Se torcedores do Los Angeles Clippers decidirem se reunir para contar histórias sobre playoffs, falarão muito de Chris Paul. O armador está em destaque na história da franquia. Ele esteve no comando dos dois e únicos títulos de divisão da agremiação, obtidos em 2013 e 2014, e da primeira temporada com pelo menos 50 vitórias, em 2013. Na atual temporada, pode ser a vez dele guiar o time para a primeira final de conferência.
Entretanto, após brilhar na eliminação do atual campeão San Antonio Spurs, registrando médias de 22,7 pontos, 7,9 assistências, 43% de acertos nas bolas de três e 96,6% nos lances lives, o armador sofreu uma lesão na coxa esquerda e não jogou os dois primeiros jogos das semifinais do leste, diante do Houston Rockets. Sua equipe, porém, fez o improvável e se manteve de pé, vencendo uma e perdendo outra nas duas partidas disputadas no Texas.
Os angelinos encontram dificuldades para se adaptar, mas conseguem se sustentar com Blake Griffin mostrando ser um jogador versátil e com uma liderança que ainda não havia mostrado. Além disso, DeAndre Jordan defende como poucos. Por outro lado, não se pode negar os problemas enfrentados sem o armador de 30 anos.
Durante os dois primeiros quartos do primeiro jogo, J.J. Redick, o principal arremessador do Clippers, ficou zerado e arriscou pouco. O time como um todo ainda acertou apenas dois de 15 arremessos do perímetro. A explicação só pode ser uma: Chris Paul é aquele armador que atrai a marcação e tem inteligência para encontrar o companheiro com melhor espaço para o arremesso. Sem o camisa 3, o time estava com dificuldades para reconhecer as jogadas e definir a finalização.
No segundo tempo, a equipe conseguiu se reinventar sem o armador, mas diante de um oponente que estava falhando acima do normal – Rockets terminou com apenas 33% de rendimento no perímetro (melhor arma dos texanos) e 58% nos lances livres. Também é importante ressaltar a função de Blake Griffin como um facilitador, distribuindo 13 assistências (número acima da média de passes distribuídos por Chris Paul), sendo dez delas durante o segundo tempo. O ala-pivô, por incrível que pareça, conseguiu exercer um pouco da função de Paul nesse jogo. Daí, a vitória do Clippers fora de casa por 117 a 101.
No segundo confronto, nesta quarta-feira, não foi diferente o início, com a equipe tendo uma dificuldade grande de criar, arriscando arremessos avulsos em alguns momentos – foram apenas seis acertos em 24 tentativas de três pontos. A melhora do Clippers durante o jogo passou pela presença de Jordan nas duas extremidades, além do incrível aproveitamento ofensivo de Griffin. Jordan se ausentou no início por faltas e as estatísticas mostravam em meados do segundo quarto que sem o pivô o time perdia por 15 pontos e com ele, ganhava por 18.
Mesmo com a vitória por 115 a 109, o Rockets mais uma vez teve dificuldades para se impor contra uma equipe desfalcada de seu principal articulador. O aproveitamento texano do perímetro foi abaixo de 20%. Mas no fim, a dificuldade de armação dos angelinos pesou e ficou claro o quanto a franquia perde recursos com a ausência de Paul, que provavelmente retornará para o próximo jogo, às 23h30 (de Brasília) de sexta-feira.
De uma forma ou de outra, Austin Rivers precisa se acostumar a jogar por muitos minutos. Paul talvez não volte jogando tantos minutos. Com a lesão do titular, Rivers viu seu tempo de quadra dobrar de um dia para o outro, pois na série contra o Spurs teve uma média de 14 minutos, enquanto no primeiro jogo ante o Rockets jogou por 28 minutos. Por enquanto, como titular, chamou a atenção seu bom aproveitamento no perímetro, mas pode amadurecer na criação.
Em 2009, J.J. Redick viveu um momento semelhante ao de Austin Rivers. O ala-armador, reserva do Orlando Magic à época, precisou substituir o titular Courtney Lee durante o último jogo da série diante do Philadelphia 76ers e, em seguida, na final de conferência, contra o Boston Celtics, começou jogando em todos os sete jogos da série vencida por sua equipe. Portanto, tem muito a ensinar ao filho de Doc Rivers.
O elenco do Clippers baseado em Chris Paul, Blake Griffin e na força de DeAndre Jordan promete há um tempo. Não foi longe nos últimos anos e, para muitos, esbarraria nesta temporada na falta de boas peças no banco de reservas, sobrecarregando alguns titulares. Este segue sendo um problema, com Jamal Crawford sendo o nome solitário entre os suplentes – dos 27 pontos dos reservas contra o Rockets na última segunda, 21 foram do camisa 11. Mas, com Chris Paul voltando a pegar fogo, o Clippers pode ter a chance de pisar em terras inéditas para a franquia nos playoffs.