Chicago Bulls (50-32)
Playoffs: Terceiro colocado do Leste, eliminado pelo Cleveland Cavaliers em seis jogos na semifinal de conferência.
MVP do time na campanha: Jimmy Butler – 20.0 pontos, 5.8 rebotes, 3.3 assistências e 1.8 roubos de bola.
Pontos positivos
– Mesmo que muito longe do que já foi no passado, Derrick Rose está de volta às quadras com regularidade e isso foi uma ótima notícia. Vê-lo aparentemente saudável é um sinal importante para o presente e futuro da franquia, já que ainda tem mais contrato até 2017. Além disso, uma vez a cada 15 partidas, ele parecia ter uma daquelas atuações estratégicas para lembrarmos o MVP de anos atrás.
– O Bulls é um dos times que seguem atuando a maior parte do tempo com dois jogadores de garrafão em seu quinteto, com pouco espaço para formações mais baixas. E eles fazem valer isso nas áreas pintadas: foi o quinto time com maior taxa de rebotes coletados na temporada passada, pegando 51.3% dos rebotes que aconteceram em seus jogos.
– Jimmy Butler teve o salto de produção que muitos previam e tornou-se uma das referências da equipe. Um dos principais two-way players da liga, o ala-armador assumiu maior papel no ataque (com sensível melhora estabelecendo separação para criar seu arremesso), chegou ao seu primeiro Jogo das Estrelas e ganhou o prêmio de atleta que mais evoluiu na temporada.
– Um de seus problemas cabais em tempos recentes, a produção ofensiva de Chicago subiu bastante na última temporada. A equipe anotou 104.7 pontos a cada cem posses de bola, décima melhor marca da liga. No entanto, você certamente pode creditar isso muito mais à chegada de Pau Gasol e o retorno de Derrick Rose do que a uma mudança tática do técnico Tom Thibodeau.
Pontos negativos
– Pela primeira vez sob o comando de Thibodeau, o Bulls terminou uma temporada sem uma das dez defesas mais eficientes da liga. A equipe sofreu 101.5 pontos a cada cem posses de bola, quase quatro pontos a mais do que na campanha anterior. É um forte sinal de perda de identidade.
– A falta de espaçamento de quadra foi, mais uma vez, um problema para Chicago. Em vários momentos, o time precisou comprometer a defesa para ter mais arremessadores em quadra e fazer o ataque fluir. Os comandados de Thibodeau terminaram apenas como os 15º melhores da temporada passada em bolas convertidas para três pontos, com 7.9 cestas por jogo.
– Pilar defensivo do Bulls nas últimas temporadas, Joakim Noah atravessou a temporada com problemas físicos e nunca chegou perto de ser a força de anos anteriores. Seu estilo vibrante e comunicativo continua, mas a vitalidade e eficiência dentro de quadra estão comprometidas.
– A última temporada de Thibodeau no comando do time seguiu marcada por problemas com a direção da franquia e uma inegável sensação de que sua saída era só questão de tempo. A falta de apoio e diferenças de discursos entre técnico e dirigentes provocou rumores que abalaram o ambiente da organização ao longo da campanha inteira.
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Análise
Dos times de ponta da NBA, é difícil encontrar um que tenha sido mais instável do que o Bulls na última temporada. Sua campanha foi pontuada por altos e baixos, excelentes resultados e grandes apresentações seguidos de atuações decepcionantes, sem vibração. É a equipe que conseguiu a proeza de derrotar o Golden State Warriors em Oakland e, meses depois, quase se enrolou em uma série de playoffs resolvida contra o jovem Milwaukee Bucks. Você nunca sabia ao certo o que eles iam entregar em quadra.
Os melhores momentos da temporada aconteceram quando a equipe de Illinois reencontrou a defesa sufocante e cirúrgica nas rotações, sua identidade sob o comando de Tom Thibodeau. Foi assim que o Bulls ganhou jogos e tornou-se uma força no Leste nos últimos anos, através do esforço e entrega no lado defensivo da quadra. Ao passo que essa intensidade marcando foi virando algo cada vez menos constante, as chances de título de Chicago também caíram progressivamente
Na verdade, em vários momentos, a excelência da defesa do Bulls pareceu um preço ser pago para que a ofensiva pudesse ganhar força. A carência de arremessadores do elenco levou às tentativas de utilizar Nikola Mirotic como ala, por exemplo, o que fez com que a marcação de perímetro “sangrasse”. A chegada de Pau Gasol aumentou o poder de fogo do time, mas ele comprometeu no outro lado da quadra com sua falta de mobilidade e lentidão nas rotações defensivas.
Diante de tantos altos e baixos, nem mesmo Gasol em boa forma e o retorno de Derrick Rose foram capazes de levar o Bulls além das semifinais do Leste. Mais uma vez, LeBron James (agora, de volta ao Cleveland Cavaliers) estava no caminho de Chicago. O resultado não é surpreendente, mas não deixa de ser decepcionante. Para o time de Illinois, o título precisa ser o objetivo e isso não chegou nem perto de acontecer.
Mas, mais do que a eliminação, a derrota soou como aquela prova definitiva de que o “Modelo Thibodeau”, a filosofia de esforço máximo e defesa acima de talento que conduziu a equipe nos últimos quatro anos, está exaurido e não conseguirá ir além do que já foi. A demissão do treinador ao fim da temporada, por mais que seja uma decisão de cunho gerencial, também possui seu fundamento técnico. Era hora de mudar.
Futuro
Tempos incertos começam a se anunciar em Chicago, com as mudanças lideradas pela saída de Thibodeau. A franquia tomou uma decisão necessária com a demissão do técnico para a chegada de um perfil diferente, mais jovem e com mentalidade ofensiva, como o apresentado por Fred Hoiberg. No entanto, será a primeira experiência do ex-atleta no comando de uma comissão técnica na NBA e mudar um estilo de jogo tão impregnado não é algo para ser feito do dia para a noite – especialmente, sem mudanças substanciais no elenco.
A saúde de Derrick Rose e Joakim Noah também são pontos de interrogação fundamentais para o futuro do Bulls. Ambos são titulares importantes e combinam para US$33.5 milhões em salários na próxima temporada difíceis de serem trocados. Os dois precisam estar bem, melhores e mais saudáveis do que na temporada passada, para que Chicago tenha chances realistas de brigar pelo sétimo título de sua história.
O ala-pivô Bobby Portis, selecionado na 22ª posição do último recrutamento, foi uma grande escolha e pode estar pronto para ajudar de imediato. Envolvido na rotação mais congestionada do elenco (Noah, Gasol, Taj Gibson, Mirotic), porém, não deverá ter grandes oportunidades se não acontecer uma troca. A impressão é que, até mesmo quando acerta, a franquia não tem muito a comemorar sem repensar suas bases.
Hoiberg foi trazido, acima de tudo, para dar mais fluidez ao estático ataque de Illinois. Mas, com um elenco muito semelhante ao comandado por Thibodeau no primeiro semestre, precisará ser inventivo e ter sorte com as lesões para fazer as coisas funcionarem. Existem jovens que precisam ser mais aproveitados no elenco, como Doug McDermott e Tony Snell, mas contar com eles para fazerem uma grande mudança é pouco realista. A movimentação de bola tem que ser melhor, mas depende muito de Noah e Rose para acontecer.
A verdade é que projetar o futuro do Bulls é tão incerto e sujeito a instabilidades quanto foi sua atuação na última temporada.
https://www.youtube.com/watch?v=86zuRTYFCaI