O aguardado e badalado do Draft de 2017 tem vários prospectos de elite como Markelle Fultz, Lonzo Ball, Dennis Smith, Josh Jackson, Jonathan Isaac, Jayson Tatum, Malik Monk, entre outros. Todos são novatos no basquete universitário e cotados para serem escolhidos na loteria do recrutamento, que tem tudo para ser o mais forte dos últimos anos. Aliás, há dois meses fiz um artigo sobre essa turma que promete fazer barulho na NBA.
Mas também é possível encontrar talento na classe de “veteranos” da NCAA e nos prospectos internacionais. Geralmente, os atletas que estão no terceiro (junior) ou quarto ano de universidade (senior) são cotados para serem selecionados no fim da primeira ou na segunda rodada do Draft. Na teoria, são os jogadores mais prontos fisicamente e mentalmente para encarar o basquete profissional, mas que possuem baixo teto para evolução.
No recrutamento de 2011, o então junior Isaiah Thomas (Washington) foi a última escolha. Hoje, ele é o principal nome do Boston Celtics, um dos nomes na corrida para o prêmio de MVP da temporada e vai para o seu segundo All-Star Game. Naquele ano, o ala Jimmy Butler, um senior de Marquette, foi escolhido na 30ª posição pelo Chicago Bulls. Hoje, ele já possui três seleções para o Jogo das Estrelas e uma medalha de ouro olímpica. Em 2012, o ala-pivô Draymond Green, então senior de Michigan State, foi a 35ª escolha do recrutamento. O jogador do Golden State Warriors já tem no currículo um anel de campeão da NBA, duas participações no All-Star Game, duas nomeações para o time ideal de defesa e uma medalha de ouro olímpica.
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Um dos melhores novatos desta temporada é um jogador que se encaixa justamente no perfil de “prospecto pouco badalado na época do Draft“. Malcolm Brogdon, do Milwaukee Bucks, é o caso mais recente de veterano que foi um verdadeiro “achado” no recrutamento. O armador, que completou os quatro anos de universidade em Virginia, foi a 36ª escolha no último draft e tornou-se peça importante no time de Jason Kidd. Brogdon já foi titular em 12 dos 55 jogos que disputou e tem média de 25 minutos em quadra por partida. Ele, inclusive, já conseguiu um triplo-duplo na NBA. Seguramente, Brogdon será escolhido para o time ideal de novatos.
A situação que ocorreu no recrutamento passado, quando Buddy Hield (6), Taurean Prince (12) e Denzel Valentine (14), todos no último ano universitário, foram escolhas de loteria, não irá se repetir em 2017 porque a classe de novatos deste ano é muito mais talentosa do que a anterior. Em 2017, seis junior e seis senior estão bem cotados para serem draftados, e a tendência é que nenhum deles saia na loteria.
Os veteranos que mais chamam a minha atenção são o ala-pivô Johnathan Motley, que vem comandando Butler em uma excelente campanha, e o ala-armador Josh Hart, principal nome do atual campeão Villanova. Ambos deverão sair ao final da primeira rodada do recrutamento, ou seja, deverão ser selecionados por times mais consolidados, o que pode facilitar a adaptação deles à NBA.
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Um dos melhores reboteiros da NCAA, Motley tem facilidade para pontuar perto da cesta, é dono de um arremesso consistente de média distância, é um sólido defensor graças aos seus atributos físico-atléticos (envergadura, agilidade lateral e força física), e vem melhorando como passador no post. Na NBA, ele vai precisar ser mais consistente nos arremessos do perímetro para atuar como stretch four, e proteger melhor o aro quando atuar na posição 5 (precisa utilizar com mais frequência seus atributos para contestar arremessos e aumentar sua média em tocos).
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Hart é um prospecto que se assemelha muito a Brogdon. Líder de um time que conquistou a NCAA na última temporada, e que vem forte para buscar o bicampeonato, o ala-armador tem poucas lacunas em seu jogo. Ele compensa a falta de atleticismo com alto QI de basquete e versatilidade. Hart pontua de várias formas, é um dos melhores arremessadores do perímetro da classe deste ano, é eficiente como defensor, tem ótima visão de quadra e senso de posicionamento, e já possui a força física necessária para encarar o basquete profissional. Ele vem forte na briga pelo prêmio de melhor jogador universitário da temporada. Com todas essas qualidades, Hart é o sonho de qualquer treinador e tem tudo para se tornar um jogador sólido na NBA.
Os 12 prospectos listados abaixo são peças fundamentais e referências em suas equipes. Daí pode sair o “novo steal do Draft“.
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Achados dos últimos três recrutamentos (prospectos oriundos da NCAA)
Ao revisarmos os recrutamentos de 2014 e 2015, notamos mais alguns steals entre os prospectos que vieram do basquete universitário. O armador Jordan Clarkson, que foi apenas a 46ª escolha em 2014, tornou-se um dos principais jogadores do Los Angeles Lakers. Na última offseason, o jogador assinou uma extensão contratual de US$ 50 milhões, válida até 2020. Nada mal para quem entrou na NBA com um contrato não-garantido de escolha de segunda rodada.
No draft de 2015, vale destacar quatro atletas que foram selecionados no fim da primeira e na segunda rodada. Larry Nance Jr. (Lakers), Montrezl Harrell (Houston Rockets), Josh Richardson (Miami Heat) e Norman Powell (Toronto Raptors) são jogadores importantes nas rotações de suas equipes. Se continuarem jogando bem, eles deverão ganhar uma boa grana em seus novos contratos, na agência livre de 2018.
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Achados dos últimos três recrutamentos (prospectos internacionais)
Além dos atletas que ficam três ou quatro anos na universidade antes de irem para a NBA, outro tipo de steal pode vir do exterior. O caso que mais chama a atenção é o de Nikola Jokić, do Denver Nuggets. O pivô sérvio de 22 anos, que foi apenas a 41ª escolha no recrutamento de 2014, já é uma sensação em sua segunda temporada na NBA. Muitos, inclusive, pediram a sua seleção para o All-Star Game deste ano. Com tão pouca idade, ele já é a referência e o principal jogador do Nuggets.
No draft passado, o maior achado entre os prospectos internacionais talvez tenha sido o pivô Ivica Zubac. Selecionado pelo Lakers na 32ª posição, o jogador croata vem ganhando espaço na rotação do time de Luke Walton e, mesmo com pouco tempo de quadra, já mostrou que pode ser muito útil à equipe. Os números de Zubac por 36 minutos são espetaculares!
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O steal europeu deste ano
No recrutamento deste ano, o principal prospecto estrangeiro é o francês Frank Ntilikina. O armador foi o MVP do último Campeonato Europeu Sub-18, vencido justamente pela França. Ntilikina já é titular de sua equipe no basquete profissional e deverá ser uma escolha de loteria.
Outros jovens europeus cotados para serem selecionados na primeira rodada são o ala-pivô alemão Isaiah Hartenstein, o ala letão Rodions Kurucs, o pivô francês Mathias Lessort e o pivô letão Anzejs Pasecniks.
O meu candidato a steal é Hartenstein, que é atlético, corre bem a quadra para um jogador de 2,13m, tem a capacidade de espaçar a quadra e ser um bom stretch four na NBA, além de ser um passador em evolução, um excelente reboteiro e um defensor consistente. Aos 18 anos, ele já tem espaço no tradicional Zalgiris Kaunas, da Lituânia, e disputa a EuroLiga. Hartenstein é o protótipo do big men moderno, o que deve atrair a atenção das franquias do melhor basquete do mundo.
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Quando é para criticar, a gente critica. Quando é para elogiar, elogiamos. Vocês repararam que, dos steals citados neste artigo, três deles foram selecionados pelo Lakers? A segunda franquia mais vencedora da NBA, que vive uma fase de “vacas magras”, pelo menos tem uma equipe competente de scouts. O trabalho do Lakers de garimpar talentos no final da primeira ou na segunda rodada (Clarkson, Nance Jr. e Zubac), nos últimos três recrutamentos, é digno de aplausos. O detalhe é que, no draft deste ano, o time angelino não terá nenhuma pick de segunda rodada, e, para piorar, pode ficar sem a escolha da primeira rodada, caso ela não seja TOP 3 vai para o Philadelphia 76ers. Por isso, o Lakers está ativo no mercado buscando trocar veteranos como Lou Williams e Nick Young por escolha (s) de draft.
Como todo mundo deve saber, não tem nada garantido em se tratando de Draft. Em várias oportunidades, vimos prospectos que arrebentaram na NCAA e foram um fiasco no basquete profissional (Anthony Bennett jamais será esquecido). Vários fatores são analisados quando uma equipe seleciona um jovem – potencial, teto de evolução, postura em quadra e fora dela, personalidade, atributos físicos, mentalidade, entre outras coisas. Os scouts, técnicos e assistentes que trabalham na NBA têm, na teoria, a capacidade de enxergar alguns aspectos que não têm como serem observados por quem está de fora do processo.
Por isso, fica a nossa expectativa para o próximo recrutamento. Em um draft repleto de novatos talentosos, vale a pena ficar de olho nos prospectos menos cotados, nas posições em que os “veteranos” e internacionais serão escolhidos. Tudo bem que os próximos astros deverão sair na loteria, mas nas escolhas que poucos dão valor podem sair jogadores que irão estabelecer uma carreira sólida na NBA. Os exemplos estão aí.