LeBron James sempre foi conhecido pela força e o poder de definir jogadas, mas na atual temporada, o camisa 23 do Los Angeles Lakers atuou como armador desde o início. O resultado: James é o jogador com mais assistências em 2019-20, aos 35 anos. Com média de 7.4 passes decisivos durante toda a carreira, LeBron obteve 10.6 por partida na atual campanha, de longe, a melhor marca pessoal.
Desde 2003-04 na NBA, James faz média acima de 25 pontos desde o seu segundo ano como profissional. Com a chegada de Anthony Davis no time californiano, era esperada uma queda em seus números, o que de fato, aconteceu. Hoje, LeBron faz 25.7 pontos, contra 27.4 do ano passado. O número de assistências realmente expandiu o seu jogo?
Sim e não.
James, apesar de possuir características de pontuar — vale lembrar que ele foi cestinha de 2007-08 com 30.0 pontos — sempre foi marcado por tentar melhorar seus companheiros, algo que Jason Kidd fizera nos tempos de Dallas Mavericks e New Jersey Nets. Mais que isso, o astro do Lakers conseguiu mostrar ainda mais que é capaz de ser um facilitador.
Jogadores como Michael Jordan e Kobe Bryant, tinham um instinto mais ofensivo. Bryant era quase um “clone” de Jordan e foi criticado muitas vezes por não passar a bola, embora tenha finalizado a brilhante carreira com 4.7 passes decisivos por jogo, número excelente para quem arremessava quase 20 vezes por embate.
Em “The Last Dance”, documentário que mostrou o último ano da carreira de Jordan no Chicago Bulls, ficou claro o seu poder mental e como ele agia com companheiros, treinadores e até mesmo dirigentes. Havia um certo egocentrismo, mas tudo fazia parte do script. Era para ser daquele jeito. Jordan melhorava seus colegas?
Esse é um ponto que o brasileiro Leandro Barbosa, campeão pelo Golden State Warriors, citou em entrevista para o site de aposta esportiva online Betway sobre individualismo no esporte coletivo. Leandrinho diz que Stephen Curry e Klay Thompson eram individualistas, mas o grupo trabalhava para que os dois pudessem jogar assim e que, no fim, essa individualidade deles colaborava com o que a equipe precisava, tornando-a coletiva.
Existem diversos tipos de líderes no basquete. Jordan e Bryant faziam parte de um outro estilo. Havia a liderança técnica, assim como há com LeBron, mas eram aqueles que “preparavam o terreno” para que brilhassem acima dos outros. Mais uma vez, nada de errado nisso. É meramente questão de estilo.
James, por outro lado, sempre pediu reforços para os seus times. Isso aconteceu em suas duas passagens pelo Cleveland Cavaliers, no Miami Heat e, também no Lakers. LeBron busca o melhor para o coletivo, ainda que todo mundo saiba que quem estará nos holofotes será ele. Nomes como Shaquille O’Neal, Ben Wallace, Chris Bosh, Shawn Marion, Kevin Love e o próprio Anthony Davis, são provas disso. Ele busca títulos, não meramente números pessoais. Não premiações individuais. Sempre no coletivo.
Mas será que ele só pensa assim?
Talvez, aquele James que apareceu na ESPN decidindo levar seus talentos para South Beach, não. Ali, ele estava cansado de dar “murro em ponta de faca” no Cavs. Por mais que jogadores que um dia foram gigantes estivessem chegando, invariavelmente estavam no fim de suas carreiras. Não eram atletas de elite mais. A união com Bosh e Wade em Miami, soou como mesquinho para os torcedores de Cleveland e, provavelmente, para o resto da NBA.
Só que depois daqueles dois títulos pelo Heat, ele voltou para o Cavaliers e venceu um por lá, mesmo com “as costas na parede”, perdendo uma série por 3 a 1 e virou para 4 a 3 no inédito campeonato da equipe. Quando saiu novamente, o papo foi outro. A cidade estava grata. Ele, também.
Após a interrupção da atual temporada por conta da pandemia do coronavírus, James enfatizou que queria voltar, desde que com segurança. Ele sabe que essa é uma de suas últimas chances como profissional. A idade está chegando e não pode perder qualquer oportunidade, ainda que mínima.
Entretanto, essas chances com o Lakers existem. No primeiro confronto da equipe na volta da temporada, no dia 30, haverá um jogo contra o principal oponente na conferência Oeste, o Los Angeles Clippers, dos astros Kawhi Leonard e Paul George.
Líder da conferência Oeste, com 49 vitórias e 14 derrotas, 5.5 a mais que o Clippers, o Lakers possui o grande favoritismo de ir para os playoffs em primeiro. Embora não faça muita diferença nessa temporada, até porque não existe o mando de quadra com todas as equipes em Orlando, o time de LeBron precisa confirmar tal retrospecto para entrar nos mata-matas com moral.
É fato que o Lakers sentirá as ausências de Avery Bradley, que optou por ficar com sua família e Rajon Rondo, lesionado. Mas é aí que James entra, mais uma vez fazendo seus companheiros melhores, tentando fazer disso, a diferença.