Depois de um hiato de três meses, a série de artigos a respeito de grandes times que marcaram época, mas que não conquistaram o tão desejado anel de campeão da NBA, está de volta ao Jumper Brasil.
O nono e antepenúltimo texto vai homenagear o Sacramento Kings, finalista da conferência Oeste na temporada 2001/02 e vítima de uma das mais controversas arbitragens da história dos playoffs da NBA.
Como todos sabem, o objetivo da série é trazer a história da melhor liga de basquete do mundo aos leitores que começaram a acompanhar a NBA há pouco tempo. Para os “dinossauros”, categoria a qual me incluo, os artigos vão servir como uma viagem no tempo, trazendo aquela sensação de nostalgia.
Tão ridicularizado em tempos recentes pelas seguidas trapalhadas de seus dirigentes, o Kings era um contender (postulante ao título) há quase duas décadas. Para você ver que nenhum time é sempre ruim.
Antes de falar propriamente do time de 2002, vamos recapitular o que foi feito nos anos anteriores, que culminou na formação do grande elenco que entrou para a história da franquia californiana.
A montagem do elenco
Vamos começar em 1996, com a chegada de Pete Carrill, antigo treinador da Universidade de Princeton e responsável por implantar e consagrar a Princeton Offense no basquete universitário, para ser assistente técnico do time de Sacramento. Basicamente, não existem posições definidas nesse sistema de ataque, em que todos os jogadores se movimentam bastante em quadra, especialmente nas costas da defesa perto da linha lateral (backdoor), e com o pivô, por exemplo, sendo o playmaker da equipe.
Na temporada 1997/98, o Kings foi o nono colocado no Oeste, com 27 vitórias e 55 derrotas. A campanha foi enganosa porque o oitavo e último time classificado para os playoffs da conferência foi o Houston Rockets, que obteve 41 triunfos. Naquela temporada, seis das sete piores campanhas da liga foram protagonizadas por equipes do Oeste.
Aquele time do Kings era liderado pelo ala-armador Mitch Richmond, integrante do Dream Team americano campeão olímpico em 1996, e treinado por Eddie Jordan, assistente que havia sido promovido ao cargo de técnico principal no ano anterior.
Em 1998 houve o locaute na NBA, que durou seis meses. Com isso, a temporada regular foi mais curta, com 50 jogos disputados por cada equipe.
Disposto a acabar com um jejum incômodo (apenas duas classificações para os playoffs desde que a franquia deixou Kansas City, em 1985, e foi alocada em Sacramento), a direção do Kings se movimentou na offseason daquele ano e reforçou o plantel.
O inexperiente Eddie Jordan foi demitido e, para o seu lugar, o gerente-geral Geoff Petrie trouxe Rick Adelman, que havia levado o Portland Trail Blazers a duas finais de conferência naquela década.
No Draft de 1998, o Kings teve direito à sétima escolha e selecionou o habilidoso armador Jason Williams, cujo apelido era White Chocolate. Na agência livre, a equipe adquiriu o ala-pivô Chris Webber, primeira escolha geral do recrutamento de 1993, junto ao Washington Wizards. Na negociação, a franquia de Sacramento enviou a estrela da equipe, Richmond, já com 33 anos, e o veterano pivô Otis Thorpe. Inicialmente, Webber não queria jogar em Sacramento (qualquer semelhança é mera coincidência com os tempos atuais na liga), já que era um time que não chegava aos playoffs. Mas o jogador mudou de ideia e, curiosamente, foi nos sete anos de Kings que Webber teve os melhores números de sua carreira.
Além disso, o time californiano assinou com o veterano Vernon Maxwell (bicampeão com o Houston Rockets em 1994 e 95) e com dois jogadores oriundos da antiga Iugoslávia: os sérvios Peja Stojakovic e Vlade Divac. O ala, com 21 anos na época, havia sido a 14ª escolha do Kings no draft de 1996, mas só foi para a NBA duas temporadas depois. Já o pivô, de 30 anos, chegou à equipe após defender Los Angeles Lakers e Charlotte Hornets. Vale lembrar que, na offseason de 96, Divac foi envolvido em uma troca que mudou a cara do Lakers: o pivô foi negociado com o Hornets, que, em contrapartida, cedeu os direitos de sua 13ª escolha no recrutamento daquele ano, um certo Kobe Bryant. Os dois se encontrariam alguns anos depois, nas finais do Oeste que serão o destaque deste artigo.
Em 1998/99, Webber foi o principal reboteiro da liga, desbancando o polêmico Dennis Rodman, líder nesse quesito nas sete temporadas anteriores. Com uma campanha de 27 vitórias e 23 derrotas, o Kings terminou a fase regular na sexta colocação e voltou aos playoffs após três anos.
Na pós-temporada, o time de Sacramento enfrentou o poderoso Utah Jazz da dupla John Stockton e Karl Malone. A equipe californiana foi eliminada após uma dura série de cinco partidas. Só de ter formado um time competitivo e chegado aos playoffs já era uma vitória para o Kings.
Na temporada seguinte, o time de Sacramento se fortaleceu ainda mais ao adquirir o ala-armador Nick Anderson. Na troca, o Kings enviou para o Orlando Magic o também ala-armador Tariq Abdul-Wahad e uma escolha de primeira rodada do recrutamento de 2003 (que veio a ser o pivô Kendrick Perkins).
Depois de um começo arrasador, com nove triunfos nos dez primeiros jogos, a equipe californiana perdeu sete das últimas oito partidas e encerrou a temporada regular na oitava posição do Oeste (44-38).
Nos playoffs, Sacramento caiu pelo segundo ano seguido na primeira rodada, após uma série de cinco jogos. O algoz da vez foi o Lakers de Shaquille O’Neal e Kobe Bryant, e comandado por Phil Jackson, que viria a ser o campeão naquela temporada.
Para a temporada seguinte, o Kings manteve-se competitivo e disposto a ir além de uma primeira rodada de playoffs. No recrutamento de 2000, a franquia selecionou o ala turco Hedo Turkoglu, na 16ª escolha, outro jogador que faria parte do time histórico homenageado neste artigo.
Na offseason, o time trouxe, após uma troca com o Toronto Raptors, o ala-armador Doug Christie, um especialista defensivo que faltava à equipe. Além disso, assinou com o armador Bobby Jackson, que seria um dos principais reservas do time.
As mudanças deram resultado e o Kings terminou a temporada 2000/01 com a terceira melhor campanha do Oeste, com 55 vitórias e 27 derrotas. Webber, que fez a melhor temporada da carreira (27.1 pontos, 11.1 rebotes e 4.2 assistências), e Divac, foram selecionados para o All-Star Game de 2001, o jovem Turkoglu foi escolhido para o segundo time de ideal de novatos e Christie eleito para o segundo time de defesa.
Nos playoffs, o Kings finalmente conseguiu superar a primeira rodada ao derrotar o Phoenix Suns de Jason Kidd, em uma série de quatro partidas. Na semifinal de conferência, o adversário foi um velho conhecido: o atual campeão Lakers. Azarão no confronto, o time de Sacramento foi atropelado e varrido pelo adversário, que contou com jornadas inspiradas da dupla Kobe e Shaq, que combinou para 68 pontos de média na série.
A temporada regular dos sonhos
O Kings alcançou o status de contender, mas a varrida na semifinal de conferência deixou um gosto amargo. Para fortalecer o elenco ainda mais, a franquia fez uma troca importante na offseason de 2001: enviou Williams e Anderson para o Vancouver Grizzlies e trouxe Mike Bibby, mais decisivo que White Chocolate. Williams era indisciplinado e a franquia queria espaço na folha salarial para oferecer um contrato máximo para Webber.
Mesmo com a ausência do ala-pivô em 20 partidas por conta de uma lesão no tornozelo, o time de Sacramento terminou a fase regular com a melhor campanha da liga, com 61 vitórias e 21 derrotas. Foi o melhor aproveitamento da franquia (74.4%) desde as campanhas de 1949 e 1950 (75% em cada uma delas), quando ainda se chamava Rochester Royals.
O detalhe é que as quatro melhores campanhas daquela temporada foram de equipes do Oeste: Kings, San Antonio Spurs, Lakers e Dallas Mavericks, nessa ordem. Era quase um consenso, na época, que o campeão da NBA sairia desse grupo.
Em 2002, Webber e Stojakovic foram selecionados para o All-Star Game e Christie eleito para o segundo time de defesa. De quebra, o ala sérvio venceu o torneio de três pontos no Fim de Semana das Estrelas. O Kings tinha uma qualificada rotação de sete jogadores que nenhuma outra equipe possuía naquele ano. Bibby, Christie, Stojakovic, Webber e Divac formavam o quinteto mais forte da liga. Webber era rápido, inteligente, podia jogar tanto dentro quanto fora do garrafão. Ele foi o principal pontuador e reboteiro do time, além de só não ter dado mais assistências do que Bibby, que rapidamente assimilou o conceito da Princeton Offense. E, no banco de reservas, a equipe tinha Jackson e Turkoglu, que sempre entravam bem.
Na fase regular, o Kings foi o líder da NBA em posses de bola (95.6), o segundo em pontos por partida (104.6), o terceiro em eficiência ofensiva (109.0 pontos por 100 posses de bola) e o sexto em eficiência defensiva (101.1 pontos sofridos por 100 posses de bola). Não era exagero afirmar que o time de Sacramento jogava o basquete mais divertido e altruísta da NBA naquela temporada. Os bigs Divac e Webber, que eram ótimos passadores, foram fundamentais para que a Princeton Offense adotada pelo Kings encantasse a todos que amam o basquete bem jogado. Portanto, o time de Sacramento era um candidato real ao título.
Nos playoffs, o primeiro adversário foi o Jazz dos veteranos Stockton e Malone. Sem muitas dificuldades, o Kings fez três a um no confronto. Na semifinal, o time californiano bateu o Mavs de Steve Nash e Dirk Nowitzki, em uma série de cinco jogos.
https://www.youtube.com/watch?v=toleIaxFdCE
Sacramento Kings (2001/02)
Time-base: Mike Bibby (PG), Doug Christie (SG), Peja Stojakovic (SF), Chris Webber (PF) e Vlade Divac (C)
Principais reservas: Bobby Jackson (PG/SG), Hedo Turkoglu (SG/SF), Scot Pollard (C), Gerald Wallace (SF), Lawrence Funderburke (PF)
Técnico: Rick Adelman
Fonte: site Basketball Reference
A histórica final do Oeste de 2002
E veio o duelo que todos aguardavam. Pelo terceiro ano seguido, o Kings tinha o Lakers pela frente. Desta vez, pela final do Oeste. A equipe de Sacramento tinha mais time, mais peças que contribuíam em quadra e a vantagem do mando de quadra. Já o Lakers tinha os astros Kobe e Shaq jogando em alto nível, um treinador multicampeão e buscava o terceiro título consecutivo. Com todo respeito ao New Jersey Nets, liderado por Jason Kidd e finalista do Leste, mas quem entendia um pouco de basquete sabia que o campeão da NBA sairia do duelo entre Kings e Lakers. Independente do adversário, o Nets seria atropelado na decisão.
Por causa da melhor campanha da liga, o Kings teve o privilégio de jogar em casa nos dois primeiros duelos da série. Só que o time comandado por Rick Adelman teria um desfalque importante: por conta de uma torção no tornozelo direito, angariada na terceira partida da série contra o Mavs, Stojakovic só estaria à disposição a partir de um suposto jogo 5.
Na primeira partida, o Lakers levou a melhor graças à dupla Shaq e Kobe, para variar. Eles combinaram para 56 pontos, 15 rebotes e seis tocos, e o time visitante venceu por 106 a 99. Com um duplo-duplo (28 pontos e 14 rebotes), Webber foi a principal figura do Kings em quadra.
A equipe de Sacramento sabia que uma vitória no segundo jogo seria fundamental para se manter viva no confronto. Com uma ótima atuação coletiva, o Kings venceu por 96 a 90. Cinco jogadores do time da casa anotaram 13 ou mais pontos. Novamente, Webber conseguiu um duplo-duplo: 21 pontos e 13 rebotes.
Nos jogos 3 e 4, a série voltou para Los Angeles, e o Kings precisava retomar o mando, perdido com a derrota no primeiro duelo. E ela veio com direito a um atropelo. A terceira partida já estava decidida ao final do terceiro quarto, quando Sacramento abriu 23 pontos de vantagem: 75 a 52. Foi uma aula de defesa, com Shaq e Kobe limitados a um aproveitamento de 39% nos arremessos de quadra (17 cestas em 44 tentativas). Webber e Bibby combinaram para 50 pontos. Christie, o marcador de Kobe, ainda alcançou um duplo-duplo: 17 pontos e 12 rebotes.
A quarta partida machuca até hoje o coração de todo torcedor do Kings. Depois de um excelente primeiro tempo, quando chegou até a fazer 40 a 20 no período inicial, o time de Sacramento foi para o intervalo com uma vantagem de 14 pontos (65 a 51). Porém, essa vantagem poderia ter sido maior se a arbitragem não tivesse entrado em cena. O desconhecido Samaki Walker converteu um arremesso quase do meio da quadra, mas o cronômetro já havia zerado quase um segundo antes de a bola sair de suas mãos. Os juízes Dan Crawford, Ron Garretson e Ken Mauer (os dois últimos ainda na ativa) validaram a cesta irregular do Lakers…
https://www.youtube.com/watch?v=C5ji_kl5twM
Tudo se encaminhava para um novo triunfo dos visitantes, que teriam a chance de fechar o confronto em casa, na quinta partida. Só que o Lakers reagiu e o Kings sofreu uma virada traumática na segunda etapa de jogo.
Os momentos finais da partida foram insanos. Três pontos à frente no marcador (98 a 95), o Kings levou Shaq para a linha do lance livre, o que era mais do esperado. Afinal, como todos sabem, o pivô nunca foi um bom cobrador de lances livres. Só que, naquele momento, quando restavam 26 segundos para o fim, ele acertou os dois arremessos e a diferença caiu para apenas um ponto. Na sequência, Christie sofreu falta e o técnico Rick Adelman teve a chance de deixar em quadra seus melhores chutadores de lance livre. Só que ele manteve Divac, o pior do time nesse quesito (62% de aproveitamento naquela temporada), na partida. O Lakers, sabidamente, mandou o pivô sérvio para a linha do lance livre. Divac converteu somente um dos arremessos.
O time da casa teria a posse de bola final e a chance de levar o jogo para a prorrogação ou até de vencer, caso convertesse uma bola de três pontos. Kobe tentou a infiltração e acertou o aro. Após pegar o rebote ofensivo, Shaq também não fez a cesta. Com fim de jogo se aproximando, Divac deu um tapinha para afastar a bola do garrafão do Kings. Caprichosamente, a laranja sobrou para o ala-pivô Robert Horry, que estava livre no perímetro. O tiro de misericórdia foi dado no estouro do cronômetro, em um lance que entrou para a história dos playoffs da NBA.
De volta a Sacramento, o Kings se refez da traumática derrota e deu o troco no quinto jogo da série, que contou com o retorno de Stojakovic, vindo do banco de reservas. Com o arremesso decisivo convertido por Bibby a oito segundos do fim, o time da casa venceu por 92 a 91. O Lakers ainda teve a última posse de bola, mas Kobe errou o chute final, para delírio da torcida na ARCO Arena. Definitivamente, aquela decisão do Oeste não era recomendada para pessoas portadoras de problemas cardíacos.
Com o triunfo dramático conquistado no jogo 5, o Kings estava perto de fazer história e a uma vitória de chegar às finais da NBA depois de 51 anos. Só que na sexta partida, realizada em Los Angeles, o fator arbitragem entrou em cena. A equipe visitante chegou a abrir 24 pontos de vantagem e dominou o Lakers durante quase toda a partida, mas os árbitros interferiram diretamente no rumo do duelo, marcando faltas muito contestáveis, esquisitas mesmo, no último quarto.
Divac e Scot Pollard (seu reserva imediato) foram excluídos do jogo com seis faltas cada. A falta que excluiu Pollard (jogou apenas 11 minutos) não seria considerada uma infração em nenhuma liga do mundo. Divac, assim que cometeu a sua quinta falta, disse para Webber: “Nós vamos nos f****”. Sem Divac e Pollard, e com Webber pendurado, o ala-pivô Lawrence Funderburke, que pouco atuava, teve que marcar Shaq no fim do último quarto (ele “cometeu” três faltas em seis minutos).
O time de Los Angeles, que estava cobrando, em média 22 lances livres na série, bateu 40 no jogo 6, sendo 27 apenas no último quarto. De fato, o Lakers passou quase seis minutos sem pontuar através de arremessos de quadra, mantendo-se no jogo exclusivamente por causa dos lances livres. Shaq acertou 13 de 17 tentativas, o que foi impressionante, levando-se em conta o seu aproveitamento pífio na carreira. No entanto, ele chutou de forma irregular, pois dava um passo à frente antes da bola encostar no aro – o que é contra as regras da NBA.
Quando faltavam 12 segundos e o placar apontava 103 a 102 a favor do Lakers, ainda houve uma falta claríssima de Kobe em Bibby, uma cotovelada que simplesmente foi ignorada pela arbitragem. De lance livre em lance livre, o time angelino venceu por 106 a 102 e forçou o sétimo jogo.
Enfim, como não sou torcedor de nenhum dos times envolvidos, e o Jumper Brasil é conhecido pela sua imparcialidade, que dá credibilidade ao site, que está há 11 anos na ativa, não me omito em afirmar: o Kings foi roubado. Ninguém aqui está falando que o Lakers comprou a arbitragem ou que estava envolvido em alguma falcatrua. O fato é que, nos 25 anos que acompanho a NBA, nunca vi um time ser tão prejudicado pela arbitragem como o Kings naquele jogo 6.
https://www.youtube.com/watch?v=Bu1KfqVWgR4
Na sétima e decisiva partida, disputada em Sacramento, o Kings não mostrou o seu melhor basquete e claramente estava abalado pelos acontecimentos do jogo anterior. Mesmo assim, o duelo foi para a prorrogação. Tensão, drama, ansiedade. E no final… Decepção para os fãs do Kings. Kobe e Shaq combinaram para 65 pontos, 23 rebotes, nove assistências e quatro tocos, e o Lakers levou a melhor. Ao final daquela temporada, o time angelino acabou atropelando o Nets nas finais (como esperado) e conquistou o tricampeonato consecutivo. Frustração é pouco para definir o sentimento que ficou em Sacramento…
Na temporada seguinte, o Kings novamente venceu a Divisão do Pacífico, com 59 vitórias e 23 derrotas, mas a grave lesão sofrida por Webber (rompeu o ligamento anterior cruzado) acabou com as esperanças da franquia. Após duas eliminações seguidas nas semifinais de conferência, para o Mavs em 2003, e Minnesota Timberwolves, em 2004, ambas as séries chegaram a sete jogos, o elenco começou a ser desmontado, o ânimo da torcida esfriou, trocas bastante questionáveis foram fechadas e a franquia desceu ladeira abaixo…
Cinco anos depois da histórica série entre Kings e Lakers estourou o escândalo de manipulação de jogos da NBA, protagonizado pelo árbitro Tim Donaghy. Após as denúncias, ele confessou que participava de um esquema de apostas, e citou que outros jogos, além dos que ele estava diretamente relacionado, também foram manipulados. Dentre eles, Donaghy citou o famoso jogo 6 das finais da Conferência Oeste de 2002. Segundo ele, pelo menos um dos três árbitros daquela partida (Dick Bavetta, Ted Bernhardt e Bob Delaney) foi responsável pela excessiva marcação de faltas contra o Kings. Naturalmente, as suspeitas recaíram sobre o veterano Bavetta.
O então comissário da NBA, David Stern, sempre negou veementemente essas acusações, que, obviamente, nunca puderam ser comprovadas. O fato é que aquele jogo 6 está marcado para sempre como um dos que teve uma das piores arbitragens de todos os tempos. O que aconteceu naquela partida foi, no mínimo, suspeito. A teoria da conspiração, nesse episódio, dá conta que era interesse ($) da liga prolongar a série entre Kings e Lakers até o sétimo jogo. Mas como disse acima, nada foi comprovado.
Vale dizer que, por tudo o que fizeram pelo Kings, Webber, Divac e Stojakovic tiveram suas camisas aposentadas pela franquia. O título não veio em 2002, mas eles ficarão eternizados em Sacramento. Com toda a justiça.
O “se” não entra em quadra, mas a minha impressão é a de que o time de Sacramento tomaria outro rumo, caso tivesse passado pelo Lakers e sido campeão em 2002. No fim das contas, o melhor time de basquete que a cidade já viu, a equipe mais talentosa daquela temporada, não conquistou o título da NBA, o que é uma das grandes injustiças do esporte. Definitivamente, o destino foi muito cruel com o Kings. Até quando a fase ruim vai rondar a franquia?
P.S. Marque na sua agenda a data do texto que fecha a série “Times históricos que não foram campeões”.
– Minnesota Timberwolves (2004): dia 12/08
Confira os artigos da série que já foram publicados
Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (1991)
Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (1993)
Times históricos que não foram campeões – New York Knicks (1994)
Times históricos que não foram campeões – Orlando Magic (1995)
Times históricos que não foram campeões – Seattle Supersonics (1996)
Times históricos que não foram campeões – Utah Jazz (1997)
Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (1998)
Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (2000)