Já estava acontecendo há alguns anos aqui e ali, mas o trio de astros do Phoenix Suns provou que a NBA não depende mais de super times. Por mais que Kevin Durant e Devin Booker sejam verdadeiros ídolos na liga, a diretoria foi ambiciosa demais sem procurar o bom e velho encaixe. De novo, já vimos isso.
Algumas grandes estrelas fazem a diferença em playoffs, é fato. Mas o Suns foi um time apático durante toda a temporada. Sem vida, sem raça, sem vibração. É uma grande mudança quando você troca o armador que levou o time às finais da NBA e busca alguém que não transpira mata-matas.
O senhor Bradley Beal, após o terceiro jogo contra o Minnesota Timberwolves, disse que não sabia o que era ser “varrido” nos playoffs. Bem, agora ele sabe.
O Suns tinha um elenco cheio de problemas ao fim da última temporada da NBA, então tentou formar um trio de astros para tentar bater de frente contra os melhores times. Não conseguiu.
Phoenix montou um time sem um armador principal, o que até não seria exatamente um problema se você possui caras que sejam organizadores primários. Ou seja, com mentalidade de passar a bola e encontrar um colega em melhores condições. Booker e Beal sempre ajudaram nisso, mas jamais foram algo próximo de especialistas.
Por mais que Booker tenha terminado com quase sete assistências por jogo, seu recorde na carreira, seu instinto diz arremessar. Então, sim. Faltou um armador, alguém que pudesse colocar a bola debaixo do braço e pensar as jogadas. Isso, falando exclusivamente de ataque.
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Mas o Suns mostrou uma apatia muito grande sem Chris Paul. Claro, nem estou dizendo que Paul deveria ficar, pois ele está com 38 anos e já não possui mais as mesmas performances de antes. Só que poderia ir atrás de um jogador melhor que Beal.
Vamos por partes, tá?
Beal não é um péssimo jogador. Nada disso. A questão é que ele sempre foi o melhor (ou um dos melhores) de um time que nunca fez nada demais enquanto esteve por lá, o Washington Wizards. Então, você já começa a questionar só por aí. E depois lembra quem esteve ao seu lado nos melhores momentos e quem é que fazia a coisa acontecer. Nestes casos, John Wall e Russell Westbrook. Portanto, não era ele o “dono da bola”. Ele era apenas um cestinha e está tudo bem em ser isso.
Só não é o cara que a diretoria de Phoenix deveria ter ido atrás.
Aí vem a escolha do treinador.
Ora, se você tem um Monty Williams, um cara que entende o jogo e sabe fazer jogar, por que vai demitir?
Sim, Williams recebia muitas críticas por problemas de relacionamento com atletas como Jae Crowder e Deandre Ayton, mas ele é infinitamente superior a Frank Vogel. Aliás, o Los Angeles Lakers venceu o título da “bolha” apesar de Vogel.
Defesa?
Quando você abre mão de Chris Paul, o time perde em defesa de perímetro. Sim, ele não é mais o mesmo e todo mundo sabe disso. Mas Bradley Beal e Devin Booker juntos? Por mais que Grayson Allen faça seus milagres defendendo, o perímetro do Suns era apenas mediano naquele lado da quadra.
Jusuf Nurkic, por outro lado, sempre tentou ajudar e funcionou muito bem nos dois lados da quadra, especialmente quando Beal ou Booker estavam fora por lesão. Sim, Nurkic colaborava até na organização ofensiva. Além disso, foi dele o recorde de rebotes em apenas uma partida na temporada, com 31. Ele teve cinco partidas com 20 ou mais (apenas Domantas Sabonis foi melhor que ele, com oito jogos).
E estamos falando do quarto ou quinto jogador mais importante da equipe. Então, ele é o menor dos culpados.
É diferente de Deandre Ayton, por exemplo, que o Suns gastou uma escolha de primeira rodada, investiu no pivô para ser a próxima estrela e não deu em nada.
Aqui, o problema estava totalmente na montagem do elenco e, claro, em Vogel. O treinador ficou conhecido na NBA por montar times (com astros ou não) que sabiam defender, mas não foi o que aconteceu no Suns.
Kevin Durant
Dá para culpar Kevin Durant pelo que aconteceu na temporada e nos playoffs? Sim, se você for maldoso ou não gostar do cara. Durant liderou, ao lado de Devin Booker, o Suns em pontuação na temporada regular, com 27.1 por jogo. Além disso, ele esteve presente em 75 dos 82 jogos, a maior marca desde a lesão ao fim de 2018/19.
E nos playoffs, Durant praticamente manteve sua média de pontos, acertou 41.6% do perímetro (lembre-se que ele não é um jogador de volume no arremesso de três) e terminou com um dos melhores aproveitamentos em arremessos de quadra.
Vamos entender algumas coisas: Durant está com 35 anos, atuou por 37 minutos na fase regular e 42 nos playoffs.
Ou seja, ele fez a parte dele.
Devin Booker
Tudo bem que no jogo da eliminação, Devin Booker finalmente apareceu para a série. Foram 49 pontos, sendo muito agressivo no ataque e cometendo poucos erros ofensivos. Claro que não é um armador de origem, mas fez o que poderia na fase de classificação.
Só que nos playoffs, tirando o quarto jogo, ele foi muito mal. Culpa da defesa do Timberwolves? Sim, também. Mas o fato é que Phoenix só teve chances reais de vencer uma partida quando ele brilhou. E mesmo fazendo quase 50 pontos, ainda não foi possível ganhar de Minnesota.
Não foi bem nos três primeiros (até porque sabemos do que é capaz), mas veio com tudo para aquele que o Suns estava “de costas para a parede”.
Então, seu veredito é de que poderia fazer melhor antes, mas no geral entregou seu trabalho.
Bradley Beal
Difícil, né? Imagine você sair de uma equipe ruim, que não vai aos playoffs quando é o principal cestinha e assume uma terceira posição de importância em um time bem melhor. É para fazer, no mínimo, a sua parte, certo?
Pois é. Beal não fez.
Perdeu muitos jogos por lesões (29), fez uma série de playoffs até razoável (por sua importância dentro do trio), mas o último jogo foi o oposto de Booker.
Nove pontos, duas assistências, seis erros de ataque, acertou quatro em 13 nos arremessos e saiu com seis faltas. Tivesse ele feito um jogo “normal”, o Suns dificilmente perderia a quarta partida.
Mas ele disse que nunca havia sido varrido, né?
O problema de Beal é que ele é um jogador com fama de astro, mas em 12 anos de NBA foi ao All-Star Game em três ocasiões. Está estampado na testa dele que é um segundo ou terceiro jogador de uma equipe, mas jura ser melhor do que realmente é.
Seu salário em 2024/25 de US$50.2 milhões prova que é superestimado.
Diferença para outros times da NBA
Quantos astros o Denver Nuggets tem? E o Miami Heat?
Os dois times foram finalistas da NBA em 2022/23 com poucos astros de fato, mas a diretoria do Phoenix Suns achava que montar seu elenco assim seria suficiente. No entanto, esqueceu de coisas importantes como um técnico de elite, bons defensores, um armador titular, arremessadores do perímetro e alguém que cuidasse da bola.
O Suns foi uma vergonha em quase tudo isso na temporada. Grayson Allen foi espetacular defendendo, mas melhor ainda arremessando de três. Mas do que adianta Phoenix ter o quinto melhor aproveitamento se foi apenas o 25° em volume? E que tal defender? Sem Allen, que não atuou em dois dos quatro jogos por lesão, o Suns foi terrível defendendo.
Mas mesmo nas partidas em que ele esteve, o time sofreu 120 pontos ou mais em três das quatro partidas. E não estamos falando que o Suns enfrentou uma máquina ofensiva. Era o Timberwolves, dono do 26° ritmo mais rápido da liga, da décima sétima eficiência ofensiva e apenas o 18° que mais pontuava na fase regular. Então, quando chegam os playoffs, a tendência é cair um pouco, certo?
Não foi o que aconteceu com Minnesota, pois encontrou um time muito convidativo para pontuar quando quisesse.
Que horror.
Direção
Difícil elogiar, né? O Suns viu que ficou para trás na última temporada em relação a outros times da NBA e montou um elenco com base em três astros. Não funcionou por diversos motivos, como organização ofensiva (sexto que mais cometeu erros de ataque e apenas o 12° em assistências) ou ausência de outro cara para “morder a bola”. Beal não é ele. Se a diretoria paga tantas multas por passar (por muito) o teto salarial, é preciso montar um elenco sem falhas.
E cair na primeira rodada dos playoffs é um fracasso com F maiúsculo.
Veja bem. Pelos nomes de astros que tinha, o Suns deveria brigar entre os melhores times da NBA e não foi o que aconteceu desde o início.
Faltou encaixe, faltou brio. Um time sem alma, com pouco compromisso com a vitória.
Cai bem pior do que na última temporada, quando foi eliminado pelo Denver Nuggets em seis jogos nas semifinais do Oeste.
E para a próxima offseason, Phoenix terá de trabalhar muito. Apesar de estender com Grayson Allen, Royce O’Neale é agente livre e vários outros jogadores podem deixar seus contratos, como Eric Gordon e Josh Okogie.
Boa sorte e até 2024/25.
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