A derrota no jogo seis para o Miami Heat eliminou o New York Knicks nas semifinais da conferência leste, encerrando a temporada 2022/23. Mas engana-se quem pensa que essa eliminação pode ter algum aspecto negativo. Visto que no início da temporada a franquia estava cercada de baixas expectativas, foi um grande resultado.
Tudo isso devia-se à uma offseason que acabou frustrando os torcedores. Começando pela negociação sem êxito por Donovan Mitchell. Então, a troca do Utah Jazz o levou para o Cleveland Cavaliers. Junte isso a uma temporada anterior extremamente abaixo da expectativa (37 vitórias e 45 derrotas) e um 11° lugar. Mas ainda veio o contrato dado a Jalen Brunson, que na época gerou muitas incertezas.
Ocorre que as incertezas acabaram com o decorrer da temporada regular. O time mostrou ser muito competitivo e Jalen Brunson, portanto, comprovou que valia cada centavo daquele contrato. Brunson não só rendeu em altíssimo nível, mas elevou seus companheiros. Julius Randle, que falaremos adiante, voltou a ter um grande nível na temporada regular. Até por essa diminuição no protagonismo, passando a dividir esse espaço com o armador.
Os playoffs
A ótima campanha de 47 vitórias e 35 derrotas rendeu ao time a quinta melhor campanha no Leste. Não só isso, mas o número de triunfos representou a segunda maior marca em uma temporada regular nos últimos VINTE anos no New York Knicks. Um resultado expressivo de um grupo desacreditado.
Nos playoffs, a história seguiu sendo feita. Com imponência, eliminou o Cleveland Cavaliers em cinco jogos na primeira rodada. Assim, chegou ao melhor resultado de pós-temporada desde 2012/2013. Na época, com Carmelo Anthony. E, nesses enredos improváveis que o basquete proporciona, Donovan Mitchell acabou eliminado pelo Knicks.
As impressões deixadas na série contra o Heat
A semifinal contra o Miami Heat evidenciou algumas fraquezas do Knicks. Entre elas, a limitação ofensiva e falta de arremessadores confiáveis na rotação. Ainda que a equipe tenha, defensivamente, feito uma boa série, o Heat tinha o melhor jogador em quadra: Jimmy Butler. A estrela de Miami foi capaz de superar a defesa, tendo sido o principal responsável pela classificação para as finais da NBA.
O elenco, ainda que tenha ótimos role players, não foi capaz de sustentar os problemas de lesões. Julius Randle, por exemplo, chegou a perder um jogo da série e conviveu com problemas no tornozelo em todos os jogos. Immanuel Quickley, o principal reserva do time, perdeu as últimas partidas pelo mesmo motivo.
Com ambos saudáveis, ainda acredito que não passaria pelo Heat. A franquia de Miami tem o melhor treinador da NBA na opinião deste que vos escreve. Além de um elenco que complementa as características de Butler. A versatilidade defensiva, centrada no ótimo Bam Adebayo, dificultou o jogo do Knicks. Assim, a equipe se viu extremamente dependente de Jalen Brunson, um dos poucos pontos positivos da franquia na série.
Porém, como eu disse mais acima, não há nada negativo nesta eliminação. Visto que o time supriu completamente as expectativas iniciais, claro. Os sinais serão pontos interessantes visando a próxima temporada, principalmente no que tange à montagem do elenco.
Precisamos falar sobre RJ Barrett
Vamos direto ao ponto: após a temporada, o New York Knicks precisa trocar RJ Barrett. A fase regular já apontava isso, RJ foi o ponto destoante de um time extremamente competitivo. Uma defesa mediana e, ofensivamente, uma ineficiência que acompanha o jogador desde o seu primeiro ano de NBA. A verdade é que Barrett, em quatro campanhas, não evoluiu como se esperava.
Embora tenha tido bons momentos, sua irregularidade impressiona. O ala teve 43% de aproveitamentos nos arremessos de quadra, 31% no perímetro (pior marca da carreira), além de o pior defensive rating do elenco. Barrett não teve uma melhora em nenhuma de suas estatísticas principais. Há quem possa ponderar que o Knicks teve um acréscimo de um ball handler em Jalen Brunson, mas a usage de RJ seguiu praticamente a mesma: 27% na temporada passada e 26% na atual temporada.
Nos playoffs, Barrett seguiu a (in)constância da sua carreira. Teve jogos com 10% aproveitamento nos arremessos, mas fez outros com 26 pontos (e eficientes). As suas médias nos mata-matas foram quase idênticas às suas da temporada regular. Ou seja, Barrett é regular em sua irregularidade.
Contrato
A principal questão se dá pelo contrato. A partir da próxima temporada, entra em vigência o novo acordo entre o jogador e a franquia. Assim, ele terá o segundo maior salário do elenco. O novo contrato de Barrett é um bom ativo do Knicks para trocas, entretanto.
No ponto de vista do time, RJ é o elo fraco da formação principal, e não pelo seu nível, mas por suas características. Brunson e Randle são jogadores que gostam de ter a bola. Mas precisa de jogadores com características que os complementem (leia-se shooters). Em um time com pouquíssimo arremesso de fora, ele é um complemento ruim.
Em uma formação titular que já possui Brunson, Randle e Mitchell Robinson, é extremamente necessário ter dois jogadores com capacidade de arremessar de fora. Não é caso de Barrett. Não me entenda mal, apesar da inconstância, RJ é um bom jogador, jovem e com bom potencial de evolução.
A tendência é nunca virar a estrela que se imaginou, mas ainda pode ser muito útil na NBA. Sua saída representa uma ótima possibilidade para o Knicks de achar um complemento para a sua formação principal. Além de possibilitar ao canadense um espaço maior, obviamente.
Julius Randle…
A temporada de Randle pelo New York Knicks deve ser dividida em duas fases: uma ótima temporada regular e uma péssima pós-temporada. A chegada de Brunson fez com que Randle voltasse a jogar o seu melhor basquete, muito pela diminuição da pressão em cima do ala-pivô. Ele subiu de 20 pontos por jogo em 2021/22, para 25 na atual campanha. Não só isso, mas o engajamento na defesa aumentou, moveu mais a bola e, consequentemente, contribuiu para que o Knicks voltasse a competir mais.
O ótimo rendimento na temporada regular fez ele voltar a ganhar um prêmio de All-NBA, ficando no terceiro time ideal da liga. Se parássemos por aqui, perfeito. Mas é necessário falar dos playoffs.
É fato que Randle teve uma lesão no final da temporada regular, fazendo com que tivesse algumas limitações nos playoffs. Contudo, a contusão não muda um ponto que já vimos de Randle há dois anos: ele não consegue manter o nível nos playoffs. O decréscimo em suas estatísticas comprovam isso: 16.6 pontos por jogo (25.1 na regular), 8.3 rebotes (10 na regular). Além de 37% de aproveitamento nos arremessos (45% na regular) e 25% de aproveitamento nas bolas de três (34% na regular).
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Fica evidente que o New York Knicks não pode confiar em Randle na pós-temporada, visto que não é a primeira vez que isso ocorre. E isso se torna preocupante, já que o ala-pivô tem um papel de protagonista. Se o caminho é trocá-lo, isso cabe um interessante debate.
O fato é que ele não pode, como num toque de mágica, piorar consideravelmente seu jogo e seu engajamento dentro das partidas. Em diversos momentos dessa pós-temporada ele pouco ajudou na defesa. Além de decisões ruins com a bola nas mãos. Tanto que Tom Thibodeau o deixou no banco por todo o último quarto contra o Cleveland Cavaliers em uma partida.
Hoje, não vejo uma viabilidade tão grande numa troca centrada nele. E, considerando que ele é melhor que RJ Barrett, penso que urge mais, ao Knicks, trocar o canadense. Contudo, se aparecer uma proposta justa, não imagino que o Knicks vá fazer questão de segurar Randle, pois o seu cenário de intocável já passou.
Jalen Brunson: o melhor jogador do Knicks
Como já escrevi aqui no Jumper Brasil sobre Jalen Brunson não irei me alongar neste artigo. O fato é que o armador foi uma ótima contratação da franquia e, na visão deste, o principal responsável pela grande temporada vivida pelo Knicks.
Seu rendimento foi acima de todas previsões possíveis. E, ainda, mostra que o Knicks deve pensar seu futuro com Brunson. Assim, ele se tornou o único jogador intocável do elenco no momento. Se tem hoje um franchise player, este é Jalen Brunson. O armador é jovem, não entrou no auge ainda e tem um bom potencial de evolução. É tarefa da diretoria montar um time que complemente suas qualidades, pensando em voos maiores.
Outros destaques individuais
Menções especiais à três jogadores: Josh Hart, Mitchell Robinson e Immanuel Quickley. Hart chegou ao Knicks na metade final da temporada, vindo do Portland Trail Blazers. E ele encaixou como uma luva no elenco. A energia do jogador vindo do banco foi importantíssima na caminhada da franquia para os playoffs. Além de ter tido grandes atuações defensivas na pós-temporada, especialmente. Com uma player option para a próxima temporada e rumores de uma renovação, a tendência é que Hart siga no Knicks.
Robinson teve a temporada de afirmação da carreira, se tornando o pilar defensivo do Knicks. Apesar de ter sofrido com algumas lesões na fase regular, seu impacto é muito evidente. Com ele, a franquia teve 59% de aproveitamento (35 vitórias e 24 derrotas) e aproximadamente 50% sem ele (12 vitórias e 11 derrotas). Apesar de ele sofrer na série contra o Miami Heat, Robinson fez uma série gigantesca contra o Cavaliers. Ali, ele ganhou a batalha de rebotes contra a dupla Jarrett Allen e Evan Mobley. Como resultado, foi o segundo melhor jogador da equipe série, atrás somente de Brunson.
Por fim, Quickley fez a melhor temporada da carreira, chegando a brigar pelo prêmio de sexto homem do ano. Com um jogo cada vez mais maduro, além de ser um jogador de ótimo nível defensivo, Quickley foi um dos protagonistas. O próximo ano é o último do contrato atual do armador, com a franquia já se preparando para abrir a mão em uma renovação.
Qual é o próximo passo?
O elenco do New York Knicks é muito bom, de fato e mostrou isso na temporada. Contudo, falta aquele algo mais (leia-se estrela) para competir. Pensando em título, diria que está a uma ou duas peças de se tornar um real candidato. E a offseason já deve ser o ponto inicial para essa busca, principalmente com a já citada utilização de Barrett como moeda de troca.
O foco do Knicks tem que estar num ala capaz de defender e arremessar de três. E, assim que escrevo isso, já tenho dois nomes em mente: OG Anunoby e Paul George. George é uma estrela em decadência, mas ainda traz muito valor dentro de quadra. O maior motivo de preocupação em relação a ele é seus problemas físicos, porém seria um jogador que elevaria o nível.
Com um possível desmanche ocorrendo no Clippers, não seria um negócio impossível de existir. Ocorrendo uma reconstrução, o próprio Kawhi Leonard seria perfeito para esse Knicks. Mas seria um negócio muito mais complicado de ocorrer, pelo valor de mercado do jogador. Ainda que viva lesionado, Leonard demonstrou que está entre os quinze melhores jogadores da NBA ainda.
OJ Anunoby?
Sobre Anunoby, já ocorreram rumores durante a temporada atual, o ala é um grande defensor e tem boas valências ofensivas. Seu bom aproveitamento de três o torna um complemento perfeito para o time de Tom Thibodeau. Ele preza pela defesa forte e clama por bons arremessadores. Ainda assim, a pedida do Toronto Raptors deve ser alta. De acordo com especulações, apontavam que a franquia gostaria de receber três escolhas de primeira rodada numa troca pelo ala. Um exagero.
Porém, no momento tudo são suposições. A NBA é um universo que sempre gera surpresas. Equipes inesperadas partem para reconstruções, e o Knicks deve estar de olho em situações assim. O ponto positivo é que, desta vez, estamos do outro lado. Depois de muito tempo o Knicks passa a impressão de que realmente está no caminho certo. Mudanças pontuais devem (e precisam) ocorrer, mas a tendência é vermos a franquia vindo forte na próxima temporada. Enquanto isso, ficamos no aguardo dessa offseason, que promete ser muito movimentada.
Por Julio Luizelli (torcedor do New York Knicks).
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