Basquete da NBA nunca mais foi o mesmo após o Dream Team

Os melhores jogadores da NBA não são mais os americanos

Dream Team basquete NBA Fonte: Neil Leifer / AFP

Há quase 32 anos, dez jogadores da NBA foram anunciados para fazerem parte do melhor time de basquete de todos os tempos: o Dream Team. A seleção dos EUA vinha de duas derrotas terríveis e não conseguia mais atuar apenas com atletas universitários. Então, em 1989, após longos debates, a liga conseguiu a liberação da FIBA para disputar seus torneios.

Mas até 1991, ninguém mais falou sobre o assunto. A equipe que disputou a Copa do Mundo de Basquete de 1990, por exemplo, ficou com a medalha de bronze, ainda com jogadores mais jovens. Apesar de quatro deles terem feito parte de, pelo menos um All-Star Game da NBA (Alonzo Mourning, Kenny Anderson, Chris Gatling e Christian Laettner), o time não tinha forças para superar os europeus.

Então, no dia 21 de setembro de 1991, veio o anúncio do Dream Team, com dez astros do basquete da NBA. Em rede nacional, o lendário narrador Marv Albert divulgou os nomes.

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Michael Jordan e Scottie Pippen (Chicago Bulls), John Stockton e Karl Malone (Utah Jazz), Chris Mullin (Golden State Warriors), Magic Johnson (Los Angeles Lakers), Pat Ewing (New York Knicks), David Robinson (San Antonio Spurs), Larry Bird (Boston Celtics) e Charles Barkley (então, jogador do Philadelphia 76ers). Ainda restavam duas vagas, mas o comitê levaria mais alguns meses para definir.

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Inicialmente, Jordan e Bird não queriam fazer parte da seleção. Enquanto o primeiro já tinha uma medalha de ouro (1984), o jogador do Celtics acreditava que o time era mais importante para os mais jovens. Além disso, ele vinha de contusões nas costas e estava atuando no sacrifício. No entanto, eles aceitaram.

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Magic Johnson, por exemplo, convenceu Bird a jogar e chegou a condicionar sua participação ao ala do Celtics. Jordan, por outro lado, teria deixado claro que a última vaga para um jogador da NBA não poderia ser dada a Isiah Thomas, seu rival na liga.

Sem a certeza de quem seria o 11° jogador, o comitê resolveu esperar o fim da temporada 1991/92 para finalizar a lista.

Últimas vagas

Com Isiah Thomas fora do páreo, Dominique Wilkins (Atlanta Hawks) e Clyde Drexler (Portland Trail Blazers) eram os principais nomes na disputa. Mas Drexler terminou aquela campanha com o vice (perdeu na final para o Bulls de Jordan e Pippen) e acabou ficando com o último posto para atletas da liga.

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Em contrapartida, havia uma dúvida sobre quem seria o jogador universitário. Enquanto Shaquille O’Neal tinha o físico e números impactantes por LSU (24.1 pontos, 14.0 rebotes e 5.2 tocos), Christian Laettner era três anos mais velho e acabara de ser bicampeão por Duke de forma consecutiva. E Laettner estava no elenco da Copa do Mundo de 1990, então a experiência “falou mais alto” naquele momento.

Beatles e campanha avassaladora

Então, em julho de 1992, a seleção dos EUA chegou para a disputa das Olimpíadas. Mas a presença de jogadores como Bird, Magic e Jordan fez com que o número de seguranças triplicasse em relação ao esquema original. Milhares de pessoas ficavam todos os dias em frente ao hotel do time. Tudo por uma foto ou um autógrafo.

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O marketing deu o primeiro sinal positivo para David Stern, então comissário da NBA. O mundo reconhecia e aclamava seus jogadores. Agora, era aguardar por uma campanha impecável.

Os amistosos feitos nos EUA deram a ideia de que a equipe seria imparável. Mas faltava provar, em solo espanhol, que aquele era o time dos sonhos.

Enquanto Bird seguia com dores, o técnico Chuck Daly tentava amenizar a situação. Daly tinha Chris Mullin para ser o seu reserva, mas acabou ficando em quadra por mais tempo.

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Quando começaram os jogos, a pergunta não era quem iria vencer, mas por quanto os americanos ganhariam.

No primeiro jogo, uma vitória por 116 a 48 diante da Angola. Depois, a seleção passou pela Croácia (103 a 70), Alemanha (111 a 68), Brasil (127 a 83) e Espanha (122 a 81). Então, nas quartas, o time dos EUA superou Porto Rico (115 a 77) e nas semifinais, a Lituânia (127 a 76). Na decisão, o Dream Team encarou a Croácia mais uma vez e nova vitória (117 a 85).

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Pronto, Stern tinha o produto que o mundo queria em suas mãos.

Cópias do Dream Team

Na Copa do Mundo de 1994, mesclando jovens como Shaquille O’Neal, Alonzo Mourning e Larry Johnson com os experientes Joe Dumars e Dominique Wilkins, a seleção dos EUA atropelou todos os adversários. Como resultado, Shaq foi o MVP do torneio. Aquele time ganhou o nome de Dream Team II.

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Então, nas Olimpíadas de Atlanta-96, veio o Dream Team III, com cinco remanescentes de Barcelona (Stockton, Malone, Robinson, Pippen e Barkley), além de Penny Hardaway, Grant Hill, Hakeem Olajuwon e Shaq. De novo, não houve a menor chance para os oponentes e nova campanha incrível.

Queda de sinal

Em 1998, a NBA não enviou nenhum jogador para a Copa do Mundo de Basquete. A liga estava iniciando o seu primeiro locaute (greve de jogadores contra os donos das equipes) e, então, apenas universitários voltaram a participar. Assim, o resultado não foi o que se esperava e o time ficou com o terceiro lugar.

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Então, em 2000, nas Olimpíadas da Austrália, já sem greve, o time dos EUA venceu os oito jogos, foi campeão, mas sem o mesmo brilho. Na semifinal, por exemplo, a seleção dos EUA bateu a Lituânia por 85 a 83. E naquele elenco, estavam Gary Payton, Vince Carter, Kevin Garnett, Jason Kidd e Alonzo Mourning.

O nome Dream Team parou de ser usado ali.

Nos Mundiais de 2002 e 2006 e nas Olimpíadas de 2004, novos vexames. Primeiro, na Copa do Mundo de 2002, a seleção jogava o torneio em casa e não passou de um modesto sexto lugar. Ainda eram jogadores da NBA, mas não exatamente os melhores. Depois, em 2004, na Grécia, um preocupante terceiro lugar, mesmo com Allen Iverson, Tim Duncan, LeBron James, Carmelo Anthony e Dwyane Wade.

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Por fim, em 2006, na Copa do Mundo do Japão, o elenco contava com James, Anthony, Wade, além de Chris Paul.

O Denver Nuggets enfrentou o Cleveland Cavaliers logo após o torneio e um torcedor gritou: “LeBron, Melo, deixe eu ver suas medalhas de bronze”. O sujeito ficou famoso na época, deu entrevistas e uma nova frase marcou o episódio: “Nós temos os melhores jogadores do mundo, então por que eles não representam o país nos campeonatos? Pelo bronze, que levem os universitários”.

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A recuperação

Olimpíadas de 2008, na China. Wade, Paul, Anthony e James estavam de volta, mas com um reforço de peso: Kobe Bryant. Na primeira fase, um verdadeiro passeio dos americanos, com vitórias por quase 30 pontos de média. Depois, nas quatras, outra pancada: 116 a 85 contra a Austrália. A seleção encarava a Argentina nas semifinais, campeã das Olimpíadas de 2006. Mas não teve conversa: 101 a 81. Por fim, na decisão, outra vitória (mesmo que por uma diferença menor), por 118 a 107 contra a Espanha.

A equipe ganhou o nome de Redeem Team (Time da Redenção). Tem um documentário muito bom na Netflix.

Em 2010 e 2014 (Copa do Mundo), 2012, 2016 e 2021 (Olimpíadas), a seleção dos EUA venceu, mas no Mundial de 2019, a situação foi um pouco diferente. Com muitas dispensas, a equipe não rendeu e ficou apenas com a sétima posição.

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NBA não faz mais times de basquete como o Dream Team

Embora a seleção dos EUA esteja (quase) sempre entre as favoritas para Copa do Mundo de Basquete ou Olimpíadas, os frequentes pedidos de dispensa de jogadores da NBA fazem com que nada se pareça com o Dream Team. Jimmy Butler, por exemplo, afirmou que não se importa com o Mundial. O astro do Miami Heat foi medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio, mas não voltou a jogar pela equipe desde então.

Outro nome é James Harden, que não participa do time desde 2014. O mesmo acontece com Stephen Curry, que esteve em duas Copas do Mundo (2010 e 2014). Anthony Davis e LeBron James, do Los Angeles Lakers, venceram os Jogos Olímpicos de 2012. Davis ainda venceu em 2014, mas James não voltou a vestir a camisa americana após a sua terceira Olimpíada.

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Enquanto isso, os principais jogadores estrangeiros começaram a tomar conta da NBA. Apenas como exemplo, o último americano a vencer o prêmio de MVP foi Harden, em 2017/18. Desde então, Giannis Antetokounmpo (dois), Nikola Jokic (dois) e Joel Embiid (um), tomaram conta do espaço.

E ainda tem um outro estrangeiro com números capazes de fazer os votantes pensarem no assunto: Luka Doncic. Mas Doncic esbarra nas campanhas irregulares do Dallas Mavericks. Não fosse isso, ele estaria no topo. Deixe o Mavs ficar em terceiro ou quarto do Oeste para ver se o esloveno não fica com o prêmio.

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Há alguns anos, Curry revolucionou a NBA, mas como é que o Brasil jogava mesmo? Arremessos de longa distância. Todo mundo copiou o modelo do Golden State Warriors.

Portanto, o grande plano de Stern, lá no fim dos anos 80, funcionou. Mas alguém consegue cravar que o melhor jogador da NBA na atualidade é americano?

Estatísticas do melhor time de basquete que a NBA montou: Dream Team

Jogador J MIN FG% 3P% FT% REB AST STL BLK PTS
Charles Barkley 8 18.6 .711 .875 .731 4.1 2.4 2.6 0.1 18.0
Michael Jordan 8 23.1 .451 .211 .684 2.4 4.8 4.1 0.5 14.9
Karl Malone 8 17.3 .645 .750 5.3 1.1 1.5 0.6 13.0
Chris Mullin 8 21.6 .619 .538 .786 1.6 3.6 1.8 0.3 12.9
Clyde Drexler 8 20.9 .578 .286 .400 3.0 3.6 2.5 0.3 10.5
Patrick Ewing 8 17.6 .623 .625 5.3 0.4 0.9 1.9 9.5
David Robinson 8 16.8 .574 .692 4.1 0.9 1.8 1.5 9.0
Scottie Pippen 8 21.4 .596 .385 .733 2.1 5.9 3.0 0.1 9.0
Larry Bird 8 18.0 .521 .333 .800 3.8 1.8 1.8 0.3 8.4
Magic Johnson 6 18.0 .567 .462 .800 2.3 5.5 1.3 0.0 8.0
Christian Laettner 8 7.6 .450 .333 .900 2.5 0.4 1.0 0.4 4.8
John Stockton 4 7.3 .500 .500 .667 0.3 2.0 0.0 0.0 2.8

 

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