Confira a avaliação dos times após o mercado: Balanço da agência livre da NBA (Parte I)

Confira com o Jumper Brasil as avaliações dos times após a agência livre da NBA

avaliação times agência livre Fonte: David Dow / AFP

Chegou a hora de fazermos a avaliação dos times na agência livre. Dentre as grandes ligas de esporte dos EUA, nenhuma tem a offseason tão maluca como a NBA. Enquanto ainda esperamos por alguns movimentos importantes, como por exemplo, Damian Lillard, James Harden e, talvez, Pascal Siakam e Clint Capela, vamos analisar tudo. Daremos notas para o que as equipes fizeram até aqui, no mercado de 2023 como um todo. Ou seja, também englobaremos as escolhas de Draft e contextos de cada franquia.

Dividiremos os 30 times em cinco notas:

A: Excelente
B: Bom
C: Regular
D: Ruim
F: Péssimo

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A ordem vai pela campanha de cada equipe na última temporada. Do campeão Denver Nuggets, até por fim, a pior equipe da NBA em 2022/23, Detroit Pistons. Enfim, sem maiores delongas, vamos a nota de todos os times na agência livre da NBA, em geral até aqui. No fim do texto, um sumário geral, com todas as notas dadas.

Então, como são 30 times, optamos por dividir em três fases. Hoje, saem aqueles que ficaram na parte de baixo da tabela.

Dallas Mavericks (B)

O bom: Draft excepcional e ótima contratação de Grant Williams

O Mavericks quase ganhou um A. No entanto, isso não muda o fato de que eu adorei que o a franquia fez, sendo um dos times mais bem sucedidos da agência livre, de acordo com a nossa avaliação. Afinal, o Mavs precisava desesperadamente de mais defesa e versatilidade ao redor de Kyrie Irving e Luka Doncic. Primeiro, conseguiram no recrutamento. Pode ser que eles precisem trabalhar para um impacto efetivo em 2024/25, mas Dereck Lively é o pivô do futuro, enquanto Olivier-Maxence Prosper é a personificação de Dorian Finney Smith, quando este chegou a franquia.

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A troca por Grant Williams, um dos nomes mais valorizados do mercado, foi grande. Apesar de ceder Reggie Bullock, que também era prezado por seu papel como ala fora da bola, Williams pode fazer tudo o que Bullock entregava, com mais força e consistência. Seth Curry é uma volta silenciosa, que se contrasta com a necessidade de obter mais defesa, mas que sempre se entendeu muito bem com Luka Doncic. E que também pode ajudar com as constantes ausências de Irving, se isto voltar a acontecer em 2023/24. Os movimentos complementares, que tanto foram cobrados da franquia, aconteceram.

O ruim: Pivôs ainda são um problema, mas pode melhorar

O garrafão de Dallas já não era uma unanimidade, quando o time foi às finais do Oeste em 2021/22. Tanto que a franquia investiu pesado no ano passado para renovar a posição. Se a troca por Christian Wood com o Rockets foi uma barganha, é sempre bom lembrar que, de acordo com rumores, a franquia preferiu oferecer sua mid level, para JaVale McGee, ao invés de Bruce Brown. Esse era o tamanho da necessidade que, além de envelhecer muito mal, (sobretudo quando se analisa o destino do ala), piorou muito no último ano.

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O garrafão texano foi uma lamentação. Wood não ofereceu a defesa necessária, apesar de um bom jogo ofensivo, enquanto McGee esteve perdido em quadra. Especialmente, com uma defesa de perímetro que o expôs ao máximo. Resumindo, a tragédia não é de hoje. E não sei se estou bem com a franquia apostando em minutos para Dwight Powell, Richaun Holmes e o bom, mas ainda cru, Lively. Uma troca por Clint Capela pode, afinal, mudar o jogo (e aí a nota seria A mesmo) para o Mavs. Apesar de todo o interesse, a probabilidade maior é que um negócio como este saia já dentro da temporada. Não estou seguro com as opções que a franquia tem para a função ainda.

Análise final

O salto de Dallas pode ser grande, de fato, até porque o leque de talento com uma dupla formada por Doncic e Irving, é quase que infinito. Mas eu ainda não estou pronto para colocá-los como um candidato a título ou, até mesmo, como um time que certamente pode avançar nos playoffs. O tamanho da bagunça que foi criada em 2022/23, ainda precisa de um ou dois movimentos para ser resolvida. Ou seja, não acho que, neste momento, o Mavericks seja um candidato, apesar de ser um time de playoffs. Mas se tem alguém que pode se movimentar em uma deadline de 2024, e subir de patamar no Oeste, este alguém pode ser o Mavs.

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Mais uma vez, na avaliação de toda a agência livre, poucos times conseguiram trabalhar tão bem quando Dallas. Agora, fica a um pivô (de qualidade) de ir longe.

Em 2023/24: Falta a cereja do bolo, mas podem chegar lá

Utah Jazz (B)

O bom: Valor irrisório pago para obter John Collins em troca

O interesse do Utah Jazz em John Collins é antigo. E não consigo encontrar um destino melhor dentre os times que podiam o desejar na agência livre da NBA do que a franquia. O ala-pivô estava desvalorizado na equipe, mas a situação é bem diferente em Salt Lake City. Utah é uma das times que podem tirar o seu melhor de sua parte ofensiva, até pela grande liberdade que Will Hardy conseguiu implementar no ataque deste time, desde o primeiro dia de 2022/23.

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As rotações com três jogadores altos foram extremamente benéficas para o Jazz. Seja com Lauri Markkanen, Walker Kessler e Jarred Vanderbilt (antes da troca com o Lakers) ou até com Kelly Olynyk, no fim do ano. Isto ganha não só a presença de Collins, que pode utilizar suas melhores características para contribuir, como também do recém-chegado a NBA, Taylor Hendricks, 9° escolha do recrutamento. Pegar uma escolha de segunda rodada, além de Rudy Gay, e adicionar John Collins a este tamanho de profundidade, é o tipo de negócio que destaca uma franquia atenta no mercado. Baita perspicácia do Utah Jazz.

O ruim: Apesar de Walker Kessler, defesa deve seguir um grande problema

O jogo da equipe entretanto, segue desequilibrado. Enquanto Kessler tem potencial para se tornar um dos melhores protetores de aro da NBA, a defesa do Jazz deve seguir entre as dez piores de toda a temporada. A rotação, descrita acima, pode ser capaz de manter o time no extremo oposto, entre os dez melhores ataques da liga, mas não há garantias de que eles serão muito melhores na outra ponta. De acordo com a nossa avaliação da agência livre, o Jazz pode ser um dos times mais desequilibrados.

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Não que isso seja tão importante assim, à primeira vista. Mas foi justamente o fim de uma cultura defensiva mais forte que levou Utah a fracassos consecutivos nos playoffs, enquanto o mesmo erro se repetiu por vários e vários anos. Não adianta nada ter o melhor protetor de aro do planeta se você expõe ele a corrigir todas as coberturas que a sua defesa de perímetro está deixando. Muitas vezes isso não vai importar grandiosamente em um time que está reconstruindo (e que está até mais avançado do que deveria). Mas eu gostaria de ver uma cultura defensiva mais forte se desenvolvendo na franquia em breve, e confio em Will Hardy para tal.

Análise final

Em geral, eu não me surpreenderia se o Utah Jazz for um time que chega até o play-in em 2023/24. Um ótimo técnico, uma reconstrução muito mais avançada do que imaginávamos e um alto capital de recrutamento em um time que precisou retirar seu núcleo principal de quadra para ficar na loteria do último Draft. Não que haja pressão para tal, e não terá mais problemas se o time ficar fora da repescagem, mas se alguém vacilar (vide Mavericks em 2022/23), Utah pode até disputar uns jogos eliminatórios com a molecada.

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Em 2023/24: Reconstrução avançada

Indiana Pacers (A)

O bom: Time se aproveitou bem das condições do novo acordo coletivo de trabalho (CBA) na agência livre

Na nossa avaliação, o Pacers tem a primeira das duas notas máximas desta análise dos times na agência livre da NBA. A direção mandou muito bem em todas as frentes, desde o Draft, a uma esperteza em uma boa troca. Até para assinar um dos grandes agentes livres do mercado, o que, acima de tudo, não é normal na história da franquia. Não mencionar o acordo de trabalho aqui, entretanto, seria leviano. A contratação do versátil Bruce Brown confirma uma das teses do CBA. Já não importa tanto onde estão ou de que mercado são. Os times com mais dinheiro e espaço devem levar os melhores jogadores da agência livre da NBA, em uma frequência muito maior do que antes.

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E além dos US$45 milhões pagos a Bruce Brown, Indiana absorveu o contrato da escolha de loteria de alguns anos atrás, Obi Toppin, por duas escolhas de segunda rodada. Aproveitando a insatisfação de minutos e papel de Toppin em New York, o Pacers agiu. A escolha de Draft em Jarace Walker foi outro movimento perfeito da franquia, em suma. Um excepcional defensor, com potencial para evoluir o arremesso e histórico de boa facilitação ofensiva, Walker se transforma em um encaixe imediato para o time. Na dúvida, pegaram dois e, ainda, adicionaram alguém que pode jogar em quase todas as funções, conforme a necessidade.

O ruim: Acúmulo de jogadores forçará time a tomar decisões rápidas

Além de uma rotação profunda, alguns veteranos confiáveis e jovens com potencial meio inexplorado, podem não ter qualquer minuto na franquia, sobretudo no inicio de 2023/24. Nomes como TJ McConnell, Isaiah Jakcson e Jordan Nwora, por exemplo. Encontrar equilíbrio e bons retornos, sem negociar com pressa, é fundamental para times que podem começar a vencer mais rápido do que o esperado, como parece ser o caso do Indiana Pacers.

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Existem, também, pequenas disputas internas, que parecem muito equilibradas e sem resposta clara, enquanto a franquia tenta cercar Tyrese Haliburton da melhor maneira. Afinal, quem vai prosperar melhor entre Andrew Nembhard ou Bennedict Mathurin? Ou até nas recém chegadas de Obi Toppin e Jarace Walker. Encontrar equilíbrio e coesão dentro de um elenco cheio de jogadores com fome de minutos, será fundamental para o tamanho do sucesso futuro que a franquia terá.

Análise final

A chegada de Bruce Brown reforça a impressão da qual compartilho com o Indiana Pacers. Tyrese Haliburton é um astro. A última temporada em que chegou a 20 pontos e dez assistências, enquanto teve mais de 40% do perímetro, foi um atestado da grandeza que está por vir. Ele tem o potencial de ser um dos armadores mais completos do jogo para agora e o futuro. É por este tipo de peça que você tem que construir coisas especiais. A troca de Domantas Sabonis (que também faz sentido para o Kings) envelhece como um vinho para Indiana.

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De acordo com a nossa avaliação dos times na agência livre, o Pacers foi um dos destaques, especialmente no Draft.

Em 2023/24: Time de primeira rodada/play-in

Washington Wizards (B)

O bom: Time, enfim, tomou a decisão de reconstruir

É difícil definir em palavras o tamanho das bobagens que o Washington Wizards fez nos últimos anos, e sobretudo, como tudo deu tão errado. A franquia entretanto, demorou a agir e tentou até quando não dava mais com Bradley Beal. Mas a agência livre de 2023 marca o momento em que um dos times mais insistentes da NBA pode ter começado a se deixar ser menos, desestimulante. Afinal, a franquia se acostumou a ser coadjuvante, piada, esquecida. E isso (apesar de todo o brilho com John Wall de 2015 a 2018, se formos legais) vem desde que a franquia era uma das melhores de toda a NBA, sob o nome Bullets nos anos 70.

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Trocar Bradley Beal e se entregar a uma reconstrução que já deveria ter chegado a tempos, permite que o torcedor possa se desgrudar dos velhos rostos. Que a franquia e seus fãs possam apenas curtir um time jovem e divertido, que apesar de não ganhar de ninguém, pode ter algum futuro. O novo GM, Michael Winger, pode ter começado um processo, que após longos anos, recoloque Washington no mapa da NBA. E nenhum time da liga precisa tanto disso no momento como eles. Por fim, o sorrateiro projeto começar com um prospecto que encanta muito mais para o futuro em Bilal Coulibaly. É um bom prenúncio de que é hora de trabalhar muito, até que a equipe possa voltar a um status de time competitivo.

O ruim: Preço foi pago pela demora

O retorno da troca de Bradley Beal, que só garantiu pick swaps, ao invés de escolhas que estejam totalmente no comando da franquia, são o outro lado das bobagens recentes da direção. Incluir uma clausula de veto de troca, na extensão do astro em 2022, foi uma das piores coisas que já vi, em termos de negócios na NBA. Só pra você ter uma ideia, isso só foi feito com outros nove nomes na história da liga, que foram:

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1. David Robinson (Spurs)
2. John Stockton (Jazz)
3. Kobe Bryant (Lakers)
4. Tim Duncan (Spurs)
5. Kevin Garnett (Timberwolves)
6. Dirk Nowitzki (Mavericks)
7. Dwyane Wade (Heat)
8. LeBron James (Cavaliers)
9. Carmelo Anthony (Knicks)

Além da comparação insólita com as lendas acima, estamos falando de algo que soa, acima de tudo, como retrógrado. A decisão quase amadora diminuiu ainda mais as opções de Winger para trocar Beal. Apesar de acabar com alguns bons talentos jovens, como Jordan Poole e Tyus Jones, Washington não chegou perto de receber um retorno adequado para Beal. Extremamente se pensarmos que esta troca podia ter sido feita há dois anos, quando o auge do atelta estava acontecendo.

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Análise final

O Washington Wizards pode ser o time mais divertido de se assistir entre os que estão em reconstrução profunda na NBA. Se você tiver gostos bem alternativos, observe o equilíbrio entre a genialidade e a burrice de Jordan Poole, que pode ser um grande programa nos jogos que começam mais cedo, enquanto Kyle Kuzma é a companhia de elite. Essa dupla pode gerar coisas bem legais, mas trapalhadas dignas de uma comédia de sucesso na TV. OK, eles vão perder muitas vezes, sem qualquer pudor. No entanto, existe propósito nisso agora, o que já é a melhor coisa sobre eles em muito tempo.

Em 2023/24: Reconstrução profunda

Orlando Magic (D)

O bom: Joe Ingles vai ajudar a competir agora e time ganhou mais talentos jovens

O Orlando Magic foi uma verdadeira montanha russa em 2022/23. Após vencer apenas cinco dos primeiros 25 jogos, a equipe ganhou 29 dos últimos 57. A evolução de Paolo Banchero e o jogo All Star de Franz Wagner, fizeram a franquia subir muito de patamar e evoluir dentro da própria temporada. Apesar de a atuação não muito recorrente, a agência livre, em nossa avaliação, confirmou que o Magic é um dos times que querem competir na nova temporada. Joe Ingles já não é o mesmo dos velhos tempos, mas quando não está rastejando em quadra, é um facilitador de elite que converte suas bolinhas de três.

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Apesar de todos os problemas que virão nesta análise, eu gostei muito da escolha por Anthony Black no Draft. Jett Howard foi bastante criticado por ter saído na loteria, mas ele é um arremessador grande. Você pode argumentar que existiam melhores especialistas de perímetro na classe (verdade), e que selecionar um ala-pivô, enquanto você tem Banchero, Wagner e Wendell Carter é, no mínimo, contraintuitivo (verdade também), e isso nos leva ao próximo ponto.

O ruim: Muitos armadores e montagem de elenco segue problemática

Eu gosto muito de Anthony Black e acho que o futuro do Orlando Magic com ele é fantástico. Alto para a posição, grande mente criativa, impacto dos dois lados da quadra. No entanto, o que você está fazendo com os vários armadores que possuem a mesma característica e já estão no elenco. Não haverá minutos suficientes para Markelle Fultz, Jalen Suggs, Cole Anthony e Black (lembre-se que eles ainda tem Gary Harris, como um jogador de grandes minutos para o perímetro). E por mais que eu ame o armador, acho que o melhor caminho para a franquia agora, era explorar o que fazer ao redor de Wagner e Banchero, enquanto estes estão dominando a construção das jogadas.

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O time é promissor, tem talento, e fez um baita trabalho em adquirir um grande número de jovens, desde que a abordagem da equipe mudou, após a trade deadline de 2021. Mas é hora de mexer essas peças e começar a montar um quebra-cabeça sobre a imagem e semelhança, dos dois grandes donos da franquia que, enfim, surgiram. A diretoria precisa ter melhores decisões,para que a transição seja feita da maneira mais rápida possível, aproveitando desde o inicio, o potencial de uma das possíveis melhores duplas da NBA, em breve.

Análise final

O fim de 2022/23 deixou claro que o trabalho de garimpo do Orlando Magic foi muito bem feito. Os donos da franquia foram encontrados. Há uma grande gama de jovens talentos, que em sua maioria, ainda não chegaram ao seu melhor jogo. A avaliação é de que a agência livre colocou o Magic como um dos times mais interessantes para a próxima campanha. E eles já mereceram estar mais no play-in do que os esgotados Toronto Raptors e Chicago Bulls. Mas é hora de colocar vitórias e boa montagem de elenco sobre este inegável bom trabalho. E o encaixe, acima de tudo, gera mais dúvidas do que respostas nesse momento.

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Em 2023/24: Time de primeira rodada/play-in

Portland Trail-Blazers (B)

O bom: Reconstrução atrasou, mas chegou 

Portland teimou, e pode se dizer que seguiria teimando tranquilamente em reconstruir se Damian Lillard não pedisse uma troca. Mas a avaliação é que a sorte, definitivamente, esteve em um dos times envolvidos na maior novela da agência livre da NBA. Scoot Henderson sobrando para a franquia, em meio a tanta incompetência nos últimos anos, é quase que poético. Assim como Washington, pode ser feito um longo texto sobre os mil motivos que já deveriam ter feito o Blazers reconstruir, mas eu sei que você provavelmente está de saco cheio deles.

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No entanto, conseguir isso em uma mercado de tão poucas respostas, enquanto a negociação de Lillard segue parada, é brilhante. A equipe já começará a reconstrução com três jogadores de muito potencial no perímetro, incluindo os ótimos Anfernee Simons e Shaedon Sharpe. Nem todos os times tem acesso a isso, antes mesmo de começar a desenvolver os jovens como prioridade. E sabe-se lá o que eles ainda podem ganhar por um dos melhores jogadores da NBA, que ainda vive o auge da carreira, com um Miami Heat, que tende a ficar cada vez mais desesperado, e com vários times querendo o papel de facilitador da troca.

O ruim: Acertar 100% das coisas é impossível

Lillard tem uma parcela aqui, é verdade. Mas a renovação de US$160 milhões por cinco anos, para Jerami Grant, atendendo ao pedido do armador, que apenas um dia depois solicitou uma troca, é para deixar qualquer pessoa de cabelo em pé. Será que, depois de um fim de temporada, playoffs, Draft, agência livre, e todos os rumores incessantes e que chegaram a ser repetitivos, antes mesmo de ele pedir uma troca, não os indicaram nada. Não dá para comprar o discurso de que eles simplesmente fizeram isso com o intuito de mudar a mente do armador ou algo do tipo.

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A franquia anda bem na dela, apesar de a longa lealdade do astro e da boa relação entre os lados, são as falas e o desejo público de Lillard que enrolaram ainda mais um possível acordo. Ninguém quer receber um jogador que poderia ficar insatisfeito em tal destino, mesmo que ele seja Damian Lillard. A sensação de impotência em ter um dos astros da NBA atual, e só conseguir um pacote que não te agrada, deveria de fato irritar, o GM, Joe Cronin. Eu detesto essas longas novelas, mas é justo dizer que o Blazers está, acima de tudo, em seu direito. Eles não estão com pressa e vão exigir um bom retorno até o fim.

Análise final

É impossível fazer uma previsão sobre como será a temporada de Portland nesse momento. Eles só tem 14 jogadores no elenco, a menor marca da NBA. Eles também querem movimentar Jusuf Nurkic, e precisam esperar o retorno ideal, que teima em não aparecer em relação a troca com o Miami Heat. Hora de esperar, e analisar depois por aqui, mas posso te garantir que eles estarão entre os últimos do Oeste, seja qual for o fim da história.

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A avaliação do Blazers é que a agência livre poderia ser ainda melhor se Damian Lillard não tivesse cortado outros times de sua preferência por troca.

Em 2023/24: Reconstrução profunda

Charlotte Hornets (D)

O bom: Apesar de tudo, Brandon Miller será um muito bom jogador

Eu não vou dizer aqui que selecionaria Brandon Miller antes de Scoot Henderson. Inclusive, isto é majoritário para a avaliação baixa em um dos times que, pelo todo, mais me frustraram na agência livre da NBA e em todas as outras frentes. Mas eu preciso te dizer que, apesar de todo falatório e, de fato, o melhor jogador que o armador de Portland parece estar destinado a ser, Miller será um ótimo nome para o Charlotte Hornets.

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Eu sei que a Summer League foi assustadora e que a equipe montada por muitos jovens do grupo principal, como o também calouro Nick Smith Jr, ou outros que já parecem perdidos, como James Bouknight, não foi nada boa. Mas eu diria que, com melhores companhias, os melhores momentos do ala serão constantes na equipe. O time também estendeu com Miles Bridges, por quem tenho claras restrições fora das quadras, mas que pode ser um retorno interessante para um time que até foi organizado nas mãos de Steve Clifford em 2022/23.

O ruim: Mercado fez pouco sentido

Apesar de a posição oficial, eu duvido que a franquia tenha o escolhido por achá-lo melhor que Scoot Henderson. O ponto aqui é que o Hornets escolheu Miller, sobretudo, por não acreditar que existiria coesão o suficiente entre armadores dominantes como LaMelo Ball e o novo prodígio do Portland Trail Blazers. A avaliação é que a agência livre do Hornets foi bem confusa e reforça a visão de encaixe de um dos times que não está na posição de olhar para isso na NBA. PJ Washington e Kelly Oubre Jr seguem no mercado, mesmo após boas temporadas escondidas, em uma das franquias mais sem graça de 2022/23. Mas vai ser isso mesmo então? Eles vão sair de graça ou há algum plano longe dos rumores?

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Pouco antes de uma decisão que poderia alterar drasticamente os rumos da franquia, em uma das classes mais talentosas recentes, Michael Jordan resolveu vender sua parte majoritária da organização. Nada contra isso, afinal o trabalho do maior jogador de todos os tempos, foi péssimo. Mas não precisava ser nesse momento. Os bilionários que se entendam e tudo bem, porém faz zero sentido que essa mudança tenha sido anunciada pouco antes do recrutamento. E ainda menos quando Jordan tomou sua última grande decisão, escolhendo Brandon Miller. Ninguém estará lá para responder, caso tudo voe pelos ares, como a história tem dito sempre sobre o Hornets.

Análise final

Apesar de tudo isso que eu citei aqui, a futurologia sempre pode enganar. O teto de Henderson é maior, mas está longe de ser impossível que Miller seja o melhor jogador disso, e tudo fique bem. O problema é que, mesmo quando o time está em uma posição privilegiada, eles fazem questão de se complicar, de criar mais polêmicas para si, de se pressionar. Não é a toa que Charlotte está entre os times menos bem sucedidos na história da NBA. Eles estão implorando para tudo funcionar dessa vez e, que os críticos, como este que vos fala, sejam silenciados.

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Por enquanto, não deu certo.

Em 2023/24: Reconstrução avançada

Houston Rockets (B)

O bom: Draft perfeito, e contratações mais versáteis do que você pensa

A avaliação é que a maior dualidade entre os times avaliados após a agência livre esfriar, de acordo com os mais diversos especialistas sobre NBA, é o Houston Rockets. Entre as pessoas que falam bem ou mal, este é um mercado que traz uma mudança clara de postura, mesmo que a base jovem ainda não tenha os maiores resultados coletivos aparentes. E quando há tanto dinheiro envolvido, sempre existirão comentários. Mas se existe uma unanimidade sobre o bom trabalho texano, este está no Draft. Amen Thompson formará uma dupla das mais atléticas de toda a NBA, com Jalen Green. O encaixe dos dois é de fato fantástico. E o que dizer de levar Cam Whitmore, que eles até especularam escolher na quarta posição, lá na vigésima pick? Apenas incrível.

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Quando olhamos para a agência livre, é importante, além do valor, observar o formato dos contratos.

Fred VanVleet: US$128.5 milhões por três anos. US$40.8 milhões em 2023/24, opção de equipe em 2025/26
Jock Landale: US$32 milhões por quatro anos. US$8 milhões em 2023/24, apenas o primeiro ano é garantido
Jeff Green: US$16 milhões por dois anos. US$8 milhões em 2023/24, opção de equipe em 2024/25

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VanVleet saiu caro e, muitos dizem que é contraintuitivo que ele ocupe os minutos de Amen Thompson em seus primeiros anos. Acho que as duas temporadas iniciais garantem que o armador possa trabalhar e ser o bom tutor do jovem até que ele esteja pronto para assumir o papel de titular. Enquanto isso, Houston começa a competir sob a tutela de um dos mais completos armadores da NBA. Repare também nos acordos de Jock Landale e Jeff Green, que só são garantidos em seu primeiro ano. Por fim, sair de Stephen Silas para Ime Udoka, é por si só, autoexplicativo.

O ruim: Contrato de Dillon Brooks e o crescimento de Tari Eason pode ser atrapalhado

O insucesso em fechar acordo com Brook Lopez levou Houston a dar uma alta grana para Dillon Brooks. Eu não o citei acima, porque seu contrato é o único que não se aplica na lógica de versatilidade que falamos. São US$86 milhões por quatro anos, totalmente garantidos. Acho que esse é o grande problema do mercado da equipe e o motivo para que eles não sejam um dos times de nota A, nesta avaliação da agência livre da NBA. E não é perseguição com Brooks, diga-se. Ele faz sentido, dentro do contexto simples de que é um All Defense, chegando a 29° eficiência defensiva da temporada 2022/23. Não tem jeito mais fácil de explicar do que esse.

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E por mais que ele tenha sido um “veterano” da casa, no Memphis Grizzlies, os quatro anos ganhando pouco mais de US$22 milhões, saem caros, especialmente olhando a longo prazo. O quanto isso diminuirá os minutos de nomes como Cam Whitmore e um dos meus alas jovens preferidos, Tari Eason, vai determinar o quão o contrato pode ser ruim, nos próximos anos. O limite entre aprendizado e sucessão não parece tão claro neste caso específico, do que em relação a VanVleet e Thompson, por exemplo.

Análise final

As últimas temporadas machucaram o coração do torcedor do Houston Rockets. Desde a saída forçada por James Harden, até o enorme potencial que foi constantemente pouco aproveitado por Stephen Silas em uma reconstrução que foi ótima em pescar talentos. Mas foi péssima em construir uma equipe. Então, é hora de tirar o atraso e a franquia aproveitou muito bem seus mais de US$60 milhões de espaço disponível na agência livre. Além de, também, ter evoluído em outras frentes, que são os grandes destaques. Eles saem do pior treinador para um dos melhores da NBA. E, também, ganha um dos recrutamentos mais talentosos dos últimos anos. O começo de outros tempos.

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Em 2023/24: Reconstrução avançada

San Antonio Spurs (A)

O bom: Com Victor Wembanyama, o Spurs volta a viver depois do ostracismo

Eu sei que, para alguns, o hype sobre Victor Wembanyama, antes mesmo que ele tenha pisado em uma quadra na liga, é enjoativo. Mas isso, por si, só garante uma nota A para o San Antonio Spurs nesta avaliação da agência livre da NBA. Porque esse é o tipo de escolha que faz times renascerem. Desde que Kawhi Leonard saiu, a franquia mais vitoriosa do começo do século estava perdida. A dúvida entre assumir uma reconstrução ou tentar competir, esteve intacta até que Dejounte Murray foi para o Atlanta Hawks.

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Mesmo bem treinado, faltava maior talento para o San Antonio Spurs em 2022/23, apesar de os ótimos Devin Vassell e Keldon Johnson. Eles precisavam de algo que voltasse a balançar a franquia e trouxesse a atenção de volta ao lado mais vitorioso do Texas na NBA. Victor Wembanyama, acima de tudo, garante isso em uma possível receita única de talento geracional e, também, revolucionário. A base jovem promissora, mas pouco atrativa, ganhou o nome que vai os liderar. E quando você olha para agora, estamos falando de todos os nomes citados, ao lado de Jeremy Sochan, Tre Jones e outros. Tudo ficou mais bonito em San Antonio com a chegada do francês. E ainda teremos, pelo menos, mais uns três anos com o histórico Gregg Popovich comandando a equipe.

O ruim: Não gosto da ideia de outro pivô ao lado de Wembanyama

Meu problema está em um forte boato em algumas fontes próximas a franquia. O Spurs está em uma grande dúvida sobre jogar com Zach Collins no quinteto inicial. As variações vão existir naturalmente, o que é positivo, especialmente quando pensamos na adaptação física do francês. Mas é certo que opções para a posição sobram no time e, como vocês sabem, o maior dos xerifes acaba de chegar a cidade.

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Em nome do francês, haverá menos espaço para nomes da posição que agradaram na última temporada, como o atlético, Charles Bassey e Sandro Mamukelashvilli. Ou seja, gosto da ideia de ter uma variação para que ele jogue, às vezes, como um ala-pivô. Mas eu realmente não gosto que essa seja a regra e que Wembanyama seja usado exclusivamente na posição quatro. Não acho que será o caso, por fim, mas fica o adendo.

Análise final

Apesar de a chegada do jogador que promete mudar todo o cenário da NBA em médio a longo prazo, este é um time que ainda precisa trabalhar. Wembanyama e Sochan tem um encaixe empolgante, mas os dois podem acabar se frustrando por não encontrarem o melhor caminho no ataque, à primeira vista. Eles serão atrativos, estarão sobre os holofotes, mas é bom ter paciência. O normal é que eles ainda estejam na parte de baixo da tabela por pelo menos mais um ou dois anos. Mas não importa. A franquia acabou de ganhar um novo vale que garante que se tudo der certo, eles estarão brigando por tudo de novo nos próximos 15 a 20 anos.

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Em 2023/24: Reconstrução profunda

Detroit Pistons (C)

O bom: Mais espaçamento e Monty Williams

Chegamos, enfim, ao último dos times desta primeira parte da análise extensa sobre a agência livre da NBA. Detroit não fez um mercado dos mais inteligentes, mas ainda assim acho que sou mais fã do que deveria das chegadas de Joe Harris e Monte Morris. Você não está ganhando nada de defesa aqui, é verdade. Mas significa que há maior variação ofensiva chegando para ajudar Cade Cunningham. A necessidade de maior espaçamento, que acabou sendo um pouco mais suprida com trocas, era especulada no mercado. Enquanto isso, o time era um dos maiores interessados em Cam Johnson.

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Mas a grande notícia fica a cargo da chegada de Monty Williams. Apesar de empacar quando as coisas deram errado e sofrer as duas derrotas vexatórias que sofreu nos últimos dois anos com o Phoenix Suns, é uma ótima. Vale dizer que são poucos os treinadores que conseguem evoluir um time de maneira tão clara, como Williams conseguiu no começo do trabalho no Arizona. Um jogo moderno, que tira a sensação de estática que os últimos dias do trabalho de Dwane Casey passaram de recado. Esta é uma grande evolução, mas que custou caro: US$72 milhões por seis anos. Com incentivos, pode chegar em US$100 milhões por oito anos.

O ruim: Acúmulo de armadores e ainda a falta de noção sobre o caminho a seguir

Ainda assim, há algumas coisas ainda meio problemáticas, em uma equipe que teima em não sair dos últimos lugares da tabela. Apesar da saída de Cory Joseph, e a dispensa de RJ Hampton, o time segue com opções em demasia no perímetro. Além disso, chegou o calouro Marcus Sasser. Também tem a troca já citada de Monte Morris, e as permanências de outro veterano em Alec Burks, e também do muito criticado, Killian Hayes. A avaliação é que esperava-se muito mais da agência livre de alguns times. Entre eles, o Pistons.

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É muita gente e, isso tendo o futuro da franquia sobre as mãos de Cade Cunningham e Jaden Ivey. Toda reconstrução chega em um ponto de acumular jogadores por posição. Já até falamos sobre isso aqui sobre o Indiana Pacers. Mas quando você sente isso e não está vencendo jogos, pode ser um problema, ou um sinal de que suas escolhas não estão sendo tão bem aproveitadas. É hora de priorizar a construção de elenco ao redor de Cunningham e subir de patamar.

Análise final

Estou muito ansioso em assistir Cade Cunningham, após um ano fora. O ponto é que entre os times que entraram em reconstrução em tempo semelhante, Detroit é que parece menos avançado, enquanto a agência livre da NBA esfria. Isso, certamente, mexe com um jogador que também chegou com muita fama. Mas as lesões do último ano fizeram com que ele fosse meio esquecido pelas pessoas. O armador virá com “sangue nos olhos” e é garantia de entretenimento, ao lado dos talentos Jaden Ivey, Jalen Duren e a boa mescla de veteranos. Mas ainda não parece um time que brigue por alguma coisa relevante, enquanto a construção do núcleo jovem, tem muitas dúvidas a sanar.

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Em 2023/24: Reconstrução avançada

Amanhã, vem a segunda parte.

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