Saiba como foi a temporada do time angelino e as perspectivas para 2012/2013
O Los Angeles Clippers talvez tenha sido o time que mais se mexeu na offseason. Também pudera, a equipe havia feito a terceira pior campanha da conferência Oeste, na temporada passada, e não chegava aos playoffs desde 2005.
Já em 2011/2012, reforçado por jogadores renomados como Chris Paul, Chauncey Billups e Caron Butler, a equipe angelina fez a quinta melhor campanha do Oeste e se classificou para a pós-temporada, após sete anos. Mesmo desfalcado de Billups, o Clippers passou pelo Memphis Grizzlies na primeira rodada, mas foi “varrido” pelo San Antonio Spurs na semifinal.
Neste artigo vou analisar a temporada do time angelino, que foi positiva na minha opinião, e traçar o que o Clippers pode fazer em 2012/2013.
Offseason
Na offseason, que foi mais curta em 2011 devido ao locaute, o time de Los Angeles foi agressivo nas movimentações. O primeiro reforço foi o ala Caron Butler, campeão pelo Dallas Mavericks na temporada passada. O jogador era agente livre e fechou um contrato de 24 milhões de dólares válido por três anos. A posição 3 era a mais carente da equipe, e a contratação de Butler o primeiro tiro certeiro do GM Neil Olshey.
Três dias depois de anunciar Butler, o Clippers contratou o veterano armador Chauncey Billups, que havia sido anistiado pelo New York Knicks. O contrato foi de 3,5 milhões de dólares válido por uma temporada. Outra contratação acertada de Olshey. A franquia ainda conseguiu manter o pivô DeAndre Jordan, que era agente livre restrito. O contrato foi “salgado”: 43 milhões de dólares por quatro temporadas. Esse foi o contrato oferecido pelo Golden State Warriors, mas o Clippers cobriu sem pensar duas vezes.
Para fechar o pacote de reforços na offseason, veio a cereja do bolo. Em uma negociação ousada, o time angelino abriu mão dos jovens Eric Gordon e Al-Farouq Aminu, do pivô Chris Kaman e de uma preciosa escolha de primeira rodada do draft 2012 para conseguir o melhor armador da NBA: Chris Paul, do New Orleans Hornets. Foi a troca mais importante da temporada e que iria mudar os rumos do time angelino. Um quinteto formado por Paul, Billups, Butler, Griffin e Jordan seria um dos mais talentosos da Liga, sem dúvida alguma.
Temporada regular
Liderado pela dupla Chris Paul e Blake Griffin, o Clippers conseguiu terminar a temporada regular com 40 vitórias e 26 derrotas, garantindo, assim, a quinta posição na conferência Oeste. O começo foi promissor, com sete triunfos em dez partidas. Todos consideravam que o time angelino seria um forte candidato ao título. No dia 6 de fevereiro, o time recebeu um duro golpe com a grave contusão de Billups. Durante a partida contra o Orlando Magic, o veterano sofreu uma lesão no Tendão de Aquiles esquerdo, que o deixaria de fora do restante da temporada. Com Billups em quadra, o Clippers teve 14 vitórias em 20 jogos. Sem ele, foram 26 triunfos e 20 derrotas.
Ainda em fevereiro, o time de Los Angeles assinou com o experiente ala-pivô Kenyon Martin. Ele foi contratado para ser a principal peça do garrafão vindo do banco de reservas. No mês seguinte, na trade deadline, o Clippers trouxe o ala Nick Young, do Washington Wizards, em uma troca que ainda envolveu o Denver Nuggets. Para a chegada de Young, o time angelino se desfez do inexpressivo Brian Cook e de uma escolha de segunda rodada do draft de 2015. O ala seria o scorer de perímetro que faltava à equipe.
No final de março, após três derrotas seguidas, a imprensa de Los Angeles noticiou que a relação entre o técnico Vinny Del Negro e seus comandados era marcada por muita tensão. “Vinny perdeu o controle sobre o grupo de jogadores. Eles não querem se esforçar por ele. A maioria dos atletas acha que o time precisa de mudanças. Eles citam a indefinição quanto à rotação da equipe como um dos maiores problemas. Os jogadores também reclamam que os esquemas defensivo e ofensivo implantados por Del Negro são básicos demais e previsíveis”, dizia uma matéria da ESPN americana. Del Negro recebeu um voto de confiança da direção do Clippers e equipe voltou a angariar vitórias. Com a boa fase de volta, o treinador veio a público para negar que tenha tido qualquer problema com os atletas e aproveitou para “detonar” aqueles que deram espaço para os falsos rumores.
Playoffs
Na primeira rodada, o Clippers teve um confronto duríssimo contra o Memphis Grizzlies. A série foi ao sétimo jogo e o time angelino saiu com o triunfo. O que mais chamou a atenção na série, extremamente física, foi a virada histórica do Clippers no jogo 1, em Memphis. A equipe de Los Angeles venceu por 99 a 98, após estar perdendo por 24 pontos, faltando nove minutos para o término do jogo.
Como resultado da batalha travada na primeira rodada, o time angelino sofreu, na semifinal disputada contra o San Antonio Spurs, com as lesões de seus principais jogadores. Paul sentia dores no quadril, e Griffin um incômodo no joelho. Com os dois em perfeitas condições físicas, já seria difícil bater o Spurs. O Clippers, com suas estrelas baleadas, foi presa fácil para o time de San Antonio. A “varrida” valeu como aprendizado para alguns jovens jogadores como Griffin, Bledsoe e Jordan.
Números do Clippers em 2011/2012
– Décimo quarto melhor ataque (97.6 pontos)
– Décima terceira melhor defesa (95.0)
– Quarto time que mais converteu bolas de três pontos (7.8)
– Segundo pior time em aproveitamento de lances livres (68%)
– Segundo time que menos cometeu erros (12.4)
– Sexto melhor time em roubadas de bola (8.4)
Folha salarial do Los Angeles Clippers em 2012/2013
Chris Paul: 17,8 milhões de dólares (expirante)
DeAndre Jordan: 10,5 milhões de dólares
Mo Williams: 8,5 milhões de dólares (expirante)
Caron Butler: 8 milhões de dólares
Blake Griffin: 7,2 milhões de dólares
Ryan Gomes: 4 milhões de dólares (expirante)
Eric Bledsoe: 1,7 milhões de dólares
Travis Leslie: 762 mil dólares (team option)
Trey Thompkins: 762 mil dólares (team option)
Perspectivas
A tendência é que o Clippers volte com um time ainda mais forte para a próxima temporada, e chegue novamente aos playoffs. Mas desta vez a ambição pode ser ainda maior, dependendo das peças que o time irá trazer na offseason. Do quinteto titular que começou a temporada, apenas Chauncey Billups será agente livre. Outros jogadores que irão testar o mercado: Randy Foye (que ocupou a vaga de Billups no restante da temporada), Nick Young, Kenyon Martin, Reggie Evans e Bobby Simmons. Todos serão agentes livres irrestritos. E o técnico Vinny Del Negro está no último ano de contrato garantido com a franquia e poderá não retornar em 2012/2013.
Acredito que, para pensar em algo mais na próxima temporada, a primeira coisa que o Clippers tem que fazer é dispensar Del Negro e contratar um treinador mais capacitado. Nate McMillan, Stan Van Gundy, Jerry Sloan e, quem sabe, Phil Jackson, que, segundo a imprensa dos EUA, está querendo voltar a treinar uma equipe da NBA.
Em segundo lugar, assegurar que Paul e Griffin fiquem na equipe por muito tempo. O primeiro terá contrato expirante, mas já declarou que pretende continuar por mais tempo no Clippers. Griffin deverá ganhar uma extensão de contrato (por cinco anos) já a partir de julho. Essa dupla é o presente e o futuro do time angelino. Não dá para pensar em outra coisa. Pela primeira vez em sua história, o Clippers teve dois atletas escolhidos para o time titular do Oeste no All-Star Game. Com mais tempo para treinamentos, a dupla promete fazer mais estragos na próxima temporada.
Além disso, é preciso montar um elenco de apoio mais qualificado. Dos agentes livres, a franquia deve tentar as voltas de Billups, Martin e Evans. Young não foi bem e deve pedir um contrato mais robusto. A necessidade mais urgente do elenco é adicionar um scorer de perímetro, que tenha facilidade nos arremessos de longa distância. As melhores opções na agência livre, e que não seriam caras: Ray Allen e Shannon Brown. Para fechar o elenco, eu tentaria trocar Mo Williams e Ryan Gomes, com seus contratos expirantes. O Clippers deve dar mais espaço ao jovem Eric Bledsoe, que já mostrou muito potencial. Se Billups retornar, Williams seria dispensável. Vale dizer ainda que o time angelino não terá escolha de primeira rodada no draft deste ano (apenas uma de final de segunda rodada).
Portanto, com um novo treinador, a manutenção da dupla Chris Paul e Blake Griffin e um elenco de apoio um pouco mais qualificado, o Clippers tende a melhorar e a brigar até por título na próxima temporada. Já pensou um time formado por Paul, Billups, Butler, Griffin e Jordan, e com Bledsoe, Allen, Brown, Evans e Martin na rotação, e melhor, comandado por um técnico gabaritado? Foi-se o tempo em que o Lakers era soberano em Los Angeles…