica? Eu nunca caí nessa. Obviamente, um eventual início ruim teria uma consequência. A mais óbvia seria “a cabeça” de Nash.
E não é que aconteceu? Nessa terça-feira (1), após duas vitórias em sete partidas, o Nets anunciou a demissão do treinador. Marks, então, revelou uma coisa dita por Nash na véspera: “os atletas não estão me respondendo”. Era nítido que não havia sintonia entre o comandante e os jogadores. Os astros não voltaram a confiar no treinador. Nash estava perdido, a defesa da equipe é uma lástima (terceira pior da liga).
Por que raios o Nets iniciou a temporada com Nash? Afinal, o técnico era criticado pela torcida, odiado pelos astros do time. Agora, vai trocar o pneu com o carro em movimento.
Kyrie Irving ataca novamente
Não bastasse a zona em quadra, franquia ainda tem de lidar com mais uma polêmica extra-quadra de Irving. No última semana, o armador promoveu, em suas redes sociais, um filme chamado “Hebreus para Negros: Acorde a América Negra”, que está recheado de preconceito contra os judeus. Ou seja, Kyrie validou uma obra preconceituosa e racista.
Posteriormente, o dono do Nets, condenou publicamente a atitude do astro. Assim, em uma mensagem contundente, Tsai deixou claro que é errado promover o ódio. Além disso, segundo o magnata, a pauta é maior que o basquete. A franquia também emitiu uma nota de repúdio ao gesto de Irving. Nela, fica claro que a promoção de discurso de ódio é intolerável.
Até o momento, Kyrie não apagou as publicações em seus perfis no Twitter e no Instagram, e nem foi punido pela franquia. Ficou só na notinha de repúdio…
Como todos sabem, esta não é a primeira polêmica envolvendo Irving. O armador, aliás, já disse alguns absurdos, como por exemplo, que a Terra é plana. Além disso, o astro compartilha, constantemente, desinformação, ódio e ignorância em suas redes sociais.
Durante a pandemia, o jogador passou a curtir teorias da conspiração. Uma delas considerava que um microchip seria implantado nas pessoas durante a vacinação. Para piorar, a pandemia não passaria de uma articulação de, acredite, Satanás.
Além disso, Irving mostrou o dedo do meio aos fãs do Boston Celtics, durante uma partida contra sua ex-equipe, em abril deste ano. A torcida de Boston, afinal, não se esqueceu da vez em que ele pisou no logo da franquia, no TD Garden.
Udoka
Para piorar algo que já está péssimo, a franquia deve anunciar Ime Udoka como novo treinador. Assistente de Nash em 2020/21, ele se envolveu em um escândalo no Boston Celtics. Há dois meses, o atual vice-campeão da NBA anunciou que Udoka estava suspenso de toda a temporada por violação de regras internas. Posteriormente veio à tona que o técnico teve um caso extra-conjugal com uma funcionária da franquia.
Mas, o que começou como um relacionamento virou um quadro de assédio. Afinal, segundo múltiplas fontes, Udoka fez comentários desagradáveis sobre e para a mulher nos bastidores do Celtics. Além disso, pessoas com maior conhecimento do caso garantem que os pormenores são piores do que o imaginado.
Assim, quando li que o Nets tinha a intenção de trazer Udoka, fiquei indignado. Como pode? É sério que a franquia vai ignorar o que esse sujeito fez em Boston? Ninguém pensa nas mulheres que trabalham no Celtics e no Nets? A contratação de Udoka, aliás, é um tapa na cara de todas as mulheres. É um recado claro da franquia: só pensamos no que ocorre em quadra. Fora dela, ao que parece, vale tudo.
Tsai e Marks, portanto, são dois hipócritas. Vão contratar um profissional que, comprovadamente, teve um comportamento inaceitável? As notas de repúdio do Nets contra temas sensíveis à sociedade, então, valem menos que um papel higiênico usado.
Fracasso e Brooklyn Nets caminham lado a lado
Com mais uma polêmica no currículo, o Nets deveria negociar Kyrie Irving o quanto antes. Para não perdê-lo “de graça” em 2023, quando o armador será agente livre irrestrito, mas, acima de tudo, para ficar livre de um jogador egoísta e tóxico.
Será que Sean Marks continuará a redigir nota de repúdio? Ou finalmente vai tomar alguma providência? E o dono da franquia? Vai aceitar numa boa um atleta do seu time promovendo o ódio? Joe Tsai, você não disse que isso era “maior que o basquete”?
Aliás, Marks deveria ter amor próprio. Como tu gerencia uma equipe cujos astros não confiam em seu trabalho? Dá para conviver todo mundo numa boa? Ou pede o boné, ou troca os caras, Marks! Inicie uma nova reconstrução, adicione jogadores comprometidos, rejuvenesça o elenco, acumule escolha de Draft. Caso o Nets fracasse na temporada, não tenho dúvida de que a próxima cabeça a rolar será a do GM.
E ainda tem o outro líder de mentira do Nets. Kevin Durant é um gênio em quadra, mas um mimado fora dela. Até criar perfil fake nas redes sociais para bater boca/ofender quem o critica ele já fez. O drama criado por Durant na offseason é algo sem precedentes. Exigir as saídas do treinador e do GM? Solicitar troca, e ainda querer escolher o destino, poucos meses após fechar uma extensão de quase US$200 milhões com a franquia? Então, Nets, vale a pena ficar com o astro de 34 anos?
Enfim, a manutenção de Irving e Durant, e a contratação de Udoka, deixam uma mensagem clara: vale tudo no Nets. A franquia tem a segunda maior folha salarial da NBA (atrás apenas do multicampeão Warriors), não cansa de passar vergonha dentro de quadra, é liderada por dois mimados, e, agora, traz um treinador que teve uma conduta inaceitável. Ou seja, o Brooklyn Nets é um fracasso técnico dentro de quadra e moral fora dela.
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