A temporada da série “Times históricos que não foram campeões” chega ao seu final no Jumper Brasil! O 14° texto vai homenagear o Chicago Bulls, finalista da conferência Leste em 2011 e que teve o jovem armador Derrick Rose eleito MVP naquele ano.
Quem leu os textos anteriores sabe que, primordialmente, o objetivo da série é trazer a história da NBA aos leitores mais novos, que começaram a acompanhar a liga há pouco tempo. Para os mais antigos, os artigos servem como uma viagem no tempo, trazendo aquela sensação de nostalgia.
Em primeiro lugar, vamos apresentar como foi a formação do elenco que entrou para a história da franquia de Chicago. Posteriormente, detalharemos a temporada 2010/11, especialmente a fase de playoffs, que se encerrou para o Bulls após a derrota para o Miami Heat na final de conferência.
A montagem do elenco
Após a dinastia da década de 90, em que o Bulls, liderado por Michael Jordan venceu as seis finais que disputou, a franquia ficou no ostracismo. Nas seis temporadas seguintes ao sexto título (1998), o time de Chicago fez campanhas horríveis e, obviamente, não chegou aos playoffs. Em 2003, John Paxson, ex-jogador da equipe, assumiu o lugar do lendário, controverso e multicampeão Jerry Krause como gerente-geral da franquia.
Somente em 2005, sob o comando de Scott Skiles, é que o Bulls voltou a disputar a pós-temporada. Aquela equipe tinha os jovens Ben Gordon, Kirk Hinrich e Luol Deng e o argentino Andrés Nocioni como destaques. O quarteto ainda levou o time aos playoffs nos dois anos seguintes, mas o melhor resultado foi a semifinal do Leste, em 2007.
Em 2008, Vinny Del Negro assumiu o comando da equipe de Chicago. Nas duas temporadas em que ele treinou o time, o Bulls foi eliminado na primeira rodada dos playoffs.
O surgimento de Derrick Rose e o começo da era GarPax
Além do quarteto citado acima, dois jovens atletas passaram a chamar a atenção no Bulls: o pivô Joakim Noah, nona escolha do Draft de 2007, e o armador Derrick Rose, primeira escolha do recrutamento de 2008. Em sua temporada de estreia na NBA, Rose foi o segundo cestinha do time (atrás apenas de Ben Gordon) e venceu o prêmio de calouro do ano. Definitivamente, o Bulls tinha um diamante bruto em suas mãos.
No front office, Paxson foi promovido e tornou-se vice-presidente de operações de basquete. Para o cargo de GM, o Bulls nomeou Gar Forman, que já trabalhava na franquia. Começava ali a era “GarPax”.
A primeira medida da dupla foi no Draft de 2009, em que o Bulls selecionou o ala James Johnson na pick 16 e o ala-pivô Taj Gibson na 26ª escolha. Naquela mesma offseason, Ben Gordon deixou a equipe (agente livre) e assinou um lucrativo contrato de cinco anos com o Detroit Pistons. Sem ele, Rose tornou-se o cestinha da equipe.
A chegada de Tom Thibodeau
Del Negro era muito criticado pela mídia e pela torcida, e deixou a franquia em 2010. Para o lugar dele, o Bulls trouxe o estreante Tom Thibodeau, então assistente técnico de Doc Rivers no Boston Celtics. “Thibs” ganhou notoriedade por ser o responsável pela defesa do Celtics campeão em 2008.
Quanto ao elenco, Hinrich foi negociado com o Washington Wizards. Em contrapartida, o Bulls trouxe o ala-pivô Carlos Boozer, após uma troca com o Utah Jazz, e o armador CJ Watson, que veio do Golden State Warriors. Também chegaram o ala-armador Keith Bogans, os alas Kyle Korver e Ronnie Brewer, e o veterano pivô Kurt Thomas, que eram agentes livres.
A temporada histórica
O Bulls tinha um elenco forte, liderado por uma estrela em ascensão (Rose) e com ótimos coadjuvantes ao redor. A expectativa era alta com a chegada de Thibodeau. A torcida veria em quadra pelo menos um time competitivo e com uma defesa sólida.
E o Bulls deu liga, logo na primeira temporada com o novo treinador. A equipe de Chicago fez a melhor campanha da fase regular, com 62 vitórias e 20 derrotas. Além disso, o time foi o líder em eficiência defensiva. Como não poderia deixar de ser, Thibodeau ganhou o prêmio de técnico do ano.
Aos 22 anos, Rose estava no auge da forma física e destruindo em quadra. Com médias de 25 pontos e 7.7 assistências, ele foi para o primeiro All-Star Game da carreira, escolhido para o primeiro time da temporada e eleito o MVP mais jovem da história da NBA. Não restava dúvidas: o Bulls era candidato ao título e Rose um astro da primeira prateleira na liga.
Chicago Bulls 2010/11
Time-base: Derrick Rose (PG), Keith Bogans (SG), Luol Deng (SF), Carlos Boozer (PF) e Joakim Noah (C)
Principais reservas: Taj Gibson (PF/C), Kyle Korver (SG/SF), Ronnie Brewer (SG/SF), Omer Asik (C), CJ Watson (PG) e Kurt Thomas (C)
Técnico: Tom Thibodeau
Playoffs de 2011
Com a melhor campanha da temporada regular, o Bulls teria vantagem no mando de quadra até às finais. Na primeira rodada dos playoffs, o time bateu o Indiana Pacers, em uma série de cinco jogos. Na semifinal de conferência, o adversário foi o Atlanta Hawks, que tinha como destaques o ala-armador Joe Johnson, o ala Josh Smith e o pivô Al Horford. Sem muitas dificuldades, o Bulls venceu o confronto por 4 a 1.
Restava a dúvida sobre quem seria o adversário de Chicago na final do Leste: Miami Heat ou Boston Celtics. Era duelo dos Big Threes. O time da Flórida tinha LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh, enquanto o Celtics contava com Kevin Garnett, Ray Allen e Paul Pierce. O Heat levou a melhor por 4 a 1.
A final do Leste
A decisão do Leste colocou frente a frente os grandes favoritos ao título daquela temporada. Na fase regular, o Bulls havia vencido os três duelos contra o Heat. Só que, agora, com o Big 3 de Miami mais entrosado, as dificuldades seriam tremendas.
No jogo 1, o Bulls simplesmente atropelou o Heat. Ganhou por 103 a 82, com 28 pontos de Rose e uma atuação coletiva espetacular na defesa. Bem marcado por Deng, LeBron anotou apenas 15 pontos e acertou somente cinco dos 15 arremessos de quadra tentados.
A virada do Heat
No jogo 2, também realizado em Chicago, o Heat levou a melhor por 85 a 75 e empatou a série. LeBron e Wade combinaram para 53 pontos, enquanto Rose marcou 21. As próximas duas partidas seriam realizadas em Miami, e o Bulls tinha que vencer ao menos um deles para não ficar contra a parede.
No jogo 3, o Big 3 do Heat fez a diferença. LeBron, Wade e Bosh combinaram para 73 pontos (34 deles anotados pelo ala-pivô) e o time da Flórida venceu por 96 a 85. Pelo Bulls, Rose e Boozer combinaram para 46 pontos, o que não foi suficiente para o triunfo.
O quarto jogo foi o mais emocionante da série. Com direito a uma prorrogação, o Heat venceu por 101 a 93 e ficou perto da classificação para as finais. O Big 3 do Heat anotou 71 pontos (35 só de Lebron). Já Rose, Boozer e Deng combinaram para 63 pontos.
A frustração
Com um 3-1 contra, o Bulls estava nas cordas. Não tinha direito a erro. Se perdesse, adeus temporada. A série voltou para Chicago e o quinto jogo ganhou contornos dramáticos. Foi um duelo brigado, do início ao fim, com ambos os times deixando tudo em quadra.
O Bulls fez um bom primeiro tempo e foi para o intervalo com uma vantagem de sete pontos: 45 a 38. Entretanto, o panorama da partida mudou na segunda etapa. Mais uma vez, o Big 3 do Heat entrou em cena e decidiu o jogo. LeBron, Wade e Bosh anotaram 69 dos 83 pontos do time de Miami, que conseguiu a virada no fim e fechou a série em 4 a 1. Nas finais, o Heat foi surpreendido pelo Dallas Mavericks, de Dirk Nowitzki.
Pelo Bulls, Rose fez sua parte e anotou 25 pontos. Deng marcou outros 18. Quem ficou devendo foi Boozer, que deixou a quadra com míseros cinco pontos. No fim das contas, faltou ajuda ao MVP da temporada. Sozinho, Rose não tinha como superar o Big 3 de Miami. As três vitórias contra o Heat na temporada regular não passaram de uma ilusão…
Os anos seguintes
Nas quatro temporadas seguintes, ainda sob o comando de Thibodeau, o Bulls chegou a duas semifinais do Leste e ficou na primeira rodada dos playoffs em outras duas oportunidades. A eliminação mais traumática foi em 2012, quando o time fez a melhor campanha da temporada regular. Logo na primeira rodada, o Bulls caiu para o Philadelphia 76ers (4-2). O pior foi a grave lesão (rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo) de Rose ao final do jogo 1 (que já estava decidido para o Bulls).
A partir dali, as lesões foram uma constante na carreira de Rose, que havia assinado em dezembro de 2011 uma extensão de cinco anos (US$94.8 milhões) com o Bulls. Ele perdeu toda a temporada 2012/13 e disputou apenas dez partidas em 2013/14. Permaneceu em Chicago até junho de 2016, quando foi negociado com o New York Knicks.
Já Thibodeau deixou o Bulls em 2015. Um time que tinha tudo para chegar longe. O Bulls de Thibodeau sempre lutou, mas as lesões do principal jogador da equipe minaram qualquer chance de título. No fim das contas, o time histórico de 2011 foi o que mais se aproximou de uma conquista. Mas, no meio do caminho, havia o Big 3 do Heat. A temporada do MVP mais jovem da história da NBA jamais será esquecida, assim como a competitividade daquele Bulls.
Confira os outros artigos da série que já foram publicados
1 – Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (1991)
2- Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (1993)
3- Times históricos que não foram campeões – New York Knicks (1994)
4- Times históricos que não foram campeões – Orlando Magic (1995)
5- Times históricos que não foram campeões – Seattle Supersonics (1996)
6- Times históricos que não foram campeões – Utah Jazz (1997)
7- Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (1998)
8- Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (2000)
9- Times históricos que não foram campeões – Sacramento Kings (2002)
10- Times históricos que não foram campeões – Minnesota Timberwolves (2004)
11- Times históricos que não foram campeões – Dallas Mavericks (2003)
12- Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (2004)
13- Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (2005)
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