É comum ver equipes e jogadores dizendo que é preciso construir uma cultura para se ter sucesso na NBA. O Memphis Grizzlies, nesse sentido, está à frente de boa parte da concorrência. Após breve período renegando seu estilo, o time retomou o grit and grind (coragem e esforço, em uma tradução livre) e vem surpreendendo a NBA com ótimo início de temporada: foram 12 vitórias nos primeiros 20 jogos.
“Nós queremos levar os adversários para a ‘lama’ e ver se ficam confortáveis nesse tipo de luta, pois somos algo singular na liga. Não existe muito tempo para treinar ao longo do ano, então todos estão bastante habituados a enfrentarem times que atuam do mesmo jeito. Eles chegam aqui e já tomam um choque: encontram algo totalmente diferente”, resumiu o técnico J.B. Bickerstaff, em entrevista à ESPN.
Os números não escondem que o Grizzlies, junto com o retorno dos líderes Mike Conley e Marc Gasol, também reassumiu sua célebre cultura de jogo. A equipe atua com o ritmo mais lento da temporada (98.0 posses por partida) e registra a quinta defesa mais eficiente da liga (103.1 pontos cedidos por 100 posses), em uma liga cada vez mais rápida e orientada para o ataque.
“Quanto mais cedo nossa defesa entra no jogo, melhor somos. Todos sentimos e sabemos que esse jogo que dizem ser feio é o que nos dará a melhor chance de vencer todas as noites. Se deixarmos o outro time correr e divertir-se, jogando livremente, não estamos no comando das ações. Não é o nosso jogo. Impomos nossa marcação e, assim, controlamos o ritmo da partida”, explicou Gasol.
Em sua primeira versão, com os veteranos Zach Randolph e Tony Allen, a equipe do grit and grind notabilizou-se por ser intimidadora e extremamente física contra os adversários. Muitos atletas mudaram desde então e, neste ano, reforços como Kyle Anderson foram contratados. Conley não crê que o atual Memphis seja tão intimidante quanto antes, mas a postura e aguerrimento seguem os mesmos.
“Se quiser vir jogar aqui e ser bem-sucedido, você precisa se garantir e saber quem somos. Todos são ‘durões’ aqui: nós não falamos muito, mas estaremos sempre na sua cara e sem dar espaço. Queremos ser os rostos feios em quadra para sentirem que, quanto mais feio for o jogo, melhor para nós. É assim que queremos”, avisou o armador, sintetizando o que passou a ser chamado de grit and grind 2.0.
Coragem, esforço, intimidação e defesa fazem parte dessa mistura vencedora do Grizzlies. Mas, segundo Bickerstaff, o segredo do sucesso da franquia está no que poucos comentam. “A coisa mais importante e que ninguém vê é a inteligência desse elenco. E também há muito altruísmo aqui. Eu sempre digo isso: esse é um lugar divertido pra caramba de se trabalhar no momento”, finalizou o treinador.
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