Eu até entendo alguém quando diz odiar panelas. Talvez seja pelo fato de seu time não ser atrativo o suficiente para formar grupos fortes neste momento, mas em algum ponto da história, passou por isso. Eu entendo como competência.
Se você consegue recrutar determinados jogadores para o seu elenco é porque algo ali é interessante.
Até 1987, os Estados Unidos mandavam para as competições times universitários, tamanha era a vantagem do país no basquete. Aí apareceram alguns brasileiros lá e estragaram a festa americana em Indianápolis. O Brasil superou os donos da casa no Pan Americano com David Robinson, Rex Chapman, Pervis Ellison e Willie Anderson. Em 1988, ainda não foi possível alterar o estatuto da FIBA para permitir profissionais, mas em Barcelona, quatro anos depois, o Dream Team estava lá.
Eu pergunto: alguém reclamou de ver um dos melhores times de todos os tempos jogar?
Dennis Rodman deixou o San Antonio Spurs em troca para o Chicago Bulls, fez parte de um time com Michael Jordan e Scottie Pippen, e foi campeão por três anos seguidos. Panela?
Em 1996-97, o Houston Rockets tinha um elenco com Hakeem Olajuwon, Charles Barkley e Clyde Drexler. Este último parou de jogar na temporada seguinte e logo depois, Pippen estava no grupo. Todos eles eram veteranos. Tinham talento, claro, mas estavam em um evidente declínio físico. Isso era panela?
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Perdoe-me, amiguinho. Não era. Aliás, depende do que você pensa sobre panela.
O Los Angeles Lakers já teve diversas uniões no passado, como aquele time que perdeu para o Detroit Pistons em 2003-04. Shaquille O’Neal e Kobe Bryant já estavam lá, mas Gary Payton e Karl Malone fizeram parte do grupo. Enquanto Malone encerrou ali sua brilhante carreira, Payton ainda fez parte de outro grupo, novamente com O’Neal, Dwyane Wade, Antoine Walker, Jason Williams e Alonzo Mourning.
O Boston Celtics com Kevin Garnett, Ray Allen, Rajon Rondo e Paul Pierce e o Brooklyn Nets de Joe Johnson, Brook Lopez, Deron Williams, Garnett e Pierce foram times com uma ou duas chances de título. O Celtics conseguiu, mas depois falhou em todas as outras oportunidades por diversos motivos. O Nets foi uma vergonha e só funcionou quando Lopez se machucou. O time não teve muitas oportunidades depois disso e se desfez.
Qual o problema nisso?
Foram tentativas. Algumas deram certo, outras não.
Já vi muita gente reclamando do Cleveland Cavaliers com LeBron James, Kyrie Irving e Kevin Love. Provavelmente, os mesmos que chiaram quando James foi para o Miami Heat. Quando Shawn Marion assinou no ano passado, o que mais se ouviu foi o que mesmo? Panela. Ora, bolas. Marion pouco jogou e estava em fim de carreira.
O San Antonio Spurs fechou com LaMarcus Aldridge e acreditem: eu li reclamações sobre panela. Um time formado basicamente via escolhas intermediárias do draft, finalmente acerta com um astro e daí já é panela. Sério…
Nos últimos dias, DeAndre Jordan deu um show de bizarrices ao abandonar seu acordo verbal com o Dallas Mavericks para retornar ao Los Angeles Clippers. E quem faz parte desse elenco? Chris Paul, Blake Griffin, Paul Pierce, Lance Stephenson, J.J. Redick e Jamal Crawford. Ah, agora terá Josh Smith.
O mesmo Clippers já passou por algo parecido com o de Jordan antes, quando formava um ótimo grupo, em 2008. Elton Brand era um dos melhores alas-pivôs da época e combinou com Baron Davis para que os dois jogassem juntos na equipe. Enquanto Davis, vindo do Golden State Warriors, aceitou um salário menor, Brand optou por fechar um acordo lucrativo e não por menos intrigante contrato com o Philadelphia 76ers.
Pense no seguinte: você tem um time de futebol favorito, correto? Ninguém perguntou, mas o meu é o Fluminense. Quando o Flu tinha um elenco com Fred, Deco e Conca eu não conseguia esconder minha felicidade. Afinal, aquela base foi campeã duas vezes em três anos. Como reclamar? Da mesma forma, o palmeirense que tinha Rivaldo, Djalminha, Luizão, Muller, Cafu e o mito Galeano, em 1996, achava ruim o time dos 102 gols? Ou que tal o corintiano, campeão mundial em 2000 com Dida, Vampeta, Rincón, Marcelinho, Edílson e Ricardinho? Não sei se tem como chiar.
O paralelo com o futebol serve para entendermos que os dirigentes tentam fazer o melhor para as suas equipes. Podem errar, mas a ideia é sempre fazer o time ser vencedor. E eu entendo os que vão dizer que não tem nada a ver, pois no futebol não existe teto salarial. Só não seja chato, vai. Como disse, é só um paralelo.
Com ou sem panelas, eu quero mesmo é ver times fortes e com capacidade para brigarem pelo título.