Phoenix Suns (24-58)
Temporada regular: 15º lugar da conferência Oeste
MVP da campanha: Devin Booker (22.1 pontos, 3.4 assistências, 3.2 rebotes)
Pontos positivos
– Devin Booker. Em sua segunda temporada na liga, o jovem ala-armador mostrou que é o principal jogador do Suns e o pilar da reconstrução da equipe. Cestinha do time em 2016/17, Booker entrou para a história da NBA ao anotar 70 pontos em uma partida (contra o Boston Celtics), um feito espetacular para um atleta da sua idade. Com somente 20 anos de idade, ele tornou-se apenas o sexto jogador da história da liga a anotar 70 ou mais pontos em uma partida, juntando-se a Kobe Bryant, Wilt Chamberlain, Elgin Baylor, David Thompson e David Robinson, o mais jovem a atingir a marca e o dono da maior pontuação de um atleta do Suns (superando Tom Chambers). E essa foi a maior pontuação de um jogador da liga desde os 81 anotados pela lenda Kobe Bryant, em 2006. Booker tem tudo para ser um dos cestinhas da NBA na próxima temporada. Mas há de se ressaltar que ele precisa melhorar seu desempenho na defesa.
– Marquese Chriss. A primeira temporada do ala-pivô foi além do esperado. Chriss foi titular em 75 das 82 partidas que disputou e teve um bom desempenho nos 21 minutos em que atuou, em média, por noite. Os números dele por 36 minutos foram de 15.6 pontos, 7.2 rebotes e 1.4 toco. Nada mal para um jogador que acabou de completar 20 anos, que ainda carece de fundamentos e de um arremesso mais consistente, mas que chamou a atenção pelos atributos físico-atléticos de elite. Como projeto de longo prazo, Chriss deixou boa impressão em sua temporada de estreia.
– Eric Bledsoe. Livre das lesões, o armador foi muito útil em quadra. Líder em assistências, segundo em pontos e roubadas de bola, Bledsoe fez uma boa dupla com Booker no perímetro, e deixou claro que pode coexistir com o astro em ascensão. Ele não se deixou abater com os inúmeros rumores de que a franquia pretendia negociá-lo e mostrou que é peça importante na reconstrução do elenco.
– Alan Williams. De terceira opção a pivô mais produtivo do Suns na temporada. Williams foi bem no pouco tempo de quadra que teve (média de 15 minutos por noite). Seus números por 36 minutos foram impressionantes: 17.6 pontos e 14.8 rebotes. Ele agradou tanto que, nesta offseason, conseguiu uma extensão de três anos com a franquia, no valor de US$17 milhões.
– O Suns foi o segundo em número posses de bola por partida (100.3), atrás apenas do Brooklyn Nets (101.3). Devido a esse ritmo alucinante em quadra, o time de Phoenix teve o nono ataque que mais pontuou na temporada (média de 107.7 pontos) e foi o segundo da liga em tentativas de arremessos (88.5) e lances livres cobrados (26.3).
Pontos negativos
– Segunda pior campanha da temporada, com apenas 24 vitórias em 82 jogos. A equipe não chega aos playoffs desde 2010, quando ainda tinha a dupla Steve Nash e Amar’e Stoudemire e foi batida pelo Los Angeles Lakers na final da conferência Oeste. Esse é o maior jejum da história da franquia, que, apesar de não ter nenhum título, era presença costumeira nos playoffs até a década passada.
– Defesa. O Suns, como de costume, teve uma das piores defesas da liga. Em 2016/17, equipe foi a terceira pior em eficiência defensiva (média de 112.2 pontos sofridos por 100 posses de bola) e a pior em média de pontos sofridos (113.3 pontos). Além disso, o Suns foi o time que permitiu o melhor aproveitamento (38.2%) nos arremessos do perímetro e o que mais cedeu lances livres aos adversários (29.1).
– Arremessos de longa distância. O Suns foi o quarto pior da liga no aproveitamento dos chutes do perímetro (33.2%). Nenhum jogador do time ficou acima dos 40% na conversão dos arremessos de longa distância. O melhor nesse quesito foi o veterano Jared Dudley (37.9%).
– Brandon Knight. Fiasco. Essa é palavra que define a temporada do armador. Em 2016/17, Knight disputou somente 54 partidas e registrou suas piores médias em seis anos na NBA: 11.0 pontos, 2.2 rebotes e 2.4 assistências. Cotado no começo da temporada para brigar pelo prêmio de melhor reserva da liga, o armador teve um ano para ser esquecido. Para piorar sua situação na franquia, Knight rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, durante uma “peladinha” disputada nesta offseason, e não terá condições de entrar em quadra em 2017/18.
– Alex Len. Quinta escolha do draft de 2013, o pivô ucraniano ainda não desabrochou na NBA. O Suns trouxe o veterano Tyson Chandler para servir como uma espécie de mentor para o irregular Len, mas o atleta de 24 anos pouco evoluiu, nos dois lados da quadra, nas quatro temporadas em Phoenix. A desconfiança da franquia é tanta que nem houve o acerto de uma extensão contratual nesta offseason. Len teve que aceitar uma oferta qualificatória de US$4.2 milhões, que lhe dá o direito de se tornar agente livre irrestrito em 2018. Será a última chance para o ucraniano mostrar o seu valor ao Suns.
– A insistência do técnico Earl Watson em escalar o jovem Dragan Bender na posição 3 em várias partidas. O experimento não deu certo, pois o croata não tem a agilidade necessária para um jogador da posição em uma liga que cada vez mais privilegia formações mais baixas e velozes. Bender é um projeto de longo prazo que não pode ser queimado assim tão rápido. Como o Suns é um time em reconstrução e não tinha como principal objetivo chegar aos playoffs, o treinador deveria ter dado mais espaço ao croata na posição 4, que é onde ele tem condições de se firmar na liga.
– Dragan Bender. Ainda que seja um projeto de longo prazo, e que o treinador o tenha escalado na posição errada em várias partidas, o jovem croata deixou a desejar em seu primeiro ano na NBA. Ele ainda possui um corpo extremamente franzino e precisará passar por trabalho físico para suportar a competição da NBA. A sua dificuldade com o jogo mais físico da liga ficou clara em 2016/17. O alento ao torcedor do Suns é que Bender tem um potencial técnico animador e ainda é muito jovem (19 anos).
Análise
Mais uma temporada de sofrimento para a torcida do Suns. A franquia, que tem o quarto melhor aproveitamento em temporadas regulares na história da NBA, está há sete anos sem saber o que é uma classificação para os playoffs. É o maior jejum da história da franquia. Apesar da ausência de títulos, os fãs (mais antigos) se acostumaram com a presença do time na pós-temporada.
Pelo segundo ano seguido, o time de Phoenix fez uma campanha ridícula e conseguiu uma escolha TOP 5 no Draft. Desde a saída do ídolo Steve Nash, em 2012, a equipe passa por um processo de reconstrução do elenco. Alguns veteranos foram contratados para serem lideranças positivas no vestiário – Leandrinho e Jared Dudley, mas os resultados em quadra continuaram ruins.
O lado bom dessa fase pouco gloriosa é o espaço dado aos jovens. Devin Booker teve total liberdade no esquema de Earl Watson e mostrou que é a peça central dessa reconstrução. Outros jovens como Marquese Chriss, Alan Williams, Tyler Ulis e T.J. Warren também deram respostas positivas. Dragan Bender, o mais novo da turma, ainda é uma esperança para os fãs da franquia.
Futuro
Em 2016/17, a direção do Suns fez bem ao efetivar o jovem treinador Earl Watson, que é muito respeitado pelo elenco, e ao trazer de volta os veteranos Leandrinho e Jared Dudley, jogadores identificados com a franquia e importantes lideranças de vestiário em uma equipe em processo de reformulação. Como esperado, os resultados em quadra não vieram, mas pelo menos deu para perceber um certo planejamento por parte da direção da franquia.
O gerente-geral Ryan McDonough, que teve o seu contrato estendido até 2020, terá a companhia do ex-jogador James Jones, contratado para ser o vice-presidente de operações de basquete. Ganhador de três títulos na NBA como atleta, Jones tem o respeito de jogadores e agentes da liga, e poderá ser peça importante nas futuras negociações envolvendo o time de Phoenix. O dono do Suns, Robert Sarver, confia na dupla e espera que daqui a dois anos, quando se encerra o contrato de McDonough, os resultados positivos comecem a aparecer.
Considerado um bom avaliador de talentos, McDonough, que vai para o quinto ano no cargo de GM, sabe que a paciência dos fãs da equipe está se esgotando. Ele está remontando o elenco com escolhas de loteria – Len (2013), Warren (2014), Booker (2015), Bender e Chriss (2016) e, agora, o ala Josh Jackson, mas sabe que um elenco recheado de jovens dificilmente faz boas campanhas em uma liga tão competitiva quanto a NBA.
Pelo menos o Suns tem jovens com potencial de crescimento e escolhas extras no draft. Em 2018, a equipe terá direito à pick de primeira rodada do Miami Heat (protegida até a sétima posição), além de escolhas de segunda rodada que virão de Memphis Grizzlies e Toronto Raptors. E, em 2021, a franquia de Phoenix terá novamente o direito à escolha de primeira rodada do Heat, desta vez sem proteção. É importante para um time em reconstrução ter espaço na folha salarial e acumular talento jovem e escolhas de draft. Isso vai ser útil para que o Suns, em determinado momento, se coloque em condições favoráveis para trazer jogadores de calibre.
A expectativa para a temporada 2017/18 é de que Booker continue a impressionar como pontuador, mas que melhore seu desempenho no lado defensivo. Ele é a peça principal desse Suns em reconstrução. Jackson, a quarta escolha do recrutamento deste ano, deverá ter bastante espaço na rotação logo de cara. Ele chega como a esperança da equipe em melhorar a defesa no perímetro. Os rumores envolvendo a saída de Bledsoe deverão continuar, já que o armador tem um contrato razoável (US$29.5 milhões por mais dois anos) e é considerado uma valiosa moeda de troca. Com Knight afastado da temporada por motivo de lesão, espera-se mais tempo de quadra ao baixinho Tyler Ulis. Completando o perímetro, Warren entra no último ano de contrato de calouro. Ele deverá jogar mais motivado do que nunca para angariar um bom contrato em 2018.
No garrafão, Len terá a última oportunidade para mostrar que merece a confiança da franquia e, assim, receber um generoso contrato na próxima offseason. Outra potencial moeda de troca do Suns, em 2017/18, é o veterano Chandler, que tem mais dois anos de contrato e 26.5 milhões em salários a receber nesse período. Chriss e Bender dividirão os minutos na posição 4, e a expectativa é a de que eles evoluam.
Com um elenco ainda recheado de jovens, o Suns deverá ficar novamente fora dos playoffs na próxima temporada. A esperança é de que os jovens talentos continuem se desenvolvendo e, no draft do ano que vem, a franquia consiga uma valiosa escolha. O Top 5 do próximo recrutamento – Michael Porter, Luka Doncic, Marvin Bagley, DeAndre Ayton e Mohamed Bamba – promete ser excelente, e o time do Arizona, que provavelmente fará uma das piores campanhas, em 2017/18, poderá ter em seu elenco um potencial futuro astro da liga. Por isso, torcedor do Suns, preste muita atenção no draft de 2018. Ele poderá ser um divisor de águas para o time de Phoenix.
Enfim, será mais uma temporada de sofrimento para os fãs do Suns, mas os dias de insucessos parecem que estão contados. A direção da franquia espera finalizar a reconstrução do elenco e, em dois anos, montar um time em condições de brigar pelos primeiros lugares da conferência Oeste.