Mikal Bridges no New York Knicks. Vai dar certo?

A troca que levou Mikal Bridges ao New York Knicks foi uma das mais interessantes da offseason da NBA. O ala, que é amigo de vários dos principais jogadores da franquia, reforça um dos grandes candidatos a título da Conferência Leste na próxima campanha. Mas como isso vai funcionar na quadra?

Então, vamos analisar algumas coisas. Desde a troca, até o impacto de Bridges no Knicks para a temporada 2024/25. Afinal, a grande aposta do Knicks para a temporada dará certo?

Detalhes da troca

Knicks recebeu: Mikal Bridges, Keita Bates-Diop e escolha de segunda rodada do Draft em 2026 (a pior entre Bucks, Magic e Pistons)

Nets recebeu: Bojan Bogdanovic, Shake Milton, Mamadi Diakite, cinco escolhas de primeira rodada do Draft, pick-swap de primeira rodada do Draft em 2028 e escolha de segunda rodada de 2025.

A quantidade de ativos que o New York Knicks enviou por Mikal Bridges foi criticada por muitos. Isso porque ele não se comprovou como uma primeira opção de uma equipe competitiva no Brooklyn Nets e não vivia seu melhor momento.

Entretanto, um ponto interessante a se pensar, analisando a situação com mais calma, é que o Knicks não gastou escolhas de primeira rodada em movimentos recentes. OG Anunoby, Bojan Bogdanovic, Alec Burks e Precious Achiuwa não custaram picks à franquia. É verdade que RJ Barrett, Immanuel Quickley e Quentin Grimes foram cedidos no processo.

Ainda assim, é difícil não enxergar a melhora do elenco com os movimentos recentes. Até a troca por Anunoby, em dezembro do ano passado, a equipe tinha 17 vitórias e 15 derrotas. Depois disso, encaixou uma sequência de 15 vitórias em 17 jogos, que só não foi ainda maior por conta das muitas lesões. Assim, o time de Nova York era o que estava mais perto de dar algum trabalho para o Boston Celtics no Leste.

Então, a chegada de Bridges reforçou ainda mais a noção de que a equipe se tornou um candidato ao título em 2024/25. Vale lembrar que o Knicks teve duas escolhas no top-35 do Draft desse ano e tem uma ótima profundidade.

Um sucesso para o Nets

Não que esse seja o foco do texto, mas o Nets ganhou muito com a saída de seu principal jogador no último ano e meio. A equipe foi criticada, e com razão. Com os investimentos sem sucesso em Kevin Durant, Kyrie Irving e James Harden, Brooklyn ficou em uma posição difícil para reconstruir. Mesmo que colocando os ativos que vieram em troca dos astros em suas saídas.

Além de cinco escolhas de primeira rodada garantidas, o time também trocou na mesma noite por suas escolhas originais que estavam em posse do Houston Rockets. A franquia texana preferiu apostar de forma questionável no fracasso hipotético do Phoenix Suns, que tinha enviado suas escolhas ao Nets por Durant, ao invés das certas campanhas ruins do Brooklyn.

O movimento, aliás, deve colocar o Knicks na briga por Cooper Flagg (projetado como primeira escolha), e tirar Houston da disputa. Por fim, o mais importante é que a franquia que não tinha um time bom para brigar por playoffs. Da mesma forma, não tinha suas próprias escolhas para uma reconstrução. Então, virou um dos times com mais ativos de Draft nos próximos anos.

Abrindo mão do orgulho, negociando com um rival com quem não fazia negócio desde 1983. E ainda conseguindo um retorno que poucos imaginavam ser possível por Bridges naquela ocasião. Brilhante.

Na rotação

Bridges deve entrar no time titular na vaga de Donte DiVincenzo na próxima campanha. O Knicks deve ter o ala-armador ao lado de Josh Hart, Miles McBride e Precious Achiuwa como principais reservas. Além disso, o calouro Tyler Kolek, o veterano Cameron Payne, Jericho Sims e Keita Bates-Diop ainda estão no elenco.

Com isso, New York aposta em Bridges ao lado de Jalen Brunson, OG Anunoby, Julius Randle e Mitchell Robinson.

Na defesa

É incrível pensar em como essa defesa será forte em 2024/25. Entenda: o time já era ótimo nesse sentido. Além de ganhar um cara que foi o melhor defensor de um time que foi às finais da NBA há pouco tempo, o Knicks já tem um dos melhores defensores de perímetro na liga com Anunoby e Robinson que foi excelente enquanto esteve saudável em 2023/24.

Bridges deve ser o responsável por defender o melhor armador adversário. O ponto de ataque, que já era muito forte com DiVincenzo, Hart e McBride, ganha mais uma peça muito efetiva.

Inclusive, é difícil encontrar um time na NBA que tenha tantas opções e variações para a função como o New York Knicks com a chegada de Mikal Bridges.

Lembre-se, Tom Thibodeau é um dos melhores técnicos defensivos há anos na liga. Bridges é o tipo de cara que casa com sua filosofia.

E se o treinador gosta de jogar com seus melhores jogadores por muitos minutos, o ala ex-Nets é o jogador com melhor durabilidade da NBA. Parece mentira, mas não é. Desde que entrou na liga, o jogador não perdeu um único jogo na carreira. Poucos atletas são imunes às lesões como ele. Um casamento perfeito com as ideias do treinador.

Um ponto a se destacar, no entanto, é que o nível de defesa apresentado nos melhores dias em Phoenix não foi uma realidade no Nets.

Seu volume ofensivo, muito mais alto na franquia rival, o tirou da defesa e do maior esforço no quesito em vários momentos. Isso não deve ser uma realidade em no time de Nova York.

No ataque

Bridges não foi tão mal no quesito quanto se consta no Nets. Mas, após os 27 jogos mágicos em 2022/23, onde teve médias de mais de 26 pontos por partida, ficou muito claro que ele não é o tipo de jogador para ser a principal opção ofensiva de um time. A equipe sempre funcionou melhor no ataque quando Cam Thomas estava fazendo cestas e jogos de 30 pontos.

Por outro lado, como terceira opção ofensiva, e às vezes até a quarta, Bridges deve garantir ainda mais variedade ofensiva para o Knicks. Ele tem 37,5% de média na carreira do perímetro. Nos playoffs pelo Nets, o número sobe para 40%.

Além de jogo sem bola e movimentação, o que ele pode fazer com bastante tranquilidade, também é um atleta que consegue criar seu próprio arremesso. Isso é muito subestimado e importante. É o terceiro jogador com essa característica no time titular.

Então, os pontos de Bridges devem ser menos exigidos e sair com mais eficiência. Ele pode assumir o controle do ataque em momentos específicos e ser uma opção em múltiplas formas. Além disso, o camisa 1 também é um facilitador subestimado.

Acho que a campanha abaixo, especialmente na segunda metade de 2024/25, tem muito mais a ver com problemas coletivos do Brooklyn, que ajudaram a colocá-lo em má fase.

Conclusão

O New York Knicks, com a troca de Mikal Bridges, pode ser considerado o segundo melhor time do Leste. O Philadelphia 76ers também é um candidato a essa vaga e o Milwaukee Bucks não pode ser desprezado. Mas ninguém na conferência parece tão preparado para duelar com o Celtics como o Knicks.

Acúmulo de de bons jogadores e variação de tamanhos na defesa com muitos alas competentes no quesito. Poucos times tem oito jogadores tão bons na rotação quanto o time comandado por Thibodeau. Bridges é mais uma opção ofensiva que pode entregar de 15 a 20 pontos por partida. Então, é difícil não acreditar que isso dará certo.

O ala tem, acima de tudo, todos os predicados que levaram o Knicks a uma melhora geral nos últimos anos, após os terríveis anos 2010. Ele se encaixa não só em quadra, como no vestiário, repleto de amigos da faculdade, e também na cultura que a franquia construiu desde que Thibodeau é o técnico.

Foi caro, mas pouca gente tinha tantos ativos para gastar como New York. Você pode pensar até que o Knicks se preparou para um negócio maior, visando um astro mais expressivo. Mas a janela de oportunidade está aí, o time ainda tem escolhas de Draft nos próximos anos. Do mesmo modo, tem Julius Randle como uma peça que pode ser negociada se a atual base não for suficiente.

O principal objetivo era se aproximar ainda mais dos maiores candidatos. E isso aconteceu. Com a versatilidade que ainda existe nos ativos, é difícil pensar que vai dar errado.

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