Tyson Chandler é o jogador mais importante do Knicks?

Ricardo Stabolito Jr. discute a recente declaração de Charles Barkley e o impacto da ausência do pivô no New York Knicks

Fonte: Ricardo Stabolito Jr. discute a recente declaração de Charles Barkley e o impacto da ausência do pivô no New York Knicks

Não há como negar: o New York Knicks está em vertiginosa baixa. Uma onda de pessimismo tomou conta das previsões da imprensa especializada para a equipe, que teve o começo ruim agravado pela fratura na perna que vai manter Tyson Chandler longe das quadras de quatro a seis semanas. Para Charles Barkley, o desfalque do pivô representa um duro golpe porque se trata do “jogador mais importante do time”. A declaração foi ousada, mas é preciso admitir que poucas vezes o comentarista da TNT esteve tão certo ao dizer algo.

Todos sabem que Chandler é a âncora defensiva dos nova-iorquinos nas últimas temporadas, mas não só isso: ele é um dos únicos jogadores do elenco que realmente pratica defesa com mínima consistência (ao lado de Iman Shumpert? Kenyon Martin? Prigioni, talvez?). O Knicks simplesmente não é uma equipe que se notabilize pela boa marcação coletiva, mas sim pela presença de um pivô defensivo de elite capaz de defender o pick and roll e cobrir as falhas de atletas de perímetro que oferecem esforços que vão do mediano ao nulo evitando investidas adversárias.

Por isso, os números evidenciam o impacto brutal do veterano na eficiência defensiva do time. Nos jogos disputados nesta temporada até a lesão, os comandados do técnico Mike Woodson cederam 92.2 pontos a cada 100 posses de bola com o jogador em quadra e 105.6 pontos enquanto ele esteve no banco de reservas. A diferença de 13.2 pontos sofridos a menos é tão significativa dentro dos padrões da NBA que, hoje, representa o “abismo” entre a primeira e a 17ª defesa mais eficiente da temporada (Pacers e Lakers, respectivamente).

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Tyson Chandler e Iman Shumpert, dois dos poucos que mostram esforço defensivo constante no Knicks. (Crédito - Getty Images)

Tyson Chandler e Iman Shumpert, dois dos poucos que mostram esforço defensivo constante no Knicks. (Crédito – Getty Images)

Chandler ainda pega 19% dos rebotes que acontecem quando está em quadra, liderando, com folgas, todos os integrantes da rotação do Knicks. Para se ter uma ideia, o segundo melhor no índice não é sequer um homem de garrafão tradicional – Carmelo Anthony (12.9%).

Em resumo, o time está acostumado a jogar com a presença do pivô no garrafão. Mais do que isso, eles dependem de sua excelência protegendo o aro e coletando rebotes para superar as limitações defensivas individuais de vários de seus atletas e ser um time competitivo. A defesa nova-iorquina orbita em torno de Chandler – fato que rendeu-lhe o prêmio de melhor defensor da NBA em 2012 – e sua ausência é o fator que afasta a marcação do Knicks de uma “colcha de retalhos eficiente” e a aproxima de uma “colcha cheia de buracos”.

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Chandler lesionou-se ainda no primeiro quarto da partida contra o Bobcats e o efeito negativo de sua saída já pôde ser visto durante aquela noite. O oponente (sem contar com seu melhor pivô, Al Jefferson) pegou 16 rebotes ofensivos. Observe nos melhores momentos do armador Kemba Walker no confronto (em especial, lógico, no segundo tempo) como o garrafão nova-iorquino parece totalmente aberto, um verdadeiro campo aberto ao ataque dos adversários.

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Lógico que a situação se agrava muito quando o Knicks não tem Kenyon Martin (longe de ser o reserva dos sonhos, mas melhor opção para exercer a função do titular) em condições ideais para substituir Chandler e tem que escalar alguém como Andrea Bargnani em seu lugar. Ou seja, um pivô que pega apenas 7.2% dos rebotes que acontecem enquanto está em quadra. Com efeito totalmente contrário ao do titular: os comandados de Woodson sofreram 114.8 pontos a cada 100 posses de bola com o italiano em quadra e 96.8 pontos enquanto está no banco.

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Se isso não fosse o bastante, ainda nos “brinda” com movimentações e posicionamentos como estes no lado defensivo da quadra:

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O impacto de Chandler na defesa é algo notório, assim como a ineficiência de Bargnani. As estatísticas que apresento aqui servem, basicamente, apenas para comprovar o que todos, certamente, sabem muito bem. No entanto, o impacto do pivô no ataque é algo que tende a passar mais despercebido. Ele não é e nem quer ser um grande pontuador, mas atua nos pequenos detalhes para proporcionar o aumento do rendimento do Knicks no ataque.

Rebotes, que já foram citados antes, são um dos detalhes. Levando-se em conta apenas os atletas que jogam 18 ou mais minutos em média, Chandler é o quinto jogador da temporada com maior taxa de rebotes ofensivos (15.1%). Ele pode não ser o homem que encesta a bola, mas recupera posses e dá segundas, terceiras chances ao time de pontuar – o que, muitas vezes, “mascara” a questionável eficiência ofensiva da equipe em momentos derradeiros dos jogos, por exemplo.

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Outro detalhe são os bloqueios. Em uma liga em que o pick and roll é regra, Chandler torna-se uma arma ofensiva meramente pelos ótimos bloqueios que oferece aos companheiros. O pivô não teme o jogo físico (usa o corpo para parar a passagem dos adversários e não faz somente “sombra” no atleta) e tem uma boa noção de ângulos para abrir rotas de ataque aos jogadores com a bola nas mãos. Ele aparece, ano após ano, entres os atletas mais eficientes da NBA em situações de pick and roll e há uma boa razão para isso: muitos nesta liga são atléticos e ágeis como Tyson, mas poucos são tão precisos e inteligentes no ponto inicial, na essência do P&R – nos bloqueios.

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Além disso, observe o plano geral do que estamos analisando aqui: defesa e ataque sempre estão ligados. Sendo bem sincero, bom trabalho defensivo gera melhores posses ofensivas, pega adversários despreparados, fora de posição, e ocasiona pontos fáceis. Pontos fáceis e jogo de transição que são coisas muito importantes para uma equipe velha. Neste início de temporada, sem a espetacular movimentação de bola do ano passado (você lembra? Bons tempos), o Knicks parece tão lento e sem dinamismo – o rei dos isolations – quanto o fato de ser o terceiro elenco com maior média de idade da NBA (28.6 anos) sugeriria. Joga em um ritmo tão lento que já ocupa o sétimo lugar entre as equipes com menos posses de bola por jogo (95.4).

A verdade é que Chandler não é o melhor jogador do time, mas você não precisa ser o melhor para ser o mais importante. Hoje, é possível que o pivô seja o único atleta do Knicks que tenha um papel realmente importante no sucesso da equipe dos dois lados da quadra. Não sou um dos vários críticos de Carmelo Anthony que surgiram recentemente, mas preciso admitir que Barkley tem razão. Chandler é o mais importante.

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