Depois da contusão de Rajon Rondo, ainda no meio da temporada, pensei que a temporada do Boston Celtics estaria arruinada e que a equipe até poderia ir aos playoffs, mas jamais conseguiria algo melhor que isso. Pois bem, alguns meses depois, acabou se concretizando.
Não que eu não acreditasse na capacidade de Paul Pierce e Kevin Garnett, mas Rondo é um jogador absolutamente sensacional. É difícil fazer a reposição ao mesmo nível. E não teve. Não adianta dizer que Avery Bradley defende melhor, e que Pierce comandava melhor as jogadas. Balela.
Bradley é um ótimo defensor, sim. Poderia até entrar na seleção dos melhores do ano, caso não estivesse machucado no começo de 2012-13 e jogado só a metade da temporada. Pierce, por mais que tenha sido um jogador fenomenal durante sua carreira, não é mais a mesma coisa. E mais: juntos, não fazem o que Rondo faz.
Calma, calma. Vou explicar.
Pierce teve médias de 19.2 pontos, 5.7 rebotes e 5.3 assistências na série contra o New York Knicks. Grandes números, que escondem uma realidade: o camisa 34 cometeu 5.3 erros de ataque, forçou bolas bobas, arremessou como quis, com 36.8% de aproveitamento, e por fim, faltou um companheiro para ajudar a controlar a bola. Nem Jason Terry, nem Bradley, são esse cara.
O Celtics parecia sem controle contra o Knicks. Baixo aproveitamento de arremessos, pouca inspiração, e muito, mas muito mais superação. Garnett que o diga.
O jogo do Celtics é baseado em posse de bola, com uma defesa muito, mas muito forte. Todo mundo sabe disso. Poucos times poderiam acabar com essa força da equipe de Massachusetts. Um deles era o Knicks.
Mas por que o Knicks?
Simples. É um time de muito arremesso do perímetro, com um garrafão difícil de se passar, e com um sujeito chamado Carmelo Anthony.
Garnett, que durante a temporada parecia estar com pouca gasolina no tanque, mostrou ser um defensor de muito brio nos playoffs. Mas aí, fica parecendo que eu inventei a roda.
Não é exatamente isso. É que mais uma vez, o Celtics foi superação. Garnett é o jogador mais próximo do que se assemelha a essa palavra no momento. Ora, são quase 37 anos, jogando como nunca quis jogar na vida (como pivô), e sem ter aquela explosão ofensiva do passado. É na raça mesmo.
Sejamos honestos, por favor.
Se Jeff Green não tivesse tido grandes partidas nessa fase, creio que a série teria terminado com uma varrida. Se não foi brilhante, ao menos conseguiu ser “o cara” durante vários momentos. Não por menos, foi o cestinha do Celtics nos playoffs.
A partida que decretou a eliminação do Celtics foi algo inacreditável. No início do quarto período, a equipe perdia por 75 a 49. Naquele momento, tive certeza que o jogo já havia se encerrado. Ledo engano. O time da superação se superou. Fez 20 pontos seguidos e a diferença foi cortada para seis. Incrível!
Mas no fim, não deu. A vitória seria um milagre, algo épico. Só que isso não apaga toda a força de vontade do time de verde. E se vencesse, iria com mais moral ainda para a sétima partida. Quase que o funeral custou caro ao Knicks. Foi uma provocação, mas ninguém sai impune de uma brincadeira dessas com esse time. O Knicks perdeu em casa a oportunidade de fechar a série em seus domínios, e quase desperdiçou uma vantagem de 26 pontos no sexto jogo.
Tudo bem, acontece. Por outro lado, se não puder provocar, a NBA fica chata. Aliás, já está. Não só a liga, mas tudo. Qualquer coisa é motivo para mimimi. Serviu para ver o verdadeiro Celtics e acirrar a rivalidade das cidades de Boston e Nova York, pelo menos.
Entretanto, a eliminação não aconteceu agora. Foi uma soma de fatores durante todo o ano.
Os jogadores que chegaram durante a temporada foram apenas paliativos. Jordan Crawford, Terrence Williams, D.J. White, e Shavlik Randolph, jamais poderiam apresentar mais do que apresentaram. Desses, penso que os dois primeiros possam ajudar no futuro, caso fiquem. White e Randolph, não tem como. São esquentadores de banco mesmo. Nada além disso. Mas também não tem como ficar culpando a diretoria agora. Não havia uma grande disponibilidade no mercado depois da contusão de Jared Sullinger. Poderiam tentar alguma troca antes, mas…
Leandrinho poderia ser um jogador útil, o mais próximo de um armador que o Celtics teve depois da lesão de Rondo. Mas também se machucou, e depois foi trocado com o Washington Wizards.
O Celtics desse ano, como se não tivesse sido assim antes, foi totalmente na base da superação, da força de vontade, de garra, enfim.
Será a última vez que vimos Garnett e Pierce juntos? Não sei. Na temporada passada foi a mesma coisa com Ray Allen, e ele foi embora para o Miami Heat. Não estou dizendo que o camisa 5 vai tentar outro título por aí, se rebaixando a um papel menos importante. Não é a cara dele.