O fator Prince

Ser eliminado pelo San Antonio Spurs não é demérito para ninguém, ainda mais para um time de história relativamente nova na NBA, porém é impossível deixar de constatar algo: o Memphis Grizzlies perdeu o poder de fogo. Não estou falando que isso aconteceu só agora, mas em fevereiro, quando, para acertar seu balanço financeiro, resolveu […]

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Ser eliminado pelo San Antonio Spurs não é demérito para ninguém, ainda mais para um time de história relativamente nova na NBA, porém é impossível deixar de constatar algo: o Memphis Grizzlies perdeu o poder de fogo.

Não estou falando que isso aconteceu só agora, mas em fevereiro, quando, para acertar seu balanço financeiro, resolveu trocar o seu principal cestinha, o ala Rudy Gay por Tayshaun Prince.

Muita gente pode dizer que a chegada de Prince fez com que alguns jogadores assumissem parte do poderio ofensivo de Gay, e que com isso, jogadores como Mike Conley e Marc Gasol tivessem um papel mais importante dentro do time e que com ele, o time recebia um veterano com capacidade para arremessar de longa distância e, o mais importante, já havia sido campeão. OK, até é verdade. Mas vamos aos fatos. Conley subiu de 13.0 pontos antes da parada para o Jogo das Estrelas para 16.7, enquanto o espanhol foi de 13.8 para 14.6.

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Ao trocar Gay, que fez 17.2 pontos nos 42 jogos pela equipe nesta temporada, o Grizzlies acabou forçando exageradamente o seu jogo de garrafão. Zach Randolph e Gasol formam uma das melhores duplas da área pintada na NBA, isso se não for a melhor. Porém, o Grizzlies tornou-se muito previsível.

E o que aconteceu nessa final do Oeste? O Spurs não só varreu o seu oponente, mas também evidenciou esses problemas de Memphis.

Prince, aos 32 anos, mostrou-se incapaz de fazer qualquer coisa para conter isso. Entretanto, quem acreditava nele?

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Esse Prince que disputou a final é muito, mas muito pior do que aquele que encarou o Los Angeles Lakers e foi campeão da NBA. Pode até acertar 40% de seus arremessos de três e defender bem, mas quando enfrentou o Spurs, foi terrível. Fisicamente ele não é mais o mesmo, infelizmente.

Por mais que o competente técnico Lionel Hollins tenha feito esse time chegar em uma final de conferência, acredito eu, não hoje, mas quando a troca foi realizada, que o Grizzlies abdicou do título, algo como o que o Oklahoma City Thunder fez ao negociar James Harden. 

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Não adianta. Se você não possui alternativas não só no elenco, mas no quinteto inicial, seu time fica muito previsível (eu sei, estou repetindo isso só pelo fato de ter ficado duas vezes mais do que o normal). Disco furado, samba de uma nota só, como queira. 

A troca foi um absurdo. Foi aquela do cobertor curto, mas sem razão alguma para tal. Você já tem uma defesa fantástica e o que faz? Negocia o seu melhor cestinha por um jogador decadente. Melhorou um lado que já era ótimo e deixou o outro sem força ofensiva. Não entendo isso.

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Quando se viu apertado, e sem alternativas, Hollins depositou suas esperanças em Jerryd Bayless e em Quincy Pondexter nos arremessos de longa distância. Mas cá entre nós, os dois vieram do banco com o sinal verde de Hollins para que pudessem arremessar tudo, e quase deu certo em algumas ocasiões.

Se foi apenas para equilibrar as contas, até tem crédito por ter chegado nessa fase sem um cestinha. Mas se era para trocar, que buscasse algo melhor que Prince. O mercado é gigante. Existem outros 29 times na NBA. É improvável que essa fosse a única opção.

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Não, não estou jogando pedra em Prince, que já foi um excelente defensor e sempre útil no Pistons. Estou dizendo que o Grizzlies poderia receber um outro cestinha, pelo menos alguém com capacidade de arremessar de três e ser efetivo. Prince até tem alguns requisitos, mas é pouco. Muito pouco.

Alguém pode dizer que o Grizzlies não chegaria até a final com Gay, como acontecera em um passado recente, o que eu concordo plenamente. Poderia não chegar, mas quando vimos em alguns momentos dessa série em que o time precisou de alguém para pontuar constantemente, acabou ficando perdido.

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E não vamos tapar o sol com a peneira. O Grizzlies passou pelo Clippers com Blake Griffin machucado e depois pelo Thunder sem Russell Westbrook. Desde quando Westbrook machuca? Isso é sorte, meu amigo. Mas só se aproveitou dessa sorte porque foi competente para chegar até onde chegou. O problema é que esbarrou no Spurs e viu-se sem condições de igualar seu melhor jogo.

O que foi Randolph nessa série? O sujeito converteu 30.1% de seus arremessos contra o Spurs. Mas Gasol não foi tão diferente assim. O melhor defensor da temporada acertou 39.6% de suas tentativas. Estamos falando (outra vez) de uma das melhores duplas de garrafão da liga. 

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Mas por que isso aconteceu?

Simples. Ficou focado em jogar dentro do garrafão, até porque não tinha tantas alternativas assim. Conley, que está se mostrando a cada dia um armador de status maior do que deveria, teve aproveitamento de 38.3%. 

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Recapitulando: o ataque de Memphis simplesmente não aconteceu. Seus três principais jogadores chutaram abaixo de 40% e não teve um cestinha para ajudar Conley nessa briga de fora do garrafão. 

Muito mais méritos do Spurs, claro, que soube neutralizar a área pintada em todos os momentos em que Gasol ou Randolph receberam a bola. Sempre havia ajuda de Kawhi Leonard ou Danny Green. O garrafão ficou trancado, e aí sim, algumas bolas sobraram para que os jogadores de perímetro tentassem alguma coisa.

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Mas o futuro indica boas coisas para o Grizzlies. Apenas Tony Allen não tem contrato com a equipe para a próxima temporada. Vejo esse time brigando novamente pelo título nos próximos anos, especialmente se a importância de Pondexter aumentar e ele virar o principal reserva. Esse aí já mostrou que pode ser muito útil ao time nos próximos anos.

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