A série “Times históricos que não foram campeões” está de volta! Um ano e quatro meses depois, o Jumper Brasil retoma a série que revive bons momentos da nossa amada NBA. O 11° texto vai homenagear o Dallas Mavericks, finalista da conferência Oeste em 2003 e que tinha Dirk Nowitzki, Steve Nash e Michael Finley como principais destaques.
Quem leu os textos anteriores sabe que, primordialmente, o objetivo da série é trazer a história da NBA aos leitores mais novos, que começaram a acompanhar a liga há pouco tempo. Para os mais antigos, os artigos servem como uma viagem no tempo, trazendo aquela sensação de nostalgia.
Inicialmente, vamos apresentar como foi a formação do elenco de 2003. Na sequência detalharemos a temporada mágica do time texano, especialmente os duelos inesquecíveis dos playoffs contra Portland Trail Blazers, Sacramento Kings e San Antonio Spurs.
A montagem do elenco
Antes de mais nada é preciso dizer que o Mavericks era uma franquia desastrosa nos anos 90, um verdadeiro saco de pancadas na NBA. O time de Dallas passou toda a década sem saber o que eram os playoffs. Foram cinco treinadores até a efetivação de Don Nelson, em 1997, poucos meses após ele ter assumido o cargo de gerente-geral. Nos dois primeiros anos à frente da equipe, Nelson não pode fazer muita coisa, já que o elenco deixava muito a desejar. Finley e Cedric Ceballos eram os destaques do time.
A sorte do Mavs começou a mudar na noite do Draft de 1998. Nelson fechou uma troca tripla que mudou os rumos da franquia. Ele negociou a sexta escolha do recrutamento, que havia sido o pivô Robert Traylor, com o Milwaukee Bucks. Além disso, enviou os jovens desconhecidos Pat Garrity, Martin Müürsepp, Bubba Wells e uma futura escolha de primeira rodada (que viria a ser Shawn Marion) para o Phoenix Suns. Em contrapartida, o time de Dallas recebeu do Bucks a nona escolha do recrutamento, um alemão de 20 anos chamado Dirk Nowitzki, e, do Suns, o armador canadense Steve Nash, de 24 anos.
A ascensão de Nowitzki e a venda da franquia
Na temporada de 1998/99, mais curta por conta do locaute na NBA, Nowitzki foi reserva em metade das partidas, enquanto Nash atuou como titular em todas os 40 jogos em que esteve disponível. Foram apenas 19 triunfos em 50 partidas.
No ano seguinte, Nowitzki virou titular e começou a dar mostras do futuro astro que iria se estabelecer na NBA. Com médias de 17.5 pontos, o alemão foi o segundo cestinha do time, atrás apenas de Finley. Pela décima temporada seguida, o Mavs não chegou aos playoffs. No entanto, a equipe venceu 40 jogos, algo que não acontecia desde 1990, e terminou a temporada no nono lugar do Oeste.
Em janeiro de 2000, a franquia foi adquirida pelo jovem empresário Mark Cuban, por módicos US$285 milhões. Hoje, o Mavs está avaliado em US$2.45 bilhões. A chegada de Cuban também mudou os rumos da franquia. Sempre ativo, tanto no apoio à equipe ao lado do banco de reservas, quanto nas negociações para melhorar o elenco, o bilionário foi a salvação de uma franquia até então desprestigiada. Desde que Cuban assumiu o Mavs, o time foi aos playoffs em 17 das 21 temporadas seguintes.
Em 2000/01, a equipe texana retornou à pós-temporada após 11 anos. Venceu 53 dos 82 jogos disputados e terminou na quinta colocação do Oeste. Nowitzki foi o cestinha (21.8 pontos) e principal reboteiro da equipe (9.8 rebotes). Nash fez a sua melhor temporada, até então, na NBA, com médias de 15.6 pontos e 7.3 rebotes.
Além disso, outro jejum foi encerrado: com o triunfo sobre o Utah Jazz, em uma série de cinco jogos, o Mavs venceu uma série de playoffs depois de 13 anos. Na semifinal de conferência, o time foi eliminado pelo San Antonio Spurs, que havia feito a melhor campanha da fase regular. Aquela foi também a última temporada em que o time jogou na Reunion Arena. Posteriormente, a casa do Mavs passou a ser o American Airlines Center.
Mavs contender
Na offseason de 2001, o Mavs adquiriu o veterano Tim Hardaway junto ao Miami Heat. O armador ficou apenas seis meses na equipe, já que foi negociado para o Denver Nuggets na trade deadline de 2002. Nessa troca, o time de Dallas recebeu o armador Nick Van Exel e o pivô Raef LaFrentz, e o elenco ganhou profundidade.
Nowitzki voltou a liderar a equipe em pontos e rebotes. De quebra, o alemão foi foi selecionado pela primeira vez para o Jogo das Estrelas, assim como Nash. Além disso, o Mavs encerrou a fase regular com a quarta melhor campanha da liga, com 57 vitórias.
Nos playoffs, o time de Dallas ‘varreu’ o Minnesota Timberwolves, de Kevin Garnett, na primeira rodada. Já na semifinal de conferência, a equipe não teve chances contra o Sacramento Kings, dono da melhor campanha de 2001/02, e foi eliminada após cinco jogos.
Apesar do segundo revés consecutivo na semifinal do Oeste, o Mavericks se consolidava como um contender na NBA.
Dallas Mavericks 2002/03
Time-base: Steve Nash (PG), Raja Bell (SG), Michael Finley (SF), Dirk Nowitzki (PF) e Raef LaFrentz (C)
Principais reservas: Nick Van Exel (PG), Adrian Griffin (SG), Walt Williams (SF), Eduardo Nájera (PF) e Shawn Bradley (C)
Técnico: Don Nelson
A temporada mágica
Na intertemporada de 2002, Don Nelson trouxe o ala-armador Raja Bell e o veterano ala Walt Williams. Além disso, o restante do núcleo da equipe foi mantido. O time de Dallas tinha duas estrelas (Nowitzki e Nash), dois ex-All-Stars (Finley e Van Exel) e um elenco confiável de coadjuvantes ao redor. Assim, o Mavs fez a melhor campanha de 2002/03 (60 vitórias), junto com o Spurs, perdendo apenas no critério de desempate. Detalhe: esse foi o melhor desempenho da franquia em sua história na liga (marca que seria batida em 2006/07).
https://www.youtube.com/watch?v=K68eOQdfIsE
Nos playoffs, a equipe de Dallas travou verdadeira batalhas. Logo na primeira rodada, o Mavs passou no sufoco pelo Portland Trail Blazers (que tinha Scottie Pippen, Rasheed Wallace e Arvydas Sabonis). A série chegou a sete jogos, com Nowitzki fazendo a diferença. O alemão teve médias de 29.9 pontos e 8.9 rebotes, além de um aproveitamento de 52.1 nos arremessos de quadra e 56% no perímetro.
Na semifinal, o Mavs reencontrou o Kings, algoz do ano anterior. No entanto, a história foi diferente em 2003. O time texano levou a melhor, após uma eletrizante série de sete partidas. Van Exel foi o cestinha do Mavs no confronto. É bom citar a lesão do principal jogador do Kings, Chris Webber, que atuou somente nos dois primeiros jogos da série.
https://www.youtube.com/watch?v=r3qfWyBxxhk
A fatídica final do Oeste
Após 15 anos, o Mavs alcançou a final do Oeste (a segunda de sua história naquele momento). O adversário era o Spurs, rival texano que tinha Tim Duncan no auge e David Robinson no último ano de NBA. Para muitos analistas na época, o vencedor do confronto seria o campeão da temporada. Afinal, Mavs e Spurs foram os melhores time da fase regular.
No primeiro jogo, o time de Dallas conseguiu reverter o mando de quadra com uma vitória de virada em San Antonio. Os visitantes estavam oito pontos atrás no placar, mas fizeram um quarto período espetacular e saíram com o triunfo. Duncan e Nowitzki travaram um duelo épico. O astro do Spurs fez 40 pontos e pegou 15 rebotes, enquanto o alemão do Mavs marcou 38 pontos e também conseguiu 15 rebotes.
No jogo 2, o Spurs se recuperou e empatou a série. Duncan (32 pontos e 15 rebotes) e Nowitzki (23 pontos e dez rebotes) alcançaram duplos-duplos mais uma vez. Na terceira partida, desta vez em Dallas, o Mavs sofreu um golpe duplo: perdeu o jogo e Nowitzki (lesão no joelho) para o restante da série. Sem o alemão, era impossível bater aquele Spurs. O time de Dallas ainda conseguiu um triunfo improvável no jogo 5, mas caiu após seis partidas. A lesão de Dirk Nowitzki é mais uma que entra naquele grupo do “e se ele estivesse saudável”? Teria sido diferente? Ninguém sabe. O Spurs, por outro lado, bateu o Nets nas finais e foi o campeão…
https://www.youtube.com/watch?v=H6KB-0xUdeA
A saída de Nash e o fim da era Don Nelson
Na temporada 2003/04, Don Nelson negociou Van Exel e LaFrentz. Em contrapartida, Antawn Jamison, Antoine Walker, Tony Delk e o novato Marquis Daniels (não draftado) chegaram ao Mavs. No recrutamento, a equipe texana conseguiu o ala Josh Howard. Nowitzki atuou boa parte da temporada como pivô. No entanto, o time de Dallas piorou em relação ao ano anterior e terminou a temporada regular na quinta posição do Oeste. A equipe foi eliminada na primeira rodada dos playoffs, em uma série de cinco jogos contra o Kings.
Na offseason de 2004, o Mavs ‘perdeu’ o agente livre Nash, que assinou com o Phoenix Suns. Nos dois anos seguintes, o canadense foi eleito o MVP da liga e entrou para a história do time do Arizona. Jamison foi negociado com o Washington Wizards, enquanto Walker foi para o Atlanta Hawks. Em contrapartida, Jason Terry, Devin Harris, Jerry Stackhouse e Erick Dampier desembarcaram em Dallas. Nos playoffs, o Mavs foi eliminado na semifinal de conferência pelo Suns, com direito a um show de Nash (médias de 30.3 pontos e 12.0 assistências na série).
Aquela também foi a última temporada de Don Nelson na franquia. O filho dele, Donnie, que já era o presidente do Mavs, acumulou o cargo de gerente-geral, enquanto o estreante Avery Johnson tornou-se o treinador da equipe. O veterano Nelson retornou ao Golden State Warriors, onde havia sido técnico entre 1988 e 1995.
As finais contra o Miami Heat
Em 2005/06, o Mavs fez a segunda melhor campanha do Oeste, com 60 vitórias e 22 derrotas. Além disso, Johnson foi eleito o técnico do ano. Nos playoffs, o time de Dallas superou os rivais Spurs (semifinal) e Suns (decisão do Oeste) para alcançar as finais da NBA pela primeira vez. Nowitzki desequilibrou em ambas as séries. Nas finais, entretanto, o Mavs foi superado pelo Miami Heat, de Dwyane Wade e Shaquille O’Neal.
Na temporada seguinte, o time de Dallas fez a melhor campanha de sua história: 67 vitórias e 15 derrotas. Mas nos playoffs, o Mavs foi superado logo na primeira rodada, em uma das grandes zebras de todas as pós-temporadas. O algoz foi o Warriors, oitavo colocado do Oeste e treinado pelo velho conhecido Don Nelson.
O Mavs continuou como contender nos anos seguintes, mas não chegou nem às finais do Oeste. Contudo, em 2011, a franquia alcançou a glória. A equipe, na época comandada por Rick Carlisle, conquistou o seu primeiro título ao bater o algoz de 2006. O Heat era o favorito, pois tinha montado um super time, com LeBron James e Chris Bosh se juntando a Wade.
No entanto, o Mavs superou o badalado Big 3 e venceu a série após seis partidas. Nowitzki, é claro, foi o MVP das finais, e cravou, definitivamente, o seu nome como o maior jogador da história da franquia.
Confira os outros artigos da série que já foram publicados
1 – Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (1991)
2- Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (1993)
3- Times históricos que não foram campeões – New York Knicks (1994)
4- Times históricos que não foram campeões – Orlando Magic (1995)
5- Times históricos que não foram campeões – Seattle Supersonics (1996)
6- Times históricos que não foram campeões – Utah Jazz (1997)
7- Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (1998)
8- Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (2000)
9- Times históricos que não foram campeões – Sacramento Kings (2002)
10- Times históricos que não foram campeões – Minnesota Timberwolves (2004)
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