Cleveland Cavaliers (57-25)
Temporada regular: 1º lugar da conferência Leste
Playoffs: campeão após superar o Golden State Warriors em sete jogos
MVP da campanha: LeBron James (25.3 pontos, 7.4 rebotes, 6.8 assistências, 1.4 roubada)
Pontos positivos
– Campeão pela primeira vez em sua história, o Cleveland Cavaliers sobrou na conferência Leste, especialmente nos playoffs. Mesmo com controvérsias, o time superou cada adversário até encarar o poderoso Golden State Warriors na final. Com as costas na parede, perdendo a série final por 3 a 1, venceu os dois jogos seguintes e garantiu o título de virada. Épico.
– Sabe quantas temporadas LeBron James ficou abaixo da média de 25 pontos por jogo? Uma. Em 13 anos na NBA, o camisa 23 só não atingiu tais números exatamente na primeira da carreira. E em 2015-16, não foi diferente. Liderou o Cavs desde o princípio e assumiu todas as responsabilidades dentro e fora das quadras.
– O fato de Kyrie Irving ter começado a temporada machucado poderia ser um enorme problema para o Cavaliers. No entanto, o armador chegou aos playoffs em ótimo ritmo e brilhou. Descansado, sobrou na fase decisiva e fez a cesta do título.
– O Cavs foi um time que se deu bem dos dois lados da quadra. Com ótimos arremessadores no perímetro, a equipe teve o sétimo melhor aproveitamento no quesito (só o Warriors acertou mais cestas de três), cometeu poucos erros no ataque, forçou menos, e tomou conta da posse de bola. Na defesa, sofreu 98.3 pontos, a quarta menos vazada na temporada.
Pontos negativos
– Demitir um técnico quando a equipe lidera a conferência e o time segue apresentando um jogo efetivo, é estranho. Foi o que aconteceu com o Cavs. David Blatt, que estava apenas em sua segunda temporada em Cleveland, sendo que na primeira ele havia sido vice, foi mandado embora. Definitivamente, causou estranheza em todos que acompanham NBA pelo ineditismo.
– Em um determinado ponto da temporada, LeBron deixou de seguir o Cavaliers nas redes sociais, trancou-se em uma redoma que só ele podia controlar e deixou fãs apreensivos. Estaria descontente? Seria mais uma saída? Apesar de nada disso ter sido confirmado, foi uma preocupação a mais para a diretoria e comissão técnica.
– A indefinição sobre o garrafão foi algo que causou desconforto. O russo Timofey Mozgov era o titular de Blatt. Anderson Varejão estava com o tempo de quadra limitado, enquanto Tristan Thompson só ganhou a posição de fato nos playoffs.
– O fim da era Varejão em Cleveland. Embora não tivesse minutos suficientes para ajudar de fato, e estivesse sendo resguardado pela comissão técnica, o brasileiro era um dos favoritos da torcida e do próprio elenco. Foi trocado para o Portland Trail Blazers e dispensado logo em seguida. Acertou com o Golden State Warriors e ficou sem o anel de campeão.
Análise
O Cavs chegou a dar pinta de que não teria time competitivo o bastante para repetir a final do ano anterior. Não pelo que estava jogando, pois ocupava o primeiro lugar da conferência Leste. Mas os problemas fora das quadras, além da relação entre jogadores e o técnico David Blatt, deixaram a sensação de que algo faltava naquele grupo. Eis que surge Tyronn Lue em seu lugar e as coisas começaram a andar antes mesmo da parada para o Jogo das Estrelas.
Não que Lue seja o salvador da pátria ou um técnico milagroso, mas ele conseguiu estabelecer a união no elenco, mostrou que poderia conduzir o time a um novo patamar e cuidou do que mais sabe fazer: tática. O treinador era assistente de Blatt e um dos melhores da NBA em sua função. Deixou LeBron e Irving mais soltos, testou diversas formações até encontrar um padrão.
E foi justamente esse padrão que fez com que o Cavaliers fosse campeão. Se em uma série, Channing Frye brilhou e na outra sequer teve oportunidades, é porque Lue sabia que o ala-pivô não renderia diante de um ataque forte como o do Warriors. O mesmo aconteceu com Matthew Dellavedova ou até mesmo Kevin Love. Tanto que Richard Jefferson despontou nos playoffs como uma boa opção.
Dizer que o Cavs chegou ao título porque tem LeBron, é quase redundância. Mas outras peças funcionaram, como Tristan Thompson e J.R. Smith. Especialistas em seus setores, os dois foram fundamentais para as pretensões da equipe na fase final. Thompson não tem o tamanho ideal para ser pivô, é fato, porém tem um timing sensacional nos rebotes ofensivos e defende bem a área pintada. Já Smith, aquele que faz 20 pontos em um jogo e sai zerado no outro, conseguiu ser consistente quando a equipe mais precisou, nas três vitórias seguidas que resultaram no título.
Iman Shumpert não sabe atacar e, provavelmente por esse motivo, ficou relegado às funções de chato oficial. Sim, o sujeito que vai marcar os melhores jogadores ofensivos do outro time. Shumpert foi fundamental diante do Warriors, principalmente quando defendeu Stephen Curry e Klay Thompson.
Já Love, que chegou com pompas e como All Star para ser questionado. Todo mundo sabe que sua defesa nunca foi o seu grande atributo. Mesmo quando a mão não esteve calibrada, o ala-pivô foi bancado por Lue.
O Cavs venceu e convenceu. Superação, talvez. Mas o time bateu o recordista de vitórias em uma só temporada e que vinha de uma final antecipada diante do Oklahoma City Thunder. O triunfo chegou, finalmente.
O futuro
As contratações para a temporada 2016-17 foram pontuais. O time não foi atrás de grandes nomes e manteve boa parte do elenco campeão. Dellavedova e Mozgov foram embora, enquanto Jefferson se aposentou, se arrependeu e renovou. No entanto, Mo Williams pode e deve parar. LeBron assinou novo contrato para ser o jogador mais bem pago da NBA pela primeira vez na carreira com o compromisso de brigar novamente pelo título. Apenas Smith ainda não renovou. Chegaram os veteranos Mike Dunleavy e Chris Andersen. Mais uma vez, especialistas.
Se não tem Dellavedova, tem o explosivo calouro Kay Felder. Se Mozgov foi para o Los Angeles Lakers receber um dos salários mais estranhos de todos os tempos, chegou Birdman. O Cavs vai jogar da mesma forma, espaçando a quadra o máximo que puder, com muita posse de bola, forçando os erros do adversário. Os reforços são a prova disso.
Lue entende que a temporada regular é muito desgastante e por isso, seus principais atletas (leia-se LeBron e Irving) deverão perder jogos ocasionais por descanso. Apenas natural. A recuperação de Love talvez seja a sua maior prioridade no momento. O ala-pivô caiu muito de produção já nas finais do Leste e não voltou a colaborar ofensivamente. Diante do Warriors, então, foi uma lástima. Ele obteve médias de 8.5 pontos, 6.8 rebotes, além de apenas 36.2% nos arremessos. Quando não jogou, na terceira partida das finais, o Cavaliers venceu por 30 pontos de diferença.
O Cavs sabe que repetir o título não será fácil, especialmente pelos reforços de seus adversários. Mas a forma com que jogou nos playoffs, deu a entender que deverá dominar a conferência Leste mais uma vez. Superar rivais ainda mais fortes é o desafio.