Apenas quatro times ainda não venceram na atual temporada, iniciada na terça-feira passada. Brooklyn Nets, Los Angeles Lakers, New Orleans Pelicans e Philadelphia 76ers não conheceram o caminho dos triunfos até o momento. Em contrapartida, Golden State Warriors, Los Angeles Clippers e Toronto Raptors seguem com 100% de aproveitamento.
Primeiro, vamos falar sobre o Pelicans, classificado para os playoffs em 2014-15. A equipe parece não ter encontrado um padrão de jogo após a mudança de treinador, o que é natural no início. Apesar de todo o talento de Anthony Davis, o grupo sente a falta de outras peças importantes no elenco, como o ala-armador Tyreke Evans, lesionado, e que só deve voltar dentro de sete semanas. Já o armador Jrue Holiday está com limitação física e de tempo de quadra. Isso sem contar com o garrafão: Kendrick Perkins está fora de ação por tempo indeterminado, e o pivô titular Omer Asik ainda sente dores na panturrilha.
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O Pelicans também teve uma tabela um tanto ingrata. Dos quatro primeiros jogos de 2015-16, dois foram contra o atual campeão, o Warriors. E Stephen Curry abusou da pouca mobilidade de seus marcadores, especialmente Holiday, ainda em recuperação e fez aqueles 53 pontos. Davis, coitado, não sabe mais com quem reclamar. Talvez, com o destino. O Pelicans é um dos times mais azarados e vive perdendo jogadores importantes por contusões. Vai voltar a vencer em breve e pode lutar por uma vaga nos playoffs, mas o início é pouco promissor. O elenco é quase o mesmo do ano passado, então talento não é uma desculpa. A falta de profundidade, possivelmente, é um problema. O time possui várias lacunas e o banco deixa muito a desejar, exceção feita a Ryan Anderson.
Ainda na conferência Oeste, o Lakers decepciona. E em vários aspectos. Não que eu esperasse o time vencendo tudo e empolgando, mas achei que fosse um pouco mais competitivo. Kobe Bryant, um dos maiores ídolos de todos os tempos da liga, está em uma péssima fase. Acertou apenas 32.3% dos arremessos tentados e, infelizmente, demonstra uma enorme falta de confiança no elenco e em si próprio. Tem talento suficiente para dar a volta por cima e conseguir ser ao menos sombra do Kobe que todos conhecem. Hoje, não é.
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E o que dizer sobre D’Angelo Russell, segunda escolha do draft? Seu caso passa longe de ser alarmante, pois foram apenas quatro embates. Mas a pouca produção nas Ligas de Verão e na pré-temporada ligam um sinal de alerta. Pode ser um problema físico, como alegou no início do período de treinamentos. Aos poucos, ele vai conseguir evoluir. Seu grande problema, porém, parece ser a pressão por jogar em um time tão badalado quanto é o Lakers.
O brasileiro Marcelinho Huertas sofre com a falta de tempo de quadra em uma rotação apertada por vários jogadores para as posições de perímetro. Como o Lakers não joga hoje por uma vaga aos playoffs, seria interessante o técnico Byron Scott dar a ele mais chances de aparecer, enquanto acontece o desenvolvimento de outros atletas. E se ele entrar e o time crescer de produção, melhor ainda.
No Leste, o Nets sofre com um elenco ruim. Muitos jogadores abaixo da média fazem parte do plantel e depende em demasia de Brook Lopez e Joe Johnson. Já falei bastante sobre Johnson, inclusive na previsão para a temporada. Mesmo com o seu talento, ele dá a pinta de que a gasolina no tanque está acabando. O técnico Lionel Hollins não tem muito a fazer, a não ser desenvolver seus atletas para os próximos anos. Isso se ficar. Seu trabalho já é contestado (acreditem!), mesmo após levar a equipe aos playoffs no ano passado. Bizarro.
Mas também, como fazer sem um armador titular? Jarrett Jack passou a vida toda vindo do banco e, ainda que seja um jogador útil a qualquer equipe, não pode carregar o Nets na posição. O Nets não tem para onde ir em 2015-16 e deve amargar uma de suas piores campanhas.
O Sixers, por pior que esteja nos últimos anos, vê uma luz no fim do túnel. Na verdade, várias. Nerlens Noel é um brilhante defensor e quer se desenvolver cada vez mais do outro lado da quadra. Tem espaço para isso. Terceira escolha do draft, Jahlil Okafor é uma grande promessa. Precisa evoluir nos rebotes defensivos e já trabalha nisso. No ataque, é melhor hoje do que diversos titulares de sua posição em toda a NBA. Com alguns ajustes, vai se tornar uma peça fundamental para as pretensões do time. Enquanto isso, Joel Embiid se prepara fisicamente para estar pronto para, finalmente, entrar em quadra. Quando estiver é bom que fiquem de olho neste garrafão. Noel, Okafor e Embiid podem formar o melhor time na área pintada no futuro.
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O que eu gostei de ver em uma semana foi o armador T.J. McConnell. Inicialmente, ele seria a terceira opção da equipe. Como Tony Wroten ainda não está preparado para estrear, virou o primeiro reserva de Isaiah Canaan. Mas ao contrário do atual titular, McConnell tem uma ótima visão de quadra e busca antes o passe ao seu próprio arremesso. Um estilo cada vez mais clássico na NBA.
A equipe de Philadelphia ainda deve figurar entre as últimas na tabela de classificação, mas o futuro é promissor.
Na parte de cima
Era esperado que o Raptors tivesse uma boa temporada. Aliás, ainda é. Só de ver o envolvimento e o comprometimento de Kyle Lowry com o time já era o suficiente para apostar nisso. Lowry perdeu muito peso e foi um dos destaques da pré-temporada. A aquisição de DeMarre Carroll, um excelente defensor, também ajuda.
Jonas Valanciunas está tendo o espaço que precisa para ser um pivô de elite. É muito jovem, mas a diretoria acredita em seu potencial. Precisa manter o ritmo e, assim, pode ser uma surpresa na votação para o Jogo das Estrelas. Não que ele garanta o seu lugar lá neste ano, porém as chances aumentam a cada ano.
No Oeste, o Los Angeles Clippers foi o time que mais contratou. E bem. É cedo para afirmar, mas Blake Griffin demonstra estar disposto para brigar pelo MVP. Era a minha aposta no ano passado. O time possui várias armas ofensivas e adicionou Lance Stephenson e Josh Smith ao elenco, dois especialistas de defesa. Embora Stephenson tenha mostrado uma demasiada preguiça na hora de marcar, ele tem talento para ser melhor. E dos dois lados da quadra. Chris Paul segue como um dos melhores de sua posição na liga e é incrível o quanto é constante. Doc Rivers só parece ter trabalho com duas coisas: os lances livres de DeAndre Jordan e Smith, além de administrar o tempo de quadra de seus principais reservas. Nesta, eu incluo Paul Pierce e Jamal Crawford.
É impossível ignorar o que o Warriors está fazendo. Campeão em 2014-15, o time está literalmente passando o carro em cima de seus adversários. Brilha porque ali tem o atual MVP em excelente fase e um grupo que sabe muito bem o que fazer com ou sem a bola nas mãos.
Muita gente reclamou nos últimos dias por conta da previsão dos prêmios que o Jumper Brasil divulgou na segunda-feira. Curry não recebeu nenhum dos 31 votos para o MVP. Mas antes de qualquer coisa, é bom lembrar alguns detalhes:
1- A previsão foi feita antes do início da temporada. Fosse ela após seu início, ele teria vários votos.
2- Eu também estranhei o fato de ele não receber nenhum voto, mas é compreensível a partir do momento em que raramente um jogador consegue o prêmio duas vezes seguidas.
3- Curry sequer foi eleito o MVP das finais. A última impressão foi a que ficou. Não jogou bem no início da disputa contra o Cleveland Cavaliers e Andre Iguodala garantiu o prêmio ao “segurar” LeBron James.
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Na minha opinião, Curry sobra neste momento. Seu arremesso é perfeito. Até comentei com alguns membros de nossa equipe outro dia: ele parece entrar em uma zona só dele. Dá a impressão de que não tem mais ninguém no ginásio. Só a bola e ele.
Quanto a Cleveland Cavaliers, San Antonio Spurs e Oklahoma City Thunder, que perderam uma e venceram três, são os times que podem, de fato, brigar pelo título. Mas esse papo fica para uma outra hora.