O Toronto Raptors tem oscilado bastante neste início de temporada, mas um jogador vem chamando a atenção: Scottie Barnes. O jovem ala é o destaque da equipe canadense e, aos 22 anos, dá sinais de maturidade. Além disso, ele evoluiu em alguns aspectos do jogo. Desse modo, está se tornando um jogador completo.
Barnes chegou à NBA com pontos fortes e fracos bem definidos. A versatilidade do atleta saltava aos olhos. Capaz de atuar em várias posições e dotado de atributos físico-atléticos de elite, ele era um dos prospectos mais intrigantes do Draft de 2021. Dono de um elevado QI de basquete nos dois lados da quadra, Barnes mostrava entendimento avançado do jogo, mesmo com a pouca idade. Além disso, tinha uma visão de quadra acima da média para um jogador do seu tamanho (2,06m).
Por outro lado, o arremesso de Barnes deixava a desejar. Aliás, ele mostrava dificuldade em criar o próprio arremesso. Ou seja, não era uma ameaça após o drible. Péssimo na média e longa distância, o ala sabia que o arremesso era o aspecto que ele mais precisava trabalhar quando chegasse à NBA.
Com todos esses prós e contras, Scottie Barnes foi a aposta do Toronto Raptors no recrutamento de dois anos atrás. Assim, ele foi a quarta escolha geral. Barnes tinha o biotipo que o presidente da franquia, Masai Ujiri, adora: braços longos (envergadura de 2,21m) e atleticismo invejável. É só observarmos as opções por Bruno Caboclo (2014), Delon Wright (2015), Pascal Siakam (2016), OG Anunoby (2017) e Christian Koloko (2022), por exemplo.
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Em sua temporada de estreia na NBA, Barnes deixou uma ótima impressão. Ele logo assumiu a condição de titular para não sair mais do time. Aliás, se tornou uma peça fundamental, com médias de 15,3 pontos, 7,5 rebotes e 3,5 assistências. Como resultado foi eleito novato do ano.
Já em 2022/23, Barnes fez números parecidos ao de sua temporada de calouro. Ou seja, não evoluiu da forma que a franquia esperava. Mas, a falta de qualidade do elenco prejudicou o jovem. O Raptors passava por problemas. A sintonia entre jogadores e o técnico Nick Nurse não era mais a mesma. Desse modo, a saída do treinador foi natural.
A equipe canadense ainda se encontra no limbo. Ou seja, não é ruim o suficiente para ficar com uma escolha alta no Draft. E não consegue ser competitiva para brigar no topo. Mas, agora, a franquia parece estar no caminho certo.
Mudanças
Para esta temporada, o Raptors trouxe um estreante para comandar o time. Darko Rajakovic, assistente de Taylor Jenkins no Memphis Grizzlies. A mudança na comissão técnica afetou Barnes. De forma positiva.
Com Nurse, a bola ficava mais tempo nas mãos de Fred VanVleet e Pascal Siakam. O armador deixou a equipe para assinar com o Houston Rockets. Para o lugar dele veio Dennis Schroder. O alemão, por sua vez, não demanda tanto a bola. Com isso, Barnes tem mais liberdade de criar. Para si e para os companheiros.
Já Siakam não tem mais tanta influência ofensiva. Aliás, o ala-pivô está no último ano de contrato. Assim, há dúvidas se ele faz parte dos planos da franquia a médio e longo prazo. Por isso, uma negociação na trade deadline (fevereiro de 2024) parece cada vez mais provável.
Rajakovic, então, deu “as chaves” da equipe para Scottie. “Sou abençoado por ter um jogador como ele. Scottie é tão talentoso que a equipe pode ser construída em torno dele. E faremos isso. Então, realmente esperamos que ele tenha uma temporada de destaque”, disse o treinador.
Assim, Barnes faz de tudo em quadra. Marca as cinco posições, inicia ações ofensivas, cria para os companheiros, mata bola do perímetro. Enfim, um jogador especial e que parece pronto para ser o líder que o Raptors precisa.
Auge da forma
Além disso, Barnes está em sua melhor forma. Física e mental. O jogador, inclusive, revelou que está pronto para ser protagonista. E é isso que estamos vendo na prática.
“Sinto-me muito bem fisicamente. Estou mais forte, mas, ao mesmo tempo, mais ágil em minha movimentação. O meu drible está melhor agora. Acho que o meu condicionamento, além disso, nunca esteve melhor. Eu posso assumir um papel novo e maior na franquia, pois é uma questão mental. Estou mais musculoso e saudável, mas nada é mais crucial do que a cabeça”.
Em sete partidas, Barnes mostrou nível All-Star, com médias de 22,6 pontos, 9,9 rebotes, 5,9 assistências e 2,1 tocos. Lidera a equipe em pontos, rebotes e tocos. É o segundo em assistências e roubos de bola. Ou seja, tornou-se o franchise player do Raptors.
Além disso, está acertando 42,1% das bolas de três. São 2,3 cestas em 5,4 tentativas. Uma evolução e tanto para um jogador que arremessava pouco mais de duas bolas do perímetro, com um aproveitamento em torno de 30%.
Vale destacar ainda o impacto da personalidade de Scottie Barnes no Toronto Raptors. Ex-assistente da equipe e atual técnico do Milwaukee Bucks, Adrian Griffin, falou do jovem astro. Além da qualidade, o atleta tem carisma e espírito competitivo de sobra.
“Scottie possui uma personalidade única, em síntese. É um garoto que chega ao ginásio abraçando todos porque tem muito carinho pelos companheiros de time. Tem aquele caráter especial que aproxima pessoas e estimula laços. Ele está de ótimo humor sempre, empolgado em jogar e, por fim, seu espírito competitivo revelou-se realmente especial”.
Respeito dos adversários
Neste início de temporada, Scottie Barnes vem carregando o Toronto Raptors. A confiança do jovem está nas alturas. Assim, ele foi protagonista em vitórias marcantes. Como por exemplo no atropelo sobre o Bucks (130 a 111), na última semana. Em apenas 28 minutos, fez 21 pontos, 12 rebotes, cinco assistências e quatro bolas de três.
A grande atuação de Barnes rendeu elogios dos adversários. Para o astro Damian Lillard, o ala será um problema para muitos times na NBA.
“Scottie tem um potencial absurdo, acima de tudo. Possui a estatura e versatilidade de um ala, mas conduz a bola como um armador. Ele defende e pega rebotes, além disso. É o pacote completo, para resumir. E, se converter esses arremessos de três pontos que fez hoje, os adversários simplesmente não têm muitas alternativas. O seu arremesso ainda pode melhorar, é claro, mas isso será só mais uma arma em seu jogo. Afinal, ele desequilibra jogos nos dois lados da quadra. Quando você possui um talento desse nível, é preciso valorizar. Contanto que siga evoluindo, Scottie vai ser um problema para muita gente nesta liga. Enfim, ele vai dar trabalho”.
Já Griffin, que conhece Barnes muito bem, afirmou o que ex-pupilo não tem pontos fracos. Além disso, o técnico do Bucks reconheceu que Scottie está ficando imparável em quadra.
“Scottie é um atleta que não possui pontos fracos. Ele simplesmente pode fazer de tudo dentro de quadra. E ainda está melhorando o arremesso. Então, ele é um cara bem difícil de ser marcado. Afinal, quantos jogadores nesta liga podem iniciar o ataque e tornar-se um mismatch no poste baixo? Está ficando impossível ‘parar’ tudo em seu jogo”.
Futuro
Caso mantenha o alto nível de atuações, Barnes será All-Star pela primeira vez na carreira em 2024. Além disso, passa a ser um nome forte para o prêmio de jogador que mais evoluiu (MIP). Quanto ao Raptors ainda restam dúvidas se o elenco será capaz de alcançar a pós-temporada. A situação de Siakam, aliás, precisa de uma resolução em breve.
Até agora, o presidente da franquia se nega a fazer uma grande reformulação. Mas, está cada vez mais claro que o Raptors precisa construir um elenco ao redor de Scottie Barnes. O jovem astro, portanto, pode liderar o time em uma nova corrida pelo título da NBA.
Schroder se encaixou bem no time. Suas características de jogo complementam Barnes. Juntos, são os cestinhas e principais criadores da equipe.
Defensivamente, o Raptors está bem. Tem a quinta melhor eficiência defensiva da liga. Em contrapartida, está deixando a desejar no ataque (quarto pior da NBA nesse quesito). O novato Gradey Dick, um dos melhores arremessadores da classe deste ano, ainda está tímido em quadra. Além dele, o Raptors precisa de outros jogadores para pontuar.
Na próxima temporada, Barnes vai para o último ano de seu contrato de calouro. Vai receber US$10,1 milhões em salários. Uma pechincha perto do que ele entrega em quadra.
Mas, na offseason do ano que vem, o jogador estará elegível a uma lucrativa extensão de contrato. Ou seja, pelo valor máximo. Enfim, Masai Ujiri não tem tempo a perder. Em alguns meses, Scottie Barnes se tornará o jogador mais bem pago da história do Toronto Raptors. Ele é o presente e o futuro da franquia canadense.
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