Visita ao Departamento Médico #2

Kaio Kleinhans relembra a lesão sofrida pelo armador Derrick Rose e tenta explicar a demora para o retorno do astro às quadras

Fonte: Kaio Kleinhans relembra a lesão sofrida pelo armador Derrick Rose e tenta explicar a demora para o retorno do astro às quadras

Nesta segunda edição do “Visita ao Departamento Médico”, vamos atender o pedido feito por muitos leitores durante a semana e abordar a lesão sofrida pelo astro Derrick Rose – MVP da liga em 2011 e um dos jogadores mais importantes da atualidade.

Dentre as lesões mais “graves” enfrentadas por atletas de alto nível, é provável que a sofrida por Rose seja a mais comum: a ruptura do ligamento cruzado anterior, também conhecido pela sigla LCA. Então, vamos fazer um resumo desde como é até o funcionamento deste ligamento, para podermos entender melhor o desafio d os jogadores que passam por tal situação.

O ligamento

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Os ligamentos são “pedaços de tecido” que tem como função ligar um osso ao outro. No joelho, temos quatro ligamentos: os cruzados anterior e posterior e os colaterais lateral e medial. O LCA, “estrela” desta coluna, é o responsável pela ligação dos ossos da coxa e da canela.

O joelho é a articulação mais lesionada da perna, seja por traumas diretos ou indiretos (no caso, as torções), por estar em posição centralizada. Os ligamentos tem a função de estabilizar a região, dar firmeza, evitando movimentos exagerados para a articulação.

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LCAO que ele faz?

O LCA atua juntamente com o ligamento cruzado posterior mantendo o joelho estável e evitando que o fêmur (osso da coxa) deslize ou rode sobre a tíbia (osso da canela). Dos quatro ligamentos citados, o LCA é o que gera problemas físicos mais facilmente porque é responsável por impedir o movimento de “gaveta” e a rotação exagerada do joelho. Desta forma, sua lesão ocorre, principalmente, em esportes como futebol, basquete, vôlei – que exigem muita rotação – e saltos – muitas vezes, o pé pode ficar preso no chão e o corpo rodar sobre o joelho, que é um dos principais motivos da lesão de ligamento.

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Como se lesiona?

Geralmente, acomete “atletas de fim de semana”, que não tem um preparo adequado para a prática de esportes. Aquele que não tem a musculatura bem preparada e geralmente não se alonga, fazendo com que o desequilíbrio muscular sobrecarregue o ligamento.

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Esta situação também pode acontecer no atleta profissional. No esporte de alto nível, a lesão geralmente ocorre quando o joelho sofre uma brusca rotação ou hiperextensão (forçado muito para trás). Outra ocorrência de risco é quando a coxa é empurrada muito para trás, mas o pé continua fico no chão. Em alguns casos, a lesão do LCA vem acompanhada de uma lesão no menisco ou no ligamento colateral lateral.

Como confirmar a lesão?

Geralmente, o paciente escuta um estalo na hora da ruptura, uma dor imediata e inchaço no joelho. Se estiver no meio de uma atividade física, a pessoa não conseguirá continuar pela dor e pela instabilidade do joelho (frouxo).

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No consultório, o médico fará testes específicos para confirmar o diagnóstico, além dos exames de raio-X para verificar se a lesão não foi acompanhada de uma fratura. Também será feito o exame de ressonância magnética para confirmar a extensão do dano sofrido pelo ligamento. A cirurgia é indicada em grande maioria dos casos, pois o ligamento não se recupera sozinho. Se não for realizado o reparo cirúrgico, o joelho fica frouxo e costuma “falsear” (sair do lugar).

A cirurgia

O cirurgião substitui o ligamento por um enxerto retirado da própria pessoa, geralmente um pedaço do ligamento patelar ou dos flexores da coxa. O novo ligamento será fixado no mesmo lugar e exercitará a mesma função do lesionado. Com os avanços da tecnologia, as cirurgias atuais tem a ajuda de uma microcâmera de alta definição inserida no joelho por cortes minúsculos, auxiliando assim o procedimento, diminuindo os danos da cirurgia e desconfortos pós-operatórios.

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A recuperação

O período de recuperação costuma variar de seis a doze meses. Na fisioterapia, o atleta fará exercícios e vai fazer uso de técnicas que tenham como primeiro objetivo reduzir o inchaço gerado pela intervenção cirúrgica e, com o tempo, possibilitar a recuperação do movimento, alongamento e força das pernas. Esta fase inicial da recuperação dura, normalmente, três meses.

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Ao fim desta etapa, o jogador inicia a fazer corridas leves e exercícios de força são incrementados até que se comece os treinos de equilíbrio e consciência corporal, que são os primeiros passos da volta. Com o treino de reeducação ao esporte, o atleta simula ações que faria dentro do seu universo profissional e, desta forma, vai preparando o corpo para o retorno até que adquira força nas musculaturas e confiança necessária.

Volta ao esporte

O objetivo da recuperação é que o atleta retorne ao esporte o mais breve e seguramente possível. Um retorno antes da hora pode agravar a lesão e causar danos permanentes. Cada pessoa tem seu tempo normal de resposta ao tratamento e, por isso, não existe um prazo exato geral. Um dos fatores mais importantes para a liberação é a confiança do paciente. Mesmo com o aval do médico responsável, o jogador deve fazer um grande trabalho de força e equilíbrio muscular para poder compensar a fraqueza que o novo ligamento apresentará.

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Derrick Rose

A demora da recuperação e volta de Rose às quadras foi extensamente discutida em todos os meios onde o assunto é basquete. Por que a demora, afinal? É basicamente impossível determinar precisamente o motivo deste longo prazo (18 meses) para seu retorno. Em entrevista ao site oficial do Chicago Bulls, o próprio jogador explicou que decidiu esperar.

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“Eu não sou um cara egoísta, mas, com essa lesão, após passar por tudo que passei, eu tinha que ser inteligente. Tinha que ser egoísta. Não podia me preocupar com mais ninguém além de mim e minha saúde”, afirmou o armador, dizendo que os fãs sentiriam que foi a decisão certa quando o vissem dentro de quadra.

Ainda segundo Rose, ele não se sentia confiante para enfrentar a defesa pesada que sempre recebe nos jogos oficiais e também as situações de marcação dupla a que frequentemente se vê submetido. No treinamento, ele sentia que seu corpo não estava pronto e o ambiente de jogo não estava sendo simulado no dia-a-dia.

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O debate sobre o certo ou errado nesta questão pode ser bem vasto. Muita gente apoio, muita gente criticou. Minha opinião é que ele fez o correto. Eu não sou muito fã de Rose – apesar de ter uma camisa dele no armário –, mas dou suporte total a sua decisão, que não foi fácil e exigiu muita personalidade.

Agora, há outra coisa muito importante que ainda não foi dita: o armador precisa ter em mente que seu joelho jamais será o mesmo, o ligamento nunca mais vai ser como antes. Ele perdeu força e vai necessitar de um grande trabalho de compensação da musculatura para fornecer a estabilidade ideal. Neste ponto, surge um dilema: Rose vai se poupar? Reinventará seu jogo como fez Chris Paul depois de uma grave lesão? Vai atacar menos a cesta e distribuir mais o jogo, escolhendo a melhor hora de ser agressivo?

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Pelo que se viu até agora, não. Então, aos fãs de Rose e do Bulls, fica o alerta: se Rose seguir jogando assim, as chances de uma nova lesão no joelho é extremamente alta.

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