Em rara entrevista, pivô abre o jogo e fala de sua carreira na NBA
O pivô Greg Oden, primeira escolha do draft de 2007 e que tem uma carreira marcada por várias lesões, concedeu uma rara e bombástica entrevista. Ele decidiu abrir o jogo com o blogueiro Mark Titus, do site Grantland, que foi seu companheiro na Universidade de Ohio State.
Dispensado pelo Portland Trail Blazers, no dia 16 de março, após ter disputado apenas 82 jogos em cinco anos de NBA, Oden falou sobre os rumos de sua carreira e fez algumas revelações surpreendentes.
Ele disse que pretende ficar de fora da próxima temporada para se reabilitar totalmente e fortalecer os problemáticos joelhos (lembre-se que o pivô já se submeteu a cinco cirurgias nos dois joelhos).
Oden, de 24 anos, também confidenciou que se tornou alcoólatra no segundo ano em Portland, mas que já não tem mais o vício, e que dói ver o sucesso de Kevin Durant na Liga.
Confira o que Oden disse de mais importante durante a entrevista, que virou o principal assunto do dia nos Estados Unidos, entre aqueles que acompanham a NBA.
– Jeito introspectivo; aversão às entrevistas
“Eu sou assim desde sempre. Eu me abro apenas com minha família e amigos porque confio neles. Ninguém mais precisa saber nada sobre mim. É por isso que eu não gosto quando as pessoas vêm falar comigo na rua, e é por isso que eu não gosto de dar entrevistas. Não entendo por que as pessoas ficam tão animadas para me encontrar. Eu sou apenas uma pessoa normal”.
– O início da carreira em Portland
“Portland não é uma grande cidade para se viver se você é um jovem, do sexo masculino, afro-americano, com um monte de dinheiro. E isso é especialmente verdadeiro se você não tem ninguém para orientá-lo. Desde que me machuquei naquela temporada, eu fiquei sobrando. Os meus companheiros veteranos não estavam ao redor para me ajudar a adaptar ao estilo de vida da NBA”.
– A segunda temporada no Blazers; alcoolismo
“Naquela época, um primo meu, que era veterano da Força Aérea se mudou para minha casa, em Portland. E esses caras da Força Aérea bebem demais. Meu primo se deixou levar pelo estilo de vida da NBA e fez várias festas na minha casa. Então, eu também me deixei levar pela situação. Quando eu jogava bem, eu bebia para comemorar. E quando eu jogava mal, eu bebia para esquecer. No meu segundo ano, em Portland, eu praticamente me tornei um alcoólatra. Mas durante a offseason de 2010, parei de beber, contratei um chef para cozinhar refeições saudáveis e trabalhei para melhorar meu estilo de vida”.
– O escândalo das fotos (em janeiro de 2010, foram divulgadas na internet algumas fotos de Oden nu, em frente a um espelho)
“Eu gostaria que aquilo não tivesse acontecido. Mas eu não vou pedir desculpas por aquilo. Afinal, eu sou humano e existem coisas piores que um cara de 21 anos poderia fazer. Eu só fui pego com as mulheres se jogando em mim. Quando uma garota me envia 100 fotos, eu tenho que enviar alguma coisa de volta, de vez em quando. Eu não sou um imbecil”.
* Após o escândalo das fotos, Oden ficou três dias seguidos sem sair de casa. No quarto dia de reclusão, um funcionário do Blazers bateu em sua porta para praticamente arrastá-lo para continuar a reabilitação de mais uma cirurgia no joelho”.
– O sucesso de Kevin Durant, segunda escolha do draft de 2007
“Eu estaria mentindo se eu dissesse que não dói ver Durant indo tão bem. Apenas porque cada vez que ele teve um bom jogo nos primeiros anos, eu sabia que ia escutar um monte de bobagem dos meus haters. Mas isso não significa que eu não gosto dele como pessoa ou algo parecido. Ele é um cara bom e um dos três melhores jogadores da liga agora. A única razão que dói vê-lo jogar é porque eu sei que, se eu tivesse a chance de mostrar o meu potencial, eu poderia estar fazendo parte de times All-Star, como Horford e ele fazem. Isso é a pior parte de todas as lesões e as críticas. Seria uma coisa se eu tivesse ficado saudável nesses cinco anos e tivesse sido um fiasco em quadra. Mas eu não posso provar o que posso fazer porque eu não consigo permanecer saudável”.
– E se você não puder voltar a jogar basquete?
“Eu não me importo sobre o que todas essas lesões significam para qualquer legado que eu pudesse ter. Eu só quero jogar basquete. Eu poderia ter assinado com uma equipe após ter sido dispensado pelo Blazers e apenas ficar sentado no banco e colecionar contracheques. Mas esse não é meu estilo. Isso realmente parece muito antiético. Além disso, não me importo com dinheiro. Eu tenho dinheiro suficiente. Tudo que eu quero é ficar 100% saudável e voltar a jogar basquete. Estou em paz com tudo e quero mais do que qualquer coisa poder jogar novamente. Mas se eu não puder atuar, eu ainda vou ter uma vida decente. Eu vou fazer o possível para voltar às quadras, mas se não der certo, eu vou encontrar outra coisa para fazer e ter uma vida normal”.