Vince Carter passou de ídolo absoluto a pária no Toronto Raptors em 2004, quando decepcionou uma geração de torcedores ao pedir para ser negociado. Por mais de uma década, então, o ala-armador foi recebido no Canadá com vaias e muita hostilidade em dezenas de jogos pelos fãs da franquia. Essa história alterou-se para sempre em 2015, ao ser homenageado no aniversário de 20 anos do time e aplaudido de pé. As lágrimas emocionadas daquele dia marcaram um dos momentos definitivos de sua carreira.
“É uma sensação inacreditável, realmente impossível de explicar. Algo que me faz deixar as quadras satisfeito e em paz. Eu joguei basquete porque amava o esporte. Queria que todos percebessem isso, pois tenho muito orgulho do jogo e sempre tentei ser a melhor pessoa dentro de quadra. Infelizmente, quando mais jovem, não tinha ideia do impacto que causava nas pessoas”, desabafou o experiente astro, ao refletir sobre sua relação com a equipe canadense em entrevista à revista Sports Illustrated.
Carter já admitiu várias vezes que realmente não conduziu da melhor forma sua saída do Raptors diante dos fãs, por isso a reconciliação era uma etapa necessária antes de deixar o esporte. Diante desse sentimento, uma das poucas lamentações que guarda por, provavelmente, ser privado das últimas 16 partidas da carreira é não fazer uma última visita a Toronto. Um lamento pequeno, porém, perto do clima de gratidão.
“Eu fui abençoado com a habilidade de jogar basquete e essas pessoas ofereceram-me a oportunidade de atuar no mais alto nível diante delas, mas acho que não conseguia ver as coisas assim antigamente. Então, poder ver que essas mesmas pessoas me apreciam e estamos em sintonia agora é um sentimento reconfortante. É uma brisa que faz ser mais fácil sair de cena”, comemorou o veterano de 43 anos.