Memphis Grizzlies
Campanha na temporada passada: 42-40, sétimo colocado da conferência Oeste
Playoffs: derrotado na primeira rodada, em quatro jogos, pelo San Antonio Spurs
Técnico: David Fizdale (primeira temporada)
Gerente-geral: Chris Wallace (nona temporada)
Destaques: Mike Conley e Marc Gasol
Time-base: Mike Conley – Tony Allen – Chandler Parsons – JaMychal Green – Marc Gasol
Elenco
11- Mike Conley, armador
4- Wade Baldwin, armador
5- Andrew Harrison, armador
9- Tony Allen, ala-armador
15- Vince Carter, ala-armador
30- Troy Daniels, ala-armador
3- Jordan Adams, ala-armador
7- Wayne Selden Jr., ala-armador
25- Chandler Parsons, ala
8- James Ennis, ala
10- Troy Williams, ala
1- Jarell Martin, ala
20- D.J. Stephens, ala
0- JaMychal Green, ala-pivô
50- Zach Randolph, ala-pivô
23- Deyonta Davis, ala-pivô
32- Vince Hunter, ala-pivô
33- Marc Gasol, pivô
34- Brandan Wright, pivô
Quem chegou: Wade Baldwin, Troy Daniels, Deyonta Davis, Chandler Parsons, Wayne Selden Jr., D.J. Stephens e Troy Williams
Quem saiu: Chris Andersen, Matt Barnes, Mario Chalmers, Jordan Farmar, P.J. Hairston, Xavier Munford e Lance Stephenson
Revisão
O Grizzlies finalizou uma temporada heroica no primeiro semestre, quando superou uma enxurrada de lesões e chegou aos playoffs após utilizar quase 30 jogadores ao longo da campanha. A eliminação em quatro partidas na primeira rodada, diante do San Antonio Spurs, não dá verdadeira noção do que representou o ano para o time, que pode ter levado sua filosofia de luta e entrega em quadra (o grit and grind) ao nível máximo. O choro do técnico Dave Joerger, depois do último jogo dos playoffs, foi emblemático sobre o feito que o Grizzlies realizou em abril.
Dito isso, a offseason indicou que a direção do Memphis quer mudanças. Quer uma ofensiva mais leve, com mais versatilidade e espaçamento, mesmo que signifique afrouxar a defesa e – indo um pouco mais além – a filosofia do grit and grind. Foi assim que atletas como Matt Barnes e Chris Andersen começam a dar lugar para reforços como Chandler Parsons. O treinador também foi trocado: Joerger acabou dispensado e David Fizdale, ex-assistente do Miami Heat, assumiu. Tudo aponta para alterações no estilo de jogo do time.
A equipe que foi conhecida como um “foco de resistência” ao basquete moderno da NBA parece estar preparada para desistir de algumas das suas convicções rumo a realizar algo mais “convencional”. Mas as alterações irão até que ponto? É possível manter o grit and grind, com seu ritmo mais lento, e conciliá-lo com um basquete mais solto? Ter um técnico em sua primeira experiência à frente de um time da NBA, obviamente, só ajuda a aumentar os questionamentos.
Perímetro
Dois velhos conhecidos do torcedor se unem ao maior reforço do time na offseason para compor o perímetro titular do Grizzlies na próxima temporada. Os veteranos Mike Conley e Tony Allen vão atuar ao lado de Chandler Parsons, que sempre foi visto pelos dirigentes do Tennessee como o “reforço ideal” entre os nomes que estavam disponíveis no mercado.
Com contrato renovado, Conley continua na armação principal de Memphis como um dos melhores two way players da posição na liga: melhorou o arremesso e cresceu como criador de jogadas ao longo da carreira, sem perder muito do seu ímpeto defensivo. Embora nunca tenha sido convocado para Jogos das Estrelas, trata-se de um dos mais completos armadores da NBA e um dos diferenciais do Grizzlies em anos recentes. Escolhido na primeira rodada do draft e elogiado na pré-temporada, Wade Baldwin é o provável reserva imediato da posição e tem potencial para manter o impacto nos dois lados da quadra que o titular imprime.
Allen é um dos símbolos da era do grit and grind, mas sua excelência defensiva é compensada pela incapacidade ofensiva. Ele não só não espaça a quadra, mas é um ponto explorado por adversários: defesas simplesmente deixam-no livre para arremessar ou operar com a bola nas mãos sem maiores hesitações. Por isso, a contratação de Parsons torna-se especialmente importante: sua versatilidade no ataque – arremesso, infiltração, capacidade criando para outros – serve para, ao mesmo tempo, compensar o ala-armador e não deixar Conley sobrecarregado (como esteve em tempos recentes). O Grizzlies finalmente tem seu ball handler secundário no perímetro.
Fizdale tem dois jogadores muito diferentes para a reserva imediata de Allen: Vince Carter é o veterano que ainda pode dar maior capacidade de criação (como exibiu nos últimos playoffs) e compor formações mais altas, enquanto Troy Daniels é o arremessador com maior agilidade para perseguir armadores. Já para a suplência de Parsons, as duas opções imediatas são bastante similares: James Ennis e o novato Troy Williams são alas atléticos com jogos mais baseados em agressividade do que técnica. O primeiro traz mais imposição física, enquanto o segundo tem maior potencial como all arounder.
Garrafão
Após anos, o garrafão do Grizzlies começará uma temporada sem a elogiada dupla formada por Marc Gasol e Zach Randolph. O segundo passará a sair do banco de reservas e ser o principal reserva de Memphis, enquanto o jovem JaMychal Green vai assumir o posto de ala-pivô titular da equipe. É mais uma das mudanças que apontam para a nova direção, mais “convencional” dentro do que tem se visto na NBA, que a franquia toma dentro de quadra.
O time passa a ter um jogador mais dinâmico, com maior facilidade para correr a quadra e finalizar em transição, com Green no quinteto titular. Além disso, o ala-pivô de 26 anos mostra cada vez mais aptidão para arremessar de média e longa distância, o que, naturalmente, aumenta o espaçamento de quadra de uma das equipes mais “afunilados” da NBA. Parece evidente que o Grizzlies precisa dessa mobilidade, atividade e opção nas bolas de fora para “destravar” seu ataque.
Green é a quase antítese do que Randolph apresenta neste momento, com ainda menos mobilidade do que em anos anteriores. Seus rebotes e jogo polido próximo da cesta, a esta altura da carreira, realmente podem ser mais valiosos inseridos em um banco de reserva que não possui uma clara primeira opção capaz de carregar a ofensiva de Memphis. Parsons também é alternativa para assumir a posição quatro, caso queira realizar uma aposta em uma formação mais baixa e prolífica com a bola nas mãos.
Entre os pivôs, a situação é bastante clara: Gasol retorna de lesão para assumir a titularidade absoluta. Sua proteção de aro e capacidade de passe tornaram-no um dos melhores jogadores da posição na liga. Sua presença nos dois lados da quadra é um grande diferencial recente do Grizzlies, compensando falta de explosão com técnica. Brandan Wright, por outro lado, é um atleta para mudar a cara e forma de atuar da equipe saindo do banco: jogador agressivo e grande finalizador que se revelou uma máquina operando no pick and roll nas últimas temporadas, segundo estatísticas avançadas.
Análise Geral
É difícil ter uma noção exata do que esperar do Grizzlies em 2017: existem razões e argumentos para otimistas e pessimistas. No entanto, é inegável que a franquia tomou decisões interessantes, mesmo que não estejamos falando do time como o candidato ao título que ensaiou há alguns anos. A manutenção de Conley era algo absolutamente necessário, Parsons realmente soa como um reforço ideal para as necessidades de Memphis e a troca entre JaMychal Green e Zach Randolph parece tornar mais competitivo quanto o quinteto titular, quanto o banco de reservas.
Os obstáculos, porém, surgem tão evidentes quanto as qualidades. Uma mudança de filosofia não é algo fácil e a base do time que notabilizou-se pelo grit and grind continua em Memphis, o que pode representar uma barreira na alteração de estilo de jogo. Lesões foram um tormento na última temporada e alguns dos jogadores do Grizzlies correm o risco de não começarem a campanha em condições de jogo (incluindo Parsons e Allen).
Basicamente, acreditar ou não em uma grande temporada do Grizzlies passa por essas variáveis. Uma verdade inconveniente, no entanto, não pode ser esquecida: eles já não foram o grande time defensivo de anos anteriores no primeiro semestre de 2016. Por isso, realmente, talvez seja a hora dos comandados de David Fizdale partirem para o ataque.
Previsão: quinto lugar na conferência Oeste.